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Acesso, conclusão e acompanhamento de egressos numa IES

2.2 CONCEITOS DE INCLUSÃO NA EDUCAÇÃO SUPERIOR

2.2.1 Inclusão da pessoa com deficiência na Educação Superior

2.2.1.1 Acesso, conclusão e acompanhamento de egressos numa IES

A partir disso, cabe redirecionar o foco da discussão ainda nesta seção sobre toda política de acesso. Há a expectativa de ingresso em um curso de nível superior, o que pressupõe, comumente, uma trajetória e uma conclusão. Essa expectativa está atrelada à ideia de sucesso acadêmico e a prevenção à evasão, sendo, também, responsabilidade das universidades e instituições de Educação Superior em colaborar com esse processo. Para tanto, algumas estratégias contidas no PNE (2014-2014) já sinalizam essa conclusão.

A meta 12 do PNE, que diz respeito à elevação da taxa de matrículas na Educação Superior, apesar de ter como título a relação com o acesso, traz como uma das estratégias o objetivo de elevar o índice de conclusão dos cursos de graduação presencial. Para atingir isso, a oferta de turmas noturnas, as medidas de acessibilidade, a otimização das tecnologias e as ações afirmativas na forma da lei são alguns dos caminhos sugeridos pelo plano.

Dessa forma, quando o sujeito, seja com deficiência ou não, encerra esse ciclo e é diplomado, ele é nomeado de egresso, categoria não tão comum na investigação científica – o que veremos no capítulo seguinte, de revisão bibliográfica. Esse egresso de IES, em tese, estaria habilitado para a atuação e produtividade social, através do caráter de empregabilidade, muito bem sinalizado pelo SINAES (2015, v. 4), que define uma série de atributos os quais interessam às empresas privadas e/ou conduzem ao êxito em concursos públicos.

Para as pessoas com deficiência, o acesso a uma IES já é algo que quebra o estigma da incapacidade, mas, ao mesmo tempo, também é exceção, uma vez que, segundo dados do Censo da Educação Superior (2017), apenas 6,7% desse público chega a tal nível de ensino. Portanto, a minoria representativa desse grupo social tem algumas características de seu processo de escolarização e amadurecimento pessoal que não os estagnam, mas sim os impulsionam.

Nesse viés, e retomando a seção que trata do Estado Avaliador, merece a nossa atenção como o sujeito egresso converge dois fatores importantes para esta pesquisa: uma avaliação da

instituição onde se deu sua formação e uma sinalização dos desafios por ele traçado para enfrentar o mercado de trabalho. Dessa forma, ainda que reforcemos que não é objetivo principal deste trabalho a avaliação, ela aparecerá diluída em algumas respostas do questionário aplicado.

Ademais, quando falamos de egresso, devemos conhecer a política de egressos institucionais do nosso lócus de pesquisa, que será mais detalhado em um capítulo seguinte. No entanto, cabe mencionar alguns documentos dessa política que embasam esse acompanhamento.

A priori, no Regimento Interno da Reitoria, há menção aos egressos no Artigo 5º, que afirma ser competência da Pró-reitoria de Graduação, inciso V, “coordenar programas e projetos voltados ao ensino de graduação, desde o acesso até o acompanhamento de egressos” (2019, p. 10). Ademais, no Artigo 144 também é determinada como competência da Coordenadoria de Informações Institucionais “sistematizar e atualizar as informações sobre os alunos egressos da UFRN e acompanhar e avaliar sua inserção profissional” (p. 57).

A posteriori, nos Planos de Gestão, o acompanhamento de egressos faz parte do item de “Qualidade Acadêmica, Interiorização e Internacionalização” (2015, p. 57), e, em alguns relatórios, é sinalizado que, ainda que não se caracterize como uma ferramenta de medição de satisfação, a pesquisa com egressos é utilizada como base para avaliar a qualidade da formação universitária e os impactos da formação nas vidas profissionais. A coleta de dados é regulamentada pela UFRN, através da Resolução nº 079/2004 do Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Consepe), sendo realizada sempre no segundo semestre dos anos ímpares, desde 2013, tendo seus resultados tornados públicos após tabulação dos dados.

O item supracitado, referente à aferição de satisfação, envolve outras ferramentas, como a Avaliação da Docência e a Pesquisa sobre Qualidade de Vida no Trabalho. A partir de 2016, também foi inserida nessa avaliação a Pesquisa de Satisfação dos Usuários nos Hospitais Universitários, a Pesquisa de satisfação do Restaurante Universitário e a Avaliação das Ações de Capacitação.

Foram consultados os relatórios de gestão a partir de 2011, pelo recorte temporal desta pesquisa, que volta seus olhares para a gestão a partir de 2011 até 2017, porém apenas no ano de 2013 houve menção a esse acompanhamento. A redação dos relatórios se assemelha muito nos anos seguintes e apenas no relatório de 2017 foi que o “Acompanhamento de Egressos” apareceu como uma subseção mais detalhada, com todos os resultados descritos em gráficos.

A instituição, em conformidade com as exigências legais, apresenta em seu Plano de Gestão (2015-2019), por exemplo, um eixo que visa a “consolidação da política de

relacionamento com alunos egressos, para avaliar o cumprimento da missão e orientar a definição das políticas institucionais da UFRN” (2015, p. 57).

Por fim, essa política se consolida no Plano de Desenvolvimento Institucional (2015- 2019), com a busca por desenvolver estratégias para atingir a meta da “utilização de mecanismos para acompanhar o egresso da UFRN e avaliar sua inserção profissional e a relação entre a formação recebida e sua ocupação” (2010, p. 64).

Nesse sentido, localizamos nosso sujeito de pesquisa: dentre os egressos da UFRN, estão os egressos com deficiência. Então, foram despertadas uma série de indagações, como: “há uma política institucional voltada às especificidades desse público?”; “o instrumento utilizado para o acompanhamento dos egressos é acessível às diversas deficiências?”; “se sim, os dados sinalizam algo diferente entre os respondentes com e sem deficiência?”; “há algum acompanhamento na transição para o mercado de trabalho dos egressos com deficiência?”

Portanto, com as mais diversas inquietações, tentaremos discutir nos capítulos seguintes essas e outras questões acerca da transição para o mercado de trabalho de egressos com deficiência da UFRN. Para nortear a discussão, o capítulo seguinte contará com uma revisão bibliográfica que gira em torno do olhar sobre o egresso na literatura, buscando convergências e divergências da abordagem deste trabalho.

3 O QUE TRAZEM AS PESQUISAS SOBRE EGRESSOS

A busca pela produção científica que dá sustentação a este trabalho contou com uma revisão da literatura, cuja seleção de estudos foi sujeita à subjetividade da pesquisadora, a partir da determinação de alguns eixos, que foram elaborados no sentido de responder aos objetivos específicos. Em um primeiro momento, foi realizada a varredura em periódicos importantes para a Educação Especial, como a Revista de Educação Especial, a Revista Brasileira de Educação Especial e Revista Educação Especial em Debate, durante o período de 2008 a 2018.

Além desses periódicos, foram buscadas outras fontes, como a base de dados da Scielo, o Banco de Teses e Dissertações da CAPES, o Repositório Institucional da BCZM – UFRN, a Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações (BDTD), a Plataforma IBICT e o Google Acadêmico.

Pelo fato de ser um tema pouco explorado pela literatura científica, alguns outros aspectos foram considerados aqui para a seleção mais robusta de produção. Por isso, esse capítulo foca nas produções que envolvem:

a) acompanhamento de egressos em geral nas IES – políticas e ferramentas de gestão e avaliação;

b) preparação e transição da pessoa com deficiência para o ingresso no mercado de trabalho – envolvendo tanto pessoas com idade ativa, mesmo não diplomados em Educação Superior, e egressos universitários. O fato de abrir o leque de trabalhos, não focando apenas na Educação Superior, justifica-se pelo já dito anteriormente, de que uma minoria desse público acessa esse nível de ensino – 6,7% (CENSO, 2017) – além de que é importante, pois são metodologias e abordagens que poderiam, sim, serem replicados para pesquisas em contextos de IES;

c) inserção da pessoa com deficiência no mercado de trabalho – trabalhos que monitoram e trazem perspectivas do lado gestor e do lado do sujeito quanto ao mundo do trabalho.