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CAPÍTULO VI. AS NARRATIVAS DOS CAMPONESES POSSEIROS DENUNCIAM A VIOLÊNCIA DA OCUPAÇÃO DO CAPITAL NA

Mapa 10 – Brasil Produção de soja por município no

2.4 A modernização do território e a mobilidade do capital e do trabalho

A dinâmica do capitalismo no mundo globalizado impôs novas reformulações e a reestruturação do setor produtivo no território, a partir do processo da integração dos mercados no âmbito global, o que impôs aos países periféricos a desestruturação, da diminuição de empregos e do trabalho em razão do uso das tecnologias na cidade e no campo. O deslocamento de capital para as regiões selecionadas com infraestrutura técnica e moderna são as condições essenciais para viabilizar a circulação de mercadorias no território da produção capitalista.

Acrescenta a essa noção preliminar de mobilidade, que é essencialmente o deslocamento humano de uma parte ou região geográfica (migração), a noção complementar do que isso implica considerar também no âmbito da mobilidade do trabalho a mudança em relação a posição do indivíduo no processo produtivo, e outras formas que não aparecem explicitas, mas constituem condição para o uso do capital. (SILVA, 2008, P. 17).

Desse modo, a mobilidade está centrada no deslocamento humano, deslocamento esse que se dá entre países, mas também ocorre internamente entre as regiões onde o capital tem

intensificado suas ações. Harvey (2013, p. 485) indica que ―a força de trabalho é uma mercadoria, mas as condições que governam sua mobilidade são muito especiais. É a única mercadoria que pode levar a si mesma para o mercado sem a ajuda de ninguém‖.

―A mobilização consiste no processo que atribui ao ser mobilidade. A mobilidade da força de trabalho subjaz como elemento indispensável para a exploração capitalista‖ (SILVA, 2008, p. 19). No discurso capitalista, os homens livres formam o exército de reserva à disposição do capital, homens desempregados e sem garantia de trabalho e emprego. Com o advento das transformações ocorridas no mundo do trabalho, a estrutura produtiva redefine sua estratégia para a reprodução e ampliação do capital.

No discurso do capitalismo, onde tudo é controlado pela iniciativa privada, a ideia de homens livres está fundamentada na lógica centralizadora do modo de produção capitalista e a sua estratégia para expandir a sua exploração. Para Marx (1985), o ponto de partida da grande indústria constitui a revolução do meio de trabalho, e o meio de trabalho revolucionado assume sua configuração mais desenvolvida no sistema articulado de máquinas da fábrica.

A revolução da mecanização na indústria alterou socialmente as relações de trabalho e trouxe o aumento significativo da produção. Com o processo de desenvolvimento tecnológico e o aperfeiçoamento do capitalismo, passa, então, a descartar trabalhadores e aumentar a exploração da força de trabalho.

A falsa liberdade que o trabalhador possui no modo de produção capitalista lhe confere apenas a sensação de liberdade, quando vende a sua força de trabalho, uma mercadoria que garante a sua sobrevivência. A alienação ao trabalho lhe confere o aprisionamento laboral, violando sua autonomia e o tornando dependente na comercialização de sua força de trabalho, reconfigurando sua condição vital, bem como em sua mobilização no espaço. (TELES, 2017).

A sobrevivência do indivíduo está ameaçada, pois o trabalhador sem emprego, sem qualificação, fica cada vez mais distante do mercado de trabalho. Neste contexto, milhares de trabalhadores buscam empregos nos lugares de maior intensidade econômica. Verifica-se que, mesmo nos setores produtivos, a oferta de emprego é baixa, pois as empresas dispõem de alta tecnologia utilizada no setor produtivo e, como consequência, menos emprego. Isto se reflete tanto na cidade como no campo.

Com a expansão do capital manifestam-se, portanto, dois movimentos. Um, a acumulação de trabalho como força de valorização do capital enquanto valor, e o outro, a concentração de trabalhadores como força de utilização pelo capital enquanto relação de produção. Com a acumulação de trabalho excedente produz-se a concentração de trabalhadores excedentes e é neste sentido que ―o acréscimo do

capital variável é então índice de mais trabalho, mas não mais trabalhadores empregados.‖ (PELIANO, 1990, p. 99).

Mesmo com a intensidade de trabalho, verificam-se menos trabalhadores empregados. A mobilidade dos trabalhadores na busca de emprego nas frentes de expansão do capital e da fronteira agrícola tem caracterizado o avanço do setor agroindustrial nas últimas décadas.

Ainda de acordo com Peliano (1990, p. 100), no que diz respeito à acumulação de trabalho e mobilidade do capital, distinguem-se dois movimentos básicos:

O processo de expansão do capital requer sua mobilidade continuada e progressiva em busca de novos espaços de valorização;

O processo de valorização do capital implica a alteração crescente de sua composição orgânica. De um lado, o progresso de expansão do capital recria suas relações de produção em espaços econômicos velhos e novos, assim parte dos trabalhadores emigra ―e na realidade apenas segue o capital em sua emigração‖. De outro lado, o processo de valorização do capital aprofunda as alterações de sua base técnica provocando o aumento da produtividade do trabalho social e, em consequência, ―o amontoamento correspondente de trabalhadores no mesmo espaço‖ sem condições objetivas de trabalho.

É fundamental compreender que o processo integrado de acumulação de trabalho e mobilidade do capital reduzem-se conceitualmente ao mesmo e único processo que caracteriza o sistema capitalista de produção de mercadorias. (PELIANO, 1990, p. 100). A mobilidade da força de trabalho implica a migração dos trabalhadores para os territórios onde haja disponibilidade do capital. ―Por isso a mobilidade do trabalho ocupa uma posição especial no discurso econômico.‖ (HARVEY, 2013, p. 485).

O avanço da agricultura empresarial se expande a partir do deslocamento de médios e grandes produtores que estão ocupando a nova fronteira agrícola. Santos e Silveira (2005, p.175) indicam que ―a integração do território pelas estradas e a expansão da frota nacional de veículos permitem, entre outras coisas, descrever a imposição do sistema de circulação rodoviária no Brasil‖. Por isso, a modernização do território brasileiro não se deu de forma homogênea e privilegiou apenas o sistema de circulação rodoviária.

Regiões como o Centro-Oeste, Norte e Nordeste não receberam a mesma infraestrutura como as regiões Sul e Sudeste. ―Do ponto de vista da expansão territorial, a modernização possui dois sentidos principais: um que envolve a infraestrutura econômica, a base técnica e os meios de produção, e outro que envolve os aspectos políticos e ideológicos [...]‖ (CASTILHO, 2016, p. 34).

Os aspectos relacionados à modernização se fundamentam na ampliação da infraestrutura econômica e no papel da tecnologia. O aparato da modernização está centrado na ideologia do consumo do crescimento econômico e do planejamento. Foram esses os

grandes instrumentos políticos para pensar a construção dos espaços nacionais (SANTOS; SILVEIRA, 2005, p. 47). Pensar a modernização regional significa uma conexão com a internacionalização do mercado mundial.

Para Harvey (2014, p. 5), ―a burguesia criou um novo internacionalismo através do mercado mundial, ao lado da sujeição das forças da natureza ao homem, do maquinário, da aplicação da química à agricultura e à indústria‖. ―Com a globalização, o país busca tornar-se viável ao enraizamento dos grandes capitais. Adaptam-se às condições de regulação da economia e do território e, paralelamente, dá-se o esforço para reequipar algumas áreas‖, (SANTOS; SILVEIRA, 2005, p. 109).

A mobilidade do capital no século XXI está num processo de descentralização para as demais regiões brasileiras, o que impulsiona o avanço do setor agropecuário. No âmbito, desse movimento, pode-se citar as regiões do Centro-Oeste, Norte e o Nordeste.

Um fato importante nas atividades agrária do Nordeste, sobretudo em sua porção ocidental – oeste da Bahia e sul do Piauí e do Maranhão -, é a expansão da cultura da soja, feita sobretudo por empresários do Sul e do Sudeste, com elevado emprego de capitais e alta tecnologia, embora com o maior desprezo ao meio ambiente e às condições sociais. (ANDRADE, 2011, p. 268).

Andrade (2011) ainda afirma que oeste da Bahia foi ponto de atração migrante sulista e promoveu uma ocupação de forma violenta contra os primitivos, para formar grandes fazendas com o plantio de soja.

Concomitantemente, apesar da industrialização, o país conserva uma série de condições de subdesenvolvimento, muitas vezes agravadas pelo o crescimento econômico, a saber, disparidades regionais pronunciadas, enormes desigualdades de renda e uma crescimento tendência ao empobrecimento das classes subprivilegiadas, a despeito do aumento do Produto Interno Bruto e do Produto Nacional per capita. (SANTOS; SILVEIRA, 2005, p.51)

Dessa forma, a compreensão desse processo não pode ser entendida fora dos acontecimentos da dinâmica da mundialização do capital e as suas interferências nos mais variados pontos do planeta. Desse ponto de vista, os países centrais exercem o poder de mando e o controle nas decisões que se impõem sobre os países em desenvolvimento ou periféricos. Nesse contexto, o trabalho passa a assumir função relevante na expansão do capital e a mobilidade da força de trabalho em termos globais.

Segundo Marx (1984, p. 149), antes de tudo, o trabalho é um processo entre o homem e a natureza, um processo em que o homem, por sua própria ação, medeia, regula e controla seu metabolismo com a natureza.

O trabalho se torna a chave central no mundo das mudanças. Autores como Antunes (2009), Marx (1983), Meszáros (2011), Harvey (2013) e Poliano (1990), além de outros, procuram compreender o trabalho a partir do processo de mudanças ocorridas na estrutura da sociedade, considerando os aspectos econômicos, sociais, políticos e históricos. O trabalho faz parte da história humana.

Para Teles (2017), ―o trabalho foi considerado desde sempre uma característica exclusiva dos homens, como a base das relações mais primitivas às relações mais complexas entre ele (o homem) e a natureza‖. Marx (1984, p. 149) afirma que ―a utilização da força de trabalho é o próprio trabalho. O comprador a consome ao fazer trabalhar o vendedor dela‖. A força de trabalho como mercadoria é do que dispõe o trabalhador para vender. Seu trabalho garante a sua existência e a produção da riqueza que será apropriada não pelos trabalhadores, mas pelos que detêm e controlam os meios de produção.

Graças à humanização do próprio trabalho vivo, transformado em uma mercadoria que só pode funcionar como força produtiva e biologicamente se sustentar (como organismo vivo) adentrando a estrutura – e se submetendo às exigências materiais e organizacionais – das relações de troca dominantes, os principais obstáculos que limitavam pesadamente o escopo e o dinamismo dos sistemas produtivos anteriores são removidos com sucesso. Já que o trabalho vivo se transforma em carcaça do tempo – tanto horizontalmente como verticalmente – de acordo com as exigências da autorreprodução ampliada do capital. (MESZÁROS, 2011, p. 621-622)

Como bem disse o autor, o trabalho exerce uma função social nesse processo de humanização, mas, ao mesmo tempo, se transforma em mercadoria. Dessa feita, o trabalho se processa de acordo com as exigências postas pelas classes detentoras dos meios de produção e a necessidade dos que detém apenas a força de trabalho para garantir a sua sobrevivência.

[...] Para mobilidade geográfica da força de trabalho satisfazer as necessidades do capital, absoluta liberdade do trabalho de mover deve ser estritamente circunscrita. O exército de reserva de desempregados, por exemplo, sem cerimônia ―livre‖ de seus meios de sobrevivência pela mudança tecnológica, só pode criar condições favoráveis à acumulação adicional caso permanecer no lugar. As vias de escape devem ser bloqueadas por exigências legais ou outros mecanismo sociais – a posse e a renda da terra, por exemplo, impede os trabalhadores de retornar à terra e assim escapar do controle do capital. (HARVEY, 2013, p. 487)

Por isso o espaço deve possuir redes de infraestrutura capazes de atender às exigências das firmas, empresas onde vão desenvolver suas atividades produtivas. Harvey (2013) afirma que a mobilidade espacial das mercadorias depende de criação de uma rede de transporte.

Portanto, a mobilidade do trabalho está relacionada à dinâmica do capital, em função dos grandes investimentos e alocação de recursos que redirecionam a reestruturação do

espaço rural e do espaço urbano, mediante a instalação de empresas controladoras do setor produtivo agrícola.

A questão do planejamento territorial precisa incluir uma base técnica consistente de infraestrutura e logística para escoação dos produtos, principalmente quando considerados perecíveis. São preocupações que devem ser levadas em conta, porquanto interferem na lucratividade dos produtores de mercadorias. A construção dessa base necessária para viabilizar a operacionalidade do capital em diversas regiões que estão destinadas a receber investimentos exige projetos de rede de transportes diversificados que possam vir ao encontro dos interesses do agronegócio.

―A malha rodoviária está sendo expandida estrategicamente para promover a integração com grandes eixos de transportes hidroferroviário de escoamento de commodities, a fim de que se amplie o acesso às novas áreas produtivas, além de maior dinamismo e fluidez.‖ (LIMA, 2015, p.338). A mobilidade do capital e do trabalho nessa região está diretamente ligada aos investimentos aplicados, tanto pela esfera pública, quanto na esfera do setor privado.

A agricultura moderna no MATOPIBA reorganiza estrategicamente a exploração do setor agroindustrial na esfera regional. O impacto desse crescimento traz reflexos principalmente no processo migratório. As consequências da mobilidade da população se refletem no crescimento urbano das cidades, aumento do desemprego e segregação espacial.

O movimento migratório inter e extrarregional muito contribui para o crescimento demográfico nas cidades denominadas cidades do agronegócio, por ter as atividades econômicas ligadas à agricultura empresarial agrícola. Já no que se refere à mobilidade do trabalho, pode-se avaliar a desagregação dos camponeses, frente ao aumento do trabalho assalariado e temporário.

A presença do trabalhador assalariado temporário não somente representa a expulsão dos que não detém a propriedade da terra, como também inclui muitos pequenos proprietários que, impossibilitados de garantir a sobrevivência da família unicamente pelo produto do trabalho no seu lote de terra, são obrigados a se assalariar em determinados períodos do ano. Dessa forma, entre os trabalhadores agrícolas assalariados temporários, deve-se distinguir aquele que detém apenas sua própria força de trabalho, que muitas vezes agora reside na cidade, e se desloca diariamente para o campo, sobretudo nas épocas de safra, daqueles que ainda possuem uma pequena propriedade de terra, na qual residem com a família. Aqueles, como não conseguem auferir a subsistência, vendem sua força de trabalho durante algumas épocas do ano, especialmente para as empresas agrícolas mais dinâmicas. (LIMA, 2015, p. 344).

A presença de trabalhadores se avoluma diante da procura de trabalho nas regiões onde há mobilidade do capital. A geração de emprego na agricultura empresarial é baixa,

nesse sentido, essa reestruturação que se organiza a partir de grandes fluxos de capital se insere nessa estratégia de incluir a fronteira agrícola do MATOPIBA na esfera da economia mundial.

Para Martins (1990), a terra abre para o capitalista possibilidades diferentes de enriquecimento, dadas as inúmeras possibilidades que lhe são abertas pelo capital. O investimento na compra e aquisição de terras se transforma em estratégia para a reprodução do capital. ―Na trajetória de expansão do capital ocorrem modificações tanto em sua base técnica de produção quanto em suas condições de valorização‖ (PELIANO, 1990, p. 92).

A inserção na economia globalizada dinamiza a mobilidade do trabalho e do capital em razão da migração da população e também da migração de capital que ocorrem de acordo com a necessidade dos trabalhadores de buscarem em outras cidades condições de vida, e por outro lado, a venda e compra de terras pelos proprietários agrícolas.

Os investimentos de capitais estrangeiros estão influenciando na valorização do preço da terra, no aumento da violência no campo, devido à exploração das áreas de produção agrícola, embasada na monocultura, com uso de grandes extensões de terras submetidas à lógica da agricultura capitalista e de mercado.

A exploração da renda da terra é o negócio que está no cerne da questão. Assim, renda fundiária para novos e antigos territórios não estritamente mercantil, a menos que se considere a terra outra mercadoria qualquer, e sua oferta um caso particular de produção econômica. (DELGADO, 2012).

Desse modo, a terra é submetida à lógica do negócio, bem como se torna instrumento para produzir riqueza por meio do trabalho assalariado e de outros mecanismos tecnológicos disponíveis para fazê-la gerar renda para seus proprietários e arrendatários de terra. O Mapa explicita a intensificação das atividades agropecuárias, com destaque para o uso do solo. Como se vê, o (Mapa 11) dispõe os vinte maiores municípios produtores de grãos e pecuária no oeste baiano, sul do Piauí, sul do Maranhão e Tocantins.

No sul do estado do Maranhão verifica-se que a área agrícola se destaca nos municípios de Balsas, Simbaíba, Riachão e São Raimundo das Mangabeiras, com a expansão da produção; já a área ocupada com o uso de pastagem não é representativa. Por outro lado, já se ocupam as áreas campestres e também áreas de floresta. No estado do Tocantins, a área agrícola avança principalmente nos municípios que apresentam maior produção de grãos – Campos Lindos, Pedro Afonso, Palmas, Lagoa da Confusão e Formoso do Araguaia. As áreas ocupadas com pastagem são expressivas, dada a relevância do aumento da bovinocultura de corte no Tocantins.

O sul do estado do Piauí, também não é diferente, tendo em vista que o avanço da agricultura no seu território aparece em destaque como principais municípios produtores de grãos – Baixa do Ribeiro, Urucuí, Tasso Fragoso, Bom Jesus, Currais, Ribeiro Gonçalves e Mapa 11 - Região do MATOPIBA – Cobertura vegetal e uso do solo (2016) e classificação dos 20 municípios com maior valor de produção agropecuária – 2018

Alto Parnaíba. Expande-se, assim, a área artificial; com o aumento da área ocupada com pastagem e com a silvicultura sobre a vegetação florestal.

A área ocupada com agricultura no oeste baiano destaca-se com os principais municípios produtores de grãos: São Desidério, Formosa do Rio Preto, Riachão das Neves e Jaborandi. O uso do solo se intensifica com a expansão do agronegócio no oeste da Bahia, enquanto uma parte da região está ocupada com áreas artificiais. A área ocupada com pastagem para criação de animais de pequeno e grande porte ainda é insignificante, uma vez que a ênfase é dada à produção de grãos. As áreas ocupadas com a silvicultura também já aparecem como uma possibilidade de investimento para o agronegócio. Isso implica dizer que no oeste baiano a predominância é a de produção de soja, milho e algodão.

Essa conjuntura econômica e social expressa um caminhar histórico de como as decisões geopolíticas influenciaram a partir das grandes blocos econômicos. Bancos, empresas, fundos de pensão estão atuando em termos de planeta, principalmente destinando investimentos na produção de alimentos em grande escala. Aqui vale ressaltar a participação do Brasil, Rússia, Índia e África do Sul – (BRICS). A formação desse Bloco tem melhorado as relações comerciais entre os países membros.

De certo modo, as relações de poder exercido pelas grandes empresas em escala mundial refletem a dinâmica do avanço da agricultura capitalista que reordenam a ocupação territorial na fronteira agrícola, intensificando a subordinação e a expropriação da renda da terra.

Essas questões são pertinentes para compreender que a ocupação das áreas de Cerrado pelo capital estão relacionadas com as decisões políticas e econômicas das empresas transnacionais, principalmente no que se refere à questão da produção de alimentos, tanto para alimentação humana, quanto para alimentação animal, Por isso, o aumento dos investimentos financeiros tem relação direta com o aumento da violência na fronteira agrícola do MATOPIBA, condicionadas pelas ações geopolíticas que impulsionam o processo de modernização do campo.

Diante disso, é importante estudar os processos de subordinação, entender a natureza dos conflitos agrários, oriundos do agronegócio, além da violência, que é uma condicionante na ocupação da fronteira agrícola. Por isso, o próximo capítulo trará uma reflexão referente à temática da expropriação do campesinato.

CAPÍTULO III

A SUBORDINAÇÃO DA RENDA DA TERRA: EXPROPRIAÇÃO E VIOLÊNCIA NA