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Vale notar que o term o conselho e mando, nesse m om en to, é utilizado por Skinner para

ESTÍMULO DISCRIMINATIVO RESPOSTA CONSEQUÊNCIA

5 Vale notar que o term o conselho e mando, nesse m om en to, é utilizado por Skinner para

se referir ao com portam ento do ouvinte sob controle de regras. Anteriorm ente, em Verbal

behavior (1957) Skinner utiliza os m esm o termos ao se referir ao com portam ento do falante.

Naquele m om ento, conselho é um sub-tipo de m ando n o qual o beneficio m aior pelo segui­ m ento do mando é do ouvinte e não do falante, ao contrário do mando do tipo ordem ou súplica, casos em que o m aior beneficiado é o falante.

Seja o controle por regras do tipo conselho seja do tipo mando, o im portan­ te é considerar que a simples presença da regra não é suficiente para que ela seja seguida. É necessária um a história de reforçam ento por seguir regras. Seja reforçam ento diretamente produzido pela resposta, em que quem descreve a regra não manipula as conseqüências, seja reforçam ento por conseqüências detidas pelo emissor da regra.

U m indivíduo pode seguir não apenas descrições elaboradas por outros, m as tam b ém desenvolver um repertório visando analisar contingências, for­ m u lar regras e se com portar de acordo com a análise feita. Para que isso ocorra, o sujeito deve possuir u m repertório de auto-observação, ou seja, atentar para seu com portam ento e as condições do ambiente que o afetam. Essas respostas de observação podem vir a servir com o estímulo discrimina­ tivo para respostas de descrever essas relações. Assim, seria estabelecido um repertório para analisar as contingências em vigor e, posteriorm ente, essas análises poderiam funcionar com o estím ulos discriminativos para determ i­ nadas respostas.

P ortanto, o processo de form ular regras passa por três m om entos, des­ critos p o r Sério, Andery, Gioia & M icheletto (2004): o primeiro refere-se às interações com o ambiente vividas pelo sujeito, o que não garante que ele as observe e as descreva; o segundo é aquele em que o sujeito emite respostas de auto-observação e autodescríção das relações comportamentais que estabelece com o m undo; e, por fim, o terceiro é o m om ento em que o com portam ento de autodescríção afeta o com portam ento descrito.

Disso conclui-se que a auto-observação e a autodescríção não são autom á­ ticas e que a autodescríção do com portam ento pode ou não alterar a resposta descrita. Portanto, é importante investigar por que alguém observa o próprio com portam ento e passa a descrevê-lo e em que condições a resposta de auto- descrever altera a resposta descrita; isto é, por que a autodescríção se transfor­ ma em um estímulo antecedente para a resposta descrita na contingência.

Assumir que para a autodescríção funcionar como estímulo antecedente é necessária uma história complexa, significa assumir que a consciência-com o com portam ento autodescritivo- não é produto im ediatoda experiência e, além disso, que a consciência não é suficiente para a m udança comportamental.

T endo apresentado os principais conceitos e discussões acerca da relação entre descrição verbal e com portam ento, podem os prosseguir com a análise das especificidades da interação verbal terapeuta-diente que ocorre n o settiwg tradicional de consultório.

A CLÍNICA ANALÍTICO-COMPORTAMENTAL NO CONSULTÓRIO: ALGUMAS CONSIDE­ RAÇÕES SOBRE A INTERAÇÃO VERBAL CLIENTETERAPEUTA

As prim eiras tentativas de aplicação dos conceitos desenvolvidos em labo- ratório pelos analistas do com portam ento para contextos clínicos ocorreram a partir de m eados dos anos 60, prática então denom inada modificação do compor- iamento6. N aquele m om ento, a atuação dos modificadores de com portam ento se desenvolveu, preponderantem ente, sobre problem as específicos apresenta­ dos po r pessoas institucionalizadas, e as intervenções ocorriam especialmente sobre respostas discretas cujo controle era facilitado nos am bientes institucio­ nais, um a vez que se tinha acesso direto a elas para observação e m anipulação das variáveis relevantes.

De acordo com Pérez-Álvarez (1996), tais aplicações caracterizavam-se com o modificação do com portam ento e n ã o com o terapia, p o rq u e o que se fez foi modificar respostas "discretas", o que possivelm ente contribuiu para o êxito dessa prática - "que foi mais local do que global" (idem, p. 45) aspecto que, posteriorm ente, caracterizou-se com o u m a limitação.

Guedes (1993) afirma que, em razão d e severas críticas e das limitações dessa prática, os analistas do com portam ento - q u e objetivaram aplicar os prin­ cípios da análise experimental do com portam ento para problem as de natureza clínica-reviram seu m odelo de atuação e, a p artir da década de 1980, tom aram - se terapeutas com portam entais, passando a atender, principalm ente no setting tradicional do consultório, pacientes não institucionalizados. C om a m udança de setting e da população-alvo, as características da prática e da interação com o cliente m udaram , um a vez que o am biente de consultório im pedia o contato direto com as contingências vividas e dificultava o controle de variáveis no am biente natural.

Essa m udança parecia acrescentar um a dificuldade na prática clínica do finalista do com portam ento: com o lidar com um a terapia de cunho verbal se o •objetivo da terapia é modificar as contingências responsáveis pelo sofrimento /.(lo cliente (Banaco, 1997)? Se partimos do pressuposto de que todo com porta­ m ento é produto de seleção filogenética, ontogenética e cultural e se algum ;com portam ento existe no repertório de um a pessoa é porque ele foi instalado ;7Q está sendo m antido p o r variáveis ambientais, parece razoável afirmar que só isetá possível um a m udança na conduta e, conseqüentem ente, no sofrimento, ijse houver m udança nas variáveis ambientais.

Ferster (1979), ao discutir a aplicação dos pressupostos teóricos da análise • do com portam ento, assume que a freqüência de respostas deve ser considerada

o dado básico para qualquer análise e que, a partir daí, dever-se-ia definir de ^ m aneira objetiva o com portam ento individual, de forma que seja facilitada a

í investigação das variáveis responsáveis pela freqüência de respostas:

A prim eira tarefa de um analista com portam ental é definir o com ­ p o rta m e n to de m aneira objetiva, dando ênfase a classes funcionais (genéricas) de desem penho que estejam de acordo com os fatos que prevalecem na clínica, cujos com ponentes com portam entais podem ser observados, contados e classificados. Então, será possível descobrir, através da aplicação de procedimentos com portam entais, o tipo de cir­ cunstâncias que perm item aum entar ou dim inuir a freqüência de certos tipos de atuação. (Ferster, 1989, p. 700)

Pérez-Álvarez (1996) discute a terapia comportamental como a análise do com portam ento aplicada no setting de consultório, contexto esse que, no início, não contemplava o analista do comportamento. T rabalhar neste setting significa, para o autor, lidar com os "pacientes externos” (p. 94), ou seja, pacientes não institucionalizados, com problemas complexos7 que ocorrem na vida cotidiana e, conseqüentem ente, fora do controle do terapeuta. Assim, afirma o autor, a

7 Vale atentar que o termo complexo utilizado por Pérez-Álvarez (1996) para caracterizar os

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