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As atividades realizadas em torno da questão de investigação-ação

No documento RELATÓRIO DE ESTÁGIO DE MESTRADO (páginas 113-117)

Capítulo IV O Estágio Pedagógico em Contexto de 1.º Ciclo do Ensino Básico

4.2. A Prática Pedagógica na Sala do 2.ºA

4.2.3. As atividades realizadas em torno da questão de investigação-ação

Conforme já foi referido anteriormente, durante o estágio no 1.º CEB houve a necessidade de encontrar uma problemática relativa a esta turma e dedicar algum tempo à intervenção com algumas estratégias que, no meu ver, seriam adequadas não para a sua resolução porque não houve tempo para tal mas para uma intervenção a fim de atenuar essas dificuldades. Assim sendo, as atividades desenvolvidas na área da matemática estão divididas em duas partes. Primeiro, as atividades em torno da I-A e depois outras atividades desenvolvidas na prática nesta área curricular.

4.2.3.1. A prática pedagógica na área da Matemática.

A matemática é uma das áreas curriculares presentes no 1.º CEB e a qual define objetivos que se espera que os alunos alcancem. Assim, segundo Ponte et al. (2007) espera-se que o aluno seja capaz de:

ter presente e usar adequadamente as convenções matemáticas, incluindo a terminologia e as notações; efectuar procedimentos e algoritmos de cálculo rotineiros; reconhecer as figuras geométricas básicas; efectuar medições e realizar construções geométricas com um grau de precisão adequado; usar instrumentos matemáticos tais como réguas, esquadros, compassos, transferidores, e também calculadoras e computadores (p. 4).

Os alunos devem ter contacto com a matemática desde os primeiros anos do ensino básico e até mesmo durante a EPE. O professor tem o importante papel de propor tarefas que

se adaptem aos interesses dos alunos, que reflitam contextos significativos e a integridade de conteúdos matemáticos e que estimulem a sua aprendizagem (Schwartz, citado por Boavida, Paiva, Cebola, Vale & Pimentel, 2008).

A resolução de problemas surge como um processo matemático crucial para a aprendizagem da matemática. Esta não se define por uma atividade rotineira mas sim por processos complexos de pensamento. A resolução de problemas “proporciona o recurso a diferentes representações e incentiva a comunicação; fomenta o raciocínio e a justificação; permite estabelecer conexões entre vários temas matemáticos e entre a Matemática e outras áreas curriculares; apresenta a Matemática como uma disciplina da vida quotidiana”. (Boavida, Paiva, Cebola, Vale & Pimentel, 2008, p. 14).

Baseando-se nas orientações da professora cooperante, no programa de matemática para o ensino básico e na problemática encontrada, foram trabalhados os seguintes conteúdos: o sinal x (introdução à multiplicação), composição e decomposição de números, escrita de números, regularidades numéricas, estratégias de resolução de problemas, as centenas, os diagramas e pictogramas, a construção do ábaco, a adição e a subtração – estratégias de cálculo, os números amigos e os números pares e números ímpares. Contudo, não foi possível explaná-los todos ao longo do relatório sendo referidas apenas as atividades do sinal x, da construção do ábaco e da utilização de materiais manipuláveis durante o TEA. Importa ainda realçar que as atividades desenvolvidas tiveram em conta a diferenciação pedagógica, adaptando as atividades a cada necessidade em específico.

4.2.3.1.1. O sinal X.

O primeiro conteúdo da área da matemática a ser exposto foi o sinal X. Para realizar a introdução a este sinal, que nunca tinha sido abordado nesta turma, optei por recorrer a materiais manipuláveis não estruturados, como é o caso do feijão. Este é um material não estruturado uma vez que foi “construído” pelo professor. Esta atividade tinha como objetivo: usar o sinal x na representação horizontal do cálculo, multiplicar utilizando a representação horizontal e recorrendo a estratégias de cálculo mental e escrito, compor e decompor números, discutir resultados, processos e ideias matemáticos.

Para dar início a este conteúdo:

Preparei para a turma uma ficha de trabalho onde os alunos resolveram exercícios de multiplicação e expliquei qual a função do sinal X. Para uma melhor compreensão deste conteúdo, recorri ao uso de feijões e pedi que os alunos resolvessem os exercícios da ficha de trabalho com recurso aos mesmos (Diário de bordo, 14 de outubro de 2013).

A introdução à multiplicação foi um conteúdo novo introduzido na turma. Para que os alunos entendessem a função do sinal x, foi-lhes explicado esta operação com o recurso a feijões. Inicialmente, havia algumas dúvidas por parte dos alunos na realização dos exercícios da ficha de trabalho e, de certa forma, a compreensão da relação existente entre os feijões e a ficha de trabalho. Contudo, após alguma explicação e demonstração, a maioria dos alunos entendeu o que era pretendido e qual a vantagem de este conteúdo ser trabalhado desta forma. Como ainda persistiam algumas dúvidas e visto a prática ter de ser adequada às necessidades dos alunos, optou-se por posteriormente voltar a trabalhar a multiplicação.

Esta atividade tornou-se significativa porque os alunos entenderam que a multiplicação era várias vezes a adição e que através desta seria mais fácil realizar os cálculos, tornando-os menos extensivos. A maioria dos alunos percebeu a abordagem a este conteúdo, resolvendo com sucesso os exercícios propostos.

4.2.3.1.2. Jogos de cálculo: construção do ábaco.

Um dos conteúdos abordados durante o período de estágio foram as centenas. Desta forma, surgiu a ideia de construirmos, aos pares, um ábaco com material reciclado que servisse não só para trabalhar a expressão plástica, como também desenvolver o espírito cooperativo entre os alunos. Anteriormente à construção do ábaco, os alunos tiveram a oportunidade de manipular e trabalhar com um ábaco comprado. Depois é que surgiu a ideia da construção de um pelos alunos. Além disso, esta atividade teve como objetivo a compreensão das unidades, dezenas e centenas para uma posterior realização das fichas de trabalho, a composição e decomposição de números, ler e representar números até 999, interpretar informação e ideias matemáticas representadas de diversas formas e discutir resultados, processos e ideias matemáticos. Assim,

Primeiro distribuí a tira de cartão que servia de base e os rolos de papel. Depois de explicar o que íamos fazer, distribuí as palhinhas e as colas. De seguida, os alunos colaram os rolos na tira de cartão, colaram os bocados de palhinhas e escreveram U, D, C (unidades, dezenas e centenas). Após terminarem a construção do ábaco, realizaram uma ficha de trabalho relacionada com o ábaco, onde tinham de escrever o resultado das operações, o número por extenso e representar no ábaco da ficha e no ábaco que construíram. (Diário de bordo, 30 de outubro de 2013).

Com esta atividade foi possível observar a implicação dos alunos nesta atividade, incidindo sobre o trabalho em pares bem como a utilidade desde recurso.

Figura 7 e 8 – Construção do ábaco e utilização do mesmo na resolução da ficha de trabalho.

Após a utilização do ábaco na realização da ficha de trabalho foi pedido a alguns alunos que viessem ao quadro explicar a resolução de um exercício, explicando o seu raciocínio através do ábaco. Esta demonstrou ser uma atividade pertinente uma vez que envolveu não só o trabalho cooperativo e a entreajuda entre pares, como também estimulou os alunos no pensamento da criação dos ábacos e da representação dos exercícios propostos na ficha de trabalho. De

uma maneira geral, todos os alunos perceberam o exercício pretendido, tendo construído de forma adequada o ábaco e a representação dos exercícios no mesmo. Importa referir que o facto de a escola e a sala não ter os materiais, não significa que estes não possam ser construídos e utilizados pelos alunos de forma lúdica, com materiais reciclados. É de salientar que o ábaco construído pelos alunos foi utilizado nesta aula e sempre que necessário, a fim de promover aprendizagens significativas para os alunos.

4.2.3.1.3. Os materiais manipuláveis durante o TEA.

Uma vez que estas atividades de manipulação de materiais fazem parte da questão de investigação proposta, esta foi abordada sempre que possível durante o TEA ou em outros momentos propícios. Além do ábaco, foi utilizado o material multibásico, os geoplanos e as barras cuisenaire. Notou-se uma evolução desde o início até ao fim do estágio aquando da utilização de materiais manipuláveis pelos alunos. Foi possível observar que neste nível de

Figura 9 – Apresentação do ábaco à turma e do seu raciocínio durante a ficha de trabalho.

ensino há alunos que ainda necessitam de materiais manipuláveis para desenvolver o seu raciocínio e para passarem do nível concreto para o abstrato. Por último, importa referir que este foi um curto período de tempo e que não foi possível introduzir todas as mudanças pretendidas, bem como trabalhar a quantidade de vezes desejadas nesta problemática. Ainda assim, estes materiais serviram de auxiliares para os alunos com NEE na resolução de fichas de trabalho e na aquisição de novas aprendizagens. Através da figura 10, podemos observar a utilização destes materiais por um aluno com NEE e por outros alunos não referenciados na EE.

Como havia dois alunos referenciados na EE, as atividades desenvolvidas por estes tinham de ser adaptadas às suas dificuldades e, por isso, recorria-se sempre que possível à utilização de materiais manipuláveis para uma melhor compreensão dos conceitos.

Figura 10 – Utilização de materiais manipuláveis pelos alunos.

No documento RELATÓRIO DE ESTÁGIO DE MESTRADO (páginas 113-117)