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O MÉTODO DE AMOSTRAGEM E A AMOSTRA

No documento A Cooperação Internacional Portuguesa no (páginas 91-95)

Dado que se optou pela realização de um estudo qualitativo, o objectivo na constituição da amostra foi reunir nela elementos considerados de relevo na cooperação internacional portuguesa no sector da saúde, quer pela sua experiência de terreno, quer pela posição que ocupam ao nível dos vários organismos dinamizadores (critério 1); procurando.se paralelamente que esta reflectisse a variedade de actores que actuam no sector: de coordenadores e financiadores até aos potenciais executores, quer no plano bilateral quer multilateral (critério 2). Pretendeu.se, desta forma, reunir tantas realidades quantas o fenómeno compreende, e ao mesmo tempo fazê.lo junto de pessoas motivadas e susceptíveis de fornecer dados válidos e completos para a sua compreensão (Fortin, 1999).

No intuito de conhecer os elementos da população a partir da qual seria feita esta selecção, começou por se realizar uma pesquisa na internet acerca dos vários actores intervenientes na CP no sector. Tendo em conta que o modelo de cooperação em Portugal é caracteristicamente descentralizado, esta informação encontra.se dispersa e fragmentada por múltiplos organismos, desde os da administração central até aos vários intervenientes da sociedade civil, entre ONG, ONGD, associações filantrópicas, universidades e centros de investigação. A morosidade desta forma de selecção conduziu à inviabilização deste método, optando.se por constituir a amostra com base na triangulação de três tipos de informação:

▪ a orientação de três peritos académicos, um deles o orientador da tese e os restantes dois, peritos na área da saúde;

▪ a orientação de um médico e uma enfermeira com experiência na área da CP para o desenvolvimento no sector da saúde; e

▪ o conhecimento da investigadora, decorrente da sua formação e dos contactos estabelecidos com actores da CP no sector da saúde, enquanto mestranda.

A utilização da triangulação como método de selecção da amostra foi utilizado no intuito de, ao reunir dados provenientes de múltiplas fontes credíveis, constituir num curto espaço de tempo, uma amostra de qualidade com as características pretendidas.

Resultou deste processo a selecção inicial de vinte e três pessoas: quatro em representação de organismos da administração central; uma pessoa representativa de uma entidade avaliadora internacional e outra de uma organização multilateral das ONU; duas pessoas de uma organização filantrópica; uma pessoa em representação de uma universidade; uma outra em representação de uma instituição particular de solidariedade social (IPSS); e treze pessoas em representação de nove ONG portuguesas com projectos no sector da saúde: quatro ONG e cinco ONGD.

O primeiro contacto com os potenciais entrevistados foi estabelecido em Junho de 2011, através do envio de um e.mail, onde constavam, para além da apresentação da investigadora e do estudo a realizar, tema e objectivos de investigação, a descrição do IRD a utilizar e respectivos princípios éticos subjacentes a cumprir.

A este primeiro contacto responderam afirmativamente, no mês seguinte, demonstrando disponibilidade para colaborar de forma voluntária na investigação, vinte e uma pessoas. Destas, duas acabaram por considerar não se encontrar preparadas para responder à entrevista, quando colocadas a par dos detalhes da investigação: questões operacionais e questão geral de investigação. Uma terceira pessoa, apesar da disponibilidade demonstrada, não conseguiria, nos três meses seguintes, encontrar disponibilidade na sua agenda de trabalho para colaborar, pelo que acabou por desistir da sua participação no estudo.

Dois elementos da amostra inicial, após insistência, no decorrer dos três meses seguintes ao primeiro contacto, através do envio de mais três e.mails para contactos alternativos, não apresentaram qualquer tipo de resposta.

A recolha de dados foi contudo considerada como terminada ao final de dezoito participações, dado ter.se constatado o início de redundâncias e duplicação de ideias, significados e experiências nos relatos dos participantes, pelo que o tamanho da amostra foi também determinado por saturação de dados.

O método de amostragem utilizado foi, tal como se pode constatar pela descrição realizada, não probabilístico. A partir das necessidades do estudo, foram seleccionados em função de escolhas explícitas, os casos julgados exemplares da população alvo (Laville e Dionne, 1999), construindo.se por isso uma amostra por casos típicos.

Como não há garantia de que a amostra seja razoavelmente representativa do universo, uma vez que cada elemento da população não tem igual probabilidade de ser escolhido para a formar, o cálculo do erro de amostragem é impossível e consequentemente os resultados e as conclusões obtidas a partir do estudo só podem ser aplicados à amostra (Hill e Hill, 2002).

3.3.1 Caracterização da amostra

A caracterização da amostra inclui os dados socioprofissionais do grupo com que se investiga. A amostra reunida é constituída por dezoito elementos, dos quais oito (44.4%) são do sexo feminino e dez (55.6%) são do sexo masculino, com idades que variam entre os 29 e os 65 anos, sendo a média 47.7 anos ( ±11 anos).

A maioria (44.4%) tem como formação académica de base o curso de medicina. Seguem.se os formados em relações internacionais, a representar 22.2% da amostra; com os restantes (33.4%) com cursos de enfermagem (16.7%) e outros (Economia, Teologia e Agronomia . 16.7%). De salientar que a maioria dos entrevistados (94.5%) é detentora de formação pós . graduada em áreas relacionadas com a cooperação para o desenvolvimento, sendo que 5.5% são apenas detentores da formação académica de base.

Tabela 1. Caracterização socioprofissional da amostra N % Moda Formação académica Medicina Enfermagem Relações internacionais Outros 8 3 4 3 44.4% 16.7% 22.2% 16.7% Medicina Tipo de organização

Organismo da administração central

Organização multilateral da ONU

Organização avaliadora internacional

Organização filantrópica Universidade ONG ONGD 2 1 1 2 1 5 6 11.1% 5.5% 5.5% 11.1% 5.5% 27.8% 33.4% ONGD Cargo na organização Direcção Coordenação Outros 12 4 2 66.7% 22.2% 11.1% Direcção Experiência de terreno ≥ 4 experiências < 4 experiências 15 3 83.3% 16.7% ≥ 4 experiências

No que respeita ao tipo de organização que representam, a maioria (61.2%) dos entrevistados que acedeu colaborar neste estudo, integra organizações da sociedade civil: 33.4% fazem parte de ONGD e 27.7% de ONG portuguesas. Com igual representatividade na amostra (11.1% cada), seguem.se os entrevistados de organismos da administração central e de organizações filantrópicas.Os restantes elementos fazem parte de organizações multilaterais da ONU (5.5%), de organizações internacionais avaliadoras (5.5%) e de universidades (5.5%).Relativamente aos cargos ocupados nestas organizações, a maioria (66.7%) dos elementos do grupo com que se investiga ocupam cargos de direcção. Seguem.se os que desempenham funções de coordenação (22.2%) e outros (técnico na área de ajuda ao desenvolvimento e professor auxiliar . 11.1%).

Todos os elementos que integram a amostra são detentores de experiência de terreno. O número mínimo de experiências é uma, com a maioria dos entrevistados a não saber precisar o número exacto de vezes em que participou em actividades de cooperação internacional para o desenvolvimento, devido ao seu elevado número (“Tenho dificuldade em dar o número…”(D2)).

No documento A Cooperação Internacional Portuguesa no (páginas 91-95)