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A Pátria desde a infância: nacionalismo e educação

SYNTHESE DOS CAPÍTULOS DA SECÇÃO II DA TERCEIRA PARTE LXIX – 1.Estados Unidos da América do Norte – Washington dirigiu a

1. A Pátria desde a infância: nacionalismo e educação

Segundo Jorge Nagle, a segunda década do século XX representa um fértil período para o desenvolvimento e estruturação dos ideais nacionalistas no Brasil, sendo suas primeiras manifestações sistemáticas encontradas no campo da educação escolar, com ampla divulgação de livros didáticos com conteúdo moral, cívico e patriótico. Esses materiais constituíam-se em obras que pretendiam fornecer à criança uma imagem do país adquirida por

via sentimental. Tratava-se de uma doutrinação iniciada no campo escolar e que repercutiu mais que qualquer outra e teve como consequência o “desencadeamento do processo de nacionalização da escola primária”579. Jorge Nagle estabelece a eclosão da Primeira Guerra

Mundial como propulsora de elementos importantíssimos para o estabelecimento de ideais nacionalistas gerando não apenas um rudimentar corpo de doutrina, mas também as primeiras estratégias de ação.

Nesse contexto, a campanha empreendida por Olavo Bilac e seus companheiros da Liga de Defesa Nacionalista580 seria fundamental para a propagação e difusão de manuais e compêndios didáticos que exaltassem a pátria e desenvolvessem o sentimento de pertencimento nacional. A Liga de Defesa Nacionalista por meio de conferências, as mais populares proferidas pelo próprio Bilac, empreendeu uma ação proselitista, em que o sentido disciplinador se fazia central581. Segundo Jorge Nagle, o ideal de disciplina pregado nessas conferências ganhava força pela justificativa de que havia um perigo externo – o risco à soberania nacional, constituído pelo amor à conquista de terras que ficara latente pela eclosão da Guerra – e perigos internos – decorrentes da possibilidade de quebra da unidade territorial, da falta de instrução, de erros administrativos, das cobiça individual e da indiferença582.

Como medida contentora a essas ameaças, o movimento apontava para projetos a serem tratados de forma mais efetiva a fim de garantir a segurança da nação: o serviço militar - como caminho para eliminar os riscos do perigo externo – e a instrução – para conter o perigo interno. Essas duas coordenadas teriam como elemento fundamental a pregação do nacionalismo, centrada na formação da consciência nacional. Nessa campanha eram pontos centrais a negação da existência de países irremediavelmente mais fracos, da degeneração como consequência da miscigenação e a demonstração de que a disciplina era imprescindível para a existência da pátria583. Mesmo recebendo fortes críticas por seu elitismo, militarismo e oficialismo o ideário da Liga de Defesa Nacional se alastrou amplamente pelo país e a ela vieram se juntar outras Ligas Nacionalistas Estaduais que ampliaram e aprofundaram a pregação nacionalista. Dentre elas destaca-se a Liga Nacionalista de São Paulo, nascida num

579 NAGLE, Jorge. Educação e sociedade na Primeira República. Reimpressão. São Paulo; EPU, 1976, pp. 44. 580 A Liga de Defesa Nacionalista foi fundada, em 1916, por Olavo Bilac, Pedro Lessa e Miguel Calmon. Teve

por principal característica a intensa atuação na busca por difundir os ideais de unidade nacional, por meio da criação de Diretórios Regionais em todos os estados da federação, agregando sob sua bandeira as principais personalidades regionais. A gerencia dos diretórios ficava a cargo dos presidentes de estado, assim como ao presidente da república cabia a direção do Diretório Central estabelecido na cidade do Rio de Janeiro. Idem, Ibidem.

581 Idem, 45-46. 582 Idem, pp. 46. 583 Idem, Ibidem.

clima de entusiasmo patriótico e de inquietação pela Primeira Guerra Mundial. Diferença fundamental entre as duas ligas era o afastamento das preocupações de natureza militar e um maior comprometimento com as questões políticas pela segunda. A Liga Nacionalista de São Paulo agregaria novos objetivos aos já propostos por sua inspiradora, como: o combate à abstenção e à fraude eleitoral e o combate ao analfabetismo584. A essas duas vertentes nacionalistas – a militarista e a política – veio se juntar uma terceira, que adotava ideias e princípios de ambas as Ligas, aos quais agregava a manutenção da religião católica, a libertação dos valores portugueses, a nacionalização do comércio e da imprensa lusitana e a valorização do mestiço. Além disso, tecia crítica à hegemonia paulista e lutava pela defesa da civilização agrária585. Os principais expoentes dessa vertente nacionalistas gruparam-se em torno da revista Brazílea586, fundada em 1917, que assumiu uma postura de declarado antilusitanismo, de defesa do mestiço como verdadeiro representante do elemento nacional e de pregadora do nacionalismo. A revista ainda buscava divulgar obras de intelectuais esquecidos, que formavam uma galeria de indivíduos dignos de serem lembrados por sua contribuição na divulgação das virtudes e potencialidades da nação587. Nessa galeria, Rocha

Pombo desponta como o grande historiador esquecido e desvalorizado apesar de sua genialidade. O autor apareceu como colaborador da revista – embora publicasse ali apenas dois poemas – e nas outras duas publicações do grupo: Terra de Sol588 e América Latina589.

584 Idem, pp. 47-49. 585 Idem, pp. 48-49.

586 A revista Brazílea foi publicada de 1917 a 1918, tendo com fundadores Álvaro Bomilcar e Arnaldo

Damasceno, com colaboração de Jackson de Figueiredo. Idem, pp. 49.

587 LUCCHESI, Fernanda. Op. Cit., pp. 48.

588 Em Terra de Sol Rocha Pombo publicou vários artigos, dentre os quais: POMBO, José Francisco da Rocha.

“Terra Gloriosa”. Terra de Sol, revista de arte e pensamento, n° 1, Rio de Janeiro, 1924, pp 09-11; “Os actores do nosso drama”. Terra de Sol, revista de arte e pensamento, n° 2, Rio de Janeiro, 1924, pp 129-131. Seria ainda nesta revista que Nestor Vitor publicaria o artigo mais conhecido sobre o período em que Rocha Pombo viveu no Paraná: VITOR, Nestor. Op. Cit.

589 Em America Latina Rocha Pombo publicou um artigo como resposta ao conto Urupês de Monteiro Lobato

(1918), em que criticava duramente a figura de Jeca Tatu, segundo Rocha Pombo: “Jeca Tatú não é nosso habitante do interior. Será quando muito, o homem que se confinou entre a cidade e o sertão, e que, rebotalho dos elementos subalternos que entram na formação da raça historica, está morrendo desvirilísado, no illatismo a que o condemnaram a civilisação e o terror da plenitude da floresta (...) procure o sr. Monteiro Lobato o nosso legitimo sertanejo, o nosso verdadeiro caboclo; e há de se encontrar, de norte a sul, em todo o paiz, o homem simples e leal, vigoroso e altivo, o heróe que fez a conquista e ainda faz a guerra (...) Jéca Tatu não é o sertanejo brasileiro. Será quando muito, o sertanejo paulista. Simplificamos assimdesde logo a questão, fazendo essa primeira restricção que se refere ao critério quantitativo. Jéca Tatú é o caipira paulista, o Piraquara do Parayba.

Jéca Tatú felizmente não symblisa o sertanejo brasileiro, porque Monteiro Lobato não conhece o jagunço, e não

conhece o gaúcho. Não vui o jagunço na batalha, como o vui Euclydes da Cunha; não viu o gaúcho nas cargas de cavalaria e nos trabalhos campeiros. Jéca Tatú não pode symbolizar aquelles extraordinarios patrícios do nordeste que, em dez anos, desbravaram e povoaram a Amazonia; que a mando de um gaúcho destemido, Placido de Castro, facilitaram a tarefa diplomática do imortal Rio Branco, que poude incorporar o Acre ao dominio do Brazil. Jéca Tatú não póde symbolisar os gaúchos que, naquela fronteira do Rio Grande ‘ha cem anos batida a pata de cavalo’, como disse Euclydes, têm defendido a liberdade e a honra do Brazil. Não há como dizer melhor tudo isso, que está na consciencia de todos, mas poucos dizem. Em summa, o que ninguem mais

Assim, Rocha Pombo não apenas estava concatenado com as discussões e os projetos nacionalista, mas também estava aliado a uma vertente que buscava ativamente propagar seus ideais de pátria e o nacionalismo.

Eric Hobsbawm, em sua análise sobre a nação e o nacionalismo, demonstra como a prática de utilizar as ideias de necessidade de proteção da pátria foi acionada no contexto da 1ª Guerra, por meio de uma propaganda fundamentalmente dirigida a civis e cidadãos – a guerra apresentada como defesa contra a vinda do estrangeiro que se constituía como ameaça aos ganhos cívicos próprios de seu lado ou países, “todos aprenderam a apresentar seus objetivos de guerra (embora de alguma forma inconsistentemente) não apenas como a eliminação de tais ameaças, tais como, de alguma forma, a transformação social do país, no interesse dos cidadãos mais pobres (‘lares de heróis’)”590.

A discussão na primeira república estava posta nos caminhos para criar cidadãos, filhos da pátria, em criar o patriotismo nacional de tornar o país “meu”591, ou de “terra

natal”592. Em um país onde a cidadania era limitada, em que a democracia se fazia em bases

oligárquicas, com a prática do coronelismo herdados das relações patriarcais e hierárquicas do século XIX e em que a fraude e a abstenção eleitoral se faziam constantes, a constituição de da nação ou pátria como um conceito que descrevesse o lugar a que pertencia o cidadão se fazia inviável, nesse sentido o caminho para a construção da ideia de pertencimento à comunidade imaginada era o da cultura, nesse sentido as origens raciais da sociedade brasileira seriam largamente utilizadas pelos propagandistas do nacionalismo, nação e raça estavam intimamente ligados e eram inseparáveis.

Se na primeira república o Estado não tomava para si o processo de nacionalização, os homens de letras, de direito e de ciências criavam projetos de nação, com encaminhamentos diversos para a constituição racial do país e esses nacionalismos se tornaram um instrumento poderoso para o Estado. Para esses homens era essencial “educar nossos mestres” “fazer cidadãos”, transformar “camponeses em brasileiros” e fazer com que todos se ligassem a bandeira e a nação593. Ainda segundo Hobsbawm, no período entre 1880

póde pôr em duvida é que o primeiro enthusiasmo amaina, e que todos nós havemos de matar o Jéca Tatú ao nascer, e por um movimento unanime de justiça, sagra o Jéca Leão. Este é que ha de ser o nome symbolico do nosso sertanejo – o desbravador da terra, o braço que tem feito até hoje a riqueza economica do Brazil, a força que sempre defendeu o território, e que é ainda a unica força com que a patria poderá contar si se vir em algum perigo.” POMBO, José Francisco da Rocha. “Jéca-Leão”. America Latina, revista de arte e pensamento. Rio de Janeiro, tomo I, anno I, outubro-novembro, n° 3, 1919, pp. 469-471.

590 HOBSBAWM, Eric J. Op. Cit., pp. 125. 591 Idem, pp. 124.

592 Idem, pp. 125. 593 Idem, pp. 127.

e 1914, passa-se a dar ênfase nas diferenças entre o “eles” e o “nós” e não há modo mais eficaz de unir as partes díspares de povos inquietos do que uni-los contra forasteiros594. Assim, os Estados utilizam a maquinaria de comunicação, sobretudo as escolas primárias, para difundir a imagem e a herança da “nação” e inculcar a adesão a ela, bem como ligar os indivíduos ao país, frequentemente ‘inventando tradições’, ou mesmo nações com esse objetivo595, nesse campo o o ensino de história ganha papel de destaque.

Jorge Nagle, demonstra que, na segunda década do século XX, desenvolveram-se no Brasil correntes de ideais e movimentos políticos sociais que atribuíram importância cada vez maior para o tema da instrução nos mais diversos níveis e tipos596, o que impulsionou, na década de 1920, o que o autor chama de “entusiasmo pela educação e otimismo pedagógico”597, culminando na efetiva profissionalização do ensino. Segundo esse autor, a

necessidade de instrução e de sistematização do ensino entrou na pauta de diversos movimentos nos anos iniciais do século XX, as demandas promovidas por esses movimentos acabariam conferindo à escola pública primária o status de instituição mais importante do sistema escolar brasileiro, na medida em que a formação básica do povo se tornava o principal ponto de preocupação de políticos e educadores598.

Assim, nacionalismo e educação se fundem na ideia da escolarização como formadora do espírito e do caráter nacional e colocam-se a serviço da reconstrução e regeneração nacional599. Nesse aspecto a escola primária tornava-se sinônimo de educação popular com o objetivo de sanar o problema do analfabetismo e de transformar a massa em nação por meio do fornecimento de uma identidade compartilhada. Segundo Fernanda Lucchesi, a disseminação do ensino seria a única maneira de modernizar o país, mas era também o caminho mais seguro para transformá-lo em nação. Nesse sentido, o ensino cívico ganha prestígio e o ensino de história passa a ter papel estratégico para a manutenção da integralidade territorial brasileira, na medida em que o Brasil por ser tão extenso e despovoado não poderia ter na unidade da língua a garantia da conservação de suas fronteiras600. Essa preocupação e o papel do ensino da história do Brasil como elemento de formação do sentimento pátrio são explicitados por Affonso Taunay:

594 Idem, pp. 127-128. 595 Idem, pp. 128.

596 NAGLE, Jorge. Op. Cit., pp. 101. 597 Idem, 95-198.

598 Idem, pp. 114.

599 LUCCHESI, Fernanda. Op. Cit., pp. 79. 600 Idem, pp. 81.

Neste nosso paiz imenso e ainda despovoadissimo, onde os principaes núcleos tão pouco se tão pouco se interpenetraram ainda, na grande maioria dos casos a idéa da maior Patria, da grande Patria, se esbate ante a do patriunculo, consequenciaaliás de um fenômeno natural quanto possivel.

Patria de muita terra, patria de muita gente...

Não basta a unidade de lingua e de religião para reforçar esse brasileirismo tenue. Ella não impediu a desagregação do antigo Perú nem a o velho Vice-Reino de Nova Granada.

É preciso que, diariamente e cada vez mais, às creanças se incuta e, desde as primeiras letas, um nacionalismo integrador e fortissimo. É indispensavel inculcar- lhes um sentimento intenso de respeito a essa vastidão territorial que é a nossa, tão penosa e tenazmente adquirida e sedimentada, pelas navegações e as bandeiras, a politica da corôa lusitana, a continuidade do esforço do Imperio e o remate das questões lindeiras, com a Republica.

Como contribuição de valoa para a homogeneização brasileira nada ha mais precioso do que ensinar às creanças os grandes lances da vida comum brasileira das gerações que as precederam; os feitos notaveis da vida nacional, os que repercutindo em todo o paiz produziram em todos os seus recantos os mesmos efeitos, despertando em seus mais longinquos paramos os mesmos sentimentos601.

Esse não é um discurso novo ou simplesmente característico da década de 1920, quando Taunay prefacia o livro de Mario Sette: ele era herdeiro das discussões do XIX. A necessidade de se criar uma escola a serviço do nacional já estava posta, por exemplo, no ensaio de José Veríssimo, A educação nacional (1900)602, em que o autor tece uma profunda crítica à situação da instrução no Brasil. Trata-se de um ensaio escrito ainda no calor da proclamação da república603, apresentando-se como um clamor por mudanças efetivas no ensino e um balanço das poucas alcançadas pela jovem administração republicana. Para o autor o grande exemplo de sistematização da instruçãoa serviço da pátria seriam os Estados Unidos da América do Norte, que embora não se constituissemem um país com a unidade nacional conformada, dada a sua pluralidade de raças e a segregação das mesmas, possuía um declarado sentimento nacional e patriótico, grandemente propagado pela forma como a sua educação básica nacional fora organizada. Para o autor, fortemente influenciado por Ernest Renan604, primeiro passo para a apropriação do sentimento pátrio era se reconhecer como parte de uma mesma alma, na medida em que a unidade nacional dependia do sentimento do passado. Para isso a sistematização da educação nacional era essencial, era preciso que o jovem governo republicano tomasse para si, retirando da igreja e das instituições privadas, a responsabilidade sobre a instrução básica e também a formação dos professores. Para Veríssimo a educação nacional não se poderia fazer senão pelo estudo da pátria e para isso a

601 TAUNAY, Affonso de E. “Duas Palavras”. SETTE, Mario. Brasil, minha terra! Lições Cívicas. São Paulo:

Companhia Melhoramentos, 1928, pp. 05-06.

602 VERÍSSIMO, José. A educação nacional. Rio de Janeiro: Topbooks; Belo Horizonte: PUC-Minas, 2013

[1900].

603A Educação Nacional foi escrita em 1890 e teve sua primeira edição apenas em 1900.

604 RENAN, Ernest. O que é uma nação? Conferencia realizada na Sorbonne, em 11 de março de 1882.

história da nação tinha o papel principal605. Essa preocupação com a formação dos jovens cresceria nas décadas seguintes e se converteria em projetos de institucionalização do ensino e, principalmente, em incentivo para a produção de livros, compêndios e manuais didáticos que despertassem desde cedo o amor à pátria. E é dentro desse conjunto de obras que a obra de Rocha Pombo desponta como um grande sucesso.

É importante sempre ter em mente que o livro didático não pode ser analisado desassociado ao contexto, político, econômico, social e ideológico em que está inserido. Eles “incorporam as concepções de história e os sistemas de valores dos autores e de seu tempo”606. São importantes partes das engrenagens de manutenção de visões do mundo, na

medida em que se apresentam como mediadores entre “concepções e práticas políticas e culturais”607.

A análise de Nossa Patria permite verificar claramente as premissas do nacionalismo, pretendido pelas Ligas e seus desdobramentos, e como as mesmas eram articuladas como elementos de formação infantil, na medida em que na obra de Rocha Pombo destacam-se o culto à pátria, o desenvolvimento de um sentimento de louvor e amor incondicional à terra, a aclamação da justiça e da igualdade do Brasil perante os outros povos e, principalmente, a coesão, a harmonia e a importância do congraçamento das três raças para a formação nacional. Esses são os grandes elementos da obra que criam uma imagem de pátria louvável. É importante destacar que esses elementos já estavam postos nas obras anteriores de Rocha Pombo e que a busca constituir uma ideia de nação e por estabelecer uma igualdade de importância do Brasil no seio da América e da sociedade ocidental como um todo, já estavam no centro das preocupações do autor e não podem ser tomadas simplesmente como respostas às demandas geradas pela produção do material didático encomendado pela Weiszflog Irmãos. O nacionalismo sistematizado e propagado pela obra já estava em discussão desde os finais do século XIX, a ideia de se constituir elementos que conferissem a unidade nacional e que produzissem o sentimento pertencimento já faziam parte das preocupações dos intelectuais desde a primeira década da república e eram compartilhados por Rocha Pombo. Isso fica claro na análise de suas obras anteriores a 1917, em que o autor se debruçara sobre esses elementos e tão extensamente escrevera. O que é específico em Nossa Patria é a forma como o autor articula suas ideias e sua produção histórica para servir à formação da consciência nacional direcionada ao público infantil.

605 VERÍSSIMO, José. Op. Cit., pp.135.

606 CAPELATO, Maria Helena Rolim. “Ensino primário franquista: livros escolares como instrumento de

doutrinação infantil”. Revista Brasileira de História. São Paulo: USP, v. 29, n? 57, 2009, pp. 118.

2. Um livrinho: para a inteligência das crianças e dos homens simples do