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4 Realização da prática profissional

4.2 Participação na Escola e Relações com a Comunidade

4.3.3 Estudo “Motivação dos alunos para o treino da aptidão física:

4.3.3.1 Resumo

O presente estudo teve como objetivo comparar o nível de motivação dos alunos para a prática do treino funcional com o nível de motivação dos alunos para o treino tradicional.

A amostra foi constituída por 98 alunos de ambos os sexos, com idades compreendidas entre os 15 e os 17 anos, pertencentes a quatro turma do 10º ano de escolaridade da escola secundaria onde realizei o EP. As turmas foram divididas em dois grupos (duas turmas em cada), em que um grupo efetuou apenas o treino tradicional (Grupo TT) e o outro realizou o treino tradicional e funcional (Grupo TF). O instrumento de avaliação utilizado foi o questionário.

Os principais resultados mostraram que: (1) os alunos valorizam a prática de exercício físico, (2) a grande maioria do sexo feminino valoriza o treino funcional, no entanto, não foi através das aulas de EF que obtiveram motivação para a prática deste tipo de treino, (3) os rapazes mostraram incertezas acerca da preferência do tipo de treino e (4) do grupo TT elegeram o treino tradicional como o mais motivador para as aulas de EF e, o grupo TF selecionou o treino funcional.

Pode-se concluir que as raparigas prefere o treino funcional, devido aos benefícios, afinidade e divertimento, enquanto no sexo masculino, a incerteza acerca do treino preferencial deve-se aos diferentes objetivos que os tipos de treino apresentam. Selecionam o treino funcional devido aos seus benefícios para a saúde e aos materiais utilizados e, por outro lado, elegem o tradicional pelo aumento da massa muscular e da força.

Palavras Chave: Exercício Físico, Treino Tradicional, Treino Funcional, Motivação.

4.3.3.2 Introdução

A maioria dos jovens deve praticar de forma regular algum tipo de desporto, devido à sua importância para o bem estar físico e mental. No entanto, muitas vezes, a falta de motivação pode levar a desistências, o que preocupa os treinadores e professores de EF (Silva, 2011). A motivação é muitas vezes relacionada com a intenção que está na base do comportamento e, por isso não é facilmente definida, tornando-se difícil avaliá-la. Moutão (2005) resume as diferentes componentes do comportamento para a sua avaliação, nomeadamente, a direção, a intensidade, a persistência, o comprometimento e a performance (Moutão, 2005). A direção está relacionada com o que o aluno procura e para o que se sente atraído. A intensidade refere-se à quantidade de esforço despendida na execução de um exercício. A persistência refere-se grau continuado de esforço na execução do exercício. O comprometimento é quando o aluno, depois de um intervalo, retoma regularmente ao exercício. E por fim, a performance é o resultado da ação. Este fator apenas é válido para avaliar a motivação quando este não depende de outros fatores, como a habilidade, competência, ambiente, entre outros (Moutão, 2005). Silva (2011) refere-se à motivação como a realização de uma atividade pelo prazer e pela satisfação provenientes da sua participação na mesma (Silva , 2011). Normalmente, a falta de motivação deve-se ao tipo de desporto praticado, tipo de exercício, duração do exercício, mau acompanhamento e, essencialmente à falta de resultados.

Neste sentido, o professor de EF deve estimular os alunos a praticar uma vida saudável e ativa, este estimulo faz com que os alunos tenham maior aderência ao programa de exercícios físicos (Silva, 2011). O professor de EF tem um papel de extrema importância na motivação dos alunos, uma vez que esta é fundamental para a realização e continuação de qualquer exercício. O tipo de treino que o professor de EF planeia para a sua aula é fundamental no que diz respeito ao cumprimento dos objetivos dos alunos, mas também atendendo às suas necessidades, fazendo-o de maneira mais motivante (Silva, 2011).

O desenvolvimento da aptidão física e das capacidade referentes a cada desporto são os principais metas a atingir nos programas de EF e nos desportos que os alunos são submetidos a um método de treino (Bõhme, 2003).

A realização do treino funcional nas escolas atuais é pouco comum, mas a mim, em particular, desperta-me muito interesse. Foi neste sentido que decidi implementá-lo nas minhas aulas. Thompson (cit. por Almeida & Teixeira, 2013) define treino funcional como um treino de força capaz de melhorar o equilíbrio, a coordenação, a força e a resistência. O treino funcional está relacionado com o desenvolvimento da capacidade funcional do corpo humano (Silva, 2011). Esta capacidade é a aptidão para a realização das atividades normais da vida diária como andar, correr, entre outros, com eficiência e independência. De acordo com Gelatti (cit. por Molina, Junior & Manganotti, 2010), a realização de movimentos de forma integrada e eficiente com ajuda do corpo define treino funcional. Assim, através deste, é possível fortalecer os músculos e melhorar as funções cerebrais responsáveis pelas ações no nosso corpo. Ao contrário do treino tradicional, neste tipo de treino, os músculos não são trabalhados de forma isolada, mas sim na íntegra. Pela mesma ordem de ideias, Normman (2009) refere que este treino não é definido, unicamente, por um método de treino, sendo que o indicado seria a combinação de diversos movimentos, exercitando, desta forma, vários grupos musculares.

Neste sentido, no treino funcional devem ser praticados exercícios que estimulem a força, a resistência muscular e cardiovascular, a flexibilidade, a coordenação motora e lateralidade e o equilíbrio (Campos & Neto, 2004, cit. por Ribeiro, 2006). Este tipo de treino apresenta vários benefícios, segundo Campos e Neto (cit. por Ribeiro, 2006), o treino funcional desenvolve a condição física e a sua performance, diminuindo a ocorrência de lesões ao nível dos músculos esqueléticos e o tempo de recuperação dos lesionados, fazendo com que estes retomem rapidamente as atividades prévias à lesão.

Em suma, no treino funcional devem ser executados exercícios que treinam o corpo para as funções que este foi originalmente destinado a realizar como andar, correr e outras tarefas do dia a dia. Em certos movimentos, o esforço fica por conta do peso do próprio corpo, servindo de

resistência aos exercícios. Os exercícios podem ser efetuados com vários objetos, como a bola suíça, as faixas elásticas e o minitrampolim, assumindo o mesmo papel. A utilização de objetos e a grande variação de exercícios pode ser considerado um fator de motivação (Normman, 2009).

Quando falamos de treino funcional, o treino tradicional surge sempre associado. O treino tradicional é muitas vezes caraterizado como isolado, rígido, limitado e uniplanar, possuindo como principal objetivo o aumento de força, hipertrofia muscular e o aumento da densidade óssea. Os exercícios do treino tradicional, são planeados para que indivíduo treine um grupo muscular de cada vez, trabalhando assim o músculo de forma isolada. Por exemplo, exercícios como as flexões de braços, que trabalham predominantemente a musculatura do peitoral.

Muitos autores afirmam que os exercícios tradicionais podem ser funcionais e, por isso, devem ser introduzidos nos programas de treino funcional. A principal diferença entre os dois métodos de treino é o desenvolvimento do corpo, uma vez que no método de treino funcional o corpo é tratado como um todo e no método de treino tradicional é tratado de forma isolada. Quando comparamos o método de treino tradicional com o funcional, é destacado o equilíbrio, que no funcional é uma exigência e no tradicional é omitido, no qual são usadas posições pouco estimulantes para a execução dos exercícios (Silva, 2011).

Por exemplo, no treino funcional, com o uso da bola suíça é possível trabalhar inúmeras capacidades e qualidades físicas. Portanto, muitas vezes, o treino funcional parece ser mais motivante para os alunos, o que ajuda a que estes permaneçam no exercício durante mais tempo, em comparação com o treino de força tradicional (Silva, 2011).

Neste sentido, no presente estudo pretendemos comparar o nível de motivação dos alunos para a prática do treino funcional com o nível de motivação dos alunos para o treino tradicional. Ainda pretendemos analisar a influência do sexo na motivação para o treino de condição física em cada um dos grupos em estudo.

4.3.3.3 Metodologia Amostra

A amostra deste estudo foi constituída por quatros turmas do 10º ano de escolaridade, sendo que duas turmas efetuaram apenas o treino tradicional e as outras duas realizaram o treino tradicional e funcional. No conjunto a amostra inclui 98 alunos, dos quais, 53 eram do sexo feminino e 45 do sexo masculino. A média de idades da amostra era de aproximadamente 15 anos.

Instrumento

O inquérito aplicado (Anexo III) foi adaptado do questionário BREQ2 (versão portuguesa) desenvolvido por Palmeira et al. (2007) (Anexo II).

Para a recolha dos dados, no início da aula, antes do preenchimento do questionário, expliquei aos alunos o propósito da investigação, sendo que após a explicação todos participaram de forma voluntária e consciente. O questionário foi aplicado a dois grupos distintos, o primeiro é composto por 49 alunos que durante o ano letivo realizou treino funcional e treino tradicional. O segundo grupo é composto, igualmente, por 49 alunos, que realizaram apenas o treino tradicional, durante o ano letivo.

O inquérito foi aplicado em dois dias em simultâneo, primeiramente, às turmas que efetuaram apenas o treino tradicional, e no segundo dia às turmas que efetuaram os dois tipos de treino. Para manter as condições do inquérito iguais, os alunos que faltaram não integraram a amostra, e portanto não entraram no estudo. Os alunos dispuseram de 20 minutos para o preenchimento e entrega do questionário.

O inquérito era constituído por 28 questões destinadas a verificar o nível de motivação dos alunos para os diferentes tipos de treino presentes na amostra. A primeira questão estava subdividida em 12 questões, que pretendiam abordar a prática do exercício físico em geral. Para as respostas foi utilizada uma escala de likert, que indica o grau de concordância dos alunos, sendo que o número 1 correspondia a discordo totalmente e o 5 a concordo totalmente. A segunda parte do questionário correspondia a um

conjunto de questões para determinar o grau de motivação dos alunos para os diferentes treinos. As respostas a estas questões eram fechadas (escolha múltipla), exceto as duas últimas perguntas , estruturadas sob a forma de resposta aberta.

Análise de dados

Os dados foram tratados e analisados através da ferramenta informática Microsoft Excel, versão de 2010 e do programa estatístico SPSS, versão 20.0.

Para a caraterização da amostra utilizei a estatística descritiva, que incluiu a análise de frequência absoluta e relativa (percentagem) e a média e o desvio padrão.

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