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2.1.3 A Rede Federal de Educação, Ciência e Tecnologia

2.1.3.2 Ensino Médio e Ensino Médio Integrado, etapa final da educação básica

2.1.3.2.2 Ensino médio integrado

Através do Decreto n° 5.154/2004 foi permitido que as instituições de ensino técnico de nível médio retomem o ensino médio integrado. Quando utilizado o termo ensino médio integrado, significa que ao mesmo tempo e com uma única matrícula em uma mesma instituição, o aluno cursa um ensino que o habilita em uma formação profissional e no ensino médio. Geralmente as instituições que oferecem essa modalidade de ensino são os institutos federais. O arranjo curricular é composto por disciplinas técnicas e propedêuticas, os alunos cursam um maior número de disciplinas em tempo integral, comparado ao ensino médio sem habilitação profissional.

A origem da forma integrada surge no renascimento e está associada a uma educação socialista, a qual tem por objetivo o ser omnilateral, isto é, formar o sujeito na sua integralidade física, mental, cultural, política, científico- tecnológica (CIAVATTA 2006). Segundo Ramos (2008), a educação integrada é

sustentada por dois pilares uma escola unitária e politécnica. Unitária garantindo o direito do conhecimento a todos, sem discriminação. Politécnica no sentido de uma educação que oportuniza a compreensão dos princípios científico- tecnológicos e históricos da produção moderna, de modo a orientar os alunos à realização de múltiplas escolhas. A autora corrobora também com a análise do conceito de integração no processo formativo em três sentidos que se completam. O primeiro sentido da integração é filosófico, relacionado a formação humana omnilateral, com base na integração de todas as dimensões fundamentais da vida que estruturam a prática social. As dimensões fundamentais são o trabalho, a ciência e a cultura. O trabalho compreendido no sentido ontológico, isto é, como processo inerente de formação e da realização humana e não como uma prática econômica de sustentabilidade financeira. A dimensão da ciência colabora com o processo formativo integrador do conhecimento elaborado pela humanidade através da interação sujeito – trabalho, que se legitimam socialmente como conhecimentos válidos, uma vez que explicam a realidade e proporcionam modificações nela. A cultura como dimensão integradora dos valores éticos, morais, simbólicos que constituem um grupo social. Dessa forma:

Compreender a relação indissociável entre trabalho, ciência e cultura significa compreender o trabalho como princípio educativo, o que não se confunde com o “aprender fazendo”, nem é sinônimo de formar para o exercício do trabalho. Considerar o trabalho como princípio educativo equivale dizer que o ser humano é produtor de sua realidade e, por isto, se apropria dela e pode transformá-la. Equivale dizer, ainda, que nós somos sujeitos de nossa história e de nossa realidade (RAMOS,2008, p.4).

O segundo sentido da integração é a indissociabilidade entre a educação profissional e a educação básica. É uma forma de se promover a unidade entre o trabalho intelectual e o manual, onde o jovem se relaciona com a técnica, tecnologia como ciência materializada em força produtiva, aprende o significado pleno, formativo do trabalho. Já o terceiro sentido da integração está associado a agregação dos conhecimentos gerais com os específicos formando uma totalidade curricular. Por isso, não há como desvincular as duas categorias de conhecimento, elas se completam (RAMOS, 2008).

Ciavatta e Ramos (2011), discorrem que para implementar um ensino médio integrado é necessário um projeto firme e coerente, o qual supere a

mentalidade conservadora dos padrões pedagógicos vigentes, bem como, de posições políticas contrarias a formação integrada e da educação emancipatória que possibilite uma visão crítica embasada no contexto histórico-social.

DEFICIÊNCIA, SOCIEDADE E REPRESENTAÇÕES SOCIAIS

O tornar-se pessoa está ancorado na interação do sujeito biológico com o social e a cultura a qual está inserido. Assim, são muitos os fatores que contribuem para o desenvolvimento de um sujeito. Nas interações sociais, tanto um grupo de indivíduos (que estão representando um segmento da sociedade), quanto o sujeito por si mesmo categorizam as pessoas e os objetos que o cercam. Ao longo deste capítulo esses pontos de categorização e representação serão mais elucidativos por meio de assinalamentos dos autores que discutem a microssociologia e as representações sociais.

E durante o desenvolvimento humano, a pessoa se enquadra em muitas categorias sociais como por exemplo: homem, mulher, criança, adolescente, aluno, filho, mãe, pai, marido, esposa entre outros. Logo, em uma etapa qualquer do desenvolvimento, um sujeito não pertence apenas a uma categoria, e sim há muitas. Quando um aluno com deficiência começa a frequentar o ensino regular, ele está inserido em muitas categorias sociais e com suas representações que estão além da categoria social de pessoa com deficiência. Os trabalhos consultados por esta pesquisadora que versam acerca do acesso e permanência de alunos com deficiência no ensino regular, pouco abordam outras categorias sociais que o aluno pertence. Sabe-se que há vários fatores que influenciam no processo de ensino-aprendizado dos alunos, e os quais estão diretamente relacionadas as condições que favorecerão a permanência do aluno com deficiência no ensino regular. Nesse sentido, considerando a totalidade do sujeito que aprende, bem como, as necessidades de uma pessoa com deficiência, é de suma importância que este trabalho aponte os aspectos sociais da deficiência, como também, ressalte a fase do desenvolvimento humano que se encontra um estudante do ensino médio integrado. E da mesma forma, apontar como é construída uma representação social de um determinado sujeito e categoria social.

Acredita-se, que esses temas levantados acima, influenciam no acesso e na permanência do público alvo da educação especial no ensino regular. E o

conhecimento e reflexão sobre esses pontos podem contribuir com estratégias e ações para uma efetiva permanência desse público no ensino regular.

2.2.1 Deficiência e Sociedade Breve histórico da relação deficiência e