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Populações Especificas

No documento A vivência em internato (páginas 119-145)

Capítulo III: Os Modelos de Acolhimento de Crianças e Jovens em Regime de Internato

5. Viver em Regime de Internato

5.1 Populações Especificas

Consideramos que ao universo das crianças/jovens acolhidos em equipamentos de internato se pode encarar como sendo uma população especifica na medida em que “São

crianças colocadas pela segurança social, pelo tribunal ou cujo pedido foi directamente feito pelas famílias. Abrange situações de risco, de negligência, de exclusão, de abandono. As situações de dupla orfandade são hoje mais raras.” (Santos, 2004 in www.apagina.pt).

Da mesma forma, percepcionamos os profissionais que desempenham funções neste tipo de estabelecimentos como uma população específica, uma vez que são portadores de uma cultura própria ao nível sócio-profissional.

5.1.1 Educandos:

a) As Problemáticas Conducentes ao Acolhimento

Segundo Strecht (2005) refere-nos que o adolescente padrão que necessita de apoio residencial mudou radicalmente nos últimos anos. A maioria das instituições estava organizada num modelo assistencial ou caritativo, recebendo casos de rapazes ou raparigas órfãs, ou vindas de famílias com poucos recursos económicos. A resposta comportamental e punitiva era a utilizada como principal forma de organização e relação.

Nos tempos que correm os casos de crianças/jovens que chegam a acolhimento residencial são acometidos, não apenas por problemáticas inteiramente sociais mas, também, por dificuldades emocionais profundas com características psicossociais, referindo-se, principalmente, a indivíduos do sexo masculino, desintegrados psicologicamente, com historiais de vida, muitas vezes, assinalados pelo abandono, maus-tratos ou abusos, abarcando os sexuais. Estes menores, usualmente apresentam problemas relacionados com dificuldades de aprendizagem, consumos frequentes de drogas, práticas de furtos e roubos, mendicidade, vadiagem e prostituição.

No que respeita às problemáticas que estiveram na origem do acolhimento das crianças/jovens, encontraram-se as situações de negligência no topo das causas, seguidas de outras situações de perigo não especificadas e de abandono. Em quase metade destes lares de crianças/jovens se encontraram acolhidas fratrias. Mais de metade referiam-se a apenas dois irmãos acolhidos; mais de um terço respeitavam a três irmãos; uma parte inferior correspondia ao acolhimento até seis irmãos; em menor número apareciam fratrias

até treze elementos.

Muitas das crianças/jovens que viviam em lar, passaram por situações de fome, de desabrigo, tendo, algumas, mendigado ou trabalhado com tenra idade. Estas situações problemáticas poderão não ter levado, directamente, à sua institucionalização mas colocaram em perigo a sua integridade e desenvolvimento físico e psíquico.

Através da tomada de conhecimento das situações problemáticas vividas pelas crianças/jovens, em função do género, percebeu-se que, em relação aos maus-tratos mencionados, eram as raparigas que apresentavam valores mais elevados, facto que se explicava por representarem a fatia maior do universo. A tendência apenas se inverteu relativamente ao trabalho precoce: aparentemente eram os rapazes as vítimas mais frequentes do trabalho infantil.

lar viveram situações de fome. Muitos destes bebés (e das suas famílias) encontravam-se

desprovidas de casa ou abrigo; outros viveram na mendicidade36. As crianças que à data

da inquirição tinham entre 3 e 5 anos de idade repetiam as mesmas tendências quanto às problemáticas vividas pelas crianças antes do seu acolhimento, ainda que a incidência de situações de fome fosse inferior em detrimento de algumas situações de desprovimento de

casa ou abrigo.

Nas crianças/jovens com idade compreendidas entre os 6 e os 17 anos registou-se a manutenção da vivência de situações de fome e de inexistência de casa e o aumento da experiência de mendicidade antes do seu acolhimento em lar. Em relação aos, jovens que

tinham 18 e mais anos, assinalou-se uma igual distribuição da vivência anterior de

situações de fome e de inexistência de casa ou abrigo e um valor ligeiramente inferior aos escalões etários intermédios no que concernia às situações de mendicidade.

Surge, como problemática central vivida pelas famílias das crianças/jovens acolhidas em lar, a escassez de recursos económicos, logo seguida da falta de carinho e interesse prestado no seio familiar e por situações de separação conjugal. As discussões conjugais

graves e os maus-tratos físicos e psicológicos apresentaram um peso significativo neste

espectro de problemáticas familiares.37

Na origem do acolhimento directo em instituição as problemáticas, vividas pelas crianças/jovens que viviam em lar, situavam-se, em grande parte, ao nível da negligência e

abandono em contextos sociais de pobreza.38 Assim, na origem do acolhimento destas crianças encontrou-se como principal problemática a negligência. Seguiram-se outras

36

Pela tenra idade destes bebés, depreendeu-se que não seriam os próprios os agentes da mendicidade mas os responsáveis pela sua educação, fazendo-se acompanhar destas crianças.

37

Ana Nunes de Almeida constatou a frequência de situações de instabilidade ou precariedade do vínculo conjugal em núcleos familiares maltratantes: "em quase metade dos casos o laço foi ou está a ser quebrado, ou mesmo nunca chegou a existir" (Almeida, 1998:48). O referido estudo constatou ainda que também em cerca de metade destas famílias se verificavam sinais de violência conjugal (Almeida, 1998).

38

Constatou-se que tanto as problemáticas na origem do acolhimento no lar das crianças/jovens, como as problemáticas por si vividas (fome, mendicidade, etc.) e pelas suas famílias eram questões que permitiam uma multiplicidade de respostas, i.e. é possível que cada criança e/ou família tenha vivido mais do que uma

situações de perigo não especificadas, situações de abandono das crianças e os maus- tratos físicos e psicológicos. A pobreza surgiu também como um factor com importância

significativa que conduziu à institucionalização destas crianças/jovens.

Eram 2356 as crianças/jovens que estavam acolhidas nos lares por escassez de recursos económicos das suas famílias. De salientar, ainda neste contexto de questionamento acerca da pertinência do acolhimento em lar, a ingestão de bebidas alcoólicas39 e o absentismo escolar (14.5%) como outras das problemáticas que justificaram o acolhimento em lar.

Todavia, deve-se ter em conta que estas problemáticas podem encontrar-se associadas a outras.

As raparigas acolhidas em lar apresentavam como principal enquadramento justificativo à institucionalização o abuso sexual, questão que apresenta pouca expressividade no ambiente masculino. Às raparigas associavam-se, com alguma expressividade, questões de

ingestão de bebidas alcoólicas e outras condutas desviantes, outras situações de perigo e outras situações não especificadas na origem do acolhimento no lar. A negligência e os maus-tratos físicos e psicológicos eram os factores seguintes na ordem do acolhimento em

lar destas raparigas. Os rapazes eram acolhidos nos lares, essencialmente, por questões relacionadas com abandono escolar, trabalho infantil, uso de estupefacientes e por

situações de pobreza. As situações de abandono reflectiam uma tendência também

significativa no que dizia respeito à institucionalização dos rapazes.

As crianças até aos 2 anos de idade, foram vítimas principalmente de negligência, de

abandono e de situações de carência económica. As crianças entre os 3 e os 5 anos foram

acolhidas em lar por situações de negligência, exposição a outras situações de perigo não

especificadas e por maus-tratos físicos e psicológicos. As crianças e jovens entre os 6 e os

17 anos foram vítimas do mesmo tipo de problemática: condições de negligência, outras

situações de perigo não especificado e de abandono. Os jovens com mais de 18 anos

viveram maioritariamente outras situações de perigo não especificado, situações de

pobreza e foram vítimas de abandono. Terão sido maioritariamente os motivos que

originaram o seu acolhimento no lar.

b) A Proveniência

As crianças/jovens que viviam em lares provinham, maioritariamente, de meios urbanos, ainda que a proveniência rural apresentasse, também, valores bastante significativos. O meio de origem das crianças/jovens pareceu não se diferenciar significativamente em função do seu género, mas registou-se que se verificou a sobre-representatividade feminina.

Observou-se que os escalões etários inferiores (as crianças até aos 10 anos) acompanhavam a tendência global de predominância da origem urbana; por sua vez, as

crianças com idade superior a 13 anos de idade invertiam esta tendência, provindo

maioritariamente de meios rurais. As crianças na faixa etária dos 11 e 12 anos apresentavam valores, de origem urbana e rural, idênticos. Desta forma, concluiu-se que não eram apenas os meios urbanos aqueles onde se geravam situações de risco para as crianças/jovens.

O que diferia, em função do meio de origem, não era tanto a incidência de situações de risco como a natureza das problemáticas que as enquadravam. Quanto à nacionalidade destas crianças, a quase totalidade eram portuguesas. Uma minoria era proveniente dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa e de outros países europeus.

Antes de ingressarem no lar a maioria das crianças/jovens viviam com as famílias biológicas: com ambos os pais, só com a mãe ou só com o pai. Outros viviam em famílias recompostas: com um dos progenitores e uma madrasta ou padrasto. Constatou-se uma maior percentagem de crianças/jovens a viver em famílias recompostas por via da mãe do que por via do pai.

Outros laços familiares existiam na vivência da criança/jovem antes do ingresso no lar: alguns viviam com seus avós, outros viviam com outros familiares, dos quais uma pequena parte são irmãos. Contudo, existiam crianças/jovens que, à altura do seu acolhimento em lar, viviam com outras pessoas, com as quais não tinham laços de sangue. Era, também, significativo o número de crianças/jovens que vivia numa outra instituição antes do ingresso no lar onde se encontrava na altura, facto que indiciava trajectórias onde os meios de acolhimento anteriores não apresentavam as características familiares nucleares.

Encontraram-se, ainda, crianças que viveram em situação de acolhimento familiar que foram transitórias e, eventualmente, ineficazes. Maioritariamente, as crianças/jovens que viviam em lar vieram directamente do meio familiar para o lar de crianças/jovens. De referir o peso das questões relativas ao uso de estupefacientes em meio urbano. A par desta problemática encontraram-se, também, a prática de factos qualificados como crime com maior incidência em meios urbanos do que em meios rurais.

Também, a vivência de maus-tratos físicos e psicológicos apresentou registo de maior incidência em meio urbano. Por contraponto, no que dizia respeito ao trabalho infantil, verificou-se a sua predominância em meios rurais, assim como no que concerne à ingestão

de bebidas alcoólicas. Constatou-se que os meios rurais pareciam desenvolver mecanismos

sociais (de controlo social mais cerrado ou de redes de solidariedade com malhas mais apertadas) que diminuíam a incidência de situações de abandono e de negligência.

c) As Medidas de Protecção e a Solicitação do Acolhimento

Relativamente às medidas de protecção tentadas antes do acolhimento das crianças/jovens em lar, verificou-se que o ponto mais alto se situava na ausência de medidas anteriores. Seguiu-se o acompanhamento da família das crianças/jovens, o que apontava trabalho prévio de apoio a recomposições e reestruturações familiares, antes do recurso imediato ao lar. Observou-se, também, a colocação noutros equipamentos como Jardins-de-infância ou

A.T.L.40 como forma de acompanhamento e ocupação educacional das crianças e o

acompanhamento técnico das crianças e suas famílias. O acolhimento familiar das crianças anterior ao ingresso no lar apresentou uma importância pouco significativa, res-

tando a medida tratamento de desintoxicação com pouca expressão.41 Outra das medidas tentadas anteriores à institucionalização no lar actual terá sido o internamento noutra ins-

tituição.42 As situações em que não foram tomadas quaisquer medidas de protecção anteriores à entrada no lar diziam respeito, maioritariamente, a problemáticas que giravam em torno de negligências parentais, outras situações de perigo não especificadas,

abandono, pobreza, maus-tratos físicos e psicológicos.

Para além da Segurança Social e do Tribunal, surgiram como entidades solicitantes do acolhimento das crianças/jovens nos lares os próprios pais. Esta última constatação traduziu, por um lado, um auto-reconhecimento de incapacidades de assegurar os papéis que lhes estavam cometidos e, por outro, a manifesta vontade de se demitirem desses papéis. Podia ainda traduzir o significado cultural que os lares de acolhimento de crianças/jovens adquiriram no espectro cultural português, nomeadamente naquele que se situava em ambientes social e culturalmente menos desenvolvidos: o lar era o colégio onde os filhos teriam oportunidades de qualificação e de valorização social que não se consideravam habilitadas para lhes proporcionar.43

Numa análise por género, verificou-se que, quer para as raparigas, quer para os rapazes, a

Segurança Social se assumia como a entidade que mais solicitava o acolhimento de

crianças em lares. No que dizia respeito às raparigas, os pais surgiram como a segunda entidade solicitante, seguindo-se-lhe o Tribunal. Para os rapazes, esta tendência inverteu-se

40

A.T.L. – Actividades de Tempos Livres

41

Apesar do elevado valor apresentado pela ausência de medidas, as restantes decisões tomadas (à excepção do acolhimento noutra instituição e da colocação em família de acolhimento) apontavam para o acompanhamento, directo ou indirecto, a 42% das famílias das crianças/jovens acolhidos em lar, indiciando, assim, algum trabalho prévio.

42

Compreendeu-se, ainda, da análise das medidas de protecção tentadas juntos destas crianças/jovens antes do acolhimento no lar, que a sua distribuição por sexo e pelos escalões etários se revelava igualitária, correspondendo as variações às ligeiras superioridades numéricas já mencionadas, quer relativamente ao sexo feminino, quer aos escalões etários mais representados (dos 7 aos 16 anos).

e era o Tribunal que se afigurava como a segunda entidade solicitante do acolhimento institucional; os pais surgiram em terceiro lugar nas entidades solicitantes do acolhimento masculino em lar. Um outro aspecto importante, relativamente à análise da solicitação ao acolhimento no lar foi o facto de as próprias crianças e jovens também o fazerem. Assim, constatou-se nas raparigas uma superior capacidade de iniciativa.

d) O Género e as Idades de Pertença

A grande maioria das crianças/jovens foram acolhidas em lar entre os 6 e os 11 anos de idade, seguindo-se-lhes as crianças entre os 3 e os 5 anos. Destacou-se, tambem, que alguns dos acolhimentos em lar foram efectuados quando os jovens tinham 15 e mais anos; por outro lado, realçaram-se os cerca de 8% de acolhimentos de bebés com menos de 3 anos.

Quanto à caracterização sociográfica das crianças/jovens que estão acolhidos nos lares em Portugal, baseamo-nos essencialmente na pesquisa do IDS (1998/1999), a qual nos dá conta das características fundamentais desta população específica. De acordo com o referido estudo, a maioria das crianças/jovens que residiam em lar eram adolescentes do sexo feminino.

No que se referiu à idade, verificou-se que as faixas etárias mais representadas eram as dos

adolescentes dos 13 aos 15 anos, e das crianças dos 6 aos 10 anos de idade, seguidas dos pré-adolescentes de 11 e 12 anos. Os jovens que já haviam atingido a maioridade

representavam uma pequena parte do total de crianças/jovens acolhidos em lar, tal como os

jovens de 16 e 17 anos. As crianças até aos 5 anos representavam a menor parte desta

população. Relativamente às crianças com idade até dois anos e que viviam em lar, o principal motivo que os conduziu ao acolhimento foi a negligência, outras situações de

perigo não especificado, situações de abandono, pobreza e orfandade.

percentagem nos dois géneros era idêntica. Nos restantes escalões etários (os superiores), manteve-se a sobre-representatividade feminina, num ratio médio de 1,3 raparigas por cada rapaz. As raparigas com mais de 18 anos tinham um peso superior face aos rapazes da mesma idade (num ratio de 1,5 raparigas por cada rapaz). Possivelmente, o facto dos rapazes ingressarem mais cedo no mundo laboral e garantirem uma certa autonomia económica, faz com que se afastem mais cedo, do que as raparigas, das instituições.

e) Os Percursos Escolares

A maioria das crianças/jovens que residiam nos lares era escolarizada, embora tivesse um baixo nível de escolarização. No momento em que foram caracterizados 15% das crianças/jovens não frequentavam a escola. De entre as raparigas não escolarizadas, cerca de metade situavam-se em idades compreendidas entre os 6 e os 10 anos e muitas correspondiam a jovens com mais de 18 anos. Estes eram os escalões etários onde o peso do abandono (ou não frequência) escolar era mais significativo.

Relativamente aos rapazes não escolarizados, entre os 6 e os 10 anos de idade encontraram-se meninos que não vão à escola e muitos jovens com mais de 18 anos. Encontraram-se também adolescentes dos 11 aos 15 anos nestas circunstâncias. Quanto ao abandono ou absentismo escolar, verificou-se que são mais as raparigas do que os rapazes que deixavam a escola.

A maioria destes adolescentes detinha o 1° Ciclo Completo, a constituição do 2° Ciclo era o segundo nível de habilitações mais frequente, seguindo-se a Escolaridade Obrigatória não concluída e o Pré-Escolar. O Ensino Secundário Não Concluído tinha um peso significativo. As crianças/jovens Sem Escolaridade apresentavam valores idênticos para ambos os sexos44.

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Das crianças e jovens Sem Escolaridade que viviam em lar, 38% diziam respeito a crianças até aos 5 anos de idade, para as quais não existe obrigatoriedade de frequência escolar, e cerca de 32% correspondiam a jovens com mais de 18 anos. Registou-se, no entanto, que 12% das crianças/jovens que não tinham qualquer

Tendo como indicador do sucesso escolar, os níveis de escolaridade dos jovens mais velhos (com idade superior ou igual a 18 anos), verificou-se que, embora uma parte significativa tenha concluído o ensino secundário, a grande maioria não concluiu a escolaridade obrigatória. Os jovens com 16 e 17 anos tinham, também, maioritariamente, como habilitação máxima o 2° Ciclo não tendo muitos terminado a escolaridade obrigatória.

Quanto aos adolescentes com idades compreendidas entre os 13 e os 15 anos, observou-se que apenas uma pequena parte detinha a escolaridade obrigatória, nível escolar a que corresponde a sua idade. A grande maioria encontrava-se um ciclo atrasada em relação à idade, ou seja, tinha como habilitações o 2° Ciclo e outra parte detinha apenas o 1° Ciclo Completo. No total, existiam 72% de adolescentes nesta faixa etária cuja trajectória escolar se caracterizava por reprovações e/ou desistências.

Os pré-adolescentes com 11 e 12 anos, que, num percurso escolar linear deveriam frequentar o 2° ciclo, detinham maioritariamente o 1° Ciclo, sendo que alguns mostraram ter um percurso sem interrupções, detinham o 2° Ciclo Completo. De realçar ainda nesta faixa etária a existência de 16% de crianças sem qualquer escolaridade.

No que concernia às crianças entre os 6 e os 10 anos, a maioria encontrava-se no nível de escolaridade correspondente à sua idade (1° Ciclo). Apesar de estes valores indiciarem que as interrupções no percurso escolar tinham mais incidência a partir do ensino secundário, é importante referir a existência de crianças, nesta faixa etária, sem escolaridade assim como alguns que apenas sabiam ler e escrever.

79% das crianças acolhidas em lar com idades compreendidas entre os 3 e os 5 anos encontravam-se a frequentar o ensino pré-escolar. Assim, verificou-se, que a grande maioria destas crianças frequentavam (ou frequentaram) o Ensino Regular (que inclui o Ensino Básico, o 2° Ciclo, o Ensino Secundário e os Currículos Alternativos). Tomou-se conhecimento de que 175 jovens frequentavam o Ensino Técnico Profissional e 284 a

obtinham qualificação através de Cursos de Formação Profissional, como formas de um mais rápido acesso ao universo laboral.

O Ensino Recorrente era, também, uma realidade para estes jovens acolhidos em lares, fruto de eventuais interrupções nas suas trajectórias escolares, assim como o Ensino Especial, destinado crianças/jovens com algum tipo de deficiência. Em relação à frequência de Ensino Universitário, apenas 143 dos jovens que viviam em lar, o frequentavam.

Era este o panorama dos níveis de escolaridade destas crianças/jovens que viviam em lares que, de uma forma geral se caracterizava por níveis baixos de qualificação e escolarização. Há, no entanto, que referir que se verificaram, na generalidade dos casos, evoluções

positivas ao nível escolar após o ingresso no lar. De facto, mais de metade destes jovens

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