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1. Introdução

2.3. Espiritualidade no Tabalho

2.3.3. Estudos sobre Espiritualidade no Trabalho

A importância crescente do tema sobre espiritualidade no trabalho impõe o desenvolvimento de estudos e ferramentas de medida para esse construto, a fim de que os cientistas organizacionais possam começar a compreender e observar este fenômeno no local de trabalho.

A mensuração da espiritualidade no local de trabalho é importante para quem investiga o tema, com objetivo de entender e observar a existência desse novo fenômeno nas organizações (Ashmos e Duchon, 2000).

Mirvis (1997), afirma que a espiritualidade está sendo implementada de diferentes formas na vida organizacional e para conhecer algumas dessas contribuições no exterior e Brasil é importante examinar o que a prática e a teoria têm a oferecer sobre esse tema.

Com base em seu conceito de espiritualidade no trabalho, Ashmos e Duchon (2000), desenvolveram um instrumento que permitiu observar e medir o construto. O instrumento foi criado segundo uma revisão o que levou ao desenvolvimento de várias dimensões da espiritualidade que poderiam ser amplamente interpretadas como contribuição para a vida interior, trabalho significativo e comunidade. A lista de itens potenciais foi gerada e submetida à revisão por um painel composto por acadêmicos, especialistas em desenvolvimento organizacional, um executivo-chefe de um grande hospital, e vários membros da comunidade empresarial local. Esta avaliação fortaleceu a validade do construto. Os itens analisados foram agrupados em três partes para abordar três níveis de análise. A parte 1 aborda questões de

espiritualidade e trabalho, a partir da descrição dos indivíduos. Ou seja, os informantes descrevem a sua própria experiência. Na parte 2, os informantes descrevem suas observações acerca de sua unidade de trabalho. Na parte 3, eles descrevem suas observações sobre as suas organizações de trabalho.

Segundo os autores, esse estudo permitiu afirmar ainda, após análise dos resultados, que a espiritualidade, quando promovida no local de trabalho, influencia de forma significativa na performance individual e organizacional. Essa pesquisa investiga alguns fatores que na gestão organizacional podem aumentar o bem-estar dos indivíduos, da sociedade e das comunidades (Sheep, 2006). Cientificamente pode ser uma nova abordagem na estrutura organizacional (Giacalone e Jurkiewicz, 2003).

Esse estudo empírico também contribuiu para a construção de métodos e medidas que conduziram a um modelo de investigação, de forma a evidenciar a espiritualidade no local de trabalho e o modo como influenciar comportamentos e atitudes no sentido de melhorar a performance individual e por conseguinte organizacional. O estudo pretendeu ainda ser um passo em direção a como o reconhecimento da vida interior, trabalho significativo e da comunidade no local de trabalho contribui para o desempenho organizacional.

Rego, Cunha, Souto (2007), em seus estudos sobre a Espiritualidade nas organizações e comprometimento organizacional, evidenciaram cinco dimensões de espiritualidade nas organizações (sentido de comunidade; alinhamento do indivíduo com os valores da organização; sentido de préstimo à comunidade; alegria no trabalho; oportunidades para a vida interior) explicam o comprometimento organizacional. A amostra abrangeu 361 indivíduos de 154 organizações.

As dimensões de espiritualidade investigadas denotaram como as pessoas a sentem no local de trabalho e como esta espiritualidade pode ajudar no comprometimento afetivo, no normativo e no instrumental. Os resultados sugerem que as pessoas denotam mais elevados laços afetivos e normativos, e mais fraco laço instrumental, quando experimentam mais forte sentido de espiritualidade no trabalho.

Vasconcelos (2015), examina a organização baseada na espiritualidade como um imperativo para o terceiro milênio. Conclui-se que o paradigma espiritual começa a representar um papel-chave junto às referidas organizações. Entretanto ainda vai demorar um tempo até que a espiritualidade, como uma importante estratégia, possa moldar o caráter das organizações. Finalmente, sugere-se que o conceito de organização baseada na espiritualidade

impõe mudanças positivas e pode ser potencialmente condutor à melhoria da qualidade vida no trabalho, da saúde e do equilíbrio do planeta.

Silva (2008), discute a vivência da religião e da espiritualidade no contexto de organizações religiosas e não religiosas e Conclui que a valorização e a aplicação da espiritualidade e da religião podem trazer benefícios para empresas e, principalmente, para trabalhadores. Tal consideração baseia-se no fato de que tanto a religião como a espiritualidade podem ser importantes para a satisfação e o bem-estar psicológico, em face de a espiritualidade no ambiente de trabalho emergir como uma ferramenta a mais na construção de uma dinâmica organizacional eficiente, e a religião, na promoção de valores como solidariedade, compaixão, caridade e perdão, agregando assim maior significado, maior coesão social e apoio mútuo para a atividade do trabalhador, gerando c comunicação, o comprometimento, o trabalho em equipe e a motivação entre os trabalhadores, além de outras possibilidades.

Silva Filho (2015) investiga o impacto da espiritualidade sobre o bem-estar laboral, a partir da amostra composta por 344 trabalhadores, de ambos os sexos, pertencentes a organizações públicas e privadas situadas predominantemente no estado do Rio de Janeiro. Esses indivíduos responderam a uma Escala de Espiritualidade no Trabalho, a uma Escala de Comprometimento Organizacional Afetivo, a uma Escala de Satisfação Geral no Trabalho e a uma Escala de Afetos Positivos no Trabalho. Os resultados obtidos permitiram a conclusão de que quanto maior o significado do trabalho e o sentimento de comunidade laboral, maiores os índices de satisfação, de comprometimento organizacional afetivo e de afetos positivos dirigidos ao trabalho.

Evidenciou-se também, a partir das análises de regressão múltipla m que as dimensões da espiritualidade, associadas ao sentido do trabalho e ao sentimento de comunidade laboral tiveram melhor predição sobre a satisfação no trabalho, o comprometimento organizacional afetivo e os afetos positivos dirigidos ao trabalho. Esse estudo concluiu que, quando as necessidades espirituais dos membros da organização são satisfeitas, eles desenvolvem maior ligação afetiva com a organização. Para tanto, sugeriram que os gestores incluíssem a espiritualidade nas práticas organizacionais por meio de atividades que fomentassem o sentido do trabalho e o sentimento de comunidade entre os empregados para promover o bem-estar no ambiente laboral, considerando que as necessidades espirituais são satisfeitas por meio de determinados recursos existentes na organização.

Caldeira,Gomes e Frederico (2011), apresentam um novo paradigma na gestão dos enfermeiros – a espiritualidade no local de trabalho. De natureza exploratória, o estudo permitiu

conhecer que esse fenômeno é percebido pelos enfermeiros e, como tal, deverá ser valorizado pelos gestores. A Gestão da espiritualidade poderá promover mais criatividade, compromisso, comunicação e adoção de comportamentos éticos às equipes de enfermagem em seu contexto laboral.

dos Santos & de Souza-Silva (2013), no estudo sobre a Espiritualidade na formação do administrador sob a ótica dos professores: um estudo de caso na faculdade Gamma, constatou- se que, das três dimensões essenciais à formação espiritual do administrador (Vida Interior, Trabalho Significativo e Senso de Comunidade), apenas uma (Senso de Comunidade) estava sendo contemplada pelo curso. As outras duas dimensões, não puderam ser assim consideradas, como relevantes, tendo em vista a presença de alguns inibidores como a falta de crença do próprio educador em relação aos pressupostos da espiritualidade relacionados a ter um propósito de vida por meio de um trabalho significativo e com importante contribuição para a sociedade.