• Nenhum resultado encontrado

CAPÍTULO III MÉTODO

3.5 Técnicas de coleta de dados

A coleta de dados foi feita, em sua maior parte, por meio da observação participante que durou cerca de seis meses, de Março a Agosto de 2004, com observações de oito horas diárias, uma vez por semana.

Optei também por entrevistas e dados imagéticos extraídos a partir da apresentação dos projetos de aprendizagem desenvolvidos pelos alunos.

Outros dados foram obtidos a partir dos trabalhos realizados pelos educandos durante o projeto, disponibilizados em páginas na Internet e atividades elaboradas no Impress e no Writer, aplicativos do Open Office.

Os relatórios dos professores responsáveis pela Sala de Leitura e laboratório de Informática também foram utilizados como dados para este estudo.

As técnicas de coleta de dados utilizadas nesta pesquisa foram as seguintes:

• Observação participante

Uma das técnicas utilizadas foi a observação participante que, de acordo com Goldenberg (2002), prioriza a intensidade por meio da imersão profunda no ambiente, enfatizando as particularidades de um fenômeno em termos de seu significado para o grupo pesquisado.

A observação ocorreu de forma sistemática, direcionada às atuações e às interações entre alunos/alunos e professores/alunos nas atividades desenvolvidas na sala de aula, no laboratório de Informática e na Sala de Leitura.

Durante as observações, inicialmente os alunos encaravam a minha presença de forma um pouco destacada do grupo. Mas não demorou muito para que se acostumassem e, desse modo, passassem a me ver de uma forma mais natural.

Ao ser solicitada por eles a ajudar em algumas questões relacionadas aos seus projetos, procurava manter sempre uma atitude de colaboração sem, no entanto, interferir no seu trabalho ou até mesmo perder a intenção inicial de investigação.

Por isso, neste trabalho procurei seguir a orientação baseada em Bogdan e Biklen (1994) ao assinalar que uma participação moderada pode ser eficaz, desde

que não se permita que o tempo de que se dispõe seja dominado por essa participação.

14

Além disso, para evitar o bias por parte do pesquisador e propiciar uma compreensão mais profunda da pesquisa, foi elaborado um relato completo após cada evento observado.

A observação feita procurou identificar aspectos relacionados às categorias escolhidas que no caso era a autonomia, a cooperação, a criatividade, bem como, a apropriação das tecnologias pelo aluno.

• Entrevista

Outra técnica utilizada foi a entrevista em profundidade, porque segundo Bogdan e Biklen (1994), as boas entrevistas produzem uma riqueza de dados, recheados de palavras que revelam as perspectivas dos respondentes. Em outras palavras, a entrevista em profundidade leva em consideração o pensamento dos sujeitos pesquisados. Outra característica relevante deste tipo de entrevista está no fato de permitir maior liberdade tanto para o entrevistador quanto para o entrevistado.

Neste estudo procurei utilizar como instrumento as entrevistas semi- estruturadas, uma vez que estas permitem que os sujeitos possam expressar as suas próprias opiniões nos seus próprios termos, facilitando o entendimento das suas percepções e experiências pessoais por parte do investigador.

A opção por este tipo de entrevista deve-se ao fato de que estas me permitiram evitar a omissão de aspectos fundamentais relativos à investigação.

14

A utilização do termo em inglês é comum entre os cientistas sociais. Pode ser traduzido como viés, parcialidade, preconceito.

Sendo assim, foram feitas duas entrevistas com os alunos. A primeira teve a participação de todos os alunos das turmas objeto desta pesquisa. Cada aluno foi entrevistado individualmente. As entrevistas aconteceram no laboratório de informática.

Tendo em vista que a primeira entrevista apresentou dados que se repetiam com freqüência, optei por realizar uma outra entrevista. Deste modo, a segunda ocorreu no mesmo ambiente, porém, foram entrevistados apenas dois alunos de cada equipe dos projetos de aprendizagem. Como havia onze projetos de aprendizagem no total, foram entrevistados vinte e dois alunos. Os alunos não foram escolhidos previamente pelo pesquisador. Foi adotado o sorteio como critério de escolha.

Os professores das turmas citadas que estavam participando do trabalho com projetos de aprendizagem também foram entrevistados. O local da entrevista também foi o laboratório de informática por ser amplo bem iluminado e ventilado e, portanto, um ambiente agradável e aconchegante.

Ao entrevistar tanto alunos quanto professores, apresentei inicialmente o objetivo da entrevista e solicitei que os entrevistados lessem antes as perguntas para que tomassem conhecimento delas. Depois, à medida que fazia as perguntas, a entrevista ia sendo gravada. Antes de começar a entrevista, procurei explicar que os entrevistados não seriam identificados e isso tranqüilizou especialmente os alunos no momento da gravação. Quanto aos professores, percebi que alguns ficavam nervosos e um deles se recusou a gravar sem que antes colocasse suas idéias num papel, o que lhe foi permitido.

Embora as perguntas dirigidas aos professores fossem semi-estruturadas, alguns deles ficaram à vontade para expressar suas idéias, o que facilitou o acréscimo de dados à pesquisa.

As perguntas foram elaboradas de modo a abranger diferentes pontos de vista dentro da perspectiva do objetivo do estudo, pois, de acordo com Bogdan e Biklen (1994), o objeto da investigação é a compreensão das diferentes perspectivas pessoais e não uma lição aos sujeitos.

• Registro dos trabalhos dos alunos

Durante o desenvolvimento dos projetos de aprendizagem os alunos realizaram inúmeros trabalhos que foram registrados em páginas para a Internet. Cabe explicar que o layout da home-page foi construído pela professora responsável pelo laboratório de Informática, porém, os próprios alunos colocavam os seus registros nas páginas.

Cada grupo optou por diferentes tipos de atividades. Assim, alguns grupos escolheram fazer apresentações no Impress, outros utilizaram o Writer para fazer histórias ou mesmo o registro do trabalho e um grupo solicitou auxílio à professora que atuava no laboratório de Informática para construir uma página no Front Page. Houve ainda uma equipe que construiu um Blog sobre o tema escolhido.

Para desenvolver seus trabalhos, os estudantes utilizaram outros software tais como: Kid Class, Kid Pix, Paint e Gif Animator para elaborar ilustrações e animações.

Para divulgar os trabalhos, todos os grupos confeccionaram cartazes com materiais concretos como cartolinas, letras recortadas, canetas coloridas, imagens retiradas da Internet, etc.

Tendo em vista os materiais construídos, optei por fazer a análise da criatividade dos alunos e da apropriação das tecnologias a partir destes trabalhos.

• Relatórios dos professores

Os professores responsáveis pelo laboratório de Informática e de Sala de Leitura ficaram encarregados de coordenar as ações dos alunos e demais professores a fim de que o trabalho pudesse ser viabilizado. Assim, solicitei a estes professores que escrevessem livremente as suas impressões com relação ao trabalho.

Estes relatórios forneceram dados para a análise.

• Filme

Ao final dos trabalhos, os alunos apresentaram seus projetos de aprendizagem. Este evento foi filmado e fotografado.

A filmagem aconteceu no laboratório de informática e se estendeu ao pátio da escola a pedido dos alunos do grupo de Projetos de Aprendizagem cujo tema era DST.

O objetivo dos professores era registrar em filme a conclusão dos Projetos de Aprendizagem.

O registro imagético foi considerado nesta pesquisa já que, segundo Bogdan e Biklen (1994), as fotografias dão-nos fortes dados descritivos, são muitas vezes utilizadas para compreender o subjetivo e são freqüentemente analisadas indutivamente.

Acredita-se que, tendo utilizado diferentes técnicas de coleta de dados, a análise dos mesmos possa ser representativa do contexto observado.