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CAPÍTULO V – SÍNTESE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

5.1 Síntese

5.1.1 Primeiro momento

• Postura dos professores

Tendo em vista o grupo 1 no primeiro momento, os indicadores ligados à categoria postura dos professores mostrou que, embora estes priorizassem os conteúdos, não apresentavam um discurso rígido e estruturado. No entanto, no que se refere à prática e aos métodos, foram encontrados, ao mesmo tempo, elementos

que traduzem a prática de transmissão de informações e do papel de orientador do professor, bem como, os métodos e técnicas com características tradicionais e os ativos.

Considerando o grupo 2 no primeiro momento, os indicadores relativos à categoria postura dos professores revelaram que estes priorizavam os conteúdos e denotavam um discurso rígido e estruturado. Porém, quanto às práticas, do mesmo modo que ocorreu no grupo 1, percebeu-se a convivência da postura de transmissão de informações com a de orientador do processo. Contudo, não se observou a adoção de métodos e técnicas verticais, mas sim a utilização de métodos e técnicas e ativos.

A explicação para que este fato tenha ocorrido no grupo 2 pode ser determinada pela atuação da professora responsável pelo laboratório de informática que, embora fazendo parte do grupo 1, influenciou bastante o trabalho no grupo 2 no primeiro momento, com sua postura aberta e flexível. Esta influência se deu pela experiência da educadora com projetos de aprendizagem e, tendo em vista este fato, houve necessidade dela orientar a professora do grupo 2, já que esta não possuía nenhuma vivência com os projetos de aprendizagem.

A análise evidencia que, ao estabelecer uma comparação da postura dos professores nestes dois grupos no primeiro momento, a principal diferença entre eles se encontrava nos tipos de discurso. Assim, os educadores do grupo 1 apresentavam um discurso mais aberto e flexível enquanto que, no grupo 2, os professores tinham um discurso rígido e estruturado.

Os sujeitos alunos foram analisados em função das condutas cognitivas ligadas a autonomia, colaboração, criatividade e apropriação das tecnologias.

No primeiro momento observou-se que a presença da autonomia no grupo 1 se deu apenas no sentido de refletir e fazer escolhas com independência. Neste momento, os demais indicadores não foram observados neste grupo.

Com relação à colaboração, observou-se que o grupo trabalhava em equipe e apresentava capacidade de negociação. No entanto, coexistia no grupo a obediência às regras estabelecidas, bem como, a compreensão das mesmas.

Quanto à criatividade, embora não estivesse presente a característica da forma autônoma de pensar, encontrou-se no grupo 1 a presença da produção de algo inusitado.

Ao tratar a apropriação das tecnologias, verificou-se o uso do computador tanto em atividades individuais como nas colaborativas. Conforme explicado anteriormente, percebeu-se que isto ocorria em função das necessidades dos alunos.

Contudo, neste primeiro momento, o computador ainda era utilizado pelos alunos apenas como uma nova mídia para reprodução de atividades, pois, de acordo com o que já foi mostrado anteriormente, estes desenvolviam as atividades primeiramente no papel para depois passar para o computador.

Quanto à questão da busca e transformação da informação, observou-se que os alunos já adotavam esta prática, muito embora ainda não tendo como ferramenta a Internet para pesquisar, mas sim os software, os livros, as revistas e outros meios.

Tendo em vista o grupo 2 no primeiro momento, percebeu-se que, quanto a autonomia, da mesma forma que o grupo 1, este também evidenciou capacidade para refletir e fazer escolhas com independência. Os demais indicadores não foram

observados nesta subcategoria porque o trabalho ainda estava no início e os alunos não tiveram oportunidades para expressá-las.

Quanto à colaboração, verificou-se a existência do trabalho em equipe, porém, os outros indicadores não foram observados, uma vez que os estudantes também não tiveram oportunidade de expressá-los, pelo fato do trabalho ainda estar no início.

A forma autônoma de pensar e a produção de algo inusitado caracterizaram as ações dos alunos desse grupo no primeiro momento. Isto se evidenciou no aspecto ligado à autonomia e à criatividade uma vez que os estudantes, a partir da liberdade que tiveram na escolha dos assuntos que desejavam pesquisar, demonstraram condições de optar por temas inovadores que, de um modo geral, não são contemplados nas aulas tradicionais.

Quanto à apropriação das tecnologias, o grupo 2 utilizou o computador, tanto em atividades individuais como nas colaborativas. Isto também ocorreu em função das suas necessidades.

A análise desta categoria revelou ainda a presença do uso do computador como uma nova mídia para a reprodução de atividades.

A busca e a transformação de informações também ocorreram, apesar dos alunos não terem contato com a Internet neste momento, pois esta ainda não havia sido instalada na escola. No entanto, eles utilizavam software, livros, revistas e outras fontes para a sua pesquisa e elaboravam resumos daquilo que tinham lido expressando as suas idéias.

Concluindo acerca dos dois grupos no primeiro momento pode-se dizer que ambos estavam equiparados no que diz respeito à autonomia. Porém, com relação à colaboração, o grupo 1 apresentou dados mais expressivos através de uma maior

confirmação dos indicadores transformadores evidenciando a supremacia das trocas neste grupo.

Com relação à criatividade os dados indicaram a supremacia do grupo 2 e, quanto à apropriação das tecnologias, observou-se que ambos os grupos possuíam as mesmas condições.

5.1.2 Segundo momento

• Postura dos professores

O segundo momento da pesquisa mostrou uma transformação dos professores do grupo 1 quanto ao tratamento dos conteúdos, pois estes começaram a valorizar o processo. Mesmo assim, se observou a coexistência da ênfase tanto nos conteúdos como no processo.

Considerando os tipos de discurso, o grupo 1 continuou apresentando o discurso aberto e flexível.

Quanto às práticas, observou-se que houve uma transformação positiva no sentido de adotar a postura de orientador, aprendiz e parceiro dos alunos. O mesmo ocorreu em relação à adoção de métodos e técnicas ativos.

Analisando o grupo 2 no segundo momento, observa-se que este não evoluiu com relação ao tratamento dos conteúdos, já que a ênfase nos mesmos continuou sendo priorizada.

No entanto, no que diz respeito às práticas observou-se um movimento no sentido de priorizar o papel de transmissão de informações por parte do educador em detrimento do papel de orientador, aprendiz e parceiro.

O mesmo ocorreu com relação aos métodos que também sofreram um movimento nesse sentido, uma vez que os professores passaram a adotar métodos e técnicas tradicionais.

Atribui-se que esta mudança de movimento se originou em virtude de que a professora MON, responsável pelo laboratório de informática, passou a colaborar com a professora THE, responsável pela Sala de Leitura, mais à distância a fim de que esta pudesse caminhar mais à vontade no seu trabalho. Sendo assim, a professora THE imprimiu a sua postura pessoal ao trabalho e, não sendo adepta dos projetos de aprendizagem, direcionou as atividades dos alunos, o que refletiu nos resultados.

Portanto, os dados revelam que, enquanto a maioria dos professores do grupo 1 adotou uma postura transformadora, os do grupo 2 se mantiveram numa postura tradicional.

• Condutas cognitivas dos alunos

No segundo momento da pesquisa, o grupo 1 continuou apresentando capacidade para refletir e fazer escolhas com algum grau de independência e demonstrou um avanço na ação refletida própria.

Quanto à colaboração neste grupo, evidenciou-se um avanço através da presença de todos os indicadores transformadores. Assim, o trabalho em equipe, a

compreensão das regras e a capacidade de negociação estiveram presentes no grupo 1.

Os dados também revelam que, quanto à criatividade houve avanços, uma vez que os indicadores revelaram uma transformação em termos da forma autônoma de pensar.

Quanto à apropriação das tecnologias, observou-se um crescimento no uso do computador como ferramenta de experimentação e criação, já que os dados apontaram uma incidência neste indicador.

A análise do grupo 2 no segundo momento mostrou que, quanto à autonomia, evidenciou-se a ação pensada por outro. A presença deste indicativo denota que não houve uma conduta transformadora.

Considerando a colaboração, os dados demonstram que também ocorreu a presença de indicadores tais como a obediência às regras estabelecidas e a ausência de negociação que não revelam uma conduta transformadora.

Quanto à criatividade, pode-se encontrar, do mesmo modo, a presença de indicadores que não condizem com uma conduta cognitiva transformadora, pois aí se evidenciam as respostas pensadas por outros e a cópia de modelos.

Na categoria apropriação das tecnologias observou-se que o grupo 2 não evoluiu no sentido de utilizar o computador como ferramenta de criação e experimentação. Nesta categoria também se detectou a coexistência de indicadores opostos. Deste modo, havia neste grupo, tanto a recepção passiva da informação quanto a busca e transformação da mesma.

A partir das análises relativas às condutas cognitivas dos alunos, no decorrer do desenvolvimento dos projetos e das posturas dos professores, observou-se que:

• Os dois grupos reagiram de forma diferenciada, considerando as categorias e seus respectivos indicadores observados.

• A capacidade para refletir e fazer escolhas com algum grau de independência pode estar associada, no grupo 1, ao posicionamento do professor enquanto orientador do processo. Esta capacidade foi demonstrada nos dois momentos da pesquisa.

• O grupo 2, nos dois momentos, se manteve apresentando a capacidade para refletir e fazer escolhas com independência. No primeiro momento, este fato se deu em virtude da postura da professora do grupo 1 que orientou a professora do grupo 2 para atuar com os projetos de aprendizagem.No segundo momento, o grupo continuou apresentando este indicador, apesar da postura tradicional da professora.

• A capacidade de negociação, a compreensão das regras e a presença do trabalho em equipe que caracterizam a colaboração podem estar associadas à adoção de métodos e técnicas ativos por parte do professor.

• A criatividade pode ter sido influenciada pelas práticas e pelos métodos adotados. Esta hipótese se confirmou no segundo momento quando, em função das práticas e dos métodos transformadores adotados pelos professores, o grupo 1 apresentou transformações consideráveis e, em contrapartida, o grupo 2 não demonstrou avanço em virtude da postura tradicional da professora responsável por este.

• Os alunos do grupo 1, desde o primeiro momento, apresentavam avanços quanto à apropriação das tecnologias. Porém, os dados revelaram que houve, em relação às mesmas, uma apropriação mais acentuada por parte dos estudantes deste grupo no segundo momento. No entanto, o grupo 2 que

também apresentava avanços nesta área no primeiro momento, não apresentou o mesmo resultado neste aspecto, no segundo momento. Pode-se atribuir estes resultados às práticas e aos métodos adotados pelos professores, bem como, ao tratamento dos conteúdos, pois, na medida em que os educadores tendem para uma postura tradicional ou transformadora, entende-se que estes aspectos podem exercer influência na apropriação das tecnologias por parte dos alunos.

• Confrontando os dados dos dois grupos no segundo momento identificaram- se avanços consideráveis no grupo 1 em todas as categorias enquanto que o grupo 2 não apresentou avanços significativos, principalmente em termos de autonomia, colaboração e criatividade.