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acompanhante terapêutico e o terapeuta comportamental

AS ORIGENS 0 0 ACOMPANHAMENTO TERAPÊUTICO

acompanhante terapêutico e o terapeuta comportamental

No final da década de 1990, conform e m encionado no início deste capí­ tulo, alguns analistas do com portam ento ligados ao contexto clínico com eça­ vam a divulgar suas intervenções fora do consultório e m uitos desses trabalhos passavam a ser denom inados acompanhamento terapêutico. Esse fato resultava principalm ente do crescim ento das pesquisas, especialm ente n a área da psi­ quiatria, que enfatizavam a eficácia da aplicação de técnicas com portam entais e cognitivas no tra ta m e n to de transtornos psiquiátricos. Ressurgia, então, a dem anda pelo profissional que aplicasse essa técnica.

É im portante salientar que toda intervenção clinica baseada nos pressu­ postos do behaviorismo radical utiliza a análise e o manejo de contingências responsáveis po r qualquer padrão de com portam ento e, portanto, o trabalho no am biente do cliente seria um a consequência natural dessa filosofia.

Se a teoria em que se baseia a terapia comportamental é correta, en­ tão a solução para um problema comportamental não pode se restringir a contingências especialmente arranjadas no ambiente particular da clínica. Se o problema tem que ser corrigido, é necessário modificar as contingên­ cias do ambiente natural. (Holland, 1978, p. 166)

E ntretanto, com o a terapia com portam ental está inserida no contexto mais am plo das psicoterapias, o trabalho no am biente fica geralm ente restrito àquela parcela de clientes que são denom inados pacientes portadores de trans­ tornos psiquiátricos graves e/ou crônicos, acompanhados, portanto, p o r médico psiquiatra e sob tratam ento m edicamentoso. Essas pessoas possuem dificul­ dade de generalização dos conteúdos aprendidos verbalmente nas sessões de terapia de consultório, p o r conta de déficits no repertório com portam ental básico ou p o r características dos próprios transtornos dos quais são portado­ res, o que justifica o trabalho no ambiente.

O que se encontra atualm ente nos trabalhos referentes a essa clientela é que o atendim ento é realizado por terapeutas comportamentais responsáveis pelas avaliações funcionais, decisões clínicas e definição de procedimentos, que podem o u não ser auxiliados por um acompanhante terapêutico.

A análise do com portam ento faz parte do contexto da psicologia assim com o a terapia comportamental, do contexto da psico terapia. Isso pressupõe a im portação de term os "psi” que muitas vezes são incompatíveis com os pres­ supostos filosóficos do behaviorismo radical. Acredito que o termo AT seja um desses exemplos. Mas como um a prática em construção, provalmente no futu­ ro poderá ser conceituada de maneira que o term o que a define seja a própria operadonalização de seus pressupostos e procedimentos.

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C A P Í T U L O 2

Qwflncío o verbal é insuficiente: possibilidades e limites

da atuação clínica dentro efora do consultório

Cássia Roberta da Cunha Thomaz e Yara Claro Nicu

E ste cap ítu lo discute lim ites e possibilidades da atuação clínica d o analista d o co m p o rta m en to tan to dentro d o setting terapêutico tradicional q uanto fora dele. T ais lim ites e possibilidades, em cada um desses co n tex to s, serão abordados a partir da análise do co m p o rta m en to hu m an o sob con trole de esp ecificações verbais versus controle por contingências.

Para tanto, se faz necessário: 1) a retornada d os con ceitos de com p orta­ m e n to g o v ern a d o por regras e com p ortam en to m od elad o por contingências; 2) a apresentação de características da prática clínica do analista do com p orta­ m en to; 3) as discussões referentes ao aten d im en to fora do consultório, n o que se d en o m in a a com p an h am en to terapêutico (AT), na clínica analítico-com por- ta m ental. A com p reen são desses con ceitos e práticas p ode ajudar apensar sobre d ecisõ es de quando, c o m o e p o rq u e é terapeuticam ente mais relevante atender dentro e / o u fora do gab in ete de terapia.

C o m o o com portam ento verbal de descrever contingências pode vir a c o n ­ trolar o com p ortam en to não-verbal, é im portante estudar essa relação com a in ­ tenção de com preender o s processos envolvidos na interação cliente-terapeuta.

A atuação clínica d o analista do com p ortam en to n o contexto tradicional de gab in ete tem c o m o principal m aterial d e análise o com portam ento verbal d o cliente e ta m b ém , co m o ferram enta fundam ental de intervenção, o com p orta­ m e n to verbal do terapeuta.

Algumas situações trazidas por clientes justificam que a atuação do analista do com portam ento ocorra para além da interação em inentemente verbal - mais típica da prática de consultório incidindo diretamente nas contingências natu­ rais da vida do cliente, prática denominada de acom panham ento terapêutico.

C om preender a interação entre regras e contingências é fundam ental para conduzir decisões terapêuticas acerca de quando a atuação d entro e fora do consultório é pertinente. Esses enunciados teóricos servirão de referência para pensarm os a relação entre verbal e não-verbal na atuação clínica, em especial para as especificidades dessas relações quando o atendim ento ocorre dentro e fora do setting tradicional.

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COMPORTAMENTO GOVERNADO POR REGRAS E COMPORTAMENTO MODELADO POR CONTINGÊNCIAS: DEFINIÇÕES CONCEITUAIS

No livro Verbal behavior, de 1957 (publicado no Brasil com o título Comporta­ mento Verbal), Skinner define com portam ento verbal como o com portam ento que altera o ambiente apenas indiretamente; seu efeito primeiro ocorre sobre o comportamento de outras pessoas. Na medida em que o com portam ento verbal é impotente diante do m undo "físico”, sua form a não resguarda um a relação geom é­ trica ou mecânica com as conseqüências p o r ele produzidas. É o com portam ento de outro homem, especialmente treinado pela comunidade verbal para reagir aos padrões gerados pelo falante, que terá o efeito de produzir a conseqüência última responsável pela manutenção do com portam ento do falante.

Nessa obra, Skinner produz um a classificação do com portam ento verbal do falante em relação a possíveis variáveis envolvidas em seu controle, apre­ sentando o que seriam os operantes verbais básicos: m ando (com portam ento verbal sob controle de condições de privação o u de estimulação aversiva) ecói- co; textual; ditado; cópia; eintraverbal (com portam ento verbal sob controle de estímulos verbais); autoclítico (com portam ento verbal sob controle de outros estím ulos verbais e dos efeitos gerados n o ouvinte); e tato (com portam ento verbal sob controle de estímulos não-verbais).

Podemos afirmar que em Verbal behavior Skinner conduz a m aior parte de sua análise a respeito do com portam ento do falante, não empregando tanta ên­ fase na análise do com portam ento do ouvinte. Isso quer dizer que, nesse m o­

m ento, a discussão ruma na direção de compreender “o que leva alguém a emitir um com portam ento verbal”. A questão “o que leva alguém a se com portar sob controle do comportamento de um falante”, ou seja, o que leva alguém a seguir 0 que outro disse só seria aprofundada mais adiante, em textos posteriores.

T ranscorridos nove anos da publicação de Verbal behavior, Skinner p u ­ blica, em 1966, um artigo intitulado "Uma análise operante da resolução de problem as" (1984), no qual cunha o term o comportamento governado por regras co m o distinto a comportamento modelado por contingências.

C om portam ento modelado por contingência deve ser empregado para se referir a com portam ento que é emitido, de um a certa forma, devido a conseqü­ ências que a ele se seguiram no passado; ao passo que com portam ento gover­ nado p o r regras refere-se a com portam entos que são emitidos sob controle de descrições verbais de contingências. Skinner (1984) afirma que essa descrição - feita p o r outrem ou po r si m esm o - funciona como um estímulo discrimi nativo para um a determinada resposta e, portanto, a regra seria um estímulo antecedente espedficador de contingência.

Em bora existam divergências conceituais sobre a definição do term o re­ gra1, h á dois processos distintos na aquisição de novas respostas: viver direta m ente as contingências e emitir novas respostas em função da descrição feita sobre as contingências.

T al distinção é ilustrada, a seguir, por Skinner (1984):

Um cientista pode jogar bilhar intuitivamente, como resultado de longa experiência, ou pode determ inar as massas, ângulos, distâncias,

1 Após essa definição de Skinner (1984) é possível acompanhar um debate conceituai entre

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