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A RECOLHA E TRATAMENTO DE DADOS

No documento A Cooperação Internacional Portuguesa no (páginas 101-105)

A recolha de dados foi realizada entre 25 de Junho e 30 de Setembro de 2011. Para que houvesse um registo completo e fiel de todos os dados fornecidos pelos participantes, todas as entrevistas foram gravadas em registo áudio, após consentimento informado dos entrevistados.

Da totalidade das dezasseis entrevistas, nove foram realizadas presencialmente, nas cidades de Lisboa, Porto, Coimbra e Aveiro; uma foi realizada via Skype, método inviabilizado para a realização de outras entrevistas devido à baixa qualidade dos registos áudio obtidos; com as restantes seis a ser concretizadas via telemóvel, método que se revelou como o mais eficaz para a colheita dos dados do estudo, logo a seguir à realização presencial das entrevistas. Métodos alternativos ao de eleição (entrevista presencial) foram contudo necessárias em função do tempo disponível por parte de entrevistador e entrevistados e uma vez que recorrer a eles não prejudicaria a consecução dos objectivos de estudo.

Constituíram excepção na colheita de dados, os dois elementos da amostra que, como já referido, responderam por escrito, via e.mail, ao questionário resultante da adaptação do guião utilizado nas entrevistas.

As dezasseis entrevistas gravadas, com duração entre 23 minutos e 1 hora e 10 minutos, foram integralmente transcritas, entre Julho e Outubro de 2011,utilizando.se como base uma tabela de convenções (Anexo III).

De forma a manter a congruência do desenho de investigação os dados assim obtidos foram organizados e analisados através de análise de conteúdo.

Segundo Quivy e Campenhoudt (1995) o lugar ocupado pela análise de conteúdo na investigação social é cada vez maior, nomeadamente porque oferece a possibilidade de tratar de forma metódica informações e testemunhos que apresentam um certo grau de profundidade e complexidade. De acordo com Berelson (cit in Bardin, 2006,p.31) a análise de conteúdo “(…) é uma técnica de investigação que, através de uma descrição objectiva, sistemática e quantitativa do conteúdo manifesto das comunicações, tem por finalidade a interpretação destas mesmas comunicações.”

A análise de conteúdo do tipo exploratório proposta por Bardin (2006), e utilizada neste estudo, desenvolve.se em três momentos sucessivos: (1) a pré . análise; (2) a exploração do material; e (3) o tratamento dos dados, inferência e interpretação.

A pré.análise é a fase de organização do material recolhido, neste caso, através das entrevistas semi.estruturadas e de questionário.

Assim, após uma primeira leitura flutuante integral dos 18 contributos reunidos para o estudo, a primeira das seis questões centrais colocadas . “1. Participação em

missões: as mais marcantes e porquê” . foi excluída para efeitos de análise, por se ter

concluído que o seu conteúdo não contribuíria para a consecução de nenhum dos objectivos de estudo traçados.

Uma segunda leitura em profundidade, permitiu desenhar cincos os eixos temáticos da investigação (Figura 1), definidos a partir do guião da entrevista:

Figura 1 . Eixos de análise temática.

O eixo temático I – Diagnóstico estratégico, diz respeito à análise SWOT da

cooperação portuguesa (pública e privada) no sector da saúde, realizada pelos entrevistados; o eixo II? Fragmentação/saúde, refere.se à forma como uma ajuda, adjectivada pelo CAD/OCDE como “fragmentada”, afecta, de acordo com a amostra, a

Saúde Cooperação internacional Portuguesa Eixo III falhas/ saúde Eixo IV sustentabilidade/saúde Eixo II fragmentação/saúde Eixo I Diagnóstico estratégico Eixo V. visão holística/cooperação/saúde

( ) * ) + , Eixo IV sustentabilidade/saúde Eixo V. visão holística/cooperação/saúde + Eixo II fragmentação/saúde Eixo III falhas/saúde

cooperação (publica e privada) portuguesa no sector da saúde; o eixo temático III?

Falhas/saúde, relaciona.se com os aspectos de carácter pontual que, de acordo com os

entrevistados, conduziram à não consecução /consecução parcial dos objectivos traçados para um projecto de cooperação no sector da saúde; o eixo temático IV ?

Sustentabilidade /saúde, às bases da sustentabilidade de uma intervenção de cooperação

para o desenvolvimento no sector da saúde; e por fim o eixo temático V? Visão holística

/ cooperação /saúde, explora, de acordo com o grupo com que se investiga, o lugar que

a visão holística ocupa no desempenho da cooperação internacional portuguesa (publica e privada) no sector da saúde (Figura 1). Tal como já foi explicitado na operacionalização dos conceitos de investigação (Quadro I), os eixos temáticos II e III, adicionando valor ao diagnóstico estratégico realizado a partir do I eixo temático, vão permitir caracterizar o cenário actual da cooperação portuguesa (pública e privada) no sector da saúde;e os eixos IV e V, vão permitir caracterizar aquele que é considerado o

cenário desejável para a cooperação neste sector: o holístico. As decisões estratégicas,

são o conceito que emergiu da análise dos dados dos eixos II,III,IV e V e relacionam.se com os conceitos anteriores, como mostra a figura 2.

) -

(actuação, formação…)

A seguir á definição dos eixos temáticos passou.se para o segundo momento de análise: a exploração do material. Esta etapa pressupõe uma leitura horizontal e exaustiva dos textos, na qual se apreendem as estruturas de relevância dos actores sociais, as ideias principais que tentam transmitir, os momentos.chave e as suas posturas sobre o tema em estudo. Assim, vão sendo construídas as sub?categorias

empíricas, que mais tarde serão confrontadas com as respectivas categorias analíticas e eixos temáticos, buscando as inter.relações e interconexões. Segue.se a leitura

transversal, na qual se faz o recorte das entrevistas em “unidades de sentido”, “estruturas de relevância”, “tópicos de informação” ou “temas”; ao que se segue a junção das partes semelhantes, tentando perceber as suas relações e reunindo.as em códigos ou gavetas. Após estes processos é realizado um refinamento da classificação, no qual as diversas gavetas são reagrupadas dentro de categorias centrais, pressupondo uma lógica unificadora.

Dada a riqueza da informação recolhida, para sua melhor compreensão e sempre que os dados o permitiram, ela foi organizada, dentro de cada categoria, sobre a forma de quatro grandes subcategorias analíticas, como clarifica a figura (Figura 3): condições/factores macro, onde foram incluídas as subcategorias empíricas de carácter mais amplo, como politicas, contextos, efeitos a longo prazo; institucionais ou

intermédios, onde se agruparam as subcategorias relacionadas com actuação e

formação; de relação macro.intermédio, onde se reuniram subcategorias empíricas que resultam ou são influenciadas por interdependências entre os dois níveis; e micro, quando as subcategorias dizem respeito a factores psico.sociais ou de relação entre as pessoas.

.

(politica global/nacional; cultura; efeitos longo prazo…)

...

...

.

(factores psicossociais, relações pessoais…)

Figura 3 . Organização geral das subcategorias empíricas no interior de cada categoria analítica.

De notar que a inclusão de dados em cada uma destas quatro subcategorias

analíticas é da única responsabilidade do investigador, encontrando.se aberta a

discussão.

No último momento da análise de conteúdo, as etapas anteriores dão lugar a um movimento circular entre o material empírico e o teórico, nas duas direcções, que alterna entre o concreto e o abstracto, procurando as riquezas do particular e do geral. É construída uma nova aproximação do objecto, em que o pensamento antigo encontra outros limites e se organiza dentro do momento presente. Ou seja, como refere Minayo (2007,p.356) “(…)o novo contém o antigo, incluindo.o numa nova perspectiva(…)”, que é desenvolvida na discussão deste trabalho.

No que se refere ao tratamento dos dados correspondentes à primeira parte do guião, foi utilizado o programa estatístico SPSS . versão 19.0, através do qual foram realizadas técnicas e medidas de estatística descritiva (frequência relativa, média, moda e desvio padrão). O instrumento utilizado na análise dos relatos dos participantes foi o programa webQDA . versão 0.9, um software de apoio à análise qualitativa, criado na Universidade de Aveiro.

No documento A Cooperação Internacional Portuguesa no (páginas 101-105)