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LEGISLAÇÃO ORDINÁRIA

No documento CPCJ Guia Educacao 1 (páginas 68-73)

REGIME JURÍDICO APLICÁVEL ÀS SITUAÇÕES DE PERIGO

CPCJ ECMIJ

2.4 LEGISLAÇÃO ORDINÁRIA

2.4.1 O CÓDIGO CIVIL E A ORGANIZAÇÃO TUTELAR DE CRIANÇAS

Destacam-se do Código Civil Português, neste guia designado por CC, as seguintes disposições:

Artigos 1796.º a 1873.º - Filiação;

Artigos 1877.º a 1920.º - C – Responsabilidades parentais; Artigos 1921.º a 1972.º - Tutela e Administração de bens; Artigos 1973.º a 2002.º- D – Adopção

Artigos 2003 a 2020.º - Alimentos.

CRP- Constituição da República Portuguesa

Livro IV CCP Código Civil

A OTM trata destas matérias nas seguintes disposições: Artigos 162.º a 173.º - F – Adopção;

Artigos 174.º a 185.º - Regulação das Responsabilidades parentais e questões relacionadas;

Artigos 186.º a 190.º - Alimentos devidos a criançaes; Artigos 191.º a 193.º - Entrega Judicial de Criança;

Artigos 194.º a 201.º - Inibição e limitações ao exercício das responsabilidades parentais;

De entre os termos legais mais significativos e mais frequentemente utilizados em matéria de protecção às crianças salientam-se:

2.4.1.1 O EXERCÍCIO DAS RESPONSABILIDADES PARENTAIS

a] CONTEÚDO DAS RESPONSABILIDADES PARENTAIS

“Compete aos pais, no interesse dos filhos, velar pela segurança e saúde destes, prover o seu sustento, dirigir a sua educação, representá-los, ainda que nascituros, e administrar os seus bens”.

b] O EXERCÍCIO DAS RESPONSABILIDADES PARENTAIS

O exercício das responsabilidades parentais pertence a ambos os pais, sendo exercido por comum acordo e, se não existir acordo, nas situações de particular importância, qualquer dos pais pode recorrer ao Tribunal que tentará a conciliação. Mostrando-se esta conciliação impossível, o juiz ouvirá o filho antes de decidir, salvo quando circunstâncias ponderosas o desaconselhem.

c] DURAÇÃO DAS RESPONSABILIDADES PARENTAIS

Os filhos estão sujeitos às responsabilidades parentais até à maioridade ou emancipação.

• É criança quem ainda não tiver completado dezoito anos.

• Criança pode ser emancipado pelo casamento, a partir dos dezasseis anos de idade.

d] REPRESENTAÇÃO DAS CRIANÇAS

As crianças são titulares de direitos, sendo porém incapazes legalmente para o seu exercício, pelo que necessitam de quem os represente, praticando os actos que aqueles não podem praticar.

Alterações ao regime do divórcio

A família é elemento fundamental da sociedade e tem direito à protecção do Estado.

Os pais têm o direito e o dever de educação e manutenção dos filhos, gozando no exercício deste poder/dever de iguais direitos e deveres - artigo 36.º da CRP

As responsabilidades parentais, enquanto poder/dever de educação dos filhos, revestem-se de um conteúdo funcional e altruísta, exercido pelos pais no interesse dos filhos. Esta é uma obrigação imposta por lei que compreende os deveres de:

Guarda; Vigilância; Auxílio; Assistência; Educação e Administração dos Bens. As Comissões de Protecção de Crianças e Jovens comunicam ao MP as situações, de facto, que justifiquem a regulação ou a alteração do regime das responsabilidades parentais - artigo 69.º da LPCJP.

O processo para regulação do exercício das responsabilidades parentais está regulado na OTM, bem como o seu incumprimento e alterações. Neste processo os pais devem acordar no que respeita: à guarda da criança, ao direito de visitas ao progenitor que não tenha a guarda da criança e a pensão de alimentos a ser prestada. Caberá ao Tribunal definir estas questões, em particular, quando os pais não consigam obter acordo que satisfaça o superior interesse da criança.

e] CONTEÚDO DAS RESPONSABILIDADES PARENTAIS

O conteúdo das responsabilidades parentais integra o poder/dever de representação dos filhos e compreende o exercício de todos os direitos e o cumprimento de todas as obrigações do filho, excepto os actos puramente pessoais e aqueles que a lei refira que a criança pode praticar pessoal e livremente e os actos respeitantes a bens cuja administração não pertença aos pais.

2.4.1.2 INIBIÇÃO E LIMITAÇÕES AO EXERCÍCIO DAS RESPONSABILIDADES PARENTAIS

“A requerimento do MP, de qualquer parente da criança ou pessoa a cuja guarda ele esteja confiado, de facto, ou de direito, pode o Tribunal decretar a inibição do exercício das responsabilidades parentais quando qualquer dos pais infrinja culposamente os deveres para com os filhos, com grave prejuízo destes, ou quando, por inexperiência, enfermidade, ausência ou outras razões, se não mostrem em condições de cumprir com aqueles”.

A inibição pode ser total ou parcial. Sendo parcial limitar-se-á à representação e administração dos bens dos filhos. Pode abranger ambos os progenitores ou apenas um deles e referir-se a todos os filhos ou apenas a algum ou alguns. Abrangendo todos os filhos, estende-se aos que nascerem depois de decretada e será levantada quando cessaram as causas que lhe deram origem.

A inibição significa que as Responsabilidades Parentais foram retiradas total ou parcialmente, podendo ainda esta inibição ser provisória ou definitiva.

A Limitação das Responsabilidades Parentais implica a redução dos conteúdos dessas responsabilidades concedendo as responsabilidades a outrem que não os pais.

2.4.1.3 ENTREGA JUDICIAL DE CRIANÇA

Se as crianças abandonarem a sua casa ou dela forem retiradas, qualquer dos pais e, em caso de urgência, as pessoas a quem eles tenham confiado o filho, podem solicitar ao Tribunal o seu regresso.

A competência para decretar a entrega da criança é do Tribunal da área onde a criança se encontrar e não o da sua residência, excepto quando forem coincidentes.

Artigo 69.º da LPCJP

Artigo 1915.º do C.C. e artigo 194.º da

O.T.M. OTM

2.4.1.4 TUTELA

a] A TUTELA TEM COMO OBJECTIVO:

A representação das crianças, na falta dos responsáveis parentais, é suprida pela tutela.

O tutor tem as mesmas responsabilidades que os representantes parentais. Só pode ser nomeado pelo Tribunal.

A criança está obrigatoriamente sujeita a tutela, nas seguintes situações: Se os pais houverem falecido;

Se estiverem inibidos do poder paternal/responsabilidades parentais quanto à regência da pessoa do filho;

Se estiverem há mais de seis meses impedidos de facto de exercer o poder paternal/responsabilidades parentais;

Se forem incógnitos.

b] CARÁCTER OFICIOSO DA TUTELA

A tutela é oficiosa, ou seja, o Tribunal tem a obrigação legal de decretar a tutela logo que se verifique uma das situações acima previstas.

Qualquer entidade administrativa ou judicial, bem como os funcionários do registo civil, que no exercício do cargo tenham conhecimento de situação na qual se justifique a decretação da tutela, deve comunicar o facto ao Tribunal competente.

c] O TUTOR

O tutor é encontrado, por regra, de entre familiares tanto do lado paterno como materno que mais garantias dão à criança a tutelar.

Antes de ser nomeado é ouvido o Conselho de Família, constituído por duas pessoas, por regra uma do lado do pai e outra do lado da mãe.

2.4.1.5 APADRINHAMENTO CIVIL

O apadrinhamento civil é uma relação jurídica, constituída por homologação, ou decisão judicial, tendencialmente de carácter permanente, entre uma criança e uma pessoa singular ou uma família que exerça os poderes e deveres próprios dos pais e que com ela estabeleçam vínculos afectivos que permitam o seu bem-estar e desenvolvimento.

2.4.1.6 ADOPÇÃO

A Adopção é o “vínculo jurídico que, à semelhança da filiação natural, mas independentemente dos laços de sangue, se estabelece legalmente entre duas pessoas nos termos dos artigos 1973.º e seguintes do Código Civil“ C.C.

a] REQUISITOS GERAIS

“A adopção visa realizar o superior interesse da criança e será decretada quando apresente reais vantagens para o adoptando, se funde em motivos legítimos, não envolva sacrifício injusto para os outros filhos do adoptante e seja razoável supor que entre o adoptante e o adoptado se estabelecerá um vínculo semelhante ao da filiação”. Artigo 1586.º do CCP

b] ENTIDADE COMPETENTE PARA DECRETAR A ADOPÇÃO

A constituição do vínculo da adopção é da competência própria e exclusiva dos Tribunais, só podendo ser decretada por sentença judicial, por via de um processo próprio e adequado.

c] MODALIDADES DE ADOPÇÃO

Existem duas espécies de adopção: A Adopção Plena e Adopção Restrita, consoante a extensão dos seus efeitos.

d] CONSENTIMENTO PARA ADOPÇÃO

Para que se constitua o vínculo jurídico da adopção é necessário que seja prestado consentimento perante o juiz, por parte das pessoas a quem a lei atribui essa competência, ou, na ausência de consentimento, por uma decisão judicial, comprovada que esteja a incapacidade parental manifesta para com a criança. O consentimento tem de ser prestado oral e pessoalmente perante um juiz, qualquer Tribunal com competência em matéria de família e crianças, independentemente da residência da criança ou das pessoas que o devam prestar.

e] QUEM PODE ADOPTAR

O CCP define quem pode adoptar: Quem pretender adoptar deve comunicar essa intenção ao organismo de segurança social da área da sua residência ou, na área de Lisboa, à Santa Casa da Misericórdia de Lisboa.

f] QUEM PODE SER ADOPTADO

Todas as crianças até aos 15 anos, ou até aos 18 anos desde que tenha sido confiado ao adoptante até aos 15 anos .

Artigo 1586 do CCP

A mãe não pode dar o seu consentimento antes de decorridas seis semanas após o parto.

Artigo 1977.º do Código Civil Português.

g] PROCESSO PELO QUAL A ADOPÇÃO SE PODE CONCRETIZAR

Confiança administrativa;

Confiança judicial a pessoa seleccionada para adopção ou instituição com vista a futura adopção.

No documento CPCJ Guia Educacao 1 (páginas 68-73)