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10 RESULTADOS: CAMINHANDO SE FAZ O CAMINHO TRECHO

10.1 Análise Técnica do Trecho

Este trecho não apresenta muitas ocupações residenciais, estando estas localizadas nas vias secundárias, de menor porte, nas quais, contrariamente ao que se espera, o fluxo de veículos é intenso por se tratarem de corredores de ligação entre os eixos principais, quer sejam: a Rua João Pessoa, a Avenida Rio Branco e a Rua Princesa Isabel e Rua Ulisses Caldas.

A grande afluência de veículos particulares nessa área se dá a despeito da precariedade de zonas específicas para estacionamento. Uma explicação para tal fato é que as linhas de transportes coletivos que servem à malha viária do centro não trafegam em todo o quadrilátero, estando limitadas às Avenidas Deodoro, Rio Branco e Ruas Apodi e Ulisses Caldas, além das linhas que circulam na área mais central, na Parada Metropolitana.

O local é marcado por uma grande diversidade de informações, sobretudo, considerando os padrões adotados para pisos, sinalizações e implantação de mobiliários, pois trata - se da intervenção inicial do Projeto Cidade para Todos . Nota - se, claramente, que a falta de experiência e conhecimento sobre o tema contribuíram para a adoção de parâmetros, muitos deles, desvinculados das normas técnicas contidas na NB9050/94, mas que à época pareciam corretos, refletindo - se especialmente, na falta de padronização, dimensionamentos de guias rebaixadas, sinalização e mobiliários.

Partimos do princípio de que as calçadas são o espaço público da acessibilidade; nesse sentido, as condições, atualmente existentes, não condizem com os critérios universais de acesso.

Figura 146: Mapeamento do percurso no Trecho 1 Fonte: Construção do autor sobre mapa da SEMURB/2006

As calçadas da Rua João Pessoa, assim como as da Av. Deodoro, por exemplo, possuem um bom dimensionamento, com larguras médias superiores a 2,50 m (dois metros e meio), niveladas, praticamente, contínuas, em todo o percurso; entretanto, as intervenções realizadas já se encontram descaracterizadas, exigindo urgente adequação. Tal constatação é confirmada pela presença de canaletas de drenagem pluvial ao longo da Rua João Pessoa, no trecho compreendido entre a Rua Princesa Isabel e Av. Rio Branco (Figuras 147 e 148).

Fotografia 147: Calçada na Av. Deodoro

Foto: Teresa Pires (Nov./2007) Fotografia 148: Calçada na R. João PessoaDestaque para a vala de drenagem Foto: Teresa Pires (Nov./2007)

O material utilizado para sinalização, a princípio, seixos rolados assentados em argamassa de cimento e areia, encontra-se danificado e inadequado à finalidade a que se destina.

A sinalização implantada à época da obra objetivava oferecer uma informação de alerta quanto a uma situação de risco; porém, o próprio material adotado é por si só, de segurança duvidosa, já que, em função de sua superfície lisa e arredondada, fica muito escorregadio em dias de chuva. (Figuras 149, 150, 151 e 152)

Fotografia 149: Sinalização de guias na Rua João Pessoa

Foto: Teresa Pires (Nov./2007)

Fotografia 150: Sinalização de grelhas de drenagem na Rua João Pessoa

Foto: Teresa Pires (Nov./2007)

Fotografia 151: Condições da calçada em um trecho da R. João Pessoa

Foto: Teresa Pires (Nov./2007)

Fotografia 152: Cruzamento entre as Ruas João Pessoa e Princesa Isabel

Foto: Teresa Pires (Nov./2007)

Observou-se que, posteriormente, este tipo de revestimento foi substituído, em alguns trechos do percurso, por lajotas de concreto, no padrão brotoeja , porém sem que fossem atendidos os critérios exigidos na NB9050/1994 para este material. Este foi um modelo elaborado na segunda etapa de obras, em parceria com a empresa responsável pelos serviços, após estudos com a equipe de projetos, que decidiu por um tipo de material com mais rugosidade superficial, sendo ao mesmo tempo, seguro e resistente. (Figuras 153 e 154)

Fotografia 153: Tipo de material implantado para sinalização de alerta - Rua João Pessoa

Foto: Teresa Pires (Nov./2007

Fotografia 154: Tipo de material de alerta encontrado na Praça Pe. João Maria

Foto: Teresa Pires (Nov./2007)

Nesses trechos, a implantação do mobiliário seguiu um critério que partiu do princípio de liberar uma parte contínua da calçada, para circulação de pedestres; no seu trecho mais largo, na Rua João Pessoa, oferecendo alguns bancos para repouso, sob as raras árvores existentes na época. Percebe-se que eles não adotaram um único padrão de posicionamento, bem como de tipo de material.

Estes se encontram totalmente inadequados à norma técnica atual55, seja

pelo tipo de material, dimensionamento e ausência de sinalização em alguns módulos, sem contar que se apresentam depredados, retratando falta manutenção regular (Figuras 155 e 156).

Não sendo possível relocar os postes e as tampas das caixas de visita das instalações subterrâneas existentes, percebe-se a intenção de sinalizá-los com o material tátil adotado naquela intervenção, sem que, no entanto este procedimento tenha oferecido a informação necessária.

Há locais críticos onde o conflito entre estes elementos e o deslocamento do pedestre fica evidente, obrigando-os a uma mudança em seus trajetos para superar tais barreiras. Pode-se dizer que o mesmo ocorre com as canaletas e grelhas de drenagem: a impossibilidade de implantar redes subterrâneas concorreu para que este tipo de solução fosse adotado, constituindo uma outra barreira - seja pela localização, ocorrendo em muitos trechos, no meio do passeio público, como também pelo tipo e dimensionamento dos materiais (Figuras 157 e 158).

Fotografia 155: Tipo de mobiliário implantado e condição de uso atual. Rua João Pessoa.

Foto: Teresa Pires (Nov./2007)

Fotografia 156: Condição em que se encontram os bancos públicos. Rua João

Pessoa.

Foto: Teresa Pires (Nov./2007)

Salienta-se no Trecho 1, a presença de estabelecimentos bancários e lojas de porte, os quais foram obrigados, por força da legislação local - Lei 4090/92 , do Código de Obras, e posteriormente, das normas técnicas e do Decreto Federal no 5.296/04, a implantar soluções de acessibilidade para os clientes, usuários dos serviços oferecidos. Estas soluções compreendem desde revestimentos da calçada e implantação de sinalização e rebaixamento de guias, até a instalação de equipamento de acesso mecânico56. (Figuras 159, 160, 161 e 162)

56 PDV - Plataforma de deslocamento vertical. Fotografia 157: Condição em que se encontram as calçadas entre a R. Princesa

Isabel e Av. Rio Branco. Foto: Teresa Pires (Nov./2007)

Fotografia 158: Condição em que se encontram as calçadas entre a R. Princesa

Isabel e Av. Rio Branco. Foto: Teresa Pires (Nov./2007)

Fotografia 159: Calçada com revestimento e sinalização recentes, Rua

João Pessoa Foto: Teresa Pires (Nov./2007)

Fotografia 160: Calçada com revestimento e sinalização recentes, feitos pela iniciativa

privada

Foto: Teresa Pires (Nov./2007)

Fotografia 161: Plataforma de deslocamento vertical, Rua João Pessoa.

Foto: Teresa Pires (Nov./2007)

Fotografia 162: Perda de continuidade das calçadas, Rua Gal. Osório.

Foto: Teresa Pires (Nov./2007)

Quanto à oferta de vagas reservadas para veículos conduzidos por, ou para pessoa com deficiência, foi encontrada apenas uma vaga na Rua João Pessoa, com demarcação próxima a uma guia rebaixada, sinalizada verticalmente, porém ocupada por um veículo não identificado para tal. Observa-se que este é um comportamento comum em diversos pontos da cidade, como também se pode perceber no caso de veículos estacionados obstruindo as guias rebaixadas,

caracterizando uma freqüente barreira atitudinal. O desconhecimento sobre os critérios de implantação, sinalização e utilização dessas vagas cujo uso é exclusivo para veículos conduzidos por ou para pessoa com deficiência, levou um comerciante local a demarcar uma área em frente ao seu estabelecimento, com o símbolo internacional, indicando, que aquele era o local para acesso de pessoas usuárias de cadeira de rodas. O que não se justifica - não há porque demarcar com o SIA, o acesso, que deve ser oferecidos a todos, indiscriminadamente. Tal fato repete-se na Rua Princesa Isabel, com a demarcação de uma rampa improvisada indicando acesso. Ou seria a identificação da vaga para a cadeira de rodas, considerando que, em ambos os casos, a edificação não é acessível? (Figuras 163, 164 e 165)

Figura 163 - Vaga preferencial ocupada por veículo não - autorizado. Rua João Pessoa.

Foto: Teresa Pires (Nov./2007)

Fotografia 164: Calçada de estabelecimento comercial. Rua João

Pessoa. Foto: Teresa Pires

(Nov./2007)

Fotografia 165: Rampa de acesso a estabelecimento comercial. Rua Princesa

Isabel.

Foto: Teresa Pires (Nov./2007)

Com relação às vias secundárias que integram o Trecho 1, estas, correspondem às ruas Felipe Camarão, José de Alencar, General Osório e Princesa Isabel, cujas calçadas apresentam tipologias bastante diferenciadas. A maioria delas são estreitas indefinições quanto ao revestimento com piso de alerta ou guias rebaixadas que tenham sido executadas durante o Projeto Cidade para Todos . Ao contrário de algumas intervenções identificadas que reportam a soluções pontuais e recentes, executadas, em sua maioria segundo o interesse do empreendedor do setor privado, em trechos privilegiados, onde as calçadas são bem dimensionadas e as obras aparentam um melhor padrão de qualidade e manutenção (Figuras 166, 167 e 168).

Destaca - se, entre estas, a Rua Ulisses Caldas, importante via do bairro que integra a malha viária para escoamento de transportes coletivos, apresentando-se

ocupada por comércio variado e prestação de serviços, praticamente em toda a sua extensão. A Rua Ulisses Caldas não sofreu intervenções significativas quanto à acessibilidade, apresentando feições diferenciadas quanto ao dimensionamento e revestimento das calçadas e algumas tentativas para implantação de guias rebaixadas, o que se pode observar nas pesquisas de campo.

Quanto aos equipamentos e mobiliários urbanos, sobretudo postes e telefones públicos, eles estão assentados sobre as calçadas de modo indiscriminado, concorrendo com os ambulantes e pedestres que se amontoam nas paradas de ônibus. São barreiras quase intransponíveis, em se tratando da confluência entre as ruas Ulisses Caldas e a Princesa Isabel, onde a disputa por espaço também ganha o asfalto, numa competição entre pedestres e automóveis. (Figuras 169, 170 e 171)

Fotografia 166: Calçadas na Rua General Osório Foto: Teresa Pires (Dez/2007)

Fotografia 167: Calçadas na Rua Felipe Camarão Foto: Teresa Pires (Dez/2007)

Fotografia 168: Calçadas na Rua Felipe Camarão Foto: Teresa Pires (Dez/2007)

Fotografia 169: Aspectos gerais da Rua Ulisses

Caldas.

Foto: Teresa Pires (Dez/2007)

Fotografia 170: Aspectos gerais da Rua Ulisses

Caldas.

Foto: Teresa Pires (Dez/2007)

Fotografia 171: Aspectos gerais da Rua Ulisses

Caldas.

Foto: Teresa Pires (Dez/2007)