• Nenhum resultado encontrado

COMO COMUNICAR E INTERVIR JUNTO DA FAMÍLIA

No documento CPCJ Guia Educacao 1 (páginas 120-123)

PREVENÇÃO SECUNDÁRIA E TERCIÁRIA INTERVENÇÃO DO EEEF JUNTAMENTE COM OUTRAS ECMIJ

3.6 ACTUAÇÃO JUNTO DA CRIANÇA E SUA FAMÍLIA

3.6.2 COMO COMUNICAR E INTERVIR JUNTO DA FAMÍLIA

Uma vez detectado o caso de uma criança vítima de maus tratos ou outra situação de perigo, por se terem observado e registado um conjunto de indicadores, já anteriormente expostos, para além dos contactos necessários com a criança, é indispensável obter mais informações dos pais ou encarregados de educação para se poder definir as possíveis soluções.

Para que esta abordagem à família se realize da forma mais adequada é necessário estabelecer-se um conjunto de orientações e procedimentos que ajudem os profissionais dos EEEF nesta acção.

Deve ter-se sempre em consideração a segurança da criança, pelo que antes da decisão de contactar os pais, o EEEF deve avaliar se este contacto irá ou não colocar a criança em situação de perigo para a sua vida e integridade física.

O profissional do EEEF deve preparar atempadamente a reunião com os pais definindo a melhor hora e local, em função das conveniências dos pais e sempre que possível realizando-se nos locais e horários habituais.

Na abordagem aos pais é importante ter em conta os seguintes aspectos:

• Informar os pais sobre a responsabilidade da escola no que respeita à protecção da criança em situações de maus tratos e outras situações de perigo;

• Estabelecer uma ligação positiva com a família demonstrando empatia mesmo quando estes não actuaram da forma mais adequada para com a criança. Evitar expressões verbais e não verbais de culpabilização e ou rejeição; • Expressar o interesse genuíno da escola em ajudar a encontrar soluções para

o problema identificado, em estreita colaboração com os pais;

• Garantir a reserva sobre os assuntos tratados, partilhando a informação apenas quando necessário e sempre com o consenso informado dos pais; • Conhecer a percepção que os pais têm das razões que levaram ao aparecimento,

manutenção ou agudização da situação;

• Focar a atenção na situação em causa, evitando intrometer-se em aspectos familiares ou sociais não relacionados e desde que se avalie que não estão relacionados com a protecção da criança;

• Conhecer igualmente as acções já empreendidas pelos pais e o que na sua percepção poderá ainda ser feito para resolver a situação;

Para aprofundamento das situações que exigem articulação com as forças de segurança consultar o Guia de orientações para os

profissionais das forças de segurança na abordagem das situações de maus tratos

Quando existem outras pessoas que não os pais a deterem as

responsabilidade parentais ou a criança está entregue a uma pessoa que tem a sua guarda de facto, o EEEF deve contactar essas pessoas.

• Caso necessário informar os pais sobre especificidades do desenvolvimento da criança, em função da sua idade ou da sua condição, dos cuidados elementares a ter com esta, assim como a forma de reagir acertivamente perante os seus comportamentos;

• Completar a informação recolhida junto dos pais relativamente ao problema detectado, com outra informação disponível no EEEF, permitindo as decisões mais adequadas;

• Quando a situação o indique, sugerir aos pais recursos do próprio EEEF dirigidos à criança ou à família, no sentido de satisfazer as necessidades da criança;

• Quando a situação aponte para a necessidade da intervenção de outras entidades com competência em matéria de infância e juventude, propor aos pais que a elas recorram ou recolher o seu consenso para a partilha de informação com essas entidades solicitando a sua actuação;

• Garantir aos pais os apoio necessários e disponíveis por parte do EEEF e aceites por estes, como sendo um factor importante para reduzir o stress que normalmente aflige as famílias com crianças em situação de perigo;

• Estabelecer um consenso com os pais relativamente às acções que devem ter lugar no sentido da protecção da criança. Caso não seja obtido o consenso, e apenas nesta situação, informar os pais da obrigação do EEEF comunicar à CPCJ competente solicitando a sua intervenção;

• Na fase de acompanhamento ou monitorização de uma intervenção junto da família por parte do EEEF, CPCJ ou Tribunal, o apoio e trabalho contínuo da Escola com as famílias é fundamental para favorecer um melhor prognóstico da situação da criança. Este apoio traduz-se no reforço das potencialidades da criança e nos seus progressos escolares e pessoais evitando-se a focalização das famílias nos aspectos negativos da criança, porque nestas situações existem frequentemente expectativas irrealistas do seu desenvolvimento; • Nas situações em acompanhamento e monitorização pelas CPCJ ou Tribunal,

quer tenham ou não sido sinalizadas pelo EEEF, as actividades desta com a criança e a família devem ser realizadas em articulação com aquelas entidades existindo vantagens em que estejam integradas também no Acordo de Promoção e Protecção e respectivo Plano de Intervenção.

Importa ainda referir que a atitude que os profissionais do EEEF devem adoptar num primeiro momento, em que determinadas situações de maus tratos podem parecer configurar crime (abuso sexual, por exemplo), para além de ser um tema complexo, irá requerer posterior e necessariamente a actuação de outras entidades

Ponto 4.2.1 Pontos 1.3 e 3.6.

e de outros profissionais com competência e experiência nesta matéria. Perante a suspeita de crime deve proceder-se de acordo com o ponto 3.7.

Em todas as situações em que se perspective o afastamento de uma criança da sua família de origem, a tomada de decisão e a sua concretização são difíceis, suscitando a maior parte das vezes uma forte reacção emocional nos familiares, na criança e nos profissionais da qual é importante que o EEEF e os seus profissionais possam tomar consciência e adquiram competências para a sua adequada gestão.

De facto, em determinadas situações de perigo, o EEEF, após avaliação prévia, pode concluir que é mais seguro separar a criança do seu contexto familiar de origem porque existe perigo actual e iminente para a sua integridade física e há oposição dos pais recorrendo à aplicação de um procedimento de urgência. Nestes casos a colaboração das forças de segurança pode ser necessária para em conjunto com o EEEF proceder a ao afastamento da criança da forma menos traumática evitando, tanto quanto possível, que se repercuta negativamente na criança. Sendo o EEEF um local em que, com alguma facilidade, poderá afastar-se a criança da situação de perigo, reune condições mínimas para levar a efeito este procedimento, não esquecendo que cabe ao EEEF solicitar também a colaboração de outras entidades, como por exemplo, a Linha Nacional de Emergência no sentido de garantir em definitivo tal afastamento.

Pelas razões já acima expostas e também pelo dever de colaboração ao abrigo do Artigo 13.º da LPCJP caso seja a CPCJ ou o Tribunal através da EMAT a deliberar a aplicação de um procedimento de urgência, a colaboração do EEEF é muito importante e, por vezes, até imprescindível facilitando que o afastamento da criança relativamente à família ocorra nas sua instalações e da melhor maneira possível para a criança.

Noutras situações esse perigo não é iminente ou não existe oposição, mas o afastamento da criança impõe-se, porque não existem no seu meio familiar figuras que possam proporcionar-lhe os cuidados e protecção adequados, pelo que o EEEF procede à sinalização à CPCJ territorialmente competente, sugerindo a aplicação de uma medida que leve ao afastamento da criança. A CPCJ pode então avaliar mais pormenorizadamente a situação socio-familiar e deliberar qual a medida mais eficaz. Se na sequência desta avaliação a CPCJ acordar com os pais no afastamento

Ponto 2.5 e 3.7

LPCJP

Figura n.º 14 e ponto 4.6.1

Para aprofundamento das situações que exigem articulação com as forças de segurança consultar o Guia de orientações para os profissionais das Forças de Segurança na abordagem das situações de maus-tratos ou outras situações de perigo

da criança o EEEF deve também colaborar quando solicitada para realizar as acções necessárias ao objectivo definido.

O mesmo dever de colaboração se impõe nos casos em que seja o próprio Tribunal a promover o afastamento da criança do seu contexto familiar.

No documento CPCJ Guia Educacao 1 (páginas 120-123)