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Esta pesquisa foi desenvolvida alicerçada sob o olhar comprometido com questões profissionais que acompanham o cotidiano da pesquisadora, nas muitas inquietações acerca do papel do IFBA frente a inclusão de alunos com deficiência no ensino médio integrado. Diante disso, despontou o interesse em estudar e compreender as vicissitudes do acesso e da permanência de alunos com deficiência no ensino médio integrado do IFBA. Assim, surgiu o questionamento: Como o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Bahia (IFBA) está promovendo o acesso e a permanência das pessoas com deficiência em seus campi? Por meio desse questionamento obtém-se as respostas aos objetivos gerais e específico desta. Logo, o objetivo deste estudo pode ser considerado cumprido, uma vez que, foram descritas as condições de acesso e de permanência de alunos com deficiência no ensino médio integrado do IFBA.

A pesquisa adota como apoio epistemológico e conceitual os pressupostos da literatura que versa acerca da educação especial na perspectiva da educação inclusiva, educação profissional e tecnológica, e as discussões referentes à relação estabelecida entre a deficiência e a sociedade por meio de movimentos históricos e culturais. E, de forma complementar, para tecer os diálogos em relação a temática da mesma, baseia-se nos referenciais da teoria das representações sociais, a partir da identificação do núcleo central de Jean-Claud Abric. Os elementos do núcleo central, bem como, periféricos, encontrados por intermédio da técnica adaptada de evocação das palavras aplicadas com os atores sociais da pesquisa, conjuntamente, com as entrevistas realizadas, foram analisados e dialogados , incorporando uma triangulação entre os elementos do núcleo central evocados pelos atores sociais e o elemento do núcleo central concebido pela pesquisadora e seu orientador.

Diante desse contexto, encontrou como elementos do núcleo central das representações sociais referentes ao acesso e a permanência de estudantes com deficiência no ensino médio integrado os termos: Direito; Acessibilidade; Política; Informação; Barreiras; Formação/Capacitação. E o elemento postulado pelos autores desta pesquisa: o termo Preconceito. Este elemento está inserido e influencia as ações quer sejam de acesso quanto as de permanência do

público alvo da educação especial no ensino médio integrado do IFBA. Acreditou-se, que esse elemento transpôs os contextos e movimento históricos ao longo do tempo. De outra forma, percorre a relação firmada entre a deficiência e a sociedade, desde a Antiguidade, deslocando-se para o paradigma da institucionalização, integração até os dias atuais, com a inclusão, mantendo-se presente na representação social da deficiência, por meio de conteúdos simbólicos.

Com as informações obtidas nesta pesquisa, a fim de viabilizar a inclusão do público alvo da educação especial no IFBA, verificou-se, que se faz necessário promover mudanças em torno do núcleo central das representações sociais acerca do acesso e permanência de alunos com deficiência no ensino médio integrado da Instituição. Para iniciar essas transformações, sugere-se que a Instituição reúna esforços para transmudar, em um primeiro momento, os elementos periféricos das representações sociais encontrados, e considerados como impeditivos no processo de acesso e permanência, tais como: Dificuldades; Informações acerca do PROSEL; Vontade institucional; Primeiro ano flexível; Apoio. À vista que, os elementos periféricos são mais flexíveis a ressignificações e conseguem através de novas informações e evolução dos contextos sociais, modificar e adaptar seus conteúdos.

Na categoria de análise intitulada Acesso, identificou-se como ações Institucionais facilitadoras do acesso ao público alvo da educação especial a reserva de vagas para as pessoas com deficiência, bem como, a disponibilidade do atendimento diferenciado nos dias das provas do PROSEL. Mesmo com essa assistência, ainda, há um aspecto impeditivo ao acesso, que se configura no elemento periférico do núcleo central das representações sociais, que se referem as informações sobre o PROSEL que não estão acessíveis a todos os alunos com deficiência. Essa situação decorre da escassez de disseminação das informações em relação ao atendimento diferenciado no PROSEL, resultando no não preenchimento de todas as vagas reservadas para pessoas com deficiência. Considera-se tal comportamento institucional, como uma barreira de acessibilidade comunicacional e de informação, motivado por elementos do preconceito que se revela na falta de interesse por parte do IFBA em preencher

todas as vagas reservadas, embora a Instituição entenda que o acesso à educação é um direito da pessoa com deficiência.

No que tange à categoria de Permanência, as ações que contribuem com o prosseguimento dos estudantes com deficiência no ensino médio integrado do IFBA, assentou-se nas práticas executadas pelo NAPNE do campus de Barreiras e pelo CAPNE do campus de Salvador. Os professores entrevistados, apontaram como um fator positivo que coopera para diminuir a ansiedade frente ao processo de ensino focalizado em práticas inclusivas, o apoio e orientações em relação ao perfil do aluno com deficiência, assim como, as suas necessidades a serem atendidas e as possibilidades de desenvolvimento acadêmico. Os docentes acompanharam a implantação do núcleo e enfatizaram os avanços conquistados por ele, diante da troca de gestão do NAPNE. Em relação ao CAPNE do campus de Salvador, essa coordenação é destaca pelos alunos com deficiência como um dos principais facilitadores da permanência deles no IFBA. Conforme, os estudantes com deficiência entrevistados, a coordenação os apoia tanto nas questões acadêmicas com flexibilizações de matérias, como nas demandas emocionais, estimulando-os e acreditando em suas potencialidades.

Ademais, na categoria de análise das informações, Permanência, detectou-se fatores que obstruiu o prosseguir dos alunos com deficiência na Instituição, podem ser citados: Limitada articulação entre os documentos institucionais; Desconhecimento desses documentos institucionais por parte dos servidores tanto da carreira docente quanto técnico-administrativo, bem como, de alguns gestores, em relação aos objetivos e metas para inclusão de alunos com deficiência prescritos nos documentos institucionais. Insuficiência de interações de informações de atividades que favorecem a permanência de alunos com deficiência no ensino médio integrado entre os NAPNE’s dos demais

campi e o CAPNE do campus de Salvador. Além desses, percebeu-se que no

contexto escolar os alunos têm a necessidade de superar barreiras de acessibilidade para continuarem a permanecer em um ambiente escolar que em sua raiz histórica não confere esse espaço de pertencimento às pessoas com deficiência. Em virtude das condições especificas apresentadas pelos alunos com deficiência, tornaram desviantes do perfil almejado pelo tecnicismo, que

prepara para um mercado de trabalho inóspito a alteridade humana. Condizente com o pensar tecnicista, a Instituição no que compete a promover o acesso e permanência de alunos com deficiência no ensino médio integrado, investiu seus recursos em eliminar as barreiras arquitetônicas. Embora, tenha algumas barreiras arquitetônicas a serem suprimidas, mas notou-se, que essa é a menos impeditiva para a inclusão no IFBA. As barreiras de acessibilidade encontradas nesta pesquisa, as quais dificultam a permanência do público alvo da educação especial na Instituição são:

Na comunicação e na informação: Percebeu-se que há escassez de difusão do conhecimento já firmado entre os estudiosos e pesquisadores da área, bem como, a divulgação e troca de experiências das ações institucionais para a inclusão. Como também, diálogos acerca da temática com os alunos e demais servidores.

De acessibilidade atitudinal: Notou-se que há pouco esforço institucional em fomentar ações inclusivas, assim como, oferecer apoio aos profissionais lotados no NAPNE e CAPNE e aos professores da instituição em relação a educação inclusiva. Ainda, a Instituição utiliza-se da burocracia como resultado final dos procedimentos institucionais para que as ações de inclusão não sejam desenvolvidas. E consequentemente, a interpretação do ornamento jurídico de acordo com as conveniências pessoais. Por mais que a Lei seja um texto aberto a inúmeras interpretações, quem a analisa deve embasar-se na hermenêutica do direito, nas concepções teóricas que a norteiam, assim como, na reflexão do seu conteúdo, e principalmente na ética. Tais comportamentos justificados pela ação burocrática e pela interpretação Legal por conveniências pessoais em relação ao desenvolvimento de práticas inclusivas, manifestou implicitamente, o preconceito referente a deficiência. Reflexo dos processos históricos e culturais de consolidação do preconceito acerca da deficiência, revelou-se, neste estudo, como uma barreira de acessibilidade atitudinal que compromete a permanência do estudante com deficiência no ensino médio integrado do IFBA, a crença de inabilidade total evocada pela deficiência pelos próprios alunos com deficiência. Ao mesmo tempo que expressam o desejo de prosseguir o percurso acadêmico, eles se questionaram quanto as suas possibilidades, assim, em alguns

momentos, negando as suas potencialidades frente ao permanecer na Instituição.

De acessibilidade metodológica/pedagógica, verificou-se como impeditivos a permanência de alunos com deficiência no ensino médio integrado, o próprio currículo integrado, o qual não está alinhado à concepção filosófica e prática de currículo integrado. Dessa forma, tornou-se um entrave para a flexibilização pedagógica. A metodologia e práticas adotados pelos professores, em algumas circunstâncias do fazer pedagógico não estão em alinhamento com a perspectiva inclusiva de adaptar-se as necessidades de todos os alunos em sala de aula. Poucos materiais dispostos em LIBRAS e Braille nas bibliotecas dos dois campi em que o estudo se sucedeu. Escassez de recursos de tecnologia assistiva. Impasses na estruturação e planejamento do AEE. E o grau de exigências acadêmicas no primeiro ano no ensino médio integrado.

Um dos fatores acerca das dificuldades encontradas para a permanência de discentes com deficiência, apontados por quinze dos dezesseis atores sociais desta pesquisa é a ausência de uma formação/capacitação continuada referente a educação especial na perspectiva da educação inclusiva.

Diante das revelações desta pesquisa, somado ao olhar comprometido com a inclusão das pessoas com deficiência no contexto escolar e com a responsabilidade da função social do servidor público, os pesquisadores posicionam-se que para construção de um ensino médio integrado inclusivo, faz- se necessário um investimento Político do IFBA nas ações de acesso e permanência. A sugestão do investimento Político do IFBA referenciado neste estudo, é alicerçado nas concepções de Paulo Freire (2011) da educação como um ato político. No sentido de transformar os conhecimentos simplistas da realidade em uma visão holística, do todo, do mundo. Modificando os contextos sociais e permitindo que ele transforme os sujeitos. Promovendo crítica dos contextos sociais e da educação, buscando uma postura reflexiva das práticas educacionais. Para que isso ocorra, é indispensável que o IFBA, assim como, seus gestores e servidores assumam um comprometimento maior com a inclusão de pessoas com deficiência no ensino médio integrado. É importante que toda a comunidade acadêmica refletia acerca das práticas de acesso e permanência realizadas, buscando ressignificá-las, por meio de um acolhimento