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CAPÍTULO II – REFERENCIAL TEÒRICO

2.4 Ambientes de aprendizagem e a relação espaço-tempo

2.4.2 A inserção das novas tecnologias nos ambientes de aprendizagem

Temos que considerar que hoje fazemos parte de uma sociedade imersa em informações que surgem a todo instante através das rádios, TVs, jornais, revistas, celulares, Internet, etc. Em meio a tanta informação, se faz necessário que o indivíduo tenha, acima de tudo, a capacidade de saber lidar com ela de forma a criticá-la, extraindo o que é importante, válido e fidedigno, bem como, condensa-la e estabelecer trocas com o outro.

Nos dias de hoje, as informações, por mais específicas que sejam, estão disponíveis para todos. Por isso, o fundamental na educação não é o acúmulo de informações, mas o desenvolvimento de competências e habilidades que nos permitam conhecê-las, lidar com elas, discernir quais são importantes para nós em determinado

momento, criticá-las e tirar conclusões.

Portanto, Penin (2002, p.36) coloca que a base das mudanças da cultura contemporânea não está alicerçada na tecnologia, mas sim na forma como o acesso e a relação com o conhecimento se transformam a partir dela.

A MULTIEDUCAÇÃO (1996, p.151) salienta que:

O aluno de amanhã - ou de hoje – no seu dia a dia, terá que lidar também com questões de natureza global: a ciência, a alimentação, a preservação e a escassez dos recursos naturais, a paz, a herança histórico-cultural, os conflitos étnico-religiosos, a cibernética, entre outras questões, que não mais farão parte de um mundo distante que entra na sala de aula por cinqüenta minutos ou mais, e vai embora.

Almeida (2003, p.45) assinala que o advento das tecnologias de informação e comunicação – TIC, resultante da junção entre informática e telecomunicações, gerou novos desafios e oportunidades no sentido de introduzir na escola diferentes formas de representação e comunicação de idéias.

Para a autora, a educação permeia todas as atividades do indivíduo e, portanto, o aprender na Sociedade da Informação está intimamente ligado ao fazer aliada aos seus componentes de informação e conhecimento.

Do mesmo modo, também se admite, segundo ela, que não é a presença da tecnologia na escola que garante o bom funcionamento do modelo escolar atual.

A sociedade vem delegando à escola a tarefa de educar, porém, as mudanças que nela ocorre tem sido mais rápidas do que aquelas que acontecem na escola. Isto se dá, segundo a autora, porque o modelo educacional que ela preconiza não é coerente com as transformações pelas quais a sociedade vem passando.

O modelo que ainda hoje vigora, assinala Chaves (2000), foi construído para servir à Sociedade Industrial que considera, dentre outras coisas, que a educação é um processo que tem um fim e é intencional, que as pessoas possuem o mesmo ritmo para

aprender e que não têm motivações internas para isso, que os alunos aprendem de forma passiva, etc. Estas concepções vêm sendo amplamente criticadas na Educação nos dias de hoje e, por isso, o autor reforça que, na Sociedade da Informação, a educação é um processo permanente, constante, difuso e predominantemente não-formal. Além disso, é centrado mais nas próprias pessoas em decorrência de sua participação em projetos interessantes e motivadores e tem como enfoque uma aprendizagem baseada nos métodos ativos.

Sendo assim, o autor evoca a necessidade de se repensar os fins da educação a partir de um novo olhar na direção da sociedade que emerge, sob pena da escola modernizar os meios e se manter defasada da realidade.

As pessoas, afirma Chaves (2000), aprendem de formas diferentes de acordo com velocidades, ritmos e graus de atenção também diferenciados. Desse modo, a nova tecnologia é voltada a aprendizagem e não ao ensino. Por isso, cabe ao professor identificar os pontos fortes do aluno para ressalta-los e conduzi-lo à realização do seu talento.

Além disso, para Chaves (2000, p.51):

O computador é meio, é ferramenta, é tecnologia. E os educadores não devem jamais perder de vista o fim porque se encantaram com o meio, não podem fazer como o pescador na linda canção de Oswaldo Montenegro, “que se encanta mais com a rede que com o mar”.

Entende-se, dessa forma, que o computador deve ser utilizado de modo a propiciar no aluno o pensar intuitivo, livre e criativo.

Almeida (2003, p.45) salienta que o uso do hipertexto possibilitou o rompimento com a linearidade do conhecimento permitindo que os educandos construam suas próprias seqüências e rotas, interligando informações segundo os seus interesses e necessidades. Esta nova forma de interagir com o texto, permite que o aluno

se torne um co-autor, uma vez que ele passa a assumir um papel ativo nessa construção. Além disso, a tecnologia de informação e comunicação cuja característica compreende o fazer, rever e refazer contínuo traz à tona uma nova maneira de encarar os erros considerando-os passíveis de revisão e reformulação a fim de produzir novos saberes.

Portanto, segundo Almeida (2003, p.46), se torna relevante integrar as potencialidades das tecnologias à prática pedagógica como forma de favorecer a representação hipertextual do pensamento do aluno, a seleção, a articulação e a troca de informações, bem como, levar o professor a assumir uma postura de aprendiz ativo, crítico, criativo, investigador e articulador do ensino.

Porém, este processo de inovação tecnológica, conforme afirmam Almeida & Fonseca Júnior (2000, p.69-70), resultou em experiências bem e mal-sucedidas e um descompasso entre o que a nova tecnologia oferece e o que ela pode vir a oferecer em virtude da falta de compreensão da sua real aplicação totalmente desvinculada dos modos puramente convencionais.

A exemplo disso, observa-se que a introdução dos laboratórios de informática acabaram viabilizando a adoção de modelos de informatização nas escolas tendo um profissional conduzindo os trabalhos, de tal forma que o professor regular ficou um tanto à margem do seu acesso. Este procedimento acarretou, mais uma vez, no distanciamento do trabalho que ocorre na sala de aula com este ambiente de aprendizagem.

Sendo assim, torna-se indispensável que haja esforços no sentido de promover uma prática pedagógica condizente com uma aprendizagem mais significativa.

O docente precisa servir-se da Informática como instrumento de sua prática pedagógica, consciente de que a lógica do consumo não pode ultrapassar a lógica da produção do conhecimento. Nessa ótica, o computador e a rede devem estar a serviço da escola e da aprendizagem.

Finalizando, acrescenta-se a idéia de que as redes informatizadas propiciam a solidariedade e a criação e desenvolvimento de projetos em parceria e, levando-se em conta que a tecnologia disponível, sobretudo através da Internet, possibilita diferentes formas de acesso ao saber, a escola precisa considerar todos os espaços de conhecimento que possam ser utilizados pelos alunos.

Diante do exposto acima, observa-se a existência de possibilidades concretas no sentido de se desenvolver um trabalho com projetos de aprendizagem que se aproprie dos diferentes espaços, integrando-os.

Porém, a conscientização e a participação efetiva da comunidade escolar como um todo são fundamentais neste processo, assim como, a percepção da mudança de paradigmas que envolve a atuação nestes espaços a fim de possibilitar uma dinâmica coerente com os avanços das novas tecnologias através da inserção de recursos de mídia que, sendo utilizados adequadamente, podem vir a possibilitar uma educação para a cidadania.

Para finalizar, apresento um resumo dos fundamentos teóricos elegidos para orientar essa dissertação. Em primeiro lugar, o referencial assumiu a postura interacionista e construtivista, na qual todo conhecimento é uma construção que vai sendo elaborada desde a infância, através de interações do sujeito com os objetos. Sendo assim, a inteligência da criança se desenvolve por meio de estágios sucessivos.

O referencial também aborda a autonomia, a cooperação e a criatividade como aspectos importantes que fazem parte do processo de construção do conhecimento.

Além disso, o estudo aponta os métodos ativos como uma possibilidade importante no desenvolvimento da autonomia, da cooperação e da criatividade, já que estes viabilizam a ação do educando. O mesmo ocorre com relação à apropriação da tecnologia que também pode ser alcançada através de um processo de construção do conhecimento.

Considerando as características dos métodos ativos, o estudo enfoca o trabalho através dos projetos de aprendizagem como uma proposta interessante que se coaduna com a idéia da construção do conhecimento, uma vez que propõe desafios que levam a reflexão através da descentração dos aprendizes. No entanto, o capítulo também aponta para a necessidade de mudança de postura do professor a fim de que o trabalho com projetos de aprendizagem seja possível.

O estudo apresenta ainda as possibilidades de articulação nos ambientes de aprendizagem destacando-os como espaços de negociação que permitam a reflexão e o debate e possibilitem a mudança de perspectiva, bem como discute a inserção das novas tecnologias nos ambientes de aprendizagem integrada à prática pedagógica como forma de favorecer a articulação e a troca de informações e desenvolver, não somente no aluno, como também no professor, o espírito investigativo e crítico tão necessário na sociedade atual.