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Fonte: SEMURB /2006, adaptação da autora

No século XX, a derrubada de antigos casarões deu início à destruição paulatina da memória arquitetônica dessa região da cidade, pois novos usos foram (e ainda estão sendo) implantados para oferecer suporte a novas atividades sobretudo comércio e serviços bancários (Figuras 100, 101, 102 e 103).

A partir de 1970 surgem os edifícios de escritórios, comércio e prestação de serviços bancários, consoantes com o processo de verticalização que se consolidou como uma marca dos tempos modernos, tomando o lugar de alguns exemplares únicos dos tempos áureos da sociedade potiguar; assim como a necessidade de abrir espaços para o automóvel e as infra - estruturas de suporte aos novos usos do Cidade Alta

NATAL/RN N

centro histórico têm contribuído, aos poucos, para a expulsão de grande parte da população do centro da Cidade Alta.

A malha urbana, hoje existente, é fruto da ocupação irregular característica da colonização portuguesa: das artérias principais, (a Av. Deodoro da Fonseca e Av. Rio Branco) partem ruas estreitas e descontínuas, seguido a topografia, com calçadas confinadas entre os limites de lotes e a via carroçável das ruas, culminando em becos e alguns largos. Resultante ainda da imagem centrada em elementos arquitetônicos que simbolizavam o poder político e econômico, a área central do bairro parece ter estagnado, mantendo-se o padrão tradicional da praça ladeada por edificações geminadas de menor porte.

Fotografia 100: Praça Padre João Maria, no início do Século XX

Fonte:http://www.natal.rn.gov.br/semurb/bairros/l este/cidade_alta

Fotografia 101: Praça Padre João Maria, nos dias atuais

Foto: Teresa Pires ( Nov./2007)

Fotografia 102: Av. Deodoro, no início do Século XX.

Fonte:http://www.natal.rn.gov.br/semurb/bairros/l este/cidade_alta (PMN)

Fotografia 103: Av. Deodoro, em meados do Século XX

Fonte:http://www.natal.rn.gov.br/semurb/bairros/le ste/cidade_alta (PMN)

O bairro apresenta - se circundado por assentamentos de variadas tipologias, desde aqueles característicos dos bairros de Tirol e Petrópolis, tradicionais bairros residenciais da elite potiguar, consolidados a partir do período que antecedeu à II Guerra Mundial, e, que nos últimos anos vêm também sofrendo grandes transformações, incluindo mudanças de usos e ocupação, decorrentes das demandas por serviços e comércio diferenciados, para a população de média a alta renda, daqueles bairros (Figura 104).

Figura 104: Mapa de Articulação geográfica / Localização e limites do Bairro Cidade Alta - Natal/RN Fonte: Base da Prefeitura Municipal do Natal (2006) e adaptação do autor

De acordo com o Censo de 2000, a população da Cidade Alta, é de 6.692 habitantes. Tal população reside, em sua maioria (87,72%) em unidades habitacionais unifamiliares, com uma predominância de mulheres (55,96%).

A mesma contagem censitária revelou que no bairro existem 1.809 domicílios particulares permanentes, com uma média de 3,60 moradores por unidade habitacional. Entre elas existem edificações exemplares típicas da ocupação histórica do bairro, algumas das quais em estado de abandono, como ocorre, por exemplo, na rua da Conceição (Fotos 105 e 106).

Fotografia 105 - Conjunto arquitetônico - Rua da Conceição - Cidade Alta

Foto: Teresa Pires (Nov./2007)

Fotografia 106 - Conjunto arquitetônico - Rua da Conceição - Cidade Alta

Foto: Teresa Pires (Nov./2007)

A infra - estrutura consolidada atende às demandas da população residente, contando com abastecimento de água, saneamento, luz, telefonia, coleta regular de lixo, escolas, posto de saúde, ruas drenadas e pavimentadas45 e muitas linhas de

transportes urbanos. Na área central, circunvizinhas às praças, concentram - se as paradas e plataformas de transferência de transportes coletivos, que interligam a Cidade Alta a outros bairros. É também nessa área denominada de Parada Metropolitana, onde foram instalados quiosques de serviços para os usuários do espaço.

Entretanto, tais equipamentos não foram devidamente dimensionados para o atendimento universal (Figuras 107 e 108).

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De acordo com a SEMOV - Secretaria Municipal de Obras e Viação, o bairro é 100% drenado e pavimentado (2006)

Esta área central é, também, onde se encontra preservada uma discreta arborização, nos espaços amplos das praças, de onde ainda se vislumbra o Rio Potengi, por entre as ruelas remanescentes da ocupação original do bairro. (Figura 109)

Fotografia 107: Parada Metropolitana Cidade Alta Natal/RN Foto: Teresa Pires (Nov./2007)

Fotografia 108: Parada Metropolitana Cidade Alta Natal/RN Foto: Teresa Pires (Nov./2007)

Conforme o Macro Zoneamento da Cidade do Natal, o bairro da Cidade Alta está inserido na Zona Especial de Preservação Histórica46 e, segundo a atual regulamentação da área47, integra a Zona Adensável e inscrito em uma Área de

Operação Urbana, prescrevendo parâmetros para toda a Área Urbana limitando a ocupação ao coeficiente de aproveitamento básico de 1,2 (vezes a área do lote).

Quanto aos usos predominantes, o bairro combina usos residenciais antigos, sendo estes os mais incidentes, caso seja considerada a sua totalidade.

No entanto, a população efetiva assentada na sua área central é menos representativa, uma vez que aparecem em maior percentagem, os usos comerciais e de prestação de serviços, com variada oferta e grande afluência de pessoas.

O bairro também abriga um conjunto arquitetônico de grande significado histórico/cultural para Natal, há muito tempo exigindo ações que propiciem sua valorização para a memória da cultura local.

46ZEPH - lei nº. 3.942 de 09 de julho de 1990

As praças e as edificações históricas são espaços que fazem parte dos roteiros de passagem da maioria das pessoas que transitam naquela área, distanciando-se, de certa forma, do seu caráter contemplativo e integrador.

Quanto ao parcelamento do solo, os lotes são estreitos e alongados, de modo que as edificações, em sua maioria, térreas, são construídas sobre o alinhamento dos terrenos e encostadas umas às outras.

No entanto, a área de estudo abriga usos diferenciados, sobretudo o comercial e prestação de serviços. O uso misto aparece discretamente, naquelas edificações onde os pavimentos térreos cedem lugar à atividades de comércio ou prestação de serviços, sem levar em conta os problemas relacionados com o acesso das pessoas, sobretudo daquelas em condição de mobilidade reduzida ou deficiência.( Fig. 110)

Fotografia 109 - Assentamento antigo, no centro da Cidade. Ao fundo, o Rio Potengi.

Foto: Teresa Pires (Nov./2007)

Fotografia 110 - A acessibilidade não é considerada nas edificações mais antigas.

Foto: Teresa Pires (Nov./2007)

Atualmente, percebe - se que o bairro da Cidade Alta sofre uma desqualificação de seus espaços de uso coletivo e de moradia, face à migração da população residente para áreas mais novas, seguras ou tranqüilas, bem como à evasão do público consumidor em geral, diante da grande oferta de espaços de compras e negócios in door locados nos diversos shoppings centers da Capital.

No entanto, a despeito de tantos problemas estruturais, a Cidade Alta é um centro econômico e comercial popular - um shopping a céu aberto, pode-se dizer, que atende a um contingente típico da população de Natal, especialmente por acomodar grande variedade de pontos comerciais e serviços, sobretudo bancários,

sem falar do comércio informal que disputa espaço com os pedestres nas calçadas (Figuras 111, 112 e 113).

Fotografia 111 - Centro Comercial da Cidade Alta

Foto: Teresa Pires (Nov./2007)

Fotografia 112 - Centro Comercial da Cidade Alta Foto: Teresa Pires (Nov./2007)

Fotografia 113 - Shopping Popular - Cidade Alta Foto: Teresa Pires (Nov./2007)

A acessibilidade passa então a constituir uma qualidade do espaço que poderá vir a atrair um contingente de pessoas, incluindo pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida, que, além do interesse pelo fatos históricos, pela peculiaridade dos edifícios e espaços de repouso e lazer contemplativo, representam um novo mercado consumidor, justificando, pelo viés econômico, os investimentos a serem aplicados na área.