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Técnicas e instrumentos de recolha de dados

No documento RELATÓRIO DE ESTÁGIO DE MESTRADO (páginas 63-66)

Capítulo II – A Investigação-Ação

2.1. Investigação-Ação: O Docente Enquanto Investigador

2.1.3. Técnicas e instrumentos de recolha de dados

Na investigação por vezes é necessário o recurso a várias fontes de informação e cruzar o seu conteúdo, de modo a que várias fontes relatem o mesmo acontecimento e provem a sua veracidade (Sousa & Baptista, 2011). Para estes autores (2011), existem três grandes grupos de técnicas de recolha de dados nas ciências sociais que servem para operacionalizar as investigações qualitativas, sendo elas a entrevista, a observação e a análise documental.

Assim, as técnicas de recolha de dados são a observação participante completa, a análise documental e a entrevista etnográfica. Os diários de bordo e os registos fotográficos são os instrumentos utilizados nesta investigação para a recolha dos dados. Os dados serão recolhidos através da observação, da prática diária e das produções/artefactos dos alunos através do registo fotográfico.

2.1.3.1. Observação participante.

A observação “(…) permite o conhecimento directo dos fenómenos tal como eles acontecem num determinado contexto” (p. 87). Esta “(…) é uma técnica de recolha de dados

que se baseia na presença do investigador no local de recolha desses mesmos dados e pode utilizar métodos categoriais, descritivos ou narrativos” (Sousa & Baptista, 2011, p. 88). A observação participante ocorreu durante toda a prática pedagógica, tanto no período de observação como no período de intervenção porque para intervir é necessário observar e refletir.

A observação participante aprende-se praticando e é quando o investigador introduz- se no mundo das pessoas que pretende estudar, tenta conhecê-las, dá-se a conhecer e ganha a sua confiança, elaborando um registo escrito e sistemático de tudo aquilo que ouve e observa, isto é, é quando o próprio investigador é o instrumento principal da observação (Bogdan & Biklen, 1994). Este tipo de observação tem como objetivo recolher dados aos quais um observador exterior não teria acesso e possibilita ao investigador compreender um fenómeno que lhe é exterior e que lhe vai permitir integrar-se nas vivências destas pessoas, realizando, desta forma, o trabalho de campo (Sousa & Baptista, 2011). Para Fino (2003), a observação participante pode não ser tão demorada quanto a etnografia. No entanto, não deixa de exigir uma permanência longa no terreno.

2.1.3.2. Análise documental.

A análise documental constitui-se, segundo Sousa e Baptista (2011, p. 89), “como uma técnica importante na investigação qualitativa - seja complementando informações obtidas por outras técnicas, seja através da descoberta de novos aspectos sobre um tema ou problema”. Este trabalho de análise inicia-se com a recolha uma vez que, por vezes, os documentos são as únicas fontes que registam princípios, objetivos e metas.

A análise documental tem como objetivo selecionar, tratar e interpretar informações com o objetivo de, a partir das mesmas, extrair informações que façam sentido (Guerra, citado por Jardim, 2013). No caso específico da minha prática pedagógica, os documentos analisados foram o PEE, o PAT e o PCG que serviram para o levantamento de informações acerca dos meios envolventes, das instituições, das salas, das famílias, dos alunos e das crianças. A partir da análise destes documentos foi possível fazer uma caraterização dos mesmos.

2.1.3.3. Entrevista etnográfica.

A entrevista é uma das estratégias mais utilizadas na investigação em educação e é “(…) um acto de conversação intencional e orientado, que implica uma relação pessoal,

durante a qual os participantes desempenham papéis fixos” (Máximo-Esteves, 2008. p. 92). Quanto à entrevista etnográfica, esta é também denominada como informal, conversacional e não-estruturada que serviu para complementar alguns dados recolhidos através da observação. Este tipo de entrevista pode ser caraterizada por ter um propósito explícito, por fornecer algumas informações aos entrevistados e por formular questões abertas (Esteves, 2008). A entrevista etnográfica é uma entrevista pouco estruturada e pretende obter uma informação profunda no sentido em que tem muitas descrições e comentários detalhados.

2.1.3.4. Diários de bordo.

Os dados resultantes da observação participante foram compilados em diários de bordo, uma vez que este instrumento tem como objetivo o investigador registar as notas tiradas durante as observações no campo. Este tipo de dados designa-se de descrição narrativa uma vez que são registos escritos numa linguagem corrente do quotidiano. Este tipo de registo pode fazer-se no momento da observação de um acontecimento ou no desenrolar de um conjunto de acontecimentos que decorreram num período de tempo.

Após cada observação ou entrevista, o investigador deve escrever o que aconteceu. Este deve descrever as pessoas, os objetos, os lugares, os acontecimentos, as atividades e as conversas. Além disso, o investigador deve registar também ideias, estratégias, reflexões e palpites. Segundo Brazão (2007), os diários de campo são as anotações do pesquisador do seu dia a dia, implicando uma observação participante junto da comunidade.

Segundo Máximo-Esteves (2008), os docentes utilizam o diário como a principal fonte de registo escrito, no qual incluem não só notas de campo como também outros dados. Estes diários são um conjunto de registos escritos daquilo que acontece nas aulas, sob a forma de notas de campo ou memorandos. Os registos procuram reproduzir com a melhor exatidão possível aquilo que acontece através de sequências interpretativas, que incluem as interpretações pessoais, sentimentos, especulações, ideias, etc., ou seja, os diários de bordo expressam um conjunto de notas e “(…) representa o lado mais pessoal do trabalho de campo, uma vez que inclui os sentimentos, as emoções e as reacções a tudo o que rodeia o professor-investigador” (Spradley, citado por Máximo-Esteves, 2008, p. 89).

Toda a prática educativa carece de uma reflexão que pode ser registada em forma de diário. Este diário não deve ser uma descrição das atividades em forma de “lista de compras”. Deve, porém, ser reflexivo e explanar de forma complexa as cognições e emoções. A fim de elaborar o diário, o docente pode seguir alguns tópicos como os sentimentos em relação a

uma dada experiência de ensino, as estratégias de ensino utilizadas, as aprendizagens pessoais mais importantes, o que terá de ser revisto (sentimentos, estratégias e aprendizagens), as reações mais importantes dos alunos, as preocupações do docente e uma avaliação daquela experiência (Sprinthall & Sprinthall, 1990).

2.1.3.5. Registos fotográficos.

Os registos fotográficos são frequentemente utilizados pelos docentes como forma de registar o que observam, recorrendo à imagem e usam a fotografia como auxiliar e conteúdo de aprendizagem. Estes podem ter também como finalidade “(…) ilustrar, demonstrar e exibir (…) qualquer projecto ou período escolar” (Máximo-Esteves, 2008, p. 91).

Bogdan e Biklen (1994) referem que a fotografia está intimamente ligada à investigação qualitativa e esta dá-nos dados descritivos, os quais os investigadores utilizam para compreender o subjetivo. A fotografia permite ao investigador recolher de forma simplificada a informação factual. Geralmente, a utilização da máquina fotográfica faz-se em conjunção com a observação participante.

Neste caso concreto, os registos fotográficos permitiram-me após o período de estágio relembrar a disposição da sala, a posição dos armários ou os trabalhos afixados nos placards e os resultados dos trabalhos realizados pelas crianças.

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