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CAPÍTULO VI. AS NARRATIVAS DOS CAMPONESES POSSEIROS DENUNCIAM A VIOLÊNCIA DA OCUPAÇÃO DO CAPITAL NA

A SUBORDINAÇÃO DA RENDA DA TERRA: EXPROPRIAÇÃO E VIOLÊNCIA NA FRONTEIRA AGRÍCOLA DO MATOPIBA

3.1 A renda da terra e a expropriação do campesinato

Os dilemas do campo contemporâneo e a discussão das diferentes formas de expropriação da produção camponesa são fatores primordiais para a compreensão do processo de expansão do agronegócio. Desse modo, ―a renda da terra é uma categoria da Economia Política, porque ela é o lucro extraordinário, suplementar, permanente, que ocorre tanto no campo como na cidade.‖ (OLIVEIRA, p. 43, 2007).

A apropriação e o uso da propriedade privada da terra transformou a agricultura em ferramenta de reprodução do lucro, a partir dos pressupostos orientados pela expropriação do trabalho assalariado.

A barbárie opera no campo a partir de várias formas: na apropriação da natureza para produzir mercadoria, na expropriação e na exploração do campesinato. Oliveira (2003, p. 120) explica que ―a lógica é mundial, e o nacional fica submetido a esta lógica mundial. O agronegócio e suas commodities são expressões objetivas desta inserção capitalista das elites brasileiras ao capital mundial‖.

Martins (1990) ressalta que a expansão do capitalismo no campo se dá pela sujeição da renda territorial do capital, por meio da compra de terra para explorar ou vender, ou subordinando a produção do camponês, a sujeição da renda da terra, e a sujeição do trabalho que se dá na terra.

As contradições expostas na estrutura desse modelo se apresentam de forma complexa, uma vez que a sua função elementar é a de exploração e consequente surgimento dos conflitos entre as classes sociais. Portanto, essa problemática destaca o papel dos capitalistas, proprietários de terras, trabalhadores assalariados e camponeses nesse processo antagônico e contraditório. Portanto, esse seria o problema chave para entender a intensificação dos conflitos no campo brasileiro.

Essa questão, de fato, foi trabalhada por diversos teóricos que refletiram sobre a renda fundiária, tais como Marx (2017), Kautsky (1998), Smith (1988), Oliveira (2007), Martins (1990), Amin e Vergopoulos (1977), dentre outros. Todos os esforços dedicados às elaborações teóricas e metodológicas visavam apresentar elementos para compreender a

submissão da agricultura ao modo de produção capitalista, sem perder de vista a inserção da agricultura em escala mundial, ou seja, a mundialização da agricultura, por representar um conjunto de elementos integrados no processo de produção e dependência permanente da relação - natureza, capital, lucro – trabalho e salário.

A revelação desse processo está na criação contraditória que se constrói nas relações de conflitos. ―Tudo isso nos permite compreender que a terra passa a assumir função perversa no sistema social capitalista. Ela funciona, no fundo, como uma restrição extraeconômica que é, entretanto economicamente valorizada‖ [...] (AMIN, 1977, p. 157), portanto, o uso pervertido da terra alterou o conjunto do sistema econômico do capital, que passa então a ocupar uma questão chave na reprodução econômica do sistema.

A usurpação da terra se dá em uma relação social e dialética entre sujeitos antagônicos - proprietários e arrendatários - mas com objetivos comuns, porque ambos visam à reprodução e acumulação do capital. Assim, a produção agrícola passa a ser operada por capitalistas, que num primeiro momento se distingue dos demais capitalistas pela maneira como o seu capital está investido e pelo trabalho assalariado posto em movimento do capital, (MARX, 2017, p 677).

A terra sempre foi um meio de trabalho de suma relevância na história da humanidade. A apropriação, o uso e o monopólio da terra estão sobre o controle de uma classe que detém os instrumentos de produção para exercer o domínio, ou seja, os proprietários de terra, aliados aos capitalistas e industriais, por meio do poder econômico, político e ideológico, conseguem monopolizar vastos territórios.

De modo que a formação da propriedade privada da terra, no modo de produção capitalista, se amplia nas áreas atrativas do ponto de vista economicamente viável aos interesses do capital. As estratégias de aquisição da terra são diversas, como mostra a história, por meio de compra, da prática da grilagem, ou pela posse oriunda da ocupação do posseiro. Ainda persistem os velhos mecanismos do passado, graças ao processo imposto pela modernização do modelo agrícola e a racionalidade da agricultura capitalista.

No tocante a essa questão, Marx (2017, p. 679) define a estrutura da sociedade capitalista em três classes: o trabalhador assalariado, o capitalista industrial e o proprietário fundiário, os quais constituem o marco da sociedade moderna.

Os capitalistas são os donos dos meios de produção, cujo objetivo é o lucro. Os proletários (trabalhadores) não usufruem dos meios de produção, são proprietários apenas da força de trabalho, que é trocada com os capitalistas, porque o fator de renda deles é o trabalho. (MARTINS, 1990), (MARX, 2017).

As análises em torno da expropriação da riqueza passam pela compreensão de como está estruturada a sociedade capitalista. Segundo (MARX 2017), ocorre a estrutura e a infraestrutura dessa mesma sociedade, que seriam os meios de produção a estrutura e infraestrutura para que se possa desempenhar o trabalho e produzir a riqueza. A manutenção da estrutura do controle do sistema capitalista é exercido pelo o aparato ideológico e político que exercem a função estratégica para a manutenção do modelo capitalista de produção.

Diante dessa questão, Marx aponta os pressupostos do modo de produção capitalista quando se refere à expropriação da terra. Ele reconhece que os verdadeiros lavradores e cultivadores da terra são os assalariados. Veja como ocorre o processo que explica a estrutura do funcionamento de como é gerada a renda fundiária.

[...] os verdadeiros cultivadores do solo são assalariados, empregados por um capitalista, o arrendatário, que só se dedica à agricultura como campo de exploração específico do capital, como investimento de seu capital numa esfera particular da produção. Esse capitalista-arrendatário pago ao proprietário, ao proprietário fundiário, ao proprietário da terra por ele explorado, em prazos determinados, digamos anualmente, uma soma em dinheiro fixada por contrato (exatamente do mesmo modo que o mutuário de capital monetário paga por ele juros determinados) em troca de permissão de aplicar seu capital nesse campo particular da produção. Essa soma de dinheiro se chama renda fundiária. Não importando se é paga por terra cultivável, terreno para construções, minas, pesqueiros, bosques etc. ela é paga por todo durante o qual o proprietário da terra emprestou, alugou por contrato, o solo ao arrendatário. Nesse caso, a renda do solo é a forma na qual se realiza economicamente a propriedade fundiária, a forma na qual ela se valoriza. Além disso, aqui estão reunidas e confrontadas, as três classes – o trabalhador assalariado, o capitalista industrial e o proprietário fundiário – que constituem o marco da sociedade moderna. (MARX, 2017, p. 679).

No que diz respeito ao capital investido na terra, os recursos são destinados a criar as condições necessárias para fazer o solo produzir, tais como: adubação química para elevar a fertilidade e qualidade da terra e infraestrutura, como canais e sistema de irrigação, nivelamento, construções de prédios na sede e escritórios administrativos etc. Tudo isso visa melhorar as condições da propriedade e tornar a terra produtiva.

A incorporação do capital fixo está regido por juros que foram incorporados à terra, além do conjunto de melhorias feitas que vão fazer parte da renda e dos arrendamentos contratados com os proprietários. O arrendatário assume todo o investimento para tornar o solo produtivo.

Chegando o desenvolvimento a certo nível, o modo de produção capitalista passou a substituir o modo simples; a essa altura o trabalhador deixa de ser o proprietário dos seus meios de produção. Em lugar do trabalhador não proprietário surge, então, o capitalista como dono dos meios de produção que eram do trabalhador. Este já não pode trabalhar para o empresário capitalista ao qual ele vende sua força de trabalho. Transforma-se, pois, em trabalhador assalariado. (KAUTSKY, 1998, p. 98-99).

Desse ponto de vista, o modo de produção capitalista sobrepõe à lógica e desagrega a produção simples de mercadoria, cujo trabalhador perde a sua capacidade de competir com os novos investidores e passa a submeter esses sujeitos na condição de trabalhadores assalariados. O capital aparece como uma relação social de classes, pois os meios de produção são controlados por uma classe e a outra possui apenas a força de trabalho para vender. Assim, o capital exerce relação social global, na escala de toda sociedade.

Com esse controle global, o capital investiga e avalia os melhores países e regiões do planeta que respondem às suas expectativas do ponto de vista da rentabilidade econômica. A mobilidade e o encurtamento de distância é outra característica presente com o advento do capitalismo mundializado, que reúne as condições e capacidades necessárias para agir em qualquer ponto do globo, desde que obtenha ganhos econômicos com os investimentos de capital, principalmente no setor agrícola.

Desse modo, a agricultura passa a ser controlada pelo modo de produção capitalista, que controla o conjunto do setor produtivo, bem como todas as esferas de produção e da sociedade civil que está sobre o seu domínio. Portanto, nessa esfera, abre-se a livre concorrência dos capitais de maneira que possam migrar de um ramo de produção para outro, atento à rentabilidade e com observância das taxas de lucros referentes aos negócios na agricultura (MARX, 2017).

A terra, na condição de bem natural, abarca não só o solo, mas também a oferta da água e da mineração. Portanto, por meio do capital investido e do trabalho assalariado, sob a égide da lógica capitalista, esse instrumento de trabalho (Terra) será explorado a partir de uma relação meramente econômica e social no processo de produção. Vê-se na posse da terra a possibilidade da prosperidade de seu modo de produção, ou seja, a propriedade privada da terra passa a exercer papel essencial na agricultura capitalista.

No modo de produção capitalista, a ―propriedade fundiária baseia-se no monopólio de certas pessoas sobre porções definidas do globo terrestre, como esferas exclusivas de sua vontade privada, com exceção de todas as outras‖ (MARX, 2017, p. 676). O monopólio é a base do modo de produção capitalista, mas os proprietários não têm como exercer o total controle, porque o uso dessas porções do globo estão relacionadas às condições econômicas, por isso não dependem da sua vontade.

O monopólio da propriedade da terra é que cria as condições para capitalistas e proprietários expropriarem a massa de trabalhadores. A propriedade privada da terra entra no circuito capitalista de produção, de tal modo que a apropriação da renda configura a forma econômica exercida pela propriedade fundiária. A terra é um bem natural, ou seja, não é fruto

do trabalho humano, mas se configura como mercadoria no tabuleiro da produção capitalista, pois a terra é um instrumento de trabalho. Assim, pode-se afirmar que:

No campo, um instrumento fundamental de produção é a terra. Nas análises feitas no Brasil a respeito da expansão capitalista no campo, com umas poucas exceções, a terra é erroneamente considerada capital. Afinal de contas, ela é comprada com dinheiro e é utilizada como instrumento para explorar a força de trabalho do trabalhador. Ela opera como, portanto, como se fosse capital. [...] (MARTINS, 1990, p. 159).

A terra, desse ponto de vista, se torna um instrumento de produção quando o capital investido visa à exploração da força de trabalho para a produção de lucro no campo, impulsionada pela expansão do capitalismo agrário. Dessa maneira, a terra passa a ser subordinada a uma lógica que opera para a geração de lucro.

A terra é um instrumento de trabalho, logo, a sua função devia estar centrada na produção de alimentos para atender às necessidades básicas da população. Ocorre uma inversão na mediação do processo quando entra em ação a produção do lucro, que advém da exploração da força do trabalho assalariado, haja vista que a propriedade privada da terra passa a exercer um caráter de relações meramente econômicas, de maneira que novos desarranjos surgem com a extensão do modelo que pressionam e desagregam os pequenos estabelecimentos da produção camponesa.

Como disse MARTINS (1990), apropriação da terra se dá de forma diferente, pelo fato de não ser pelo trabalho nem da exploração do trabalho pelo capital. Segundo o princípio que concebe a terra como instrumento de trabalho, ela estaria a cumprir uma função social que seria produzir alimentos para saciar a fome da população. De certa forma:

A apropriação da terra não se dá num processo de trabalho, de exploração do trabalho pelo capital. Portanto, nem a terra tem valor, no sentido de que não é materialização de trabalho humano, nem pode ter a sua apropriação legitimada por um processo igual ao da produção capitalista. A terra é, pois, um instrumento de trabalho qualitativamente diferente dos outros meios de produção. Quando alguém trabalha na terra, não é para produzir terra, mas para produzir o fruto da terra. O fruto da terra pode ser produto do trabalho, mas a própria terra não é, (MARTINS, 1990, p. 159 -160).

Por isso, sendo a terra um instrumento de trabalho, quando se refere a sua apropriação e uso, verifica-se que, quando alguém trabalha a terra, seu objetivo é extrair os frutos da terra, através do trabalho na terra. (MARTINS, 1990).

A terra se difere de outros meios de produção quando observamos que o fruto da terra é resultado do trabalho, mas a terra em si não é produzida pelo trabalho. Dessa forma, o trabalho é que produz a riqueza e a terra viabiliza esse processo por meio de uma mediação

permanente na relação terra e trabalho. Forma-se, assim, a dialética estabelecida nas relações civilizatórias decorrentes da relação social que integra as contradições das classes sociais.

A terra não é capital, mas o proprietário ou capitalista produz lucro ao usar da expropriação da força de trabalho do trabalhador para produzir riqueza no campo. Assim, o capitalista usufrui do uso do solo agrícola para extrair lucro.

A monopolização dos meios de produção implica o impedimento do trabalhador desprovido de recursos para produzir ou trabalhar por conta própria. Nesse sentido, ele perde a sua autonomia e torna-se subordinado ao modelo, o que lhe resta apenas oferecer a sua força de trabalho para o capitalista. Essa é a realidade imposta e causadora da pobreza que se reproduz tanto no campo quanto na cidade, ou seja, a reprodução da pobreza em massa decorre da concentração da propriedade da terra e da riqueza produzida pelo trabalho.

O conceito da renda da terra é, pois, um conceito fundamental para a compreensão da realidade agrária e mesmo urbana, pois, em ambos, a terra entra como componente importante, (OLIVEIRA, 2007, p. 43).

―Assim, a renda da terra sob o modo capitalista de produção é, na medida em que resulta da concorrência, renda da terra diferencial; e é, na medida em que resulta do monopólio, renda da terra absoluta‖ (OLIVEIRA, 2007, p. 43). Tal processo ocorre com as diferentes formas de renda geradas pelo monopólio. Por isso a propriedade privada precisa ser desmitificada para que sejam entendidas as formas de subordinação do capital, conforme os pressupostos que orientam os interesses dos capitalistas.

É necessário esclarecer as diferenças entre a renda diferencial e a renda absoluta; a renda diferencial decorre do caráter capitalista da produção, ou seja, não está atrelada à propriedade privada do solo, enquanto a renda absoluta opera a partir da posse privada do solo, sendo que:

Embora, na prática, seja difícil distinguirem-se as duas partes da renda da terra, cabe esclarecer a essência dessas duas espécies de renda. A renda da terra diferencial resulta do caráter capitalista da produção e não da propriedade privada do solo, ou seja, ela continuaria a existir se o solo fosse nacionalizado. Já a renda absoluta resulta da posse privada do solo e da oposição existente entre o interesse do proprietário fundiário e o interesse da coletividade. Resulta do fato de que a propriedade da terra é monopólio de uma classe que cobra um tributo da sociedade inteira para colocar para produzir. Inclusive, ela desapareceria caso as terras fossem nacionalizadas. (OLIVEIRA, 2007, p. 43):

Destaca-se que a renda do solo está condicionada ao valor da terra, tendo em vista que, quanto mais se exige a demanda de tal produto, mais aumenta o preço do solo para produzir mercadoria, ou seja, é a valorização econômica da propriedade fundiária. De fato, a renda do

solo vem acompanhada da valorização do solo, que é resultado do trabalho social presente no conjunto da sociedade de classes. Assim:

O nível da renda do solo (e, com ela, do valor do solo) se desenvolve no curso do desenvolvimento social como resultado do trabalho social total. Por um lado, expande-se com isso o mercado e a demanda por produtos agrícolas; por outro, expande-se diretamente a demanda pelo próprio solo, como condição concorrencial de produção para todos os ramos possíveis da atividade, inclusive os não agrícolas. Ademais, a renda - e com ela o valor do solo, para falar só da renda agrícola propriamente dita - se desenvolve com o mercado para o produto da terra e, por conseguinte, com o crescimento da população não agrícola; desenvolve-se com a sua necessidade e sua demanda, em parte de alimentos, em parte de matérias-primas. É da natureza do modo de produção capitalista que este reduza continuamente a população agrícola em relação à população não agrícola, porquanto na indústria (no sentido mais estrito) o crescimento do capital constante, em relação ao variável, está ligado ao crescimento absoluto - embora ele signifique um decréscimo relativo – do capital variável, ao passo que na agricultura diminui em termos absolutos o capital só pode crescer na medida em que novas terras forem cultivadas, o que, por sua vez, pressupõe um crescimento ainda maior da população não agrícola. (MARX, 2017, p. 698 - 699).

A demanda populacional decorre da territorialização do capital e trabalho. As correntes migratórias ou padrões migratórios obedecem à dinâmica econômica, que é quem coordena a dinâmica demográfica.

O aumento do consumo nacional e mundial de alimentos potencializa o Brasil como um importante produtor de commodities agrícolas, como se pode ver na acelerada expansão da fronteira agrícola dominada pelo setor do agronegócio. Essas condicionantes também ocasionaram um aumento expressivo na valorização recente das terras no MATOPIBA e no Brasil de modo geral.

Outro fator que merece destaque é que o modelo de agricultura age intencionalmente em duas direções: a) a consolidação de uma agricultura moderna e capitalizada, que pressiona os camponeses a abandonar as suas terras, pois só assim é possível expandir a concentração da propriedade privada da terra. Essa é a condição primordial para o capital crescer com a incorporação de mais terras para atender às demandas da população; b) A população não agrícola ocupa posição de destaque, quando observamos o crescimento recente e o aumento do consumo básico, logo, quanto mais aumenta a população não agrícola, mais aumenta a necessidade da incorporação de novas áreas de terra para a produção agrícola.

Os diferentes modelos de agricultura podem ser classificados como agricultura capitalista e pré-capitalista. As relações das duas formas se estabelecem de maneiras diferentes, onde quem detém a propriedade da terra exige o pagamento da renda por quem nela trabalha. Desse modo é:

Exatamente por isso a agricultura capitalista é diferente da agricultura pré- capitalista. Nesta, a propriedade da terra dá direito ao seu titular de extrair uma renda diretamente da produção, sem a necessidade de intermediários. É quando o camponês paga ao senhor o direito de trabalhar em suas terras com alguns dias de trabalho; ou então entregando-lhe diretamente uma parte da sua produção em dinheiro e entregando - o diretamente ao proprietário. Nesses três casos de renda pré-capitalista em trabalho, em espécie e em dinheiro, o próprio produtor entrega diretamente nas mãos do proprietário o excedente que este reclama como pagamento pela utilização da terra. Esse pagamento tem caráter de tributo pessoal de cada trabalhador ao senhor de terras; ele é claramente deduzido da produção do trabalhador. É o trabalhador quem paga a renda. (MARTINS, 1990, p. 162 – 163). Nesse caso, o trabalhador paga a renda da terra em trabalho, também é paga em produto e em dinheiro. O pagamento em trabalho é quando o trabalhador utilizando dos instrumentos de trabalho destinam alguns dias por semana, mês ou ano para pagar a renda fundiária e garantir o direito de poder lavrar a terra e ficar com parte da produção. Já a outra forma é quando a renda da terra é paga em produto. O trabalhador cede parte de sua produção para ter o direito de trabalhar a terra de outrem. E ainda há a renda da terra em dinheiro, que se origina da conversão da renda em produtos em renda em dinheiro, (OLIVEIRA, 2007, p. 44).

Vale ressaltar, que essas formas de renda estão presentes no campo e na cidade, subordinadas a uma pequena classe que tem monopólio da propriedade privada da terra, sob o