• Nenhum resultado encontrado

EMEB “ANTONIO STELLA MORUZZI”

3.1 CONHECENDO AS PROFESSORAS DA EMEB “ANTONIO STELLA MORUZZI”

O primeiro contato com a escola ocorreu no segundo semestre de 2001. As professoras já haviam tido oportunidade de vivenciar algumas atividades musicais por meio de uma oficina de musicalização infantil aplicada à educação, coordenada pela orientadora desse trabalho, professora Ilza Z. L. Joly, alguns meses antes de iniciarmos nossa participação. Após esse convívio, cogitou-se a possibilidade de essa escola participar de uma nova oficina pedagógica, também em educação musical, uma vez que as professoras desejavam aprofundar seus conhecimentos na área.

A oficina, cujo objetivo, em termos musicais, foi possibilitar um maior contato com música, por parte das professoras e seus alunos, permitindo a aquisição de conhecimentos musicais básicos por meio da vivência de atividades práticas, foi coordenada de forma que ao mesmo tempo em que eram vivenciados jogos e brincadeiras musicais, havia espaço para discussão e reflexão em torno das atividades e textos

8

propostos, assim como para reflexões sobre as dificuldades e facilidades de as professoras aplicarem atividades musicais com os alunos – momento em que elas contavam a reação dos alunos, as adequações e alterações que haviam realizado nos procedimentos aplicados, as novas sugestões de canções e atividades que poderiam ser desenvolvidas com os alunos, etc.

No dia 25 de setembro de 2001, às 18:00hs, horário de HTP9 coletivo dos professores dessa instituição, tivemos oportunidade de conhecer as professoras das séries iniciais do ensino fundamental da escola. Foi um contato importante por permitir a exposição dos objetivos da oficina e um primeiro diálogo com o corpo docente. A presença da diretora demonstrou aceitação dos objetivos e incentivo à realização da intervenção. A oficina teve início ainda naquele semestre, sendo que nesse período não abrangeu a sala de aula diretamente, pois nossos objetivos, para esse momento, visavam proporcionar às professoras uma aproximação com a linguagem musical através de pequenas atividades práticas, a partir das quais também refletíamos sobre o quanto e em que sentido a música, como um todo, poderia contribuir no cotidiano escolar para o desenvolvimento das professoras e seus alunos. Num momento posterior, ficou combinado que as brincadeiras, atividades de expressão corporal e jogos musicais seriam estendidos também às crianças. Diante da aceitação de participação da maioria dos professores presentes ali naquela ocasião, optamos por um horário no qual todas as professoras interessadas pudessem participar. Passamos a ter encontros semanais, com a participação de aproximadamente 16 professoras (o número variava nos encontros) no período de outubro a dezembro de 2001. Tínhamos representantes das quatro séries iniciais, o que enriquecia o desenvolvimento não apenas das atividades práticas como também das reflexões em torno da importância de repensarmos a prática pedagógica e das contribuições da música nesse sentido. As reuniões eram realizadas na sala de leitura da escola, logo à entrada. Essa sala, razoavelmente espaçosa e bem iluminada, possuía algumas mesas e cadeiras, estantes contendo diversos livros e um tapete de borracha forrando uma parte do piso. Um teclado, cedido pelo Departamento de Artes da UFSCar, foi nosso principal instrumento. Com ele ensinávamos

9

Horário de Trabalho Pedagógico, reunião semanal, na qual as professoras preparam aulas, discutem e refletem sobre o cotidiano da sala de aula, assistem palestras, sendo que um dos horários é destinado para trabalhos pedagógicos individuais e outro para trabalhos pedagógicos coletivos. A presente pesquisa desenvolveu-se no HTP individual das professoras participantes.

e acompanhávamos canções. Também utilizamos, com freqüência, CD’s com músicas folclóricas e eruditas para atividades de expressão corporal. Tivemos oportunidade de improvisar pequenos instrumentos como chocalhos (feitos de copos plásticos contendo feijão para criar o som)e tambores (improvisados com pequenos recipientes para lixo e potes de sorvete vazios).

Todas as atividades realizadas eram armazenadas em um disquete, colocado aos cuidados da diretora, Rose, que distribuía o material impresso às professoras participantes. Esse procedimento foi adotado com o objetivo de não deixar que as atividades vivenciadas fossem esquecidas. Além do mais, sendo as atividades registradas, outras professoras que não estivessem participando da pesquisa ou que não pudessem estar presentes eventualmente poderiam tomar conhecimento do que estava sendo proposto.

Semanalmente vivenciávamos atividades musicais cujos objetivos eram unir o grupo participante e a pesquisadora, bem como desenvolver a capacidade de percepção auditiva e rítmica, expressão corporal das participantes da oficina, por meio do canto, dança, brincadeiras e jogos musicais. Outro objetivo era estimular a reflexão sobre o cotidiano escolar e a prática pedagógica, sobre o quanto o uso da música possibilitava um ambiente escolar mais agradável. As atividades foram programadas tendo em vista os objetivos citados, mas também nos baseamos em sugestões apontadas pelas professoras. Um exemplo foi a idéia de desenvolvermos uma apresentação especial para os alunos no final do ano letivo. Com essa apresentação, as professoras esperavam estimular seus alunos a também se aproximarem do universo da música, aguçando sua curiosidade e mostrando- lhes que isso era possível e agradável e o quanto estavam envolvidas nesse projeto. Diante da idéia, passamos a preparar algumas atividades musicais, jogos10 e canções natalinas.

Nessa fase da oficina, ainda não havia proximidade suficiente que permitisse o uso de gravador ou filmadora. Assim, os registros eram feitos, semanalmente, com base nos acontecimentos de cada reunião para que não fossem esquecidos. Esse procedimento também possibilitava a reflexão sobre a ação ocorrida, direcionando os próximos passos.

10

Os jogos eram desenvolvidos pela também pesquisadora Suselaine A. Z. Mascioli (aluna do Programa de Pós-Graduação em Educação da UFSCar) pois nesse primeiro momento ambas as pesquisas foram desenvolvidas no mesmo horário, tendo como participantes o mesmo grupo de professoras. As reuniões eram alternadas, de forma que os temas – música e jogo – eram trabalhados com as mesmas professoras no horário já estabelecido.

Uma pré-análise dos dados também era feita após a descrição dos acontecimentos, o que facilitou a organização e análise dos resultados da oficina.

As atividades desenvolvidas no período de outubro a dezembro mostraram- se fundamentais para o estabelecimento de um contato mais próximo com as professoras e diretora, sendo também um período de investigação das necessidades das professoras, com o objetivo de, num momento posterior, viabilizar a aplicação de atividades musicais com as crianças.