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Regeneração social, higienismo e difusão do ensino: ideais da Reforma de 1924 em Sergipe

5.1. O aformoseamento da cidade, higienismo e a reforma de 1924.

O modo como os espaços educacionais estavam sendo configurados elucidavam um sistema público que organizava a aparência da cidade de Aracaju com suas belas formas, monumentalidades e representações de poder. A Escola Normal, os Grupos Escolares, o Atheneu Sergipense, algumas escolas confessionais mantinham a linha das construções dos prédios públicos que significavam modernidade, progresso e estavam dispostos nos principais bairros da cidade, nas praças, na “rua frente”.

Não só faziam parte da aparência, da paisagem da cidade como constituíam mais um elemento que suscitava a base material da ação pública sobre o campo educacional. Demonstrava não só a prática social de pensar e fazer a educação pública, como também dizia a sociedade que aqueles prédios escolares representavam algo a mais, representavam o ideal de planejamento e ações republicanas, com horários e programas higienicamente organizados.

Os novos prédios construídos para abrigar a educação faziam parte do conjunto arquitetônico que englobava a Agencia Central dos Correios e Telégrafos, do Palácio do Governador Olimpio Campos, Palácio Serigy, Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe, da Biblioteca Pública que hoje abriga o Arquivo Público do Estado, do prédio do Corpo de Bombeiros e outros criando assim um conjunto de variadas composições estéticas dando um sentido político e social a escola moderna.

Ressaltou Vago que a afirmação e a expansão da escola moderna é um produto de emergência de novas formas de sociabilidades, de novos modos de organização da vida e do trabalho a partir do crescimento das cidades, das transformações sociais, econômicas e culturais da chamada Modernidade. (VAGO,2010:95). A transformação urbanística de Aracaju revela ou ao menos supõe que a escola moderna estava inserida

178 nesse conjunto de construções “modernas’. Dizia Santos que “entre as décadas de 1920 e 1940 Aracaju experimentou, em sua malha citadina, a construção de verdadeiros monumentos que possuíram uma forte preocupação com o estilo, com a monumentalidade e com a modernidade.”(SANTOS,2003:229).

Mas não só isso, as novas exigências sociais, políticas e econômicas pelas quais passava Aracaju dos idos dos anos de 1920, sugeriam novas perspectivas, novas aparências e novas formulações ideológicas para o campo educacional. Ao perceber o homem enquanto fomentador das transformações dos espaços e estes, por sua vez, testemunhos das relações sociais e dos conflitos delas existentes, verificava-se que as mudanças tinham um influência pedagógica e estética sobre a sociedade, dizia CynthiaVeiga que as cidades eram marcadas por “templos e monumentos que em sua arte perpetuaram idéias e valores”(VEIGA,2003:399).

O monumento de pedra e cal falava às pessoas, por meio da aparência, da representação e da opulência, a sua função social. Para Veiga(2003) as organizações do espaço urbano e escolar também serviram como mecanismos de disciplinar mentalidades e comportamentos. Afirmava que o objetivo “era dar visibilidade à modernidade, concretizar no espaço urbano novas atitudes e valores – a elegância, os bons costumes, o patriotismo, a civilidade...”(VEIGA, 2003:400).

O projeto de reforma de Gracho Cardoso pode ser concebido como um momento particular das reformas educacionais sergipanas por ter promovido não só a difusão do ensino primário, mas a criação e a distribuição pelo interior do estado de grupos escolares com prédios próprios, com uma arquitetura singular que marcava as construções escolares desse período.

Além disso, reformava antigas prisões em escolas desafiando as convenções sociais e postulando a educação republicana como símbolo do novo. O que ajuda a entender até que ponto as reformas educacionais interferiram nesse processo de educação estética para o povo, de modo a sensibilizar, a formar sujeitos sociais reflexivos e capazes de aceitar o monumental, o belo, o progresso, o novo. Ou seja, a reforma dos espaços urbanos, dos espaços sociais e educacionais estavam eivados de pressupostos pedagógicos que produziam discursos voltados para reinventar experiências, sociabilidades e saberes como um ideal de excelência pedagógica.

179 Os prédios escolares construídos no período da administração de Gracho Cardoso vinham sempre com uma águia no frontão, símbolo que representava visibilidade. Era essa a mensagem que o gestor reservava para a sociedade. Os prédios escolares também permitiam a leitura de que o poder público educacional era provedor da ordem, do progresso, da modernidade. Talvez a finalidade fosse a procura da legitimidade das suas ações e dos seus ideais educacionais.

Mas também é possível pensar que parecer moderno era estar em consonância com os preceitos de higiene e civilidade postulados pelos ideais republicanos aos quais referendava sempre em suas mensagens e relatórios. Ou pode estar associado ao apelo simbólico deixado como lição pelos líderes da antiguidade clássica para demonstrar a riqueza e o poder do seu governo para a posteridade.

Fig. 17. Fachada do Grupo Escolar Silvio Romero. Fonte: Acervo Silvio-imortal.blogspot.com. Aracaju.

Os prédios escolares figuravam como representações da modernização, principalmente a partir da década de 1910, quando a cidade de Aracaju passou a ocupar uma posição de hierarquia referente a outras localidades sergipanas devido ao desenvolvimento do comércio. Mas não só isso, pelo movimento em direção a salubridade, a instalação de gabinetes médicos e dentários, drenagens e aterros dos pântanos, ao uso dos códigos de postura, e principalmente, da difusão dos preceitos de higiene através de disciplinas da Escola Normal e do ensino primário graduado.

Nesse sentido, a educação inscrita na Reforma de 1924 demonstrava a sociedade a viabilidade de se construir uma Aracaju moderna. Sobre esse processo de

180 modernização Fabrícia Santos refletia que: “Anexadas às idéias de modernização, a higiene era o aspecto preponderante no processo, logo novos melhoramentos fundamentados na higiene, ecoaram nos anúncios e artigos dos periódicos daquele período”.(SANTOS,2003:242). Assim que a idéia de racionalização presente nos discursos das reformas educacionais dessa época também estavam presentes nas construções dos prédios escolares.

Os códigos de postura são fontes que indicam claramente as intenções de transformação impondo princípios higiênicos, de segurança e embelezamento. As normas determinavam as condutas que deveriam ser seguidas pelas construções públicas e particulares. Esses códigos e a legislação contribuíram diretamente para a modernização da cidade. As medidas higiênicas impostas pelos códigos, a contribuição da educação culminaram com a instalação dos institutos científicos como o Instituto de Química e o Parreiras Horta, por volta da década de 1920. Ao estudar a cidade de Aracaju e a relação desta com os homens pobres, título do artigo aqui referenciado, Sousa aponta que os serviços de higienização tornaram-se mais equipados durante as décadas de 1920, principalmente após a “importação de técnicos, profissionais ligados ao exame da água, além de terem sido feitos serviços de profilaxia e drenagem e intensivas visitas às habitações e aos lugares que poderiam servir de focos transmissores de doenças”.(SOUSA,2005:289).

Os jornais sergipanos eram palcos das criticas e elogios as atividades que caracterizavam o processo de modernização da cidade de Aracaju. O jornal Século XX foi um dos que comunicou as insatisfações com as reformas urbanísticas realizadas em 1919, período da administração de Pereira Lobo, que construiu um cais de proteção com balaustrada e passeio em grande extensão na Avenida Ivo do Prado, conhecida como Rua da Frente, diz a crítica do jornal: “sabemos que há perto de mil contos em cofre público para higienizar a cidade. Mas higienizar como? Construindo um belo cais e fazendo uma linda avenida na frente da cidade?” Afirmava o crítico que essas obras apenas significavam desperdício de dinheiro público, pois mesmo depois da avenida construída, Aracaju continuava a ser um “viveiro de mosquitos”. (SÉCULO XX,1919:01).

Os projetos de modernização, assim como os princípios higiênicos disseminados por Aracaju nesse período tinham influência dos saberes provenientes da Medicina e da

181 Engenharia Sanitária que objetivavam intervir racionalmente nos espaços moldando-os aos padrões de civilidade. O ideal de regeneração social assumido pela educação, também é influenciado por esse movimento, delimitar a cidade racionalmente, implantar projetos, contratar especialistas, implantar códigos de postura e leis mais impositivas e investir na educação higiênica eram ações que marcou a reforma educacional de 1924.

A Reforma de 1924, preocupada com as determinações higiênicas, instituiu a educação sanitária. Mas não só isso, Gracho Cardoso emitiu, em 1925, a edição de um livro produzido pelo professor Antonio Peryassú, inspetor sanitário e chefe do Laboratório de Parasitologia do Saneamento Rural do Distrito Federal, intitulado Educação Sanitária: combate ao paludismo. Uma edição elaborada para uso nas escolas primárias e secundárias e que foram distribuídas nas escolas sergipanas.

Fig. 18. Livro de Educação Sanitária. Fonte: Arquivo pessoal. Aracaju. 2010. Autoria:Cristina Barroso.

Com o objetivo de ensinar nas escolas noções gerais de saúde pública, esse professor organizou o livro em uma série de perguntas e respostas sobre os insetos, formas de transmissão, ambientes propícios a reprodução de mosquitos, como as doenças se alastram, quais seus efeitos no corpo humano, métodos de prevenção e

182 imunização. No entanto não foi encontrado nos cadernos de Atas do Conselho de Instrução Pública desse período o documento que comprove a aprovação desse livro didático, portanto não é possível afirmar se esse compêndio foi realmente utilizado nas escolas primárias e secundárias sergipanas, apenas é possível dizer que ele foi editado por esse governo e que ainda existe uma cópia desse livro didático no Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe. No entanto, a reforma de 1924 trouxe a cena educacional uma intervenção maior em relação a difusão dos princípios da Higiene como forma de regenerar a sociedade.

A Higiene nesse período era vinculada a Medicina Social e era pensada a partir de procedimentos preventivos da saúde. Nesse sentido, os discursos médico-higienistas conquistavam sentidos diferentes, na proporção que disseminavam a sociedade contra as doenças e focos epidêmicos que abatiam as cidades. Marta Carvalho(1997) lembrou que a associação entre a educação e a higiene era uma das estratégias de regeneração nacional. A partir de então, o objetivo dos médicos e professores era formar sujeitos higiênicos e moldar comportamentos. “Por intermédio da matriz médico-higienista a humanidade poderia ser reinventada” como escreveu Gondra(2003:35).

A inserção da Higiene na instrução pública, como prática cultural que deveria ser aplicada e apropriada pelos alunos e professores, partiu da preocupação de formar um novo habitus social com o fim de regenerar, civilizar a sociedade. Conforme Elias(1990), a escola, por desempenhar a função de fomentadora de comportamentos regenerados e civilizados, vai inserir nos indivíduos costumes, valores morais e práticas com a finalidade de moldar o comportamento conforme as exigências sociais de civilidade e, neste caso, as diretrizes indicavam a higiene como fator imperativo para o convívio social. Mas de que maneira realizar tal tarefa? Através do trabalho pedagógico. Este propicia a inclusão de novas práticas dentro da escola.

Para Bourdieu, o trabalho pedagógico produz modificações nos indivíduos e tende a dotá-los de um habitus, ou seja, “de esquemas comuns de pensamento, de percepção, de apreciação e de ação” (BOURDIEU,1982:206). Ele permite a criação de novas condutas sociais, pois exerce sobre o indivíduo o processo de interiorização da exterioridade de modo independente da sua vontade. O habitus adquirido na escola constitui uma matriz na assimilação da cultura e contribui para a preservação dos princípios da organização do próprio campo. Assim, a escola era uma das instituições que engendrava esse habitus disciplinar nas crianças. A escola seria, nesse processo,

183 uma das instituições capaz de assegurar a circulação ou a reprodução das idéias e comportamentos civilizados, além de garantir a permanência e a consagração deles. Diante disso, tanto Elias quanto Bourdieu pensaram na escola como uma instituição socializadora.

Ainda em 1919, no período da administração de Pereira Lobo, foram elaboradas reformas condizentes com os princípios higienistas. As mudanças estabelecidas diziam respeito às reformas estruturais, principalmente, à dos prédios escolares, como afirmou em mensagem presidencial emitida nesse mesmo ano: “entre os primeiros revela notas o asseio e pintura do prédio, interna e externa, sendo adaptados nos vastos salões de aula e no compartimento da Diretoria Geral da Instrução as cores convenientes, segundo os preceitos da hygiene escolar” (SERGIPE,1919:17).

O presidente Gracho Cardoso, como nos lembra Thetis Nunes(1984), foi um desses entusiasmados pela difusão dos princípios da modernização pedagógica e da importância dos preceitos higienistas. Consoante Heloísa Rocha “o fator essencial na formação moral e intelectual do povo, a escola primária, é vista como a instituição a cuja força e poder deveriam recorrer os higienistas” (ROCHA,2003:42).

Elaborou vários projetos relacionados à educação. Criou as escolas maternais e jardins de infância, construiu grupos escolares e um novo prédio para o Atheneu Sergipense, estimulou o ensino comercial, agrícola e industrial criando o Liceu Profissional Coelho e Campos e a Escola Profissional Feminina. Além disso, imprimiu em suas mensagens a importância das práticas higiênicas na escola. Ele considerava os preceitos médico-higiênicos como conhecimentos que poderiam contribuir para o progresso e para civilizar.

O presidente de Estado, Gracho Cardoso, acreditava no poder redentor da educação e anunciava nas mensagens presidenciais a construção de um ambiente escolar higiênico, ou seja, uma escola que representasse o “mais palpitante aspecto da Hygiene moderna”. Pois segundo os “resultados da inspeção higiênica das escolas levada a effeito em 1922, constituem os mais concludentes de todas as argumentações em prol desta medida”, afirmava. (SERGIPE,1923:22).

184 5.2. As ações da Reforma de 1924

A reforma de 1924 pode ser interpretada como ações e idealizações identificadas com a proposta republicana de educação e com a proposta de modernização da sociedade brasileira. Em consonância com a industrialização, urbanização e com a constituição de uma nova ordem de hierarquias sociais, pensa-se a educação como mecanismo regenerador da sociedade. O projeto de educação estava articulado ao projeto de civilização social. Contemplavam não só uma formação que preparasse o sujeito para a vida, mas defendiam uma proposta política educacional na defesa do sistema público de ensino.

Na realidade, as reformas educacionais atestavam desde a década de 1920 a reivindicação de uma política educacional para o País, através das quais fosse pensada uma organização racional tantos dos órgãos burocráticos como das práticas técnicas- pedagógicas. Foi através da legislação que essa proposta racionalizadora passou a intervir na realidade, como afirmou Nunes: “a legislação escolar, com conteúdos práticos, codificou espaços, saberes, poderes definindo o que era considerado justo e, ao mesmo tempo, delimitando um conjunto de soluções jurídicas para problemas postos pelo contexto pedagógico”(NUNES,1992:174).

Em relação ao ensino primário, essa reforma projetou a divisão deste em elementar e superior, aprovando na seqüência os programas que iriam reger esse ensino. Através dos programas é possível visualizar não só o que se priorizou para cada modalidade, mas entender as diferenças no grau de instrução impostas pelo regulamento e que definiram conteúdo, disciplinas e modos de avaliação diferenciados. Essa divisão atingiria não só aos grupos escolares, mas também às escolas reunidas e escolas isoladas. O documento também definia com quantos anos a criança poderia se matricular no ensino primário elementar, proporcionando uma racionalização dos conteúdos discutidos em sala e a capacidade dos alunos se apropriarem dele.

Para os candidatos menores de sete anos o ensino passaria a ser ministrado pelos jardins de infância e ou escolas maternais. Estas últimas eram normalmente estabelecidas preferencialmente ao lago das fábricas que se prontificavam a manter o aluguel das casas e a alimentação das crianças. Os jardins de infância, chamados na época de Jardins de crianças era ainda um plano para o governo, no entanto no caso de

185 não existirem nenhuma dessas instituições eram admitidas crianças com no mínimo seis anos de idade completos.

A disseminação da instrução graduada primária também foi prioridade na reforma de 1924. Dentre os grupos que já existiam antes dessa reforma podemos citar o Grupo Escolar Modelo, que foi construído em 1911 e serviu para a instrução primária feminina. Este grupo era dirigido pelo diretor da Escola Normal e foi construído com a finalidade de servir a prática das normalistas. Depois de três anos foi construído o Grupo Escolar General Siqueira em 1914, mas que devido a necessidade de instalação do Batalhão Policial Militar do Estado, esse grupo teve que mudar suas instalações para outra escola até que fosse construído um novo prédio para o funcionamento regular. Em 1917, foi construído o Grupo Escolar Barão de Maroim e em 1918, os grupos escolares General Valladão, Coelho e Campos, na cidade de Capela que funcionou no antigo sobrado doado pelo ex ministro do Supremo Tribunal Federal, José Luiz Coelho e Campos. No entanto não funcionou neste local. O grupo escolar Coelho e Campo foi instalado no prédio da Intendência Municipal porque era de mais fácil acesso para as crianças e mais adequado aos princípios da Pedagogia Moderna.(SERGIPE,1924:12).

É essa série de ações que determinou o alcance da Reforma de 1924. Para viabilizar a reforma educacional foi empreendido nesse período ações que se consubstanciaram não só na aprovação de regulamentos, leis, decretos e programas escolares, mas também na profusão de palestras, conferências e discursos promovendo a política educacional de ampliação do acesso ao ensino elementar gratuito e a melhoria da qualidade do ensino para atender a novas demandas inerentes a essa expansão. A uniformização do ensino também foi uma questão posta por essa reforma. Ela fomentou propostas pedagógicas e metodológicas para todos os níveis de ensino, principalmente em relação ao ensino primário.

Além dos grupos existia na capital um liceu para os estudos secundários, o Atheneu Sergipense; uma Escola Normal; cinco grupos escolares: o Grupo Modelo, destinado as alunas do sexo feminino, o Grupo Escolar General Valladão, o Grupo General Siqueira, O Grupo Barão de Maroim e o Grupo Escolar Coelho e Campos. Além dos grupos estavam destinadas ao ensino primário quinze escolas isoladas na capital e 239 no interior, somando-se a esse montante sete Escolas Noturnas. As escolas particulares e confessionais aumentavam ainda mais as estatísticas apontadas por esses

186 administradores. Essas seriam Colégio Tobias Barreto, o Grêmio Escolar, Colégio Salesiano N. S. Auxiliadora, o Instituto América, a Escola Horacio Hora, Colégio N. S. de Lourdes, Colégio N. S. Santa Anna, Colégio N. S. da Conceição, o Colégio N. S. da Glória, Escola da Associação dos Empregados no Comércio e o Colégio S. Thomaz de Aquino. Dessa forma, alegavam que não era por falta de escolas, mas a disposição e compromisso dos professores com o oficio. Afirmavam que muitos que ingressavam nessa carreira era por necessidade econômica e não por vocação.

Fig. 19. Grupos escolares General Valladão e José Augusto Ferraz. Fonte: Arquivo do Memorial de Sergipe. Acervo de Rosa Faria. Aracaju. s/d. Autoria não identificada.

Os grupos implantados durante o governo de Gracho Cardoso estavam localizados, a sua maioria, no interior. Em 1923, o primeiro grupo a ser inaugurado foi na cidade de Estância, Grupo Escolar Gumercindo Bessa e logo depois o de Vila Nova, chamado Grupo Escolar Olimpio Campos. Todos eles já estavam com as obras iniciadas desde 1917, mas precisavam de ajustes, materiais escolares, mobílias, pinturas e reformas de acabamento. Ainda em 1923, inaugurou o Grupo Escolar Vigário Barroso em São Cristóvão, pouco mais tarde construiu o Grupo Escolar Sylvio Romero em Lagarto e um novo Grupo Escolar Valadão em Aracaju. (SERGIPE, 1923:10).

187 Fig. 20: Imagem dos Grupos Escolares Manuel Luis e Barão de Maroim. Fonte: Arquivo Memorial de

Sergipe. Aracaju. s/d. Autoria não identificada.

Já em 1924 mais seis grupos foram construídos, dois na capital e quatro no interior. Em Aracaju foram instalados o Grupo Escolar Manoel Luis e o Grupo José Augusto Ferraz. Em Neópolis foi implantado o grupo Fausto Cardoso, em Propriá, o Grupo Coronel João Fernandes; em Santo Amaro criou o grupo Esperidião Monteiro e em Boquim foi construído o Grupo Severiano Cardoso (SERGIPE, 1923:10).

188 5.3. Curso Complementar e Escola Normal: propostas para a estruturação da

educação feminina sergipana

As propostas reformadoras vão além de edificar prédios escolares, da aquisição de materiais didáticos e de novas carteiras, o objetivo é construir na escola um estado de espírito moderno, afirmava Clarice Nunes ao discursar sobre os (des)encantos da modernidade pedagógica. É bem verdade que por muitos anos os discursos dos envolvidos com a instrução pública estavam vinculados ao ideal de difusão da pedagogia moderna. Esta que era materializada nos regulamentos escolares como renovação de programas, inclusão de disciplinas ou de métodos de ensino de proposta mais reflexiva que decorativa/imediata, vai ser posta desde o inicio da década de 1920