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ALGUMAS DIFICULDADES QUE PODEM SURGIR AOS PROFISSIONAIS

No documento CPCJ Guia Educacao 1 (páginas 123-125)

PREVENÇÃO SECUNDÁRIA E TERCIÁRIA INTERVENÇÃO DO EEEF JUNTAMENTE COM OUTRAS ECMIJ

3.6 ACTUAÇÃO JUNTO DA CRIANÇA E SUA FAMÍLIA

3.6.3 ALGUMAS DIFICULDADES QUE PODEM SURGIR AOS PROFISSIONAIS

Muitos profissionais manifestam dificuldades, de vária natureza que podem constituir obstáculos em qualquer tipo de intervenção, no momento de comunicar as situações detectadas a outras entidades com competência em matéria de infância e juventude ou no momento de sinalizar à CPCJ. Muitas vezes receiam as repercussões legais que tais acções possam ter sobretudo para os próprios, mas também as consequências que tal acção possa ter a relação de confiança que estabelecem com esta e com a família. Estas dificuldades podem desencorajar a actuação do docente em futuros casos de maus tratos.

Entre as várias possíveis reacções dos profissionais podem identificarem-se as seguintes como sendo as que se manifestam com mais frequência:

a] INCERTEZA EM RELAÇÃO AO FUTURO DA CRIANÇA: O QUE IRÁ ACONTECER DEPOIS DA COMUNICAÇÃO A OUTRAS ENTIDADES COM COMPETÊNCIA EM MATÉRIA DE INFÂNCIA E JUVENTUDE OU SINALIZAÇÃO À CPCJ

Muitos docentes ou outros profissionais do EEEF manifestam as suas dúvidas sobre o que irá acontecer depois de apresentada a comunicação/sinalização.

Quando se toma a decisão de comunicar às ECMIJ e/ou CPCJ, existe a obrigação de dar conhecimento aos pais.

Contudo, se o EEEF supõe que o acto de comunicar ou sinalizar, e consequente informação aos pais, coloca em perigo acrescido a própria criança, deve considerar a possibilidade da comunicação ou sinalização não ser do conhecimento dos mesmos, mas deve desse facto dar conhecimento, logo que possível por escrito, à entidade que recebe a comunicação ou sinalização. Assim, se poderá equacionar a melhor forma de salvaguardar os direitos da família e da criança à informação sem colocar em perigo a criança.

b] O RECEIO PELA PRÓPRIA SEGURANÇA PESSOAL.

É frequente os profissionais preocuparem-se com a sua própria segurança, especialmente nos casos em que o maus tratos detectados configuram crime (e.g. maus tratos físicos, negligência grave, abuso sexual) que estão obrigados por lei a denunciar.

A actuação dos profissionais em matéria de Protecção à Infância e Juventude não está isenta de alguns riscos, porém, dada a obrigação legal, nestes casos, é importante que o profissional que denunciar uma situação que configura crime conte com o apoio explícito da Direcção do EEEF e quando for caso disso das forças de segurança. Importa não esquecer também o direito que todos os profissionais e todos os cidadãos em geral têm de apresentarem queixa ao Ministério Público (ou através das forças de segurança) de possíveis ameaças, tentativas de agressão, difamação e outras situações que configurem crime contra si, contra os seus familiares ou contra a sua propriedade.

De referir a importância de se comunicar a todos os pais, pelas mais variadas formas, da responsabilidade do EEEF na intervenção em todas as situações de perigo e nas situações que configuram crime assim como dos direitos e deveres tanto do EEEF como dos pais. Desta forma, podem evitar-se possíveis reacções dos pais que decorram da falta de entendimento relativamente à actuação dos profissionais da educação.

c] A PREOCUPAÇÃO EM NÃO SE IMISCUIR NA PRIVACIDADE DAS FAMÍLIAS.

A ideia de que os filhos são propriedade exclusiva dos pais é um mito muito arreigado. No entanto, cada vez mais existe a convicção de que as crianças são membros da comunidade com plenos direitos e os pais são os principais responsáveis por cuidar deles. Desse ponto de vista, os profissionais da educação, como membros eleitos da comunidade para a educação das crianças, estão especialmente legitimados para a actuação em situações maus tratos e outras situações de perigo quando os pais revelam dificuldades em assumir plenamente as suas responsabilidades.

d] A IMPOSSIBILIDADE DE AVALIAR FAMÍLIAS COM MODELOS CULTURAIS DISTINTOS.

Cada vez é maior a presença de famílias das mais diversas origens culturais. A diversidade cultural é enriquecedora, mas as necessidades e direitos da criança devem ser respeitados independentemente dos valores culturais da família, regendo- se pela LPCJP independentemente da sua origem cultural. Contudo, quer na avaliação

quer na intervenção das situações os valores culturais devem ser compreendidos e respeitados desde que não coloquem em perigo a segurança da criança.

e] A IDEIA DE QUE A INTERVENÇÃO NÃO SERVIRÁ DE NADA.

É um sentimento muito comum, que se baseia na generalização de algumas situações em que a intervenção protectora não serviu de muito ou foi incorrectamente executada. Muitas vezes este sentimento tem origem numa má experiência do profissional de educação envolvido num caso de insucesso em que, na sua opinião, não se actuou de modo correcto.

No conjunto das actuações do Sistema de Promoção e Protecção da Infância e Juventude em todos os seus patamares é muito difícil que todas as situações sejam intervencionadas com igual sucesso. Para potenciar este sucesso deve apostar-se primeiramente em bons programas de prevenção primária e secundária, numa actuação tão rápida e articulada quanto possível na remoção do perigo ao nível do primeiro nível de intervenção na medida em que esta é feita pelos profissionais que mais próximos estão das crianças, beneficiando de um melhor conhecimento das mesmas e das suas famílias e maior confiança destas. A actuação dos níveis seguintes já pode implicar danos visíveis para a criança com a possibilidade de as situações se tornarem crónicas, o que torna mais complexa e mais difícil a concretização da intervenção.

3.7 PROCEDIMENTOS EM SITUAÇÃO DE MAUS TRATOS OU OUTRAS

No documento CPCJ Guia Educacao 1 (páginas 123-125)