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EMEB “ANTONIO STELLA MORUZZI”

3.2 ABRANGENDO A SALA DE AULA

No primeiro semestre de 2002, tivemos oportunidade de participar numa das reuniões de planejamento da escola, ocorrida no dia 15 de fevereiro. Nessa ocasião, nosso objetivo era integrar as atividades desenvolvidas na oficina ao planejamento anual das professoras, de forma que não houvesse interferência no andamento do seu trabalho e também não houvesse prejuízo de nossos objetivos em relação à continuidade da intervenção. Nesse sentido, algumas novas diretrizes tornaram-se necessárias. Não foi possível continuar com o mesmo grupo de professoras na íntegra, pois o tempo destinado ao desenvolvimento das atividades não estava sendo suficiente e não havia outro horário comum no qual todas as professoras pudessem participar. O horário utilizado no semestre anterior (2o/2001) coincidia com o almoço de muitas professoras, o que causava atrasos e dificultava o andamento das reuniões. Para aquele momento, esse fator, embora dificultasse, não era um agravante. No entanto, para um melhor aproveitamento das atividades por parte das professoras mostrou-se necessária a realização de reuniões mais direcionadas, com um grupo preestabelecido, tornando impossível a abrangência de todas as professoras participantes do primeiro momento da oficina. Diante disso, prosseguimos com a participação de seis professoras: Elsa, Inês, Cristiane, Ana Maria, Luciana e Márcia.

Elsa e Inês, professoras da 1a e 2a séries, respectivamente, foram as primeiras a iniciar a participação na oficina, nesse segundo momento, estando presentes já na reunião de planejamento. Cristiane, encarregada de uma 3a série, foi a próxima professora a ingressar no programa, logo após ser contratada pela escola. Luciana e Márcia, professoras da 4a e 2a séries, respectivamente, também contratadas pela escola, passaram a participar da oficina assim que ingressaram na escola. Por último, tivemos o ingresso de Ana Maria,

professora de 1a série, também contratada pela escola após o início das aulas. Das professoras participantes, Elsa e Inês eram professoras efetivas na rede pública de ensino, sendo que Cristiane, Luciana, Márcia e Ana Maria encontram-se vinculadas à escola temporariamente. Além das professoras já mencionadas, tivemos a participação da diretora da escola, Rose, sempre que possível e de várias maneiras: tanto nas reuniões realizadas com as professoras como nas atividades realizadas junto aos alunos.

Dessas professoras, apenas Elsa teve participação no primeiro momento da oficina. Inês não pôde participar por estar em licença e as demais por não pertencerem ao corpo docente até então. Cabe destacar que desse momento participaram não apenas as professoras mencionadas mas também seus respectivos alunos, uma vez que o programa previa a aplicação de atividades musicais em sala de aula tanto por parte da pesquisadora quanto por parte das professoras.

As reuniões11 ocorriam semanalmente numa sala de aula que não era utilizada no período da tarde – apenas duas reuniões foram realizadas na sala de leitura. Essa sala também comportava os computadores recém-adquiridos pela escola, mas ainda não instalados. O espaço era pequeno mas, devido ao número reduzido de participantes, foi possível realizar satisfatoriamente todas as atividades práticas propostas. Eventualmente, realizávamos alguma atividade no pátio externo (quando a atividade se referia à escuta, pesquisa de sons ou exigia um espaço mais amplo).

Cabe mencionar que também tínhamos como ambiente as salas de aulas das professoras participantes, uma vez que foi realizado um acompanhamento das atividades musicais realizadas por essas professoras junto aos alunos. Também utilizamos diversas vezes o pátio interno e externo para a realização de filmagens com as crianças.

Os materiais empregados no desenvolvimento das atividades foram o teclado já utilizado na etapa anterior e CD’s com canções infantis e músicas populares brasileiras (alguns pertencentes à escola, outros por mim providenciados e outros ainda adquiridos pela escola durante o desenvolvimento da oficina). Também foi fornecido às professoras participantes um material impresso contendo as propostas de atividades – o material incluía letras das canções a serem trabalhadas e a partir das quais originavam-se as atividades com voz, expressão corporal, etc., propostas de atividades e objetivos a serem alcançados com

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elas, espaço livre para anotações de adaptações, variações das atividades – material esse que foi sendo acumulado pelas professoras e transformado em pequenas apostilas. Posteriormente, enviamos o material, na íntegra, à direção da escola, possibilitando que as demais professoras da instituição e não apenas as que participaram da oficina tivessem acesso às atividades sugeridas. Nessa segunda etapa, utilizamos uma filmadora com a qual registramos as atividades desenvolvidas pelas professoras e também as realizadas pelos alunos das professoras participantes; máquina fotográfica, com a qual registramos alguns momentos interessantes das reuniões e das crianças em atividades musicais; e um gravador, instrumento que permitiu registrar todos os diálogos entre pesquisadora e professoras, e que foi valioso no momento da transcrição e análise dos resultados obtidos. As filmagens, contendo as participações das professoras e alunos em atividades musicais diversas, foram editadas em uma fita VHS, que agora pertence à escola.

As reuniões, nessa etapa da oficina, tinham 1 hora de duração, sendo que muitas vezes esse tempo se estendia para 1 hora e meia. Para cada encontro reservávamos tempo para ouvir diversas canções, cantá-las, dançar, realizar atividades a partir delas, fazer leituras de pequenos textos relacionados à temática música/criança/escola, tempo para dialogarmos e refletirmos a respeito da prática pedagógica e o cotidiano escolar.

No início da participação de cada professora junto à oficina, era-lhes solicitado que respondessem um questionário cujo objetivo era conhecer um pouco mais da realidade de cada profissional ali envolvido e direcionar ainda mais as atividades da oficina: as perguntas relacionavam-se às experiências musicais já vivenciadas pelas professoras, à caracterização de seus alunos, às expectativas em relação à oficina. Além desse procedimento, a cada semana discutíamos novas possibilidades de atividades, e novas necessidades eram apontadas, possibilitando adequações e direcionamentos.

Optamos por trabalhar com canções infantis brasileiras devido ao diálogo estabelecido com as professoras, no qual elas afirmaram que gostariam de conhecer mais canções que tivessem como tema “animais” e “natureza”, pois o projeto da escola para aquele ano (2002) estava relacionado à natureza”12. Diante dessa proposta, foram

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A cada ano a escola desenvolve um projeto. No ano passado (2001), o tema era “Arte” e cada professora desenvolveu, com seus alunos, alguma atividade voltada para o tema e posteriormente cada classe apresentou seu trabalho. Infelizmente pudemos acompanhar apenas a parte final desse projeto. Nesse ano, o tema do projeto que a escola está desenvolvendo é “Natureza”, tendo como objetivo alertar para a proteção ao meio ambiente.

escolhidas canções infantis brasileiras que contemplassem tais temas e permitissem que, a partir delas, propuséssemos atividades de expressão vocal e corporal, de percepção auditiva e rítmica. Algumas canções sugeridas e vivenciadas tinham melodia e letra bastante simples visando os alunos de 1a e 2a séries, ao passo que outras possuíam letra e melodia mais complexas e estavam mais voltadas aos alunos de 3a e 4a séries. As atividades vivenciadas pelas professoras nos encontros eram, em sua maioria, aplicadas com seus respectivos alunos e posteriormente, durante as reuniões, tínhamos os relatos dessas experiências: como havia sido realizada a atividade, como havia sido a participação dos alunos, se os momentos dedicados às atividades musicais eram apreciados pelas crianças ou não, o que permitia que assim inferissem, que modificações puderam ser observadas nas atitudes dos alunos a partir das atividades desenvolvidas, que dificuldades foram enfrentadas, etc. A partir desses relatos, discutíamos sobre a inserção de atividades musicais em sala de aula, o quanto contribuía na construção de um cotidiano mais prazeroso e alegre, que tipos de aprendizagem permitia aos alunos e professoras, que mudanças provocava na atuação docente, que novas necessidades gerava.