• Nenhum resultado encontrado

A prática pedagógica na área de Expressão e Comunicação

No documento RELATÓRIO DE ESTÁGIO DE MESTRADO (páginas 160-163)

Capítulo V O Estágio Pedagógico em Contexto de Educação Pré-Escolar

5.2. A Prática Pedagógica na Sala da Pré II

5.2.5. As atividades orientadas

5.2.5.1. As atividades realizadas em torno das questões de investigação-ação

5.2.5.1.1. A prática pedagógica na área de Expressão e Comunicação

A área de Expressão e Comunicação “engloba as aprendizagens relacionadas com o desenvolvimento psicomotor e simbólico que determina a compreensão e o progressivo domínio de diferentes formas de linguagem” (ME, 1997, p. 56).

Nesta área distingue-se vários domínios: o domínio das Expressões (Motora, Dramática, Plástica e Musical), o domínio da Matemática e o domínio da Linguagem Oral e Abordagem à Escrita. Esta é considerada uma área básica uma vez que incide sobre aspetos fundamentais do desenvolvimento e da aprendizagem. Ao iniciar a EPE, a criança já possui aquisições básicas nos diferentes domínios desta área e por isso o educador deve então partir

destas experiências para proporcionar-lhes novas experiências, valorizando as suas descobertas.

Todas estas quatro vertentes ou domínios complementam-se mutuamente uma vez que não são vistas de forma independente. Estas quatro formas de expressão pretendem “diversificar as situações e experiências de aprendizagem, de modo a que a criança vá dominando e utilizando o seu corpo e conectando com diferentes materiais que poderá explorar, manipular e transformar de forma a tomar consciência de si próprio na relação com os objectos” (ME, 1997, p. 57).

5.2.5.1.1.1. O Coelho Alberto.

Uma das atividades desenvolvidas em torno de uma das questões de I-A foi a lengalenga do Coelho Alberto. Esta atividade surgiu não só da necessidade de captar a atenção das crianças em certos momentos de transição através do brincar com a linguagem e com a música. Esta foi utilizada como recurso sempre que necessário para chamá-los à “realidade”. Este era um grupo conversador e que se distraía com facilidade, daí ser necessário ter sempre “na manga” uma canção ou uma lengalenga para recitar. Assim, considero as lengalengas:

(…) não só uma forma de brincar com a linguagem como também um recurso ao relaxamento, visto que quando começo a recitar uma lengalenga as crianças calam-se e ficam atentas porque querem aprendê-la (Diário de bordo, 1 de abril de 2014).

Segundo Leal (2009) as lengalengas têm um valor pedagógico que vão além do seu enunciado. A memorização e recitação destas representam importantes exercícios de recitação, produção e criação verbal que frequentemente se associam a danças ou outros tipos de movimento, como é o caso da lengalenga do Coelho Alberto, a qual foi “dramatizada” com movimentos. Esta lengalenga foi recitada por mim duas vezes de modo a que as crianças memorizassem a letra. Depois, voltei a recitá-la com gestos. Na vez seguinte, pedi às crianças que me acompanhassem e que imitassem a letra e os gestos. Posteriormente, quando a maioria conseguia recitar a letra e fazer os gestos, foi-lhes sugerido que imitassem a lengalenga mas só com os gestos, sem a letra, aumentando assim o grau de complexidade da atividade.

É de realçar que esta foi uma lengalenga que o grupo gostou e que, mesmos nos momentos de recreio, estes recitavam-na e cantavam-na com gestos. Foi possível observar também que esta lengalenga estimulou ainda mais nas crianças o gosto pelas rimas e

lengalengas, o qual já possuíam, a linguagem, a expressão oral e o respeito pelos colegas, uma vez que tinham de recitá-la em sintonia, todos ao mesmo tempo.

No fim da atividade foi possível concluir que todas as crianças participaram de forma autónoma e dinâmica na recitação da lengalenga e posterior dramatização com gestos e som. Esta atividade teve como objetivo não apenas os movimentos corporais feitos pelas crianças como o desenvolvimento da linguagem ao memorizar e recitar a lengalenga.

Esta atividade foi repetida várias vezes, em momentos diferentes e além desta foram desenvolvidas outras idênticas com o objetivo de responder à questão de I-A formulada anteriormente.

5.2.5.1.1.2. Jogos matemáticos.

Os jogos matemáticos surgiram da questão de investigação lançada no início da prática pedagógica. Uma vez que as crianças raramente escolhiam a área da Matemática, surgiu a ideia de criar novos materiais para colocar na mesma porque segundo Correia (2008), “Cabe ao Educador proporcionar às crianças um ambiente matematicamente rico, devendo este ser alicerçado através do que diz, do que faz e, também, através das experiências que proporciona” (p. 20). Estas experiências matemáticas contribuem para o crescimento matemático das crianças porque é através das experiências que estas constroem e desenvolvem sentimentos sobre a matemática (Moreira & Oliveira, citados por Correia, 2008). Alguns foram de acordo com os conteúdos que estavam a ser trabalhados, como o jogo dos opostos e outros apenas porque eram adequados a esta faixa etária, não estando fora dos conteúdos a abordar e das metas a atingir. Os jogos construídos foram essencialmente dominós, jogos do galo, jogo do quatro em linha e jogo dos opostos.

O educador é também responsável e deve fomentar atitudes positivas na criança face à Matemática, transmitindo-lhe a forte relação existente entre a Matemática e a vida do quotidiano. A aprendizagem da Matemática passa pela experiência que as crianças têm, através da exploração de objetos, das conversas com as pessoas e da resolução de problemas reais. Esta tem como recurso metodológico o jogo, o lúdico e o brincar (Correia, 2008).

Importa salientar que os materiais construídos foram adequados ao grupo e não apenas à maioria das crianças, sendo que cada criança tem as suas necessidades individuais e as suas dificuldades.

Figura 36 – Utilização dos materiais pedagógicos matemáticos pelas crianças.

Como estas atividades não decorreram apenas uma vez, decorreram ao longo da prática pedagógica é possível realizar uma reflexão mais aprofundada e concisa do decorrer das mesmas. Foi notória a adesão por parte das crianças à área da Matemática após a criação dos novos materiais matemáticos. Contudo, é importante referir que os jogos são recursos meramente metodológicos, isto é, não são conteúdos mas é através destes que a criança constrói o conhecimento e por isso o conteúdo matemático não deve estar no jogo mas sim no ato de jogar (Araújo, citado por Correia, 2008).

Com a realização destes jogos matemáticos desenvolveram-se e estimularam-se várias competências como o trabalho em equipa, o trabalho cooperativo em pequenos grupos, o trabalho de pares, a entreajuda, o gosto e interesse pela Matemática e o reconhecimento das cores e dos números. Eu surgi com o papel de facilitador, apoiando as crianças, estimulando- as a ultrapassar as suas dificuldades e os seus limites. Esta contribuição permite desenvolver o que Vygotsky denomina de ZDP, conforme já foi desenvolvido anteriormente, que diz respeito à distância entre o nível de desenvolvimento real da criança e o nível mais elevado de desenvolvimento potencial determinado pela resolução de problemas sob a orientação de um adulto ou de um colega mais capaz. Esta tem a ver com aquilo que as crianças podem fazer e que pode ultrapassar o limite das suas capacidades (Fontes & Freixo, 2004).

5.2.5.1.2. A prática pedagógica na área de Formação Pessoal e Social.

A área de Formação Pessoal e Social está relacionada com a organização do ambiente educativo visto que é através das interações sociais com os adultos e com outras crianças que a criança vai construindo o seu próprio desenvolvimento, aprendizagem e saber. Esta área integra todas as outras áreas uma vez que tem a ver com a forma como “(…) a criança se relaciona consigo própria, com os outros e com o mundo”, desenvolvendo atitudes e valores,

No documento RELATÓRIO DE ESTÁGIO DE MESTRADO (páginas 160-163)