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A instrução e o feedback: qual a sua importância?

4 Realização da prática profissional

4.1 Organização e Gestão do Ensino e da Aprendizagem

4.1.3 A Realização

4.1.3.4 A instrução e o feedback: qual a sua importância?

“A capacidade de comunicar constitui um dos fatores determinantes da eficácia pedagógica no contexto do ensino das atividades físicas e desportivas” (Rosado & Mesquita, 2009, p. 69).

Uma das principais competências dos professores é a transmissão de informação, sendo visível a sua importância na aprendizagem. No contexto do ensino, quando se pretende comunicar uma informação substantiva utiliza-se o termo “instrução” (Rosado & Mesquita, 2009). De uma forma geral, Rosado e Mesquita (2009) referem-se à instrução como “comportamentos de ensino que fazem parte do repertório do professor para

transmitir informação diretamente relacionada com os objetivos e os conteúdos do ensino” (Rosado & Mesquita, 2009, p. 73). O professor deve ter

em consideração alguns aspetos durante a instrução, nomeadamente a linguagem verbal ou não verbal (exposição, explicação, demonstração,

feedback, entre outras formas de comunicação, nomeadamente a não verbal)

e a coerência entre mensagens verbais e não-verbais.

De forma a instrução ser completa, a informação deverá ser transmitida em diferentes momentos: no início da prática (apresentação da tarefa, explicação e demonstração), durante a prática (emissão de feedback) e após a prática (análise da prática desenvolvida) (Siedentop, 2000). Poderá então ser transmitida no início das sessões ou quando o exercício muda, focando-se no objetivo principal, de forma que o aluno adquira e compreenda a matéria transmitida. Na apresentação das tarefas motoras é importante que o professor o faça de forma clara e que use também a demonstração ou a informação visual como forma de instrução, o professor deve identificar os critérios de êxito, desmontar, apresentar condições de realização e verificar se os alunos estão a compreender. Nos últimos minutos da aula deve relembrar as informações mais importantes, rever aspetos essenciais e, preferencialmente, fornecer feedbacks coletivos.

Em todos estes momentos existem três etapas que garantem a qualidade da informação, nomeadamente, uma fase de instrução propriamente dita, uma fase de controlo da qualidade da informação e, por fim, uma fase de reformulação da informação. Porém, a compreensão da

informação nunca está garantida, então o professor tem que estabelecer condições de recepção e compreensão e ainda reformular os aspetos menos compreendidos.

Inicialmente, a minha instrução apresentava várias incorreções. Talvez pelo facto de nas primeiras aulas estar nervoso, a informação que queria transmitir não saia com fluidez, era extensa e pouco clara. Não me focava nos pontos essenciais a ser transmitidos, ou seja, nas componentes críticas do exercício e na sua organização. Desta forma, os alunos iniciavam a prática com várias interrogações (dúvidas), proporcionando a má realização do exercício, e assim, tornava-se necessário fazer algumas paragens para realizar uma nova explicação. Os erros cometidos foram identificados nas primeiras aulas, pela PC e por mim, o que levou à rápida intervenção e, desta forma à sua retificação. De forma a solucionar o problema, no planeamento de cada aula, identificava os pontos essenciais para a apresentação das tarefas. Assim, conseguia focar-me e transmitir os fatores importantes de uma forma organizada e clara. Em determinado momento, a minha instrução sofreu grandes melhorias e, nesta fase, a evolução dos alunos relativamente à compreensão e à execução dos exercícios foi notória. Deste modo, percebi a importância de uma boa instrução e do quão esta é relevante no processo de ensino-aprendizagem, visto que, na minha opinião, uma boa instrução (informação clara e emissão de feedback) poderá ser um indicador de um bom ensino.

Após a concretização de uma tarefa motora, o aluno espera receber, por parte do professor, um conjunto de informações (feedback) de como realizou a ação, de forma a melhorar o seu desempenho. O feedback pedagógico é “o comportamento do professor em reação à resposta motora

de um aluno ou atleta, tendo por objetivo modificar essa resposta, no sentido da aquisição ou realização de uma habilidade” (Tani, Bento & Petersen,

2006, p. 214). Este permite que o aluno desenvolva competências motoras, autonomia e responsabilidade, promovendo a participação e o entusiasmo pelo desporto.

O feedback pedagógico possui duas fases distintas. A fase de diagnóstico que consiste na identificação do erro e das causas. Existe uma

diagnóstico é uma ação realizada rapidamente, envolvendo um domínio dos conteúdos. Por outro lado, a fase de prescrição consiste no facto da qualidade do processo de diagnóstico determinar a qualidade da intervenção de prescrição que se segue. Nesta fase, o ensino deve ser ajustado às necessidades dos alunos.

Segundo Arnold (1981, cit. por Tani, Bento & Petersen, 2006, p. 214), a qualidade do conteúdo informativo do feedback é fulcral para que o aluno consiga fazer a melhor interpretação dele. Normalmente, o conteúdo informativo do feedback é classificado em dois grandes grupos: conhecimento da performance e conhecimento do resultado. No primeiro, a informação é centrada na execução de movimentos, enquanto que na segunda, a informação é relativa ao resultado pretendido, através da execução da tarefa.

A adequação do tipo de feedback utilizado, quando se refere ao conteúdo informativo, depende também das caraterísticas das tarefas e dos seus propósitos. Nas tarefas que preconizam a aprendizagem do exercício, o

feedback deverá centrar-se no conhecimento da performance, incidindo no

modelo de execução. Por outro lado, na aplicação do exercício, o feedback deverá centrar-se no conhecimento do resultado, focando-se no propósito da ação motora (Tani, Bento & Petersen, 2006).

Segundo Magill (1994, cit. por Tani, Bento & Petersen, 2006, p. 214) “o

efeito positivo do feedback sobre as aprendizagens não depende exclusivamente da adequação do conteúdo que integra, mas também da frequência em que é transmitido”. Quando transmitido em excesso, após

cada repetição, torna-se incorreto, visto que o aluno não irá realizar uma autoavaliação em relação à sua prestação. Por outro lado, também poderá provocar no aluno uma dependência das informações, o que é prejudicial, visto que estará sempre à espera de alguma avaliação por parte do professor (Tani, Bento & Petersen, 2006). Temprado (1997) (cit. por Tani, Bento & Petersen, 2006, p. 214) acrescenta que se o feedback for transmitido apenas como forma de síntese de várias repetições é mais convincente do que quando transmitido após cada resposta motora. Em suma, o feedback deve ser transmitido em intervalos equilibrados, com qualidade, portanto, o professor deve analisar e transmitir informações sobre os erros e o

melhoramento dos mesmos. Os feedbacks devem ser transmitidos ao aluno individualmente ou à turma, se o erro for comum.

É uma tarefa árdua, mas que pode trazer muitos benefícios no processo de ensino/aprendizagem, potenciando a capacidade de pensamento e interpretação do aluno. O feedback só resultará se o professor verificar que teve o efeito pretendido. Portanto, o conteúdo informativo do feedback, para provocar o efeito pretendido na aprendizagem, deve possuir algumas caraterísticas, nomeadamente: a informação deve ser transmitida após a observação de um conjunto de ações motoras; durante a apresentação da tarefa deve ser referida a finalidade da mesma; deve ser focado na da tarefa e respetivos conteúdos, ou seja, curto e específico; focalizado no conhecimento da performance e/ou resultados a obter, dependendo do nível de desempenho dos alunos, objetivos do exercício, especificidades das capacidades técnicas (Tani, Bento & Petersen, 2006).

Desde o início do ano letivo, que durante a minha atuação, a transmissão de feedbacks foi constante, conseguindo alcançar um papel ativo neste capítulo. No entanto, nem sempre fui perfeito, senti algumas dificuldades, essencialmente, nas modalidades de ginástica e de dança, uma vez que não transmitia os feedbacks mais pertinentes. Como já referi anteriormente, estas, são duas modalidades que, inicialmente, não me sentia muito à vontade, embora na modalidade de ginástica tenha sido mais fácil.

A minha principal dificuldade, era a observação dos pormenores, não conseguia focar os erros dos alunos, para posteriormente transmitir o

feedback correto. A PC, como em todos os momentos, foi uma preciosa

ajuda, pois sempre que ela se apercebia que não tinha observado o erro ou que tinha transmitido o feedback errado, chamava-me sempre à atenção, tentando identificar e solucionar os meus erros. Assim, estas correções constantes ajudaram-me a evoluir, sendo essenciais para ficar mais alerta relativamente aos pormenores.

Neste contexto, Mendes et al. (2012, p. 60) refere que “o treino da

observação do movimento desportivo é utilizada como suporte à formação do docente, permitindo-lhe uma melhor adequação e qualidade do feedback pedagógico a fornecer ao aluno, já que este momento de prescrição depende

Em suma, o feedback é de extrema importância no processo ensino/aprendizagem, sendo, através do mesmo que o professor consegue corrigir e fazer com que os alunos tenham um espírito crítico em relação às habilidades motoras que estão a executar. Têm que ser fornecido de uma forma curta e sucinta, de modo a que o alunos interpretem a informação transmitida, de forma a conseguir o efeito pretendido.

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