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P 22 Analista de sistemas Matemática

7.4 A prática docente

Duas questões compuseram este eixo norteador, uma questão para indicar por que o sujeito pesquisado escolheu ser professor e a outra para indicar duas razões que pudessem definir a motivação pessoal para a escolha da docência. A primeira questão não indica o número de respostas esperadas, apresenta uma lista com 12 opções havendo, portanto, respostas múltiplas, por isso, o número de respostas é maior do que o número de sujeitos (Figura 25). A segunda questão possui uma lista com seis itens para serem eleitos dois que melhor definissem a motivação para a docência (Figura 26).

Escolha da Profissão

por opção 29

para formar outras pessoas 18

para aprender constantemente 18

para fazer algo útil à sociedade 17

sempre sonhei em ser professor 16

pelo prazer de explicar e se fazer entender 16

para ter um futuro estável 11

pelas oportunidades do mercado de trabalho 10 para utilizar minhas capacidades 8

para ter autonomia 3

para ter responsabilidade 3

Não resposta 2

por falta de opção 1

Figura 25: Por que você escolheu ser professor?

Destaca-se como fator motivacional da escolha à docência, a possibilidade de ensinar alguém. A carreira, o tipo de trabalho, não é o que atrai esta escolha profissional.

Motivação profissional

poder ensinar alguém 53

por prazer 35

melhorar o ensino 27

ter contato com outras pessoas 22

para ter uma carreira 13

o tipo de trabalho 8

Não resposta 1

Figura 26: Escolha duas razões que possam definir sua motivação para ser professor.

Estes resultados demonstram que os professores não veem seu exercício como uma atividade profissional. As resposta mais escolhidas pelos docentes pesquisados apontam a motivação profissional provir de fatores relacionados à ajudar alguém, a aspectos mais afetivos e, até com preceitos assistencialistas. A carreira e o tipo de trabalho, caracterizariam a profissionalização da docência, no entanto, não foram as razões às quais motivam a escolha profissional.

A profissionalização da profissão, de acordo com Libâneo; Oliveira; Toschi (2009), conferiu características de prioridade na Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE) e, também, demonstra certa preocupação em entidades científicas e culturais. Os autores esclarecem que:

[...] Discutir sobre a profissionalização significa refletir sobre a afirmação do espaço educativo, buscando a identidade profissional dos docentes, dos especialistas e dos funcionários da educação, a fim de debater sobre a totalidade do ato educativo, sobre as relações que se estabelecem no interior das escolas, na atual conjuntura educacional, ante as aceleradas mudanças sociais, culturais, científico-tecnológicas, políticas e econômicas do país (LIBÂNEO; OLIVEIRA; TOSCHI, 2009, p. 276).

Esta definição explica o pensamento construído acerca da complexidade da profissão. Isto é afirmado pelos autores supracitados, ao reconhecerem a necessidade de ampliar a concepção sobre o papel histórico e cultural da escola na atualidade e buscar a definição da identidade profissional dos agentes da educação.

Os planos de carreira profissional e estatutos são garantidos pela LDBEN/96, regulamentados no art. 67. A Lei do Fundef (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério) institui normativas de valorização deste profissional, como: ingresso mediante concurso público de provas e títulos; licenças

remuneradas para participação em cursos de aperfeiçoamento profissional; piso salarial; progressão funcional respaldada por titulação e avaliação de desempenho; hora-atividade e condições adequadas de trabalho (LIBÂNEO; OLIVEIRA; TOSCHI, 2009).

No entanto, devido às vivências de condições desfavoráveis de trabalho, a questão salarial e certo desprestígio social, Libâneo; Oliveira; Toschi (2009) afirmam a profissão não ser atrativa à juventude. Os dados referentes à idade dos docentes pesquisados vão ao encontro da afirmação dos autores supracitados, pois mostram que apenas 13 professores dos 88 pesquisados possuem menos de 30 anos, portanto, pode-se afirmar que o ingresso de docentes apresenta-se em menor quantidade de pessoas jovens.

Quanto à atratividade da profissão, na próxima seção, a tabela 15 mostra o posicionamento dos professores pesquisados e os dados quantitativos que ilustram esta análise.

7.5 Sobre a profissão professor

Nas questões relacionadas às características da profissão, a docência é considerada útil, reconhece-se a dinamicidade da atividade, sua complexidade e os desafios que a mesma oferece. Embora seja considerada uma profissão pesada, podendo ser interpretada como uma profissão com grande carga de trabalho em múltiplas dimensões como tempo, espaço, relação, formação e outras (TARDIF; LESSARD; 2009), os docentes afirmam ser uma profissão bonita. Destacam também, ser uma profissão que requer criatividade.

No entanto, aos serem questionados sobre a valorização desta profissão, 76 dos 88 sujeitos integrantes da pesquisa, apontam que não é uma profissão valorizada socialmente. Esta análise sobre a valorização social da profissão encontra-se expressa mais detalhadamente na seção 7.12.

Observa-se também que, na opinião dos professores, a atratividade da profissão é divergente. Sobressai-se neste aspecto o número de professores que não se posicionam a esta questão. É importante citar que, os professores pesquisados dizem continuar na área rural por “ser respeitado”, entretanto, reconhecem e afirmam que socialmente a profissão não é valorizada.

Tabela 15: Número de respostas sobre as características da profissão.

Sobre a profissão professor

Concordo/concordo totalmente Não concordo/nem discordo/ não responderam

Discordo/ discordo totalmente

É útil 87 1 0 E atraente 38 29 21 E dinâmica 79 6 3 E complexa 77 6 5 E desafiadora 85 1 2 E pesada 68 11 9 E bonita 73 10 5 Requer criatividade 87 0 1 E socialmente valorizada 2 10 76

Fonte: Elaborada pela autora (2013).

A dinamicidade e a complexidade da profissão são reconhecidas pela maioria dos professores pesquisados, o que implica lidar com diversidades de situações do contexto escolar. Macedo (2005) explica que são várias demandas de um mesmo sistema. Estas características da docência estão interligadas às competências necessárias a esta profissão, pois demandam a tomada de decisões (ZARIFIAN, 2003). Para o enfrentamento destas situações, as competências mobilizam conhecimentos e recursos e através de esquemas de pensamento, realizam adaptações às situações vivenciadas (PERRENOUD, 2000).