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Ao considerarmos as áreas centrais de cidades cujas intervenções recentes vêm promovendo o uso diferenciado e a revitalização de conjuntos históricos pitorescos, percebemos o quanto ainda há por ser feito quanto à adoção de preceitos mínimos de desenho universal, a fim de estabelecer níveis aceitáveis de acessibilidade, embora por si, a acessibilidade seja dinâmica e esteja sujeita a mudanças em função da própria natureza do espaço urbano e suas múltiplas possibilidades de usos e diferenças individuais. Logo, independente dos atributos localizados, qualquer sítio tornado acessível não pode ser considerado definitivamente como tal. O desenho universal, neste sentido, confere a possibilidade de minimizar os riscos e flexibilizar os usos, por meio de intervenções de fácil assimilação e apreensão. Ou seja, é essencial a manutenção continuada dos espaços e seu mobiliário para a garantia de que as adaptações e equipamentos permaneçam íntegros e eficientes. Para tanto, é preciso estimular a cooperação popular através da educação.

Nos sítios urbanos centrais, geralmente oriundos de ocupações antigas, e em suas edificações, a acessibilidade está sendo deflagrada a partir da demanda resultante do processo de inclusão, implicando em soluções pontuais e, por vezes improvisadas, como observado na Cidade Alta, em Natal. Ali, as intervenções empreendidas durante a vigência do Convênio com o Governo Federal e com recursos do programa Cidade para Todos estavam limitadas a intervenções restritas, no máximo, à execução de guias rebaixadas e adaptação de passeios, realizadas num padrão técnico inadequado, tanto quanto ao dimensionamento quanto aos materiais adotados. Por outro lado, tal atividade, àquela época, foi considerada também pioneira no que se refere à alternativa de materiais utilizados para atender aos requisitos da NB9050/1994.

A interação dos dois temas - acessibilidade e comportamento tornaram possível o diagnóstico das condições físicas de acessibilidade nas áreas consideradas na dissertação, a partir do conjunto de métodos associados, quais sejam a análise documental, pesquisa de campo exploratória, levantamentos e observação direta, objetivando consolidar o conhecimento do problema e a identificação in loco dos atributos ambientais pertinentes à acessibilidade, interação com os usuários e analise através da observação direta dos seus deslocamentos

confirmando a (in) competência dos ambientes com relação aos pedestres que o percorrem.

As reflexões que antecedem este capítulo destacaram conceitos significativos sobre acessibilidade no âmbito urbano, desenhando, também, sua relação com os espaços de interesse histórico e cultural, face às suas novas funções e as condições de acessibilidade oferecidas para o deslocamento seguro, objeto dessa pesquisa. Considera - se que a inclusão, objetivo maior pretendido com as ações de acessibilidade, se traduz pela participação eqüitativa de todos os cidadãos a partir do seu acesso aos mais diversos lugares e atividades, com atenção especial para pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida. Assim, compreender a melhor forma de se proporcionar condições de acessibilidade minimamente adequadas (considerando a diversidade das pessoas e a natureza de suas limitações) é de suma importância para que se busque a superação de limites físicos, por meio de ações concretas.

Portanto, as informações oferecidas até o momento subsidiam a pesquisa pois oferecem ao leitor entendimento básico sobre questões históricas relativas à acessibilidade e sobre as relações ambiente usuários, indicando que o meio pode ser hostil (reforçando as limitações individuais), tornar - se desafiador (gerando a superação) ou mostrar - se plenamente acolhedor (acessível). Nesse sentido, o direito ao acesso sem restrições está garantido pela legislação atual, sendo de interesse do Estado e da sociedade, o incentivo à eliminação de barreiras arquitetônicas e a geração de um meio ambiente integrador, pois o espaço acessível não só agrega qualidade de vida e melhora a produtividade e o desempenho das funções individuais, mas traduz algo sobre os valores culturais de quem o oferece.

7.1 Conhecendo o lugar

O atual bairro Cidade Alta, situado na Região Administrativa Leste da Capital do Estado, foi o local onde o município nasceu em 25 de dezembro de 1599.

O sítio da futura Cidade do Natal foi escolhido por ser num chão elevado e firme à margem direita do Rio Potengi. Nesse lugar, atualmente, Praça André de Albuquerque, foram inaugurados, em 1599, o Pelourinho e a Igreja Matriz, com a celebração da primeira missa. Nele definiu - se, também, a primeira rua da cidade que chamou - se Rua Grande. Neste trecho, erguia - se a cadeia, com o Senado da

Câmara e o sobrado do Governo. Havia, ainda, a Provedoria Fiscal, depois Real Erário, e algumas igrejas, ainda hoje existentes, dentre as quais se destacam a de Nossa Senhora da Apresentação e a de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos (Figuras 93, 94, 95 e 96).

Fotografia 93: Igreja Matriz

Fonte:http://www.natal.rn.gov.br/semurb/bairros/ leste/cidade_alta

Fotografia 94:Instituto Histórico Geográfico do RN

Fonte:http://www.natal.rn.gov.br/semurb/bairros/leste/ cidade_alta

Fotografia 95: Igreja Matriz N.S.Apresentação - Cidade Alta

Foto: Teresa Pires (Nov./2007)

Fotografia 96: Instituto Histórico Geográfico do RN - Cidade Alta

Foto: Teresa Pires (Nov./2007)

Depois da Rua Grande, a principal via da Cidade Alta era a Rua Santo Antônio, mais popular pela proximidade da fonte do rio de beber água ou Baldo. Seguiu - se a Rua da Conceição (que já existia nos documentos de 1808, mas foi pouco habitada até o século XIX, e desfigurada pela construção da Praça 7 de Setembro).

Outras ruas mencionadas em documentos são a Rua da Palha (atual Rua Vigário Bartolomeu), a Rua Nova (atual Avenida Rio Branco), a Rua Cel. Pedro Soares (atual Rua João Pessoa) e a Rua dos Tocos (atual Rua Princesa Isabel). Quase na esquina da Ulisses Caldas, ergueu - se o sobradão que funcionou como sede do governo entre 1862 e 1869. (Figuras 97 e 98)

Esse é o sítio histórico da Cidade do Natal centrado no bairro da Cidade Alta, núcleo urbano inicial da Capital.

Fotografia 97: Praça André de Albuquerque (Século XIX)

Fonte:http://www.natal.rn.gov.br/semurb/bairros/l este/cidade_alta

Fotografia 98: Vista Panorâmica do Centro Histórico de Natal (Século XIX) Fonte:http://www.natal.rn.gov.br/semurb/bairros/l

este/cidade_alta

No século XIX, o incremento das atividades do porto de Natal, localizado no Rio Potengi, implementou o desenvolvimento do bairro da Ribeira, a Cidade Baixa", que abrigou a sede da administração provincial entre 1870 e 1902 (Prefeitura Municipal de Natal, 1999; Lima, 2001). Data dos primeiros séculos de ocupação, a versão local da diferenciação entre cidade alta e cidade baixa referindo- se estes bairros, em muito se confunde com a história da cidade, pois ambos cresceram lentamente nos primeiros séculos.

A visão do Prefeito Omar O Grady, voltada para o desenvolvimento da cidade, pôs Natal no caminho do século XX, ao substituir o aterro colonial com o calçamento, a paralelepípedo, da Avenida Junqueira Aires, rampa natural que liga as duas localidades urbanas. Em 1935, o Prefeito Miguel Bilro realizou o prolongamento da Avenida Rio Branco até a Ribeira, através da Vila Barreto.

Finalmente, a Cidade Alta foi instituída legalmente como bairro pela Lei N.º 251 de 30.09.1947, na administração do Prefeito Sylvio Piza Pedroza, e teve seus limites redefinidos pela Lei N.º 4.330, de 05 de abril de 1993, publicada no Diário Oficial do Estado em 07 de setembro de 1994. (Figura 99)

Figura 99: Mapa de articulação da Região Nordeste com destaque para o Rio Grande do