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6 DISPOSITIVOS LEGAIS E NORMATIVOS DE APOIO AOS PROJETOS

6.3 Desenho Universal

Conceitualmente, O Desenho Universal é o desenho que visa atender a maior gama de variações possíveis das características antropométricas e sensoriais da população 43. É, também, a concepção de espaços, artefatos e produtos que

visam atender simultaneamente todas as pessoas, com diferentes características antropométricas e sensoriais, de forma autônoma, segura e confortável, constituindo - se nos elementos ou soluções que compõem a acessibilidade44.

Os princípios básicos do Desenho Universal nortearam a elaboração das Normas Brasileiras que versam sobre acessibilidade, ampliando os parâmetros de acesso, alcance e utilização de espaços, ambientes e produtos, por todas as pessoas com segurança e autonomia. Oportuniza, desta forma, a inclusão.

Em 1963 foi criada em Washington - EUA, uma comissão para um Desenho livre de barreiras , que se constituía em uma corrente ideológica que concebia o desenho de equipamentos, edifícios e áreas urbanas, visando a utilização pela maior e mais variada gama de pessoas. O conceito de um desenho livre de barreiras acabou evoluindo para um desenho universal. Universal, por se

43 ABNT NBR - 9050/2004

destinar a qualquer pessoa e por ser fundamental para a realização dos objetivos básicos da vida cotidiana que se constituem, na verdade, na consolidação dos direitos humanos.

O objetivo é simplificar o quotidiano dos cidadãos criando equipamentos, produtos, serviços, comunicações e ambientes mais amigáveis para um maior número de pessoas, a custos reduzidos.

Originalmente, o Desenho Universal foi concebido, tendo como sustentação uma base teórica que compreende 7 (sete) princípios, os quais devem ser aplicados, tanto para avaliar desenhos existentes, como para orientar os processos de elaboração e construção de espaços e produtos dirigidos, sob estes princípios, para a totalidade das pessoas.

No entanto, outros fatores, além dos princípios do Desenho Universal que servem de orientação para uma otimização em relação à acessibilidade devem ser considerados; entre eles: a adequação cultural, de meio ambiente, a segurança, aspectos econômicos, técnicos e estéticos.

A acessibilidade universal é um dos determinantes para que se considere uma cidade sustentável, visto que esta deve contar com mecanismos e instrumentos que favoreçam o acesso físico, a mobilidade e o contato para as pessoas, em ambientes urbanos, sem exclusão.

Esses novos conceitos são importantes por tornar mais fácil o entendimento da necessidade de sua aplicação, abrindo uma nova perspectiva no incentivo à pesquisa, a novas propostas nos desenhos de objetos, de mobiliários e equipamentos urbanos, numa linguagem universal que busca a melhoria da qualidade de vida, não só da pessoa com deficiência, de todos. Hoje em dia, aumenta no mundo todo, o interesse em se conceber os ambientes de forma mais abrangente e menos restritiva, ou seja, com atenção à diversidade das pessoas, suas necessidades e possibilidades físicas e sensoriais. É o reconhecimento das diferenças de habilidade entre os indivíduos e as modificações pelas quais passa o nosso próprio corpo durante a vida. A aceitação dessa realidade modifica conceitualmente os espaços edificados, apontando para um projeto mais responsável e comprometido. Ao reconhecermos a diversidade das pessoas, cabe - nos trabalhar os ambientes de forma a atender uma gama cada vez maior de usuários. As vantagens dos ambientes livres de barreiras beneficiam 100% dos

usuários e não apenas determinado segmento, e a acessibilidade é considerada como um item dentre os demais, tal como iluminação ou ventilação adequadas.

O Desenho Universal busca, portanto, pensar em todos os usuários, planejando os espaços e explorando na arquitetura a sua vocação como veículo de integração social.

De acordo com Steinfeld ( 1994), a filosofia de um urbanismo e arquitetura universais tem por base a idéia de uma possível adaptabilidade de produtos e espaços que atendam toda uma gama de capacidades e habilidades. O conceito de Desenho Universal ou de Desenho para todos assenta na concepção e no desenvolvimento de produtos e ambientes tecnológicos capazes de serem utilizados por todos, ou por um maior numero possível de cidadãos, sem a necessidade de adaptação específica (Steinfeld, 1994).

O desenho universal não está direcionado apenas às pessoas com deficiência ou idosas, leva em consideração as múltiplas diferenças existentes entre elas. A idéia é evitar a necessidade de ambiente e produtos especiais para este universo de pessoas, buscando garantir a acessibilidade a todos os componentes do ambientes e a todos os produtos concebidos no decorrer do projeto.

Para Steinfeld, sintetizando os princípios e diretrizes do Desenho Universal, pode - se considerar 4 (quatro) princípios básicos:

1. Acomodar uma grande gama antropométrica, ou seja, pessoas de diferentes padrões ou situações altos, baixos, em pé, sentados etc.;

2. Acomodar todas as pessoas ou pensar em todos os parâmetros antropométricos, atentando a alguns limites de ação e alcance manual ou visual impostos a pessoas que, por exemplo, fazem uso de cadeiras de rodas;

3. Reduzir a quantidade de energia necessária para utilizar os produtos e o meio ambiente. Limitações e dificuldades no alcance e na locomoção podem também levar a um esforço adicional ou a um cansaço físico se o ambiente não estiver adequado a determinadas necessidades especiais das pessoas. Quando um idoso busca realizar determinadas atividades, o esforço por ele percorrido revelará a incidência do fator distância na sua utilização e nos objetos que deseja alcançar. Com um planejamento concebido segundo o desenho universal, esta energia e distância serão reduzidas, e os espaços, com todos os seus elementos, bem utilizados e aproveitados por ele;

4. Tornar o ambiente e os produtos mais compreensíveis para pessoas com deficiência como: sensoriais, como os cegos, pessoas que enxergam pouco ou de visão subnormal, podendo ser muito difícil localizar obstáculos presentes nas ruas ou se situar em espaços muito amplos.

Desta forma, é necessário pensar em produtos e ambientes como sistemas que se constituam em peças intercambiáveis ou apresentem a possibilidade de acrescentar características para atendimento às pessoas que têm necessidades especiais e idosas.

O desenho universal proporciona uma solução que tanto acomoda pessoas com algum tipo de incapacidade quanto o restante da população, sem gerar segregação, tornando - se, por si só, um conceito que exige a flexibilidade no seu uso (Steinfeld, 1994).

A adoção do conceito do Desenho Universal é, finalmente, uma tendência mundial e está condizente com a perspectiva de considerar a acessibilidade um tema que interessa a todos, independente da condição física, e independente do espaço a que se destina. Partindo do princípio que a acessibilidade está associada a todos os ambientes e lugares e aos diferentes grupos que compõem a sociedade, é pertinente relacionar os aspectos físicos destes espaços à qualidade do atendimento das necessidades de todos os indivíduos.