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J S Bento de Aniane

ABSTINÊNCIA SUPLEMENTO

ALIMENTAR Pão X Vinho X Legumes X Peixe X Carne de Aves X Fruta X Ovos X Queijo X Manteiga X Pastéis de carne X Doces: crespelli X nebulae X caseate X brachiales X Especiarias: Pimenta X Canela X Générale4™ X Pietancia4§4 X Mixtum490 X Collatio4^ X

*n Porção individual de legumes.

494 Pequena quantidade de alimento ou de bebida. 495 Refeição leve

A EMENTA MONÁSTICA

Dois pratos de alimentos cozidos (peixe ou carne de aves)

Um prato de legumes e/ ou frutos cozidos ou frescos (conforme a época) Por dia: uma libra de pão

Por dia:

uma hemina de vinho

3.4.5. A lectio divina e o estudo

A Regra prevê também que em certas horas do dia o monge se entregue à leitura. Assim, da Páscoa até 14 de Setembro e da hora quarta à hora sexta dedicam-se os monges à leitura. De 14 de Setembro até ao início da Quaresma, até ao fim da hora segunda e depois da refeição que segue a hora nona. No tempo da Quaresma de manhã e até ao fim da hora terceira. É ainda no início deste tempo que são distribuídos aos monges livros da biblioteca para lerem. (RB, XLVIII).

A lectio divina é por excelência a leitura da Bíblia, em público ou em particular. A Sagrada Escritura é, pois, a fonte de toda a doutrina cristã, e o primeiro autor a expor isto mesmo foi S. Gregório Magno. Para este autor a leitura é uma visão antecipada da glória divina. Também Santo Isidoro de Sevilha dá grande importância à leitura, mas põe-na abaixo da oração («melius est orare quam légère»), «pois quando oramos, falamos com Deus e, quando lemos é Deus que fala connosco». Para Alcuíno «a leitura das Sagradas Escrituras é uma experiência da beatitude. [...] a leitura assídua purifica a alma».

O objecto da lectio divina é a própria Sagrada Escritura, como acima se referiu. Mas, muitas vezes os monges medievais incluem nela a leitura de outras obras, que permitem compreender melhor a palavra de Deus. Assim, em primeiro lugar, os Santo Padres comentadores, do oriente e do ocidente; a seguir as obras de teologia especulativa; e, finalmente, as obras que permitem situar os factos bíblicos na história da salvação. As restantes deviam ser lidas em circunstâncias especiais: os sermões que não comentavam a Sagrada Escritura, serviam para ler em público ou para ajudar os abades e pregadores a prepararem as suas homilias e conferências; as vidas de santos, que parecem ter sido criadas para o ofício divino. Desta forma, os autores mais lidos eram S. Gregório Magno, Santo Agostinho, S. Jerónimo, Orígenes, St. Ambrósio, Beda, João Crisóstomo, Leão Magno,

, 497

entre outros .

491 MATTOSO, José - A «lectio divina» nos autores monásticos da alta idade média in Religi

O Costumeiro de Pombeiro tem referências frequentes à lectio divina e ao estudo dos monges. É no claustro que os monges se dedicam à leitura e ao estudos das coisas divinas: «In claustrum lectioni vacent fratres»496; «pos ea (cena) sedeant in claustro et vacent lectioni»499. As leituras são feitas

tanto no claustro, como no refeitório, como na igreja, e em voz alta ou em

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silêncio: «Prophetia Ysaie legantur tarn in ecclesia quam in refectono» ; «m

craustrum debent sedere fratres et légère»50'] «sedeant in claustro legant et cantent»502; «Prior sedeat ad mensa abbatis et diaconus incipiat légère cum eius licentia»503; «in claustro et vacent lectioni cantentque et scribant et gramatici exeant légère»504, etc. Os mais novos devem fazer as leituras

acompanhados pelos seus mestres.

Do mesmo modo, os outros costumeiros têm menções à lectio divina e ao estudo dos monges. No Ordo Cluniacensis, por exemplo: «sedemus ad

lectionem in claustro» (pars II, cap.XIII, p.305), «qui in capitulo, vel in ecclesia, vel in refectono leget» (pars II, cap.XV, p.310), etc. Os Decreta Lanfranci estabelecem também que, por exemplo, na Sexta-feira Santa,

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«sedeant in claustro non loquentes, sed cantantes aut legentes» . As Constituições de Fleury têm um capítulo dedicado ao tempo que se devia

dedicar ao estudo506. Os Consuetudines Hirsaugienses referem-se

igualmente ao tempo que os monges entregavam à leitura, e isto verificamos por exemplo no capítulo XLII (lib. I).

498 Costumeiro, f.9v. 499 Costumeiro, ff.55v, 50r, 50v, 77v, etc. 500 Costumeiro, f.7r. 501 Costumeiro, ff.35v, 32v. 502 Costumeiro, f 44r. 503 Costumeiro. f.47r. 504 Costumeiro, f.50r/v.

505 Decreta Lanfranci, cap. I, col.463 in PL, t. CL.

506 Consuetudines Floriacensis antiquiores, libellus alter: De consuetudine diurnali et nocturnali, cap. 31 in Corpus consuetudinum monasticarum, t. Vil. vol. Ill, p.48.

3.4.6. O silêncio e a conversação

Segundo nos diz a Regra, «os monges devem, em todo o tempo, esforçar-se por guardar o silêncio, mas principalmente nas horas da noite»507 A palavra taciturnitas não signica propriamente "silêncio", mas

antes "moderação e discrição no falar", ou seja, silêncio voluntário e intencional508.

Normalmente, nos costumeiros dos séculos X e XI, era permitido falar sobre todos os assuntos no claustro, uma vez por dia no Inverno, entre o capítulo e o ofício de Sexta, que precedia a Missa maior, e duas vezes por dia no Verão, imediatamente após o capítulo e depois da hora de Noa, que era logo após o descanso. O tempo dispensado a 1er no claustro era também de silêncio. Desde o início das Vésperas (c.17h) até ao fim do capítulo do dia seguinte (c.9h30), o silêncio tinha de ser absoluto, e qualquer conversação necessária tinha de ser tida fora do claustro, e num baixo tom de voz. Durante as refeições devia reinar um silêncio rigoroso, estavam proibidas as conversas particulares e um código especial de sinais permitia aos monges pedir o que precisavam509. Os Estatutos de Lanfranco mudaram muito pouco.

Permitem, especificamente, conversar no claustro depois do capítulo até à hora de Sexta, e no Inverno também a seguir à hora de Sexta. Na Concordia

Regualarum, não era permitida qualquer conversação nas festas de doze

lições. O silêncio tinha ainda de ser observado com máximo rigor na domus

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