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A prática pedagógica na área do Estudo do Meio

No documento RELATÓRIO DE ESTÁGIO DE MESTRADO (páginas 129-134)

Capítulo IV O Estágio Pedagógico em Contexto de 1.º Ciclo do Ensino Básico

4.2. A Prática Pedagógica na Sala do 2.ºA

4.2.4. Outras atividades desenvolvidas na prática

4.2.4.3. A prática pedagógica na área do Estudo do Meio

Ao contrário do que acontece frequentemente, o ensino das Ciências no 1.º CEB não deve ficar de lado, em comparação com as outras disciplinas. São várias as razões que são a favor da Educação em Ciências nos primeiros anos de escolaridade, como: a) Responder e alimentar a curiosidade das crianças, fomentando um sentimento de admiração, entusiasmo e interesse; b) Ser uma via para a construção de uma imagem positiva e refletida acerca da Ciência (…); c) Promover capacidades de pensamento (…) úteis noutras áreas/disciplinas do currículo e em diferentes contextos e situações, como, por exemplo, na tomada de decisão e de resolução de problemas pessoais, profissionais e sociais e d) Promover a construção de conhecimento científico útil e com significado social, que permita às crianças e aos jovens melhorar a qualidade da interação com a realidade natural (Martins, Veiga, Teixeira, Tenreiro-Vieira, Vieira, Rodrigues & Couceiro, 2007).

4.2.4.3.1. Projetos.

Os trabalhos de projetos são uma metodologia utilizada vulgarmente no MEM. Estes realizam-se a pares ou em pequeno grupo de três ou quatro alunos, de acordo com o objetivo do trabalho. O trabalho de projetos requer um tempo próprio para organização, desenvolvimento e comunicação aos pares (Niza, 1998).

Quando iniciei a prática pedagógica nesta turma, os alunos já tinham dado início aos projetos, sendo que não foi possível acompanhar o início dos mesmos. Contudo, é possível referir as fases dos mesmos. Primeiro, os alunos tiveram de lançar conteúdos ou temas que gostassem de desenvolver, de investigar, isto é, identificar a problemática e realizar a escolha do tema. Depois, formavam grupos de três ou quatro elementos com os colegas que gostassem de trabalhar esse mesmo conteúdo. Quando o tema já estava escolhido, a professora titular da turma aprovava ou não esse tema e, posteriormente, os alunos preenchiam uma grelha com o tema do projeto, os elementos do grupo, a data de início e a data prevista de conclusão do projeto, ou seja, realizavam a sua planificação. Além disso, tiveram de referir também o que pensam sobre o assunto, as perguntas que querem investigar, os conteúdos do programa, visto que os temas têm de estar previstos para este ano de escolaridade e não podem ser temas escolhidos ao acaso, o número de sessões previstas, bem como as respetivas datas, as fontes de informação (onde vão pesquisar informação), o produto final e o tipo de comunicação. Posto isto, todas as aulas em que trabalhavam no

projeto teriam de preencher a grelha de programação/avaliação, ou seja, registar a data, “o que vamos fazer”, “quem faz o quê” e a “avaliação”.

Após a realização dos projetos, os alunos realizavam uma síntese do mesmo para apresentar ao grande grupo no tempo das comunicações e apresentações dos projetos que “corresponde a uma sessão de cerca de duas horas, desenvolvida em três fases”: a fase de apresentação da informação, a fase de colocação de dúvidas e debate e a fase de resposta a questionários de aplicação dos saberes comunicados, que pode ser através dos exercícios dos manuais (Niza, 1998, p. 90). Após a sua apresentação, procedia-se à avaliação do projeto através de uma grelha de avaliação.

Durante as aulas de trabalho de projeto, pude deparar-me com alguns grupos e vários alunos em específico que não cumpriam com o preenchimento da grelha dos projetos, isto é, não colocavam o que fizeram naquele dia, quem fez o quê e a respetiva avaliação daquela aula.

Os projetos desenvolvidos na turma durante o período de estágio foram vários. Contudo, serão explanados apenas alguns como: a saúde do seu corpo, o qual englobou o tema a higiene do corpo, a alimentação saudável e os ecopontos e outro grupo das experiências acerca dos materiais solúveis, transparentes, combustíveis, flexíveis e duros.

4.2.4.3.1.1. A saúde do seu corpo e os ecopontos.

Um dos projetos desenvolvido no âmbito da área curricular de Estudo do Meio teve como tema a saúde do seu corpo, onde um grupo de quatro elementos abordou a alimentação saudável e a roda dos alimentos, a higiene do corpo e os ecopontos. Tal como os restantes projetos realizados pelos alunos durante o tempo do estágio, o tema diz respeito aos conteúdos programáticos de Estudo do Meio do 2.º ano de escolaridade. Conforme qualquer um dos projetos, este também foi dividido em várias fases. Primeiro, vários alunos mostraram interesse no mesmo tema, formando assim um grupo de trabalho. Depois, o grupo reuniu-se e fez a planificação do mesmo. Foram disponibilizadas várias sessões para pesquisa de informação e tratamento dos dados, para preparação da apresentação do projeto, bem como a sua apresentação.

Ao longo do desenvolvimento deste projeto foi possível verificar que na maior parte das vezes os alunos trabalham em conjunto, cooperativamente, com um objetivo comum. Um aspeto importante no trabalho de projeto e o qual foi possível verificar foi a avaliação no fim

de cada sessão de trabalho. Os alunos sabem quando trabalham bem e quando trabalham mal e sabem reconhecer qual a sua avaliação e o que podem melhorar numa próxima sessão.

Após a apresentação do projeto à turma, procedeu-se à avaliação do mesmo, através da grelha de avaliação, na qual os colegas tinham de avaliar o processo, o produto e a avaliação, a qual eu julgo:

… fundamental porque é nesta fase que os alunos aprendem a desinibir-se perante os colegas e a turma, adquirem novos conhecimentos e aprendizagens, apreciam criticamente e avaliam o trabalho dos colegas sempre numa perspetiva construtivista, o que os tornará cidadãos ativos e críticos perante a sociedade. Ainda assim, senti que houve alguns alunos inibidos durante a apresentação do projeto do seu grupo (Diário de bordo, 5 de novembro de 2013).

Quando a avaliação do projeto está terminada chega a parte em que consolidamos os conteúdos transmitidos durante a apresentação do mesmo e percebemos se os alunos interiorizaram ou não os conteúdos. Procedeu-se à realização de exercícios do manual a fim de consolidar o tema da alimentação saudável e da roda dos alimentos e a um exercício no caderno diário em que os alunos desenharam a roda dos alimentos e identificaram e nomearam cada um dos grupos que a constitui. Depois, realizou-se ainda um jogo, o qual pudemos constatar o desempenho dos alunos nesta atividade. Assim:

Foi possível sentir alguma dificuldade por parte dos alunos ao colocar os objetos nos respetivos ecopontos. Isto significa que não estiveram atentos à apresentação do projeto ou o grupo em questão não o apresentou bem (Diário de bordo, 5 de novembro de 2013).

Contudo, importa refletir que mesmo que o grupo não o tenha apresentado bem, a docente deve rever estes conteúdos até que estes fiquem interiorizados. É normal que o grupo não esteja inteiramente informado acerca destes conteúdos embora tenham desenvolvido o projeto e que por isso a docente deva complementá-los. Esta metodologia de trabalho de projeto desenvolve nos alunos o trabalho cooperativo, a cooperação entre pares, o espírito crítico, uma atitude reflexiva e estimula-os para uma vida ativa enquanto cidadãos responsáveis e críticos. Neste caso, o importante não foi apenas a interiorização dos conteúdos como as competências que este tipo de trabalho desenvolve nos alunos, desde a cooperação, à sensibilização enquanto cidadãos e à desinibição perante a turma.

Figura 20 – Desenvolvimento do projeto “A saúde do seu corpo”.

4.2.4.3.1.2. Experiências com materiais solúveis, transparentes, combustíveis, flexíveis e duros.

Outro dos projetos desenvolvido no âmbito do Estudo do Meio diz respeito ao estudo dos materiais solúveis, transparentes, combustíveis, flexíveis e duros. Conforme está presente no programa do 1.º CEB, “A exploração de materiais de uso corrente deverá assentar essencialmente na observação das suas propriedades e em experiências elementares que as destaquem” (ME, 2004, p. 123). No 2.º ano de escolaridade espera-se que os alunos realizem experiências com alguns materiais e objetos de uso corrente, nomeadamente, “comparar materiais segundo algumas das suas propriedades (flexibilidade, resistência, solubilidade, dureza, transparência, combustibilidade…), agrupar materiais segundo essas propriedades, relacionar essas propriedades com a utilidade dos materiais, identificar a sua origem (natural/artificial)” (ME, 2004, p. 124).

Tal como o projeto referido anteriormente, este projeto seguiu as mesmas regras e as mesmas fases de realização. Este tornou-se significativo porque foi realizado em pequeno grupo, contando com vários momentos de pesquisa e, posteriormente, foi apresentado à turma, a qual teve a oportunidade de formular previsões acerca do que ia acontecer, visualizar a experiência e formular as conclusões. Todas as atividades experimentais são consideradas ricas desde que suscitem o interesse dos alunos, promovam o espírito crítico e reflexivo, permitam-lhes formular previsões e conclusões e mantenham-nas em contacto com a realidade. Importa ainda referir que a maioria dos materiais necessários para a realização desta experiência foi trazida pelos alunos, o que fez com que, em grupo, procurassem e tivessem a preocupação de encontrar os materiais adequados.

Com o culminar da apresentação do projeto e respetivas experiências com os materiais procedeu-se à avaliação do mesmo, onde a turma participou dando a sua opinião acerca do

processo, do produto e da apresentação. É possível constatar que a turma demonstrou curiosidade na experiência e todos quiseram participar experimentando e verificando as caraterísticas dos materiais. A realização dos projetos permite aos alunos estarem em contacto com temas do quotidiano e do seu interesse.

Figura 21 – Apresentação do projeto sobre as experiências com diferentes materiais.

Durante a apresentação deste projeto foi possível observar o empenho do grupo e também dos colegas que estavam a assistir com questões pertinentes e interessantes. Este tipo de atividade promove nos alunos o espírito crítico e reflexivo em relação ao seu trabalho e ao dos colegas e desinibe-os para apresentações à turma, o que se traduz numa mais-valia para o futuro e para o desenvolvimento da comunicação e expressão oral.

4.2.4.3.2. Avaliando o Estudo do Meio.

Quadro 6 – Primeiro quadro de avaliação da turma em relação à área curricular de Estudo do Meio, segundo a OCP.

Área

Curricular Blocos Objetivos Específicos Avaliação geral da turma

Estudo do Meio Bloco 1 – À descoberta de si mesmo - A saúde do seu corpo

Conhecer e aplicar normas de: • - higiene do corpo (hábitos de higiene diária).

• - higiene alimentar (identificação dos alimentos indispensáveis a uma vida saudável, importância da água potável).

- Reconhecer a importância de uma alimentação saudável. - Reconhecer a roda dos alimentos e os vários grupos, bem como a composição dos mesmos.

Após a apresentação do projeto, a turma reconhece a importância de ter hábitos de higiene e sabe como praticá-los, reconhecendo que devem usar a água potável.

A turma reconhece a importância de praticar uma vida saudável bem como a importância da água potável na nossa vida. Os alunos reconhecem a composição de cada grupo da roda dos alimentos, a importância de cada um dos alimentos e com que frequência devem ou não ingeri- los.

Nota: Adaptado de ME, 2004, Organização Curricular e Programas do 1.º ciclo do Ensino Básico, Lisboa: Ministério da Educação/Departamento de Educação Básica, pp. 99-131.

Quadro 7 – Segundo quadro de avaliação da turma em relação à área curricular de Estudo do Meio, segundo a OCP.

Área

Curricular Blocos Objetivos Específicos Avaliação geral da turma

Estudo do Meio Bloco 5 – À descoberta dos materiais e objetos - Realizar experiências com alguns materiais e objetos de uso corrente (sal, açúcar, vidro, madeira, barro, areia, cortiça, papel, cera, objetos variados…)

- Comparar materiais segundo algumas das suas propriedades (flexibilidade, resistência, solubilidade, dureza, transparência,

combustibilidade…).

- Reconhecer e nomear os ecopontos e os objetos colocados em cada um.

Após a apresentação do projeto acerca das experiências com alguns materiais e objetos, os alunos identificaram as suas propriedades, comparando-os entre si. Após a apresentação do projeto, a maioria dos alunos reconhece e nomeia os ecopontos, identificando os materiais que devemos colocar em cada um.

Durante o jogo de colocar objetos no ecoponto, a maior parte dos alunos conseguiu colocar o objeto no ecoponto correto, embora alguns alunos ainda confundam os mesmos.

Nota: Adaptado de ME, 2004, Organização Curricular e Programas do 1.º ciclo do Ensino Básico, Lisboa: Ministério da Educação/Departamento de Educação Básica, pp. 99-131.

No documento RELATÓRIO DE ESTÁGIO DE MESTRADO (páginas 129-134)