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3 Enquadramento da prática profissional

3.2 Enquadramento Institucional do EP

3.2.3 Ser Estagiário

“Ser Estagiário” é muito mais do que inicialmente imaginava! Tornou- se numa experiência muito enriquecedora, mas onde existe uma barreira, a dualidade “ser aluno” e “ser professor”. De acordo com Sousa (2010), o EE inicia o seu percurso com bastantes expectativas. Porém, o grande objetivo do EE, durante o EP, é adquirir conhecimentos de conteúdo, perspicácia pedagógica e desenvolvimento do conforto dentro da sala de aula, através da sua experiência no seu ensino.

Inicialmente, deparei-me com uma nova realidade, um ambiente completamente diferente ao que estava habituado na FADEUP. Os nossos primeiros passos incluem conhecer tudo o que envolve o estágio, desde o OE, o PC , os colegas de estágio, o grupo de EF, o diretor de turma, os professores das outras disciplinas, os órgãos dirigentes, os funcionários, os materiais e os espaços.

Quando penso no que é “Ser Estagiário” recuo no tempo alguns meses e penso na reunião geral do agrupamento. A primeira frase que o presidente proferiu foi uma célebre, do cantor Sérgio Godinho: “Hoje foi o primeiro dia do resto da minha vida”.

“Frase que me marcou e me deixou a pensar. Tem toda a lógica, visto que

“ser professor” é a profissão que desejo exercer para o resto da minha vida e aquele era realmente o primeiro dia desta longa caminhada. Hoje, ainda me sinto muito pequeno ao lado de todos os presentes na reunião, que ainda me veem como um

aluno, sim é verdade sou aluno ainda, mas cada vez mais perto de tornar este sonho realizado” (Diário de Bordo, 09/09/2013).

Ser Estagiário por vezes não é fácil, é necessário estar preparado para as adversidades que ocorrem no dia-a-dia. Recordo a reunião de departamento...

“Durante esta reunião senti-me muito pequenino pois não percebia tudo o

que estavam a falar, mas sempre atento de modo a que no futuro, enquanto professor, saiba o que fazer na hora certa e indicada, uma vez que estou a viver algo novo, nunca vivido” (Diário de Bordo, 10/09”/2013).

Todas as reuniões em que estive presente, vão ficar para sempre na minha memória. Todas foram uma novidade, todas elas foram diferentes, mas de elevada importância. Através dos diferentes tipos de reuniões em que estive presente, fiquei a conhecer o seu funcionamento, algo que pode ser bastante útil no futuro quando tiver que orientar uma reunião deste tipo.

Nos primeiros dias de estágio, “Ser Estagiário” é viver em constante insegurança, sempre com receio. O receio de enfrentar os alunos, manifesta- se nas perguntas que surgem na nossa cabeça “será que vou conseguir controlar a turma?”, “Será que os alunos me vão respeitar?”, “Será que vou conseguir ensinar de forma correta?”, “Será que os alunos vão estar motivados nas minhas aulas?”, enfim “Será que vou ser uma referência para os alunos?”.

O dia em que se leciona a primeira aula é um dos mais importantes do EP, é a primeira vez que se enfrenta os alunos, é neste dia que ficamos com primeira impressão sobre eles, podendo, no entanto, não corresponder à realidade. Relativamente à minha experiência, recorro ao meu diário de bordo para relatar esse dia:

“A caminho da escola sentia-me bastante nervoso, uma vez que não sabia qual iria ser a reação dos alunos, bem como a minha reação para com eles. Quanto mais o tempo se aproximava mais nervoso ficava. (...) Penso que a aula correu bem, consegui transmitir o que pretendia, conseguindo manter uma relação professor/aluno, visto que ainda há pouco tempo era considerado um deles. Esta era uma das barreiras que tinha que enfrentar e que me causava alguma preocupação. (...) Durante a aula tive varias sensações, quer nervosismo quer felicidade pois já comecei a sentir-me como um professor, algo que ainda não tinha sentido de verdade. Ver os alunos todos sentados a minha frente calados e atentos ao que eu

estava a dizer foi uma das boas sensações que tive (...)” (Diário de Bordo,

17/09/213).

Posso dizer que, inicialmente, as minhas principais dificuldades foram, de facto, o controlo à distância dos alunos. O controlo da turma é um fator que na aula de EF se pode tornar uma tortura. Enquanto que nas outras disciplinas, os alunos estão sentados na nossa frente, onde possuímos um contacto visual com todos, na EF, por vezes, não é possível ter este contacto. As aulas são realizadas em espaços maiores, onde o espaço é completamente rentabilizado e o professor deve encontrar o melhor lugar para se posicionar ou como se deslocar pelo espaço, o que nem sempre foi fácil.

Na minha opinião, o EE tem de ser reflexivo, ao fim de cada aula tem de refletir sobre os seus erros e os aspetos positivos, para que a cada dia consiga conquistar a constante evolução. Ser reflexivo é uma mais valia para o EE e uma fonte de evolução.

Ser EE é vivenciar tudo o que um professor realiza dentro de uma escola, com menos autonomia e, de certa forma menos responsabilidade, porque nem sempre o EE pode tomar decisões importantes. Apesar da PC me ter dado total liberdade, algumas decisões não eram apenas da minha responsabilidade, o que acontece quando existe a necessidade de aplicar uma falta disciplinar. Neste caso, a responsabilidade recaia sobre a PC, e não sobre os EE. Porque o EE é um professor inexperiente, necessita, inicialmente, de muito apoio do PC para a organização e estruturação das aulas. No entanto, no decorrer do estágio o EE começa a conquistar a sua autonomia, passa a planear as suas próprias estratégias, que podem até ser diferentes das sugeridas pelo núcleo de estágio, e consegue obter resultados positivos.

Sousa (2010) refere que no final do EP, verificam-se mudanças na maneira de pensar do EE, devido às interações contínuas com a OE, a PC, os colegas de estágio e com toda a comunidade educativa. As interações proporcionam aos EE oportunidades para analisarem, auxiliarem, interrogarem e refletirem em conjunto, o que possibilita a construção do conhecimento.

É neste ano que se consegue adquirir novos conhecimentos e consolidar os adquiridos, e onde realmente nos apercebemos o que esta profissão nos pode proporcionar. Pelo que vivi, posso garantir que é muito fascinante e gratificante poder estar em constante contacto com os alunos.

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