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A paixão que nasceu: o Desporto Escolar!

4 Realização da prática profissional

4.2 Participação na Escola e Relações com a Comunidade

4.2.1 A paixão que nasceu: o Desporto Escolar!

O meu percurso no DE começou no momento em que pisei a escola pela primeira vez, uma vez que a PC é a responsável pelo grupo/equipa de natação todos os anos, e desta vez não foi exceção. No primeiro contacto com a PC, fiquei impressionado com a paixão com que ela falava sobre o DE, o que me transmitiu uma extrema curiosidade em conhecer este mundo.

O grupo de natação foi coordenado pela PC e pelos EE e abrangia todas as escolas do agrupamento em que a escola está inserida. Os treinos do DE eram de terça-feira a sexta-feira, das 14h às 15h, onde cada aluno inscrito podia escolher os dias e o número de treinos semanais.

As primeiras semanas, em que estive na escola, foram dedicadas à dinamização do grupo. O núcleo de estágio criou um cartaz para promover a modalidade, de modo a que houvesse muitos alunos interessados em participar. À medida que se aproximava a data do início, as inscrições não paravam de aumentar, uma vez que abrangia os alunos de todas as escolas do agrupamento. Este factor foi algo assustador, porque éramos apenas três pessoas para tantos alunos inscritos, e não tínhamos noção qual era o nível apresentado por cada aluno, apenas dos alunos que frequentaram o DE no ano anterior.

Chegado o primeiro dia de treinos, fiquei responsável pelo grupo que pertencia ao nível de adaptação ao meio aquático (AMA), em que a principal dificuldade dos alunos era a relação com a água, apresentando vários medos, nomeadamente o de colocar a cabeça debaixo de água. Fiquei

impressionado com o medo de alguns alunos, uma vez que com 15 anos de idade ainda tinham receio de colocar a face na água, isto deixou-me um pouco triste.

Penso que a natação deveria ser uma modalidade obrigatória em EF, mas também compreendo que é bastante difícil para as escolas beneficiarem do acesso a uma piscina. A escola onde realizei o EP, não inclui no programa de EF a modalidade de natação, visto que não possui meios para que isso aconteça, mas por outro lado conta com o grupo de DE de natação para combater esse factor. Lembro-me que nos meus tempos de aluno, a escola que frequentava, incluía natação no programa de EF, o que foi uma mais- valia para a minha aprendizagem/aperfeiçoamento das técnicas de natação. Atualmente, devido à não inclusão da modalidade nas aulas, vemos muitos adolescentes a não saber nadar, o que era o caso de alguns alunos do DE.

No fim do primeiro treino, fui para casa, estudar todos os estilos de natação e todas as suas componentes para estar à altura em todos os momentos, quer seja com os alunos do nível AMA ou com os alunos que já executam a mariposa.

A primeira semana foi essencialmente para situar os alunos nos níveis corretos, para posteriormente começar a treinar, de modo a conseguirem uma evolução contínua e sustentada. Para isso, cada elemento do núcleo de estágio, ficou responsável por um nível, havendo rotação a cada dia, para que os EE tivessem também uma evolução, de modo a que não se especializassem apenas num nível. Esta passagem pelos vários níveis e o facto de ensinar alunos com dificuldades diferentes foi muito enriquecedora e muito importante para a minha evolução.

Logo a partir da primeira semana percebi a paixão que a PC possuía pelo grupo. Neste contexto, os alunos apresentam uma atitude totalmente diferentes das aulas de EF, esforçam-se bastante para melhorarem de dia para dia. A evolução notória nos alunos é algo excecional, uma vez que é desta forma que percebemos que o nosso trabalho está a ser recompensado. Ao longo das várias semanas de treinos, a grande evolução dos alunos era notória, havendo alunos que me surpreenderam pela positiva, uma vez que nunca pensava que atingissem um determinado nível de uma

ao nível de AMA já se encontravam a aprender a técnica de crol, o que foi uma grande evolução, pois alguns deles inicialmente tinham medo de estar na piscina, em locais com alguma profundidade.

Com esta experiência, não aprofundei apenas as minhas competências para o ensino de natação, uma vez que me deparei com um novo desafio, o de lidar/ensinar alunos com necessidades educativas especiais, nomeadamente, a surdez. Desta forma, consegui viver uma experiência, que talvez, a maior parte, dos meus colegas estagiários não tiveram oportunidade. Este factor, foi bastante enriquecedor, onde tive sempre a ajuda de uma tradutora gestual e da experiência da PC, que me ensinaram a lidar com as necessidades destes alunos. Inicialmente, foi uma tarefa árdua, onde as dificuldades eram elevadas ao nível da instrução, nomeadamente, quando a tradutora não estava presente, mas com o desenrolar do tempo e com as dicas da PC foram melhorando de dia para dia. Na minha opinião, todos os estagiários, deveriam poder passar por esta experiência, uma vez que é uma mais-valia, para a nossa evolução enquanto professor, conseguindo assim uma melhor preparação para o futuro.

O que também contribuiu para a minha formação foi o curso de árbitros de natação que lecionei em conjunto com o meu colega de estagio. Foi realizado com a total colaboração da PC e contou com a presença de cerca de 30 alunos provenientes do agrupamento que a escola está inserida. No primeiro impacto senti-me inseguro, visto que era uma área onde não possuía muitos conhecimentos, por isso, tive a necessidade de investigar e estudar o tema.

A formação contou com duas partes, a teórica que não correu como previsto, porque a apresentação não funcionava no computador do auditório, o que dificultou bastante o meu trabalho e do meu colega de estágio. Para combater este problema deveria ter testado a apresentação dias antes no local. A parte prática correu como o planeado, todos os alunos passaram pelas varias funções de árbitros, mas com maior enfâse na tarefa de árbitro cronometrista. A formação serviu para adquirir árbitros para o curso de árbitros ministrado pelo departamento do DE, onde posteriormente aplicavam as suas funções nos encontros organizados pelas escolas de Braga.

Desta forma, o curso teve uma grande utilidade, permitindo-me alargar os meus conhecimentos acerca do papel de cada árbitro nas provas de natação. A experiência para além de desafiante foi enriquecedora, porque nunca tinha realizado algo parecido e poderá ser útil no futuro.

Depois de vários meses intensivos a treinar, aconteceram, com um intervalo de um mês, o 1º e o 2º Encontro de Natação entre Agrupamentos de Escolas de Braga. À semelhança com o que aconteceu no 1º Encontro, participaram na competição 10 escolas do distrito de Braga, no total com cerca de 250 alunos (incluindo os alunos federados).

“Nunca tinha sentido de perto os “bastidores” de um evento, por isso este dia tornou-se bastante importante” (Diário de Bordo, 22/01/2014).

Para estes eventos, em colaboração com a PC, eu e o meu colega estagiários ficamos responsáveis por controlar os alunos na bancada e direcioná-los para as respetivas provas, para que tudo se desenrola-se nas horas previstas sem eventuais atrasos.

Por incrível que pareça, nunca tinha assistido, ao vivo, a uma prova de natação. Assim, quando começaram as provas, percebi o porquê do entusiasmo dos alunos com as provas, pois as emoções, ao longo de cada prova, eram evidentes em cada pessoa presente. Eu não fugi à regra, as emoções tomaram conta de mim, e quando dava por mim estava a apoiar e a dar força aos alunos.

Os eventos superaram as minhas expectativas, fiquei impressionado com a quantidade de jovens que participaram e praticam natação, pois não esperava uma adesão tão grandiosa. É nestas alturas que os professores de EF notam a grande motivação dos alunos para a prática desportiva e sentem um orgulho e uma vontade enorme de querer ensinar mais. Aqui senti um grande orgulho por ter decidido embarcar neste curso, de poder exercer esta profissão e poder contribuir para o sucesso dos alunos. “Apenas” os professores de EF é que sentem a importância do desporto para os alunos, visto que são estes que lutam todos os dias para que os jovens possam usufruir da prática da atividade física na escola.

Os resultados, um factor importante, mas não o que se deve dar mais enfâse nestas idades, foram positivos ao longo destes dois encontros. No 2º

superiores ao do 1º Encontro, onde os demonstraram as suas capacidades e aptidões para a modalidade, alcançando no total 37 primeiros lugares, sendo desta forma a escola mais medalhada. A escola, mostrou assim, o seu potencial nesta modalidade e que todo o investimento efetuado teve o seu retorno.

“O que mais me marcou durante as provas foi o espírito de equipa e a amizade entre os atletas, era notável a existência de preocupação e apoio entre os alunos das várias escola” (Diário de Bordo, 22/01/2014).

No entanto, a competição com mais importância para mim e para a minha formação foi o encontro da Coordenação Local DE de Natação. A competição foi organizada pelo Grupo/equipa do DE de Natação do agrupamento da escola que estagiei.

“A realização de um evento passa por uma boa coordenação desde que se começa a imaginar o evento até à concretização do mesmo. É necessário que não falhe nada, para que tudo corra como o planeado” (Diário de Bordo, 20/03/2014).

Para a organização da prova, foi efetuado um levantamento de todo o material necessário, um recrutamento de árbitros pelas diversas escolas participantes, a distribuição de funções e a organização do material para cada um. À semelhança dos encontros anteriores, o meu papel foi idêntico, fiquei encarregue de controlar os alunos.

“No início estava preocupado, tinha receio de não conseguir controlar os alunos, o que poderia afetar a organização das provas. No entanto, os alunos colaboraram e decorreu tudo como o previsto. No final do dia, em conversa com o núcleo de estágio, fiquei com a sensação que tudo correu como planeado e foi talvez a melhor organização destes três encontros” (Diário de Bordo, 20/03/2014).

Este encontro foi o mais importante de todos, uma vez que incluiu todas as escolas do distrito de Braga e era composto por todas as distâncias aprovadas pelo DE. Deste encontro, normalmente, é onde saem os apurados para o campeonato regional do DE, onde existe maior competição entre os alunos e comparecem mais federados. O que mais me fascinou durante os três encontros foi a ligação com os alunos, onde vibramos todos juntos com os resultados alcançados.

Hoje em dia, as gerações mais jovens passam por uma grande crise de valores, um fator que se intensifica de dia para dia. Os jovens têm metas e

interesses que carecem de solidariedade, corporativismo, espírito de equipa e responsabilidade. Posto isto, o desporto, enquanto competição, dever ser uma forma de ultrapassar/inverter esta tendência. Por vezes, nas aulas de EF a competição não é criada, pelo que os alunos devem ter outra forma de viver o desporto a nível competitivo, o que acontece no DE.

Penso que este tipo de competições tem importância para os alunos, pois é desta forma que incutimos alguns valores relacionados com competição, nomeadamente, o espírito de equipa, o fair play, a lealdade e a vontade de vencer. Os valores incutidos são uma mais-valia para os alunos, uma vez que podem transporta-los para a sua vida, de modo a conseguir singrar na vida, de forma humilde e trabalhadora.

O momento mais difícil de lidar com os alunos numa competição, é quando se encontram no papel de vencido, mas é com a competição que os jovens também aprendem a diferenciar o sabor doce da vitória e o amargo da derrota. Nas competições existem sempre vencedores e vencidos, onde os vencedores arrecadam taças e medalhas, mas, no entanto todos conquistam a sabedoria e a experiência que se arrecada na competição. Mais importante que o bronze, prata ou ouro são os valores que se aprendem.

Apesar de tudo, para mim, o DE não possui apenas vantagens. Nas competições, os alunos federados usufruem de uma grande vantagem em relação aos não federados, porque são acompanhados pelos seus clubes, onde existe uma especialização em determinadas técnicas e detêm um maior número de treinos semanais. Por isso, deveria existir uma diferenciação entre estes dois grupos, uma competição no global, onde existisse uma classificação para cada grupo. Prova disto, são os encontros a nível regional, onde competem poucos alunos federados, uma vez que não se conseguem apurar. Neste encontro são apurados para a prova a nível nacional, onde me arrisco a afirmar que não possui nenhum aluno não federado. Desta forma, o DE deveria ser reformulado, dando mais atenção aos alunos não federados, não fosse este uma oportunidade para os alunos que não tem possibilidades de frequentar um clube, uma vez que podem treinar e competir de forma gratuita.

sinto-me capaz de afirmar que nasceu uma grande paixão pela natação e por toda a sua envolvência. Aqui, tudo foi diferente das aula de EF, fiquei com maior percepção da paixão, dedicação e concentração pelo desporto e pela modalidade.

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