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4 DIÁLOGOS ENTRE A EDUCAÇÃO ESPECIAL NA PERPESCTIVA DA

4.2.2 Acessibilidade e as Suas Barreiras

4.2.2.2 Acessibilidade nas comunicações e na informação e suas barreiras

Referente a acessibilidade comunicacional e de informações em relação a permanência dos alunos com deficiência no ensino médio integrado do IFBA, percebe-se um entrave que obstaculiza as ações realizadas pela Instituição. Caracteriza-se pela incipiência dos gestores, corpo técnico e professores e dos próprios documentos institucionais, assim como, de algumas legislações que abordam a temática. Por mais que os documentos institucionais estejam publicados no site da Instituição não há disseminação dos mesmos nos setores e coordenações, tal como, iniciativas dos próprios servidores em buscar essas informações. Também, constata-se que há poucas ações da Instituição em dialogar com os alunos com deficiência a respeito de seus direitos, que estão disciplinados em Leis e dispostos em Políticas Institucionais, provendo o empoderamento deles. Essa questão é apontada pelos alunos com deficiência como uma sugestão ao IFBA para contribuir com a permanência deles. “O IFBA poderia fazer mais campanhas para falar sobre a deficiência com a gente (ASADACB). “Acho que o IFBA poderia ter mais discussões sobre todos os tipos de deficiência (ASADICS)”. Em conformidade com Teixeira (2002) entende-se que a educação deve também ser baseada no empoderamento da pessoa com deficiência, focalizando na ação do grupo, no diálogo direto com os alunos. Isso gera poder com implicação para incentivar, transpor obstáculos, barreiras, superar a timidez, o medo e a insegurança frente as relações da vida cotidiana. As ações que promovem o empoderamento de alunos com deficiência, principalmente no ensino médio integrado, por estes vivenciarem no momento uma fase do desenvolvimento humano complexa, que é a adolescência, a qual necessita de conhecimentos que contribuirão para a sua formação como pessoa, estudante e cidadão. E com isso, possa modificar a sua realidade e de outros sujeitos em condições similares, por intermédio da identificação, da simultaneidade da permanência simbólica (SANTOS, 2009), reconhecendo em si as potencialidades e possibilidades das transformações pessoais e sociais. Ainda, ao realizar essas ações de empoderamento dos estudantes com deficiência o IFBA, cumprirá sua missão institucional, como posto na categoria de análise acerca do acesso deste estudo, “formar um cidadão histórico-crítico”.

Outra barreira comunicacional identificada, mais uma vez é expressa, é a escassa articulação entre os NAPNE’s e o CAPNE do IFBA, em virtude de não manterem um diálogo em relação as estratégias de permanência para o público alvo da educação especial. A título de exemplo, o campus de Barreiras, assim como, o campus de Salvador no ano letivo de 2017 receberam os primeiros alunos que preenchem os critérios de diagnóstico do transtorno do espectro autista (TEA). Sendo que o campus de Barreiras, para atender as necessidades específicas do aluno, contrata uma estagiária de psicologia, por meio de uma seleção, para trabalhar como profissional de apoio, nesse caso, como mediadora da aprendizagem do referido estudante. Por outro lado, o campus de Salvador, segundo as informações da coordenadora do CAPNE, até o momento, não foi possível contratar esse profissional de apoio, devido a legislação não disciplinar a respeito do perfil do mesmo e dos procedimentos de contratação.

E aí gente não conseguiu ainda trazer esse profissional de apoio escolar. Que a Lei muito belamente colocou lá, mas ela não disse quem é, de onde vem, como contratar. No ano passado em 2016 eu fui para um evento no Ministério Público, e aí viria um representante do MEC, eu fiquei, não eu tenho que ir, porque vou saber agora como vou contratar o profissional de apoio escolar. O MEC não veio, manda um vídeo, que eu lia praticamente o que tava na Lei, se era para ler eu lia em casa. Ninguém teve sua resposta atendida (ASCCCS). Apesar do empenho da servidora em buscar o deslinde do perfil do profissional de apoio com o MEC e não obter êxito, é um argumento comum que se encontra na escola, quando são abordados diálogos acerca da inclusão. Depara-se comumente no cotidiano escolar com discursos idênticos a esses, os quais delegam a responsabilidades dos entraves de efetivar a inclusão das pessoas com deficiência aos órgãos do Governo que editam a legislação. Tais comportamentos verbais comuns observados, expressam uma forma da manifestação do mecanismo de defesa de negação social, o qual reproduz um dos componentes do preconceito, a atitude, que conduz às crenças cognitivas acerca da inabilidade da deficiência, que estão presentes no simbolismo do sujeito que está praticando a ação de delegar as suas responsabilidades a alguém, ou algo. Com frequência, essas pessoas não apresentam consciência das motivações que a levam a esse comportamento, pois, eles podem existir internamente no sujeito desde a sua tenra infância. Logo, por não estarem

habituados em reconhecer em si tais atitudes incongruentes para modificá-las, como uma forma de proteção a si mesmas, delegam as suas responsabilidades.

Compete elucidar que as legislações editadas pelo Governo Federal, são regulamentações que representam anos de reivindicações de movimentos sociais, e pesquisas na área da educação inclusiva. Acredita-se, que essas Leis quando disponibilizadas para a sociedade, funcionam como um elemento estrutural mínimo para organização social, o básico, o qual deve ser oferecido a todos. Visto que, não há possibilidades das legislações Federais incorporarem as minúcias de cada região do país, ou de cada autarquia que é representante do Estado na região em que está localizado. Essas diretrizes mínimas disciplinadas pelas Leis devem ser cumpridas, mas elas não impedem que os órgãos que representam o Governo Federal adicionem mais fundamentos, por exemplo, representando a realidade daqueles que usufruem de seus serviços. Diante dessa compreensão, no caso do perfil do profissional de apoio, será o órgão, o qual o estudante com deficiência está matriculado, que conhece suas potencialidades, possibilidades e dificuldades, por intermédio de profissionais especializados na área, que refletirão a respeito das necessidades de seus alunos e traçarão o perfil desejado ao profissional de apoio de acordo com cada demanda.