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2. MARCO TEÓRICO

2.4 A Relação entre Cooperação e Desempenho nas Redes

Preliminarmente, traz-se a noção de que a cooperação é um fator-chave para a melhoria do desempenho organizacional. Com maior detalhamento, alguns desses resultados são apresentados a seguir, a fim de que seja gerada a hipótese final de pesquisa deste estudo.

É sabido que as organizações, de certa forma, não operam de maneira isolada, em vez disso, agem em um contexto com amplas interações sociais exteriores as suas fronteiras, fato

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que propicia o desenvolvimento de relacionamentos com um valor econômico óbvio (Belussi & Arcangeli, 1998) e, consequentemente, potencializam o seu desempenho (Oliver, 1990). É nesse sentido que uma variedade de autores se manifestou a favor das redes de firmas enquanto força motriz na geração de vantagens competitivas sobre os seus concorrentes (Belussi & Arcangeli, 1998; Braun, 2002; Cassiolato & Lastres, 2002; Dyer & Singh, 1998; Franco, 2007; Grandori & Soda, 1995; Jarillo, 1988).

Hoffmann et al. (2007) reforçaram que sobretudo os relacionamentos entre as empresas importam para o incremento do seu desempenho organizacional e uma das explicações para esta ocorrência se fundamenta nas possibilidades de acessar e compartilhar recursos importantes – como informação de qualidade e conhecimento tácito – por meio das redes de empresas (Dyer & Singh, 1998; Meuer, 2014; Nahapiet & Ghoshal, 1998; Powell & Giannella, 2009; Zaheer et al., 1998). Das e Teng (2001) resumiram que a oportunidade de acessar recursos que assegurem a sobrevivência da empresa é o principal impulso para cooperar. Nessa mesma lógica, Selin e Beason (1991) argumentaram que as trocas interfirmas advêm do reconhecimento de benefícios mútuos pelas organizações envolvidas e reflete um alto nível de cooperação entre as partes. Logo, as firmas em posturas cooperativas compartilham uma variedade de recursos importantes para a sua competitividade (Belussi & Arcangeli, 1998; Nahapiet & Ghoshal, 1998).

Em setores que demandam maior poder inovativo para competir (Powell & Grodal, 2004), a criação de novos produtos é intensificada pela cooperação (Powell & Giannella, 2009), pois as relações interpessoais e de grupo (Bahlmann e Huysman, 2008) proporcionam acesso a recursos muito heterogêneos entre si (Granovetter, 1983). Ademais, a qualidade na troca desses recursos (Gulati & Sytch, 2008), que se amplia com a confiança, tem papel-chave no desempenho organizacional (Balestrin & Vargas, 2004; Powell, 1990).

No universo dos micro, pequenos e médios empreendimentos, a estratégia de ação por meio das redes representa um mecanismo eficaz para se atingir o desempenho competitivo, haja vista que, organizadas em redes, essas firmas somam esforços para competirem com as grandes (Balestrin & Vargas, 2004). As características apresentadas por empresas de maior porte, recursos financeiros para treinamentos, investimentos em mão de obra etc., por vezes, encontram-se ausentes nas PME, levando aos esforços de cooperação das menores para ampliarem seus ganhos de escala e poder de mercado, suas facilidades de aprendizagem e inovação, além da redução de custos e riscos (Verschoore & Balestrin, 2008b).

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Em termos empíricos, a cooperação interorganizacional demonstrou sua influência positiva sobre o desempenho empresarial para diversas realidades estudadas, tanto nacionais quanto estrangeiras, assim como para os empreendimentos ligados ao setor turístico (Costa et al., 2008; Kylänen & Rusko, 2011; Scott, Cooper et al., 2008; Vieira & Hoffmann, 2013). Na pesquisa com empresas participantes do Programa de Redes de Cooperação no Rio Grande do Sul, Balestrin e Verschoore (2010) identificaram que as alianças responderam pela melhoria no desempenho inovativo das empresas, especialmente nas redes maiores e mais antigas, porquanto nestas são comuns a confiança e uma elevada disseminação de conhecimentos e práticas de sucesso. Trigo e Vence (2012) encontraram uma correlação positiva entre posturas cooperativas e desempenho inovador nas firmas da indústria de serviços espanhola. Por outro lado, Costa et al. (2014), em sua abordagem com albergues mineiros, averiguaram que a escassez de comportamentos colaborativos entre os empresários justificou o fracasso em alcançar os potenciais ganhos de competitividade esperados nas ações coletivas.

A perspectiva de que os relacionamentos interorganizacionais importam às empresas (Hoffmann et al., 2007) pode ser transposta ao setor do turismo, devido à atividade ser altamente dependente das relações que se estabelecem entre os seus diversos stakeholders, que juntos compõem o produto turístico local (Baggio & Cooper, 2010; Scott, Baggio et al., 2008). Ao considerar que o âmbito da presente investigação é o turismo, sob a lógica dos destinos, reforça-se, portanto, que a proximidade geográfica das empresas favorece a confiança nas relações internas à aglomeração territorial (Molina-Morales & Martínez- Fernández, 2009). Esta situação ratifica que a confiança estabelecida entre as firmas aglomeradas propicia a cooperação, a qual favorece desempenho, isto porque quando há confiança mútua entre dois atores, eles estão mais dispostos a acessar e trocar recursos com outras firmas e menos receosos quanto ao comportamento oportunista do outro (Dyer & Singh, 1998; Tsai & Ghoshal, 1998). Nessa linha, o segredo para o bom desempenho não está na superação dos outros, mas em suscitar a sua cooperação (Axelrod, 1984).

Sendo assim, a habilidade que uma empresa tem em desenvolver relacionamentos cooperativos com outras organizações se encaixa como uma capacidade distintiva que elas possuem e que advêm de experiências anteriores (Gulati, 1998) e que podem ser utilizadas para gerar vantagens competitivas e para incrementar o seu desempenho (Dyer & Singh, 1998; Hoffmann et al., 2007; Maggioni et al., 2014; Tremblay, 1999), incluindo as empresas de menor porte (Baggio & Cooper, 2010; Balestrin & Vargas, 2004). Isto posto, gera-se a hipótese H5 (Figura 8).

H5: A cooperação entre as empresas desempenho.

Figura 8

Fonte: Elaboração própria baseada nos autores indicados.

A partir da construção das

chegar à formatação do modelo teórico (Figura 9) pesquisa a serem testadas.

Fonte: Elaboração própria baseada nos autores indicados.

A cooperação entre as empresas está positivamente correlacionada

Figura 8 – Modelo Teórico – Hipótese 5

Fonte: Elaboração própria baseada nos autores indicados.

A partir da construção das oito hipóteses de pesquisa exposta anteriormente formatação do modelo teórico (Figura 9) final e que sintetiza

Figura 9 – Modelo Teórico da Pesquisa

Fonte: Elaboração própria baseada nos autores indicados.

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correlacionada ao seu

exposta anteriormente, pode-se final e que sintetiza as hipóteses de

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