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Receitas Próprias e FPM

3.3 O período 2007-2014: a agenda da gestão municipal como foco de atuação

3.3.3 A agenda operacional

3.3.3.1 Acesso à tecnologia da informação

O GT Interfederativo buscou coordenar iniciativas em curso em outros órgãos federais e alinhá-los com as propostas da sua "Agenda". O "mapa de gargalos" apontou quatro

76 O CAUC foi criado pela STN em 2001 Atualmente, seu regramento disciplinador é a Instrução Normativa STN n° 2/2012 que também alterou seu nome para Serviço Auxiliar de Informações para Transferências. Esse serviço visa facilitar o conhecimento do cumprimento de condições para a efetivação de transferência voluntárias ou operações de crédito ao auxiliar a verificação pendências dos entes subnacionais junto ao governo federal.

77 Pela Lei 11.945/2009, os órgãos da administração pública federal responsáveis pela inscrição de pendências relativas a obrigações fiscais, legais, financeira ou contratuais devidas por entes públicos e que compõem a base de informações para verificação das condições para transferência voluntária da União deverão: a) adotar procedimento prévio de notificação como condicionante à inscrição definitiva de pendência nos seus controles; b) manter em seus cadastros informações sobre a data da notificação e o prazo para inscrição definitiva da pendência. Os órgãos deveriam adaptar seus sistemas em até um ano após a publicação da Lei, devendo tais informações ser incorporadas ao CAUC e outros sistemas de consulta unificada de informações sobre os governos estaduais e municipais.

questões essenciais: conectividade, soluções informatizadas, infraestrutura tecnológica e formação de gestores. Conforme avaliava-se, esses eixos seriam suficientes para criar capacidade de informatização que ampliasse a autonomia tecnológica das prefeituras. O 4CMBr foi lançado pela Secretaria de Logística e Tecnologia da Informação/MPOG em novembro de 2008. Esse software público foi estruturado em parceria com o CAF também visando reduzir custos com a aquisição de tecnologia da informação pelas prefeituras.

O CAF patrocinou e colaborou para desenvolver o Portal do Grupo de Interesse de Municípios 4CMBr inserido no Portal do Software Público 78 (Relatório do GT Interfederativo, p. 44-47) para informatizar a gestão municipal. Os resultados até 2014 foram reduzidos, conforme a tabela 3.12. Tendo por referência o porte dos municípios com até 50 mil habitantes, o público-alvo do GT Interfederativo, foram 35 (62,5%) de um total de 56 em 16 estados que aderiram aos softwares de gestão 79. Mesmo sendo um processo recente, apenas 1% dos 5570 municípios aderiu. No mínimo, se houve, a indução do CAF e das entidades municipalistas não foi efetiva para que as prefeituras utilizassem o 4CMBr. Passada a fase de debater o software, o CAF não mais teve como acompanhar sua implantação, pois não havia uma área técnica para estabelecer conexões com o MPOG. Este é mais um exemplo de falta de autoridade intragovernamental que contribuiu para que a adesão dos municípios, em sete anos, tenha sido tão baixa. Ademais, o CAF não dispõe de equipe técnica para estabelecer laços intergovernamentais com as cidades, como é o caso do Bundesrat alemão.

Desde 2007, ano de criação do Portal do Software Público, os municípios podem aderir ao 4CMBr, e o GT Interfederativo já indicava essa alternativa desde 2008. Em retrospectiva, em sete anos, a adesão obtida foi um resultado pífio. Em perspectiva, considerando o perfil municipal das adesões após 2013, parece que o software se orienta para as menores e busca customizar soluções, conforme o diagnóstico realizado pelo GTInterfederativo. Isso porque, ainda que muitos municípios tenham seus recursos próprios de tecnologia da informação, possivelmente a maior demanda do 4MCBr esteja nos menores.

Essa é a conclusão está em linha com "Modernização da Gestão Pública - cooperação Brasil-Espanha" (s/d): todas as soluções no âmbito do Portal Software Público dependiam de as prefeituras terem capacidade instalada de tecnologia da informação, o que implica equipe especializada, conectividade e equipamentos. Mas a alternativa apresentada para equacionar

78 Desenvolvido pelo Serpro e apoiado pela CEF, Ministério da Ciência e da Tecnologia, Ministério das Comunicação e CEF, além do suporte financeiro e tecnológico do BB.

79 Os números se referem à implantação das soluções para modernizar da gestão local: a) e-Nota (emissão de Notas Fiscais Eletrônicas de Serviços para modernizar a gestão do ISS); b) sistema de controle de frotas, veículos nas oficinas e abastecimento de combustível; c) e-cidade: informatizar a gestão.

Tabela 3.12 - Adesões municipais aos módulos de gestão do 4CMBr

Estado Número de

cidades

Porte das cidades (em mil habitantes)

Ano de adesão Software

Acre (1) 1 10 a 20 2013 e-cidade Alagoas (3) 1 100 a 500 2013 e-cidade 1 10 a 20 2013 e-nota 1 20 a 50 2013 e-nota Bahia (4) 1 100 a 500 2013 e-cidade 2 50 a 100 2013 e-cidade 1 10 a 20 2014 e-cidade Ceará (1) 1 50 a 100 2014 e-cidade

Espírito Santo (1) 1 20 a 50 2012 e-cidade

Mato Grosso do Sul (1) 1 100 a 500 2013 e-cidade

Maranhão (2) 2 50 a 100 2013 e-cidade

Minas Gerais (13) 3 até 5 2010/2013/2014 e-cidade/e-nota/e-iss

2 5 a 10 2013 e-cidade 1 10 a 20 2013 e-cidade 4 20 a 50 2013 e-cidade 3 100 a 500 2013 e-cidade Pará (4) 1 20 a 50 2013 e-cidade 2 50 a 100 2013 e-frota/e-cidade 1 100 a 500 2013 e-cidade Pernambuco (2) 1 20 a 50 2014 e-cidade 1 50 a 100 2013 e-cidade Piauí (1) 1 20 a 50 2013 e-cidade

Rio Grande do Sul (16) 1 até 5 2013 e-cidade

2 5 a 10 2013 e-cidade

2 10 a 20 2013 e-cidade/e-iss

6 20 a 50 2013 e-cidade

4 50 a 100 2013 e-cidade

1 100 a 500 2013 e-cidade

Rio de Janeiro (5) 1 10 a 20 2013 e-cidade

1 20 a 50 2013 e-cidade

1 50 a 100 2013 e-cidade

2 100 a 500 2013 e-cidade

Rondônia (1) 1 10 a 20 2013 e-cidade

Roraima (2) 2 5 a 10 2013 e-cidade

São Paulo (1) 1 10 a 20 2013 e-cidade

Fonte: elaboração própria com base no Portal do Software Público (http://www.softwarepublico.gov.br/4cmbr/xowiki/Principal) e no Censo Demográfico do IBGE 2010.

esses pré-requisitos, caso o município não dispusesse de recursos financeiros, era contratar o financiamento do PMAT e/ou do PNAFM80. Tendo por referência o reduzidíssimo número de entes locais que contrataram esses programas, vê-se os limites dessa proposta que transferiu o problema para outra arena onde as dificuldades de acesso municipal são grandes.

Conforme a discussão realizada sobre o CAF, de forma geral, sua atuação esteve mais próxima da experiência da ACIR como um corpo consultivo propondo políticas e estudos

80 Para o acesso à internet, a sugestão era contratar um provedor e garantir assistência terceirizada, caso não houvesse uma equipe própria, por meio do portal do Software Público e sua lista de provedores de serviços.

sobre a gestão municipal. No entanto, um fórum intergovernamental com essa limitação de poder intragovernamental não teria como dispor de recursos políticos para mediar acordos direcionados a constituir uma "federação renovada", tal como se propôs em 2003. A distância entre suas intenções e a realidade dos resultados alcançados foi significativa em todas as frentes de atuação (gestão financeira, planejamento e gestão e tecnologia da informação). Desse modo, a questão das assimetrias de capacidades estatais municipais e das desigualdades federativas entre os maiores e menores municípios, que foi um dos eixos chave de atuação do CAF, a ponto de constar do seu decreto de criação, não logrou êxito.

O diagnóstico que a Federação brasileira carecia de uma arena territorial de cooperação intergovernamental com os entes municipais, pois as instâncias existentes eram setoriais ou voltadas apenas para envolver os Estados, não gerou um modelo efetivo de ação com o CAF. Ao longo da discussão, o principal argumento testado foi que fóruns como esse não dependem apenas da adesão territorial, mas por serem transversais às políticas setoriais, demandam autoridade intragovernamental sobre os órgãos como os ministérios. Em termos comparados com a experiência internacional, essa foi a principal lacuna e razão do insucesso do CAF.

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