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A Relação Lar/Família

No documento A vivência em internato (páginas 79-82)

Capítulo III: Os Modelos de Acolhimento de Crianças e Jovens em Regime de Internato

2. Os Modelos de Acolhimento em Portugal

2.4 A Relação Lar/Família

Esteve em foco ter conhecimento sobre a existência de quartos de apoio a familiares das crianças/jovens que se deslocassem de longe para os visitarem. No sentido de que não fossem as dificuldades de alojamento o impeditivo para a manutenção de contactos frequentes com as famílias de origem, este tipo de equipamento estava presente numa minoria do somatório dos lares. Esta prática, ainda que não generalizada, reflectiu linhas de actuação que valorizavam a participação da família no projecto de vida da criança ou jovem e a manutenção de laços afectivos.

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Cf. Art.º 58 da Lei n.º 147/99, de 1 de Setembro.

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A criança e o jovem acolhido em instituição têm o direito à inviolabilidade da correspondência. (Cf. Art.º 58 da Lei 147/99, de l de Setembro)

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Um tipo de acolhimento presente era o efectuado ao mesmo tempo que se acompanha a

família de origem da criança/jovem que se acolhia. Este acontecia em muito poucos lares,

embora fosse uma prática que visava aproximar a família à instituição que a ia substituir no que se relacionava com o encaminhamento e com a vida quotidiana.

Quanto ao relacionamento com as famílias de origem das crianças/jovens que viviam nos lares, este relacionamento era facilitado pela maioria dos equipamentos: a quase totalidade destas instituições estimulava a (re)construção dos laços afectivos e relacionais com as famílias de origem. Existiam, porém, lares que não fomentavam este restabelecimento dos laços familiares. Para além do estímulo ao restabelecimento das relações familiares das crianças/jovens, algumas instituições promoviam a participação das famílias de origem nos seus quotidianos, embora não sendo a maioria das instituições. A participação da família nos quotidianos das crianças/jovens, não era a regra estabelecida por estas instituições. Uma vez acolhidos em lar, a maioria das crianças/jovens não pareceu ter proximidade diária com as suas famílias de origem: a maioria dos lares não promoviam esta participação. A participação das famílias de origem pareceu assumir outras proporções relativamente ao percurso escolar e profissional das crianças/jovens. De facto, em mais de metade destas instituições, esta participação era solicitada. Nos lares das Regiões

Autónomas prevalecia o procedimento de não accionamento desta participação das famílias

de origem no percurso escolar e profissional das crianças/jovens.

No acompanhamento efectuado pelos lares de crianças/jovens, na esmagadora maioria das situações, a instituição envolvia a família das crianças/jovens acolhidos durante o período de permanência na instituição. No momento da admissão no lar, em muitas instituições existia também o envolvimento da família das crianças/jovens admitidos; no momento da saída do lar, o envolvimento das famílias de origem verificava-se em bastantes situações.

2.5 A Relação Lar/Escola/Comunidade

Quanto ao tipo de relacionamento que as instituições permitiam que as crianças/jovens tivessem com os seus amigos, verificou-se que poucos lares vedavam a entrada aos amigos e colegas das crianças/jovens que lá vivem.

A relação entre as crianças/jovens que habitavam em lar e a comunidade formal envolvente traduziu-se, por um lado, no acesso permitido às actividades das diversas instituições e por outro, na sua efectiva participação nestas actividades. Assim, quanto aos estabelecimentos públicos de ensino, a acessibilidade era quase total. A sua efectiva participação era igualmente elevada: em larga maioria destas instituições as crianças/jovens acolhidos frequentavam os estabelecimentos de ensino. Em relação aos Centros de Formação Profissional, os níveis de acesso diminuíram em relação à escola, bem assim como a efectiva participação.

Sendo o desporto uma actividade considerada importante para o desenvolvimento integral e saudável das crianças/jovens, podem ser considerados os níveis de acesso e de participação dos que vivem em lar nesta actividade, tomando como indicador o seu contacto com ginásios. Em muitos lares era facultado o acesso a ginásios às crianças/jovens. No entanto, em 3 terços do total de lares a participação nestes equipamentos era efectiva. O acesso ao desporto por parte das crianças/jovens acolhidos em lar pode também ser analisada a partir do acesso a colectividades. Verificou-se, que uma expressiva maioria dos lares permitia o acesso das crianças que neles habitavam a colectividades e que se verificava uma participação efectiva em muitas instituições.

Observou-se que uma maioria expressiva dos lares promovia contactos entre as crianças/jovens que acolhia.

Pela importância que a escola assume nos quotidianos e no processo de aquisição de competências das crianças/jovens, a relação entre o lar e a instituição escolar adquiriu

relacionava. A regularidade de encontros entre o lar e a escola acontecia relativamente a três terços destas instituições. Nas restantes instituições permaneceu a questão acerca da forma como o contacto com a escola é feito. Os principais responsáveis pela articulação entre os lares e a instituição escolar são os técnicos que os acompanhavam ou os Directores dos lares. Além da frequência e da responsabilidade entre o lar e a escola, outro indício da importância conferida pelo lar ao percurso escolar das crianças/jovens acolhidos foi a promoção de acções de orientação escolar e profissional.

Percebeu-se, assim, que em muitos lares de crianças/jovens se promoviam acções de orientação escolar e profissional. Quanto, ao envolvimento da comunidade nos três momentos do acolhimento de crianças/jovens em lar, verificou-se que este ocorria em muitas situações durante a permanência na instituição. O envolvimento da comunidade durante o período de admissão e após a saída do lar tinha igual representatividade, acontecendo em cerca de metade dos equipamentos.

No documento A vivência em internato (páginas 79-82)