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10 RESULTADOS: CAMINHANDO SE FAZ O CAMINHO TRECHO

10.2 Acessibilidade no trecho

A utilização do Check-list para auxiliar no destaque dos pontos mais críticos detectados em cada trecho foi de grande valia para a confirmação dos níveis de acessibilidade aferidos a cada um deles (Apêndice 02).

Considerando as intervenções realizadas durante o período focalizado na pesquisa, pode-se dizer que, entre os setores que integram o trecho 1, algumas calçadas da Avenida Deodoro e da Rua João Pessoa, podem ser consideradas parcialmente acessíveis, pela suas dimensões e condições de nivelamento, apesar de alguns problemas de inadequação às normas, devido ao tempo em que as obras foram executadas (Figuras 172, 173 e 174). Entre eles, o material adotado para a pavimentação (mosaico trotoir), para a sinalização tátil (seixos rolados), e a ausência de vagas preferenciais reservadas para pessoa com deficiência. Somam - se a estas condições, a precária manutenção dos mobiliários e a inadequação dos elementos urbanos, tais como tampas de passagem de serviços públicos e grelhas de drenagem (Figuras 175, 176 e 177).

Fotografia 172: Calçada na Rua João Pessoa Foto: Teresa Pires (Dez/2007)

Fotografia 173: Detalhe de guia rebaixada - Av. Deodoro

Foto: Teresa Pires (Dez/2007)

Fotografia 174: Calçada na Av. Deodoro

Fotografia 175: Detalhe - Elementos urbanos - Rua

João Pessoa Foto: Teresa Pires (Dez/2007)

Fotografia 176: Detalhe Mobiliário - Rua João Pessoa

Foto: Teresa Pires (Dez/2007)

Fotografia 177: Detalhe - Grelhas de drenagem Rua

João Pessoa Foto: Teresa Pires (Dez/2007)

Apesar da intervenção realizada por meio dos programas públicos, percebe - se claramente que a falta de planejamento de ações, sobretudo, de articulação entre os diversos órgãos municipais, contribuíram para que as obras executadas apresentem grande diferenciação em seus aspectos estéticos / formais.

Podem-se identificar no Trecho I, as mais variadas tipologias de guias, sinalizações e mobiliários, totalmente inadequados à NB9050/94, vigente à época da implantação, e até a publicação da norma sucedânea, em 2004.

Mais grave, ainda, é a ausência total de guias rebaixadas em diversas travessias, assim como a não correspondência entre si, quando existentes de um lado da via. (Figuras 178, 179, 180 e 181)

Fotografia 178: Guia rebaixada Rua João Pessoa Foto: Teresa Pires (Dez/2007)

Fotografia 179: Guia rebaixada Rua João Pessoa Foto: Teresa Pires (Dez/2007)

Pode-se dizer que, aparentemente, os conflitos detectados neste trecho inicial, da pesquisa de campo não comprometem a mobilidade dos pedestres e a fluidez nos percursos. Entretanto, ao experimentar algumas situações em deslocamento, por exemplo, nas calçadas mais largas, perde-se a referência do meio-fio ou dos limites lindeiros, o que concorre para a sensação de perda de orientação no espaço, principalmente tratando-se de uma pessoa com visão residual ou cega.

Por outro lado, calçadas mais estreitas e confinadas em vias onde o automóvel ocupa praticamente toda a extensão ao longo do meio - fio, também comprometem a continuidade e o ritmo dos deslocamentos, jogando, muitas vezes, o pedestre para o leito da via; situação que ocorre frequentemente no prolongamento da Rua Coronel Cascudo, em direção à Avenida Deodoro.

A ausência de calçadas em alguns setores, e o mau posicionamento de elementos urbanos, também contribui para a repetição desse tipo de comportamento, como pode ser observado na Rua Felipe Camarão, entre a Rua Apodi e Rua General Osório (Figuras 182, 183 e 184).

A sinalização inadequada, seja pelo material, seja pela forma de aplicação, também constitui um conflito, na medida em que não se obtém uma padronização na informação pretendida.

Fotografia 180: Falta guia correspondente Rua João Pessoa.

Foto: Teresa Pires (Dez/2007)

Fotografia 181: Ausência de guia rebaixada. Rua João Pessoa.

Foto 182: R.Coronel Cascudo, em direção à Avenida

Deodoro.

Foto:Teresa Pires (Nov./2007)

Foto 183: R.Felipe Camarão em direção à Rua Gen.

Osório.

Foto: Teresa Pires (Nov./2007)

Foto 184: R. Felipe Camarão esquina com R.Apodi Foto: Teresa Pires (Nov./2007)

De um modo geral, verificou - se, durante as caminhadas realizadas nas vias que integram o Trecho 1 da pesquisa de campo, que as situações mais recorrentes são relativas à inadequação das intervenções face à legislação vigente, e por outro lado, a impossibilidade de se adotar medidas ideais para promoção de acessibilidade plena, em alguns setores deste trecho, sobretudo aqueles integrantes da área mais central, que corresponde ao Centro Histórico Cultural. Isto porque, nessas áreas, o traçado das vias, assim como a ocupação dos lotes, se deu de modo a não considerar a importância das calçadas.

Neles, a maioria das edificações ocupa toda a frente dos lotes, chegando a confinar a via, como ocorre na Rua Apodi, no sentido da Rua Santo Antônio (Figuras 185 e 186).

Complementando o circuito deste trecho em análise, ressalte - se a presença de grelhas de drenagem que invadem as calçadas, ocupando as faixas que deveriam ser reservadas ao passeio dos pedestres. O trecho da calçada da Rua João Pessoa, compreendido entre a Rua Princesa Isabel e a Av. Rio Branco, bem como a Rua Coronel Cascudo, no trecho destinado exclusivamente aos pedestres, retratam as péssimas condições em que se encontram este tipo de elemento, onde o lixo e a água se acumulam, exigindo que o poder público formule soluções alternativas para a captação das águas de chuvas que vêm das coberturas dos edifícios que ladeiam as calçadas. Este é um exemplo típico de invasão do espaço de todos pelo interesse privado, permitido pelo poder público (Figuras 187 e 188).

Fotografia 185: Aspectos gerais da Rua Apodi. (Ao fundo, a Igreja do Galo )

Foto: Teresa Pires (Dez/2007)

Fotografia 186: Aspectos gerais da Rua Apodi em direção à Igreja do Galo

Foto: Teresa Pires (Dez/2007)

Fotografia 187: Grelhas no passeio público

Foto: Teresa Pires (Dez/2007) Fotografia 188: Grelhas no passeio públicoFoto: Teresa Pires (Dez/2007)

Além da falta de disciplina quanto à ocupação do solo, os usos indevidos e invasivos do passeio público caracterizam a falta de planejamento e fiscalização, decorrentes da ausência de uma política pública que direcione as intervenções no espaço urbano, a despeito das legislações existentes.

Considerando que a função básica das calçadas é permitir o deslocamento a pé, as calçadas que integram o Trecho 1 da pesquisa de campo, apresentam - se com problemas que restringem, de certa forma, o uso do espaço a alguns pedestres - os que podem enxergar por onde andam e podem, sobretudo, andar.

O quadro resumo dos principais conflitos detectados no Trecho 01 demonstra que os maiores problemas estão relacionados às calçadas mal cuidadas e ocupadas indiscriminadamente por todo tipo de barreiras, inclusive, humanas.

A pontuação final do Trecho 01 totalizou um nível de acessibilidade de 31,4 %, muito aquém do esperado, face ao volume de intervenções realizadas (Figura 189).

Figura 189: Quadro sintético do Trecho 1