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OUTROS TIPOS DE MAUS TRATOS

No documento CPCJ Guia Educacao 1 (páginas 36-40)

intervenção em situações de risco e de perigo

1 ABORDAGEM TEÓRICA DOS Maus tratos A CRIANÇAS OU OUTRAS SITUAÇÕES DE PERIGO.

1.3 TIPOLOGIA DOS MAUS TRATOS NA INFÂNCIA

1.3.3 OUTROS TIPOS DE MAUS TRATOS

1.3.3.1 MAUS TRATOS PRÉ-NATAIS

Quando a mãe gestante tem comportamentos que influenciam negativamente a sua saúde e interferem no desenvolvimento adequado do feto, tendo como consequências no bebé recém-nascido determinadas alterações (crescimento anormal, padrões neurológicos anómalos, síndromes de abstinência,etc.)

São exemplos deste tipo de comportamentos:

• A ausência de cuidados físicos relativos à condição de gestante, • O consumo de drogas, ou álcool.

1.3.3.2 TRABALHO INFANTIL

Pode-se definir o trabalho infantil como o conjunto das actividades desenvolvidas por crianças com idades compreendida entre os 6 e os 15 anos de idade, que se consideram ter efeitos negativos na saúde, educação e normal desenvolvimento da criança.

A obrigação de executar trabalhos que pela sua natureza prejudicam o normal desenvolvimento físico, mental, intelectual, moral e social da criança, ou violam os seus direitos fundamentais, como o direito à educação escolar, é considerada um mau trato.

Os efeitos negativos na saúde dizem respeito ao facto da actividade desenvolvida poder originar uma situação de doença, lesões, acidentes, problemas crónicos e/ou impedir o seu normal desenvolvimento físico; o impacto na educação diz respeito ao prejuízo causado relativamente à assiduidade escolar e/ou ao aproveitamento escolar; quanto aos efeitos no normal desenvolvimento da criança eles dizem respeito à inexistência de tempos livres e inviabilidade da criança praticar actividades desportivas, sociais e culturais.

A definição de base para o trabalho de crianças nas actividades lícitas da esfera económica provém da Organização Internacional do Trabalho (OIT), e da respectiva Convenção n.º 138 e Recomendação n.º 146, ambas de 1973, sobre a idade mínima de admissão ao trabalho (16 anos). A Convenção n.º 138 tem efeitos fundamentalmente no sector formal da economia.

Lei n.º 102/2009

Para aprofundamento desta matéria pode consultar:

PIEC – Programa para a Inclusão e Cidadania criado pela Resolução do Conselho de Ministros n.º79/2009 - e.g. Programa Integrado de Educação Formação (PIEF)

CNASTI – Confederação Nacional de Acção sobre o Trabalho Infantil

ACT – Autoridade para as Condições do Trabalho

OIT – Organização Internacional do Trabalho

A obrigação de executar trabalhos que pela sua natureza prejudicam o normal desenvolvimento físico, mental, intelectual, moral e social da criança, ou violam os seus direitos fundamentais, como o direito à educação escolar, é considerada um mau-trato.

A OIT alarga o horizonte da definição adoptando também, em geral, a perspectiva de protecção da criança abrangendo todas as actividades que implicam a sua exploração.

Uma definição do trabalho infantil, e decorrente da s orientações internacionais, designadamente da OIT, deve integrar as seguintes vertentes:

• Trabalho que é desenvolvido por crianças que não tenham atingido uma determinada idade;

• Trabalho que prejudica a sua saúde e/ou desenvolvimento físico, mental, intelectual, moral e social; • Trabalho que compromete a sua

Desde que corresponda aos critérios incluídos na definição, ou seja, a obrigação de executar trabalhos antes da criança atingir uma determinada idade, a exploração do trabalho infantil é considerada um mau trato.

O artigo 69.º, n.º 3 da CRP proíbe expressamente o trabalho dos crianças em idade escolar.

No Código do Trabalho, revisto e aprovado pela Lei n.º 7/2009, de 12 de Fevereiro, o trabalho de crianças encontra-se regulado nos artigos 66.º a 83.º.

Existem condições, previstas no Código do Trabalho, em que uma criança com idade inferior, ou igual a 16 anos, mas com a escolaridade obrigatória concluída, pode prestar trabalhos leves desde que não impliquem esforços físicos ou mentais e não prejudiquem a sua integridade física, segurança ou saúde – artigo 66.º, n.º 3 e n.º 5, artigo 68.º, n.º 1 e n.º 4.

Independentemente da idade, a legislação portuguesa define as actividades que são condicionadas e proibidas a crianças menores de 18 anos. São proibidas as actividades, os processos e condições de trabalho previstas nos artigos 116.º a 121.º da Regulamentação do Código do Trabalho (RCT) – Lei n.º 35/2004 e previstas nos artigos 64.º a 66.º da Lei n.º 102/2009 que implicam a exposição a alguns agentes físicos e, biológicos e químicos.

Para além da Convenção 138, a OIT, em 1999, adopta a Convenção 182 relativa à interdição das Piores Formas de Trabalho das Crianças e à acção imediata com vista à sua eliminação.

Para os efeitos desta Convenção, o termo criança aplica-se a todas as pessoas com menos de 18 anos e a expressão “Piores Formas de Trabalho das Crianças” abrange:

• Todas as formas de escravatura ou práticas análogas, tais como a venda e tráfico de crianças, a servidão por dívidas, bem como o trabalho forçado ou obrigatório, incluindo o recrutamento forçado ou obrigatório das crianças com vista à sua utilização em conflitos armados;

• A utilização, o recrutamento ou a oferta de uma criança para fins de prostituição, de produção de materiais pornográficos e/ou de espectáculos pornográficos;

• A utilização, o recrutamento ou a oferta de uma criança para actividades Ver também 2.5 Legislação penal

Independentemente da idade, a legislação portuguesa define as actividades que são condicionadas e proibidas a crianças de 18 anos. São proibidas as actividades, os processos e condições de trabalho previstas nos artigos 116.º a 121.º da Regulamentação do Código do Trabalho (RCT) – Lei n.º 35/2004 e previstas nos artigos 64.º a 66.º da Lei n.º 102/2009 que implicam a exposição a alguns agentes físicos e, biológicos e químicos.

ilícitas, nomeadamente para a produção e tráfico de estupefacientes;

• Os trabalhos que pela sua natureza ou pelas condições em que são exercidos, podem prejudicar a saúde, a segurança ou o adequado desenvolvimento moral da criança.

É importante reconhecer que estas são áreas em que ocorrem as piores violações dos direitos das crianças e onde o mau trato, sendo provado, constitui um crime.

1.3.3.2.1 Participação em artes e espectáculos

A prestação da actividade de crianças para a produção de certas actividades relacionadas com artes e espectáculos é uma realidade histórica e que se tem vindo a acentuar.

A participação da criança nestas áreas também corresponderá, face à consagração dos direitos das crianças, ao nível jurídico, quer no plano nacional, quer no internacional, ao direito da mesma de se envolver na actividade cultural e no desenvolvimento das suas capacidades.

No que diz respeito à situação específica de participação das crianças em espectáculos ou actividades semelhantes, de natureza cultural, artística ou publicitária é de considerar a necessidade de conciliar o direito das crianças à participação nestas actividades com o seu direito à educação e consequentemente ao seu desenvolvimento integral.

Daqui decorre a obrigatoriedade da participação de qualquer criança, nesse tipo de actividade, estar sujeita a autorização por uma Comissão de Protecção de Crianças e Jovens, da área residencial da criança, ou não havendo comissão, aquela cuja sede estiver mais próxima da sua residência e está abrangida pela Lei n.º 35/2004, de 29 de Julho.

Desde há muito que existe preocupação em enquadrar a actividade, sobretudo em termos de direito internacional, em questões que se relacionam com a preocupação de se garantir a escolaridade, a idade mínima, tipo de trabalho, a aptidão física, o papel dos pais ou tutor, o número de horas para participação, o acompanhamento médico, o trabalho nocturno, actividades proibidas, ou mais genericamemente, a educação, a saúde e o desenvolvimento, e que têm sido abordadas pelas várias convenções e recomendações da Organização Internacional do Trabalho (OIT) e directivas da União Europeia.

Esta questão é abordada e

desenvolvida por Margarida Porto, in “A participação de menor em espectáculo ou outra actividade de natureza cultural, artística ou publicitária”, 1ª edição, Almedina, Coimbra, 2010, parte III - pág. 143 e segs.

Em Portugal, desde 2004 que este aspecto foi regulado por lei e desde então, a actividade desenvolvida por crianças até aos 16 anos nas áreas das artes e espectáculos ou outra actividade de natureza cultural, artística ou publicitária, designadamente como actor, cantor, dançarino, figurante, músico, modelo ou manequim, necessita de autorização da Comissão de Protecção de Crianças e Jovens (CPCJ), da área da residência da criança que pretende participar naquelas áreas.

Efectivamente, a partir da publicação Lei n.º 35/2004, de 29 de Julho, passou a ser necessário que as CPCJ autorizem as crianças até aos 16 anos, para participarem nas áreas já referidas.

Esta lei vigorou até Setembro de 2009, tendo sido substituída pela Lei n.º 105/2009, de 14 de Setembro, mantendo a competência das CPCJ, para autorizarem as crianças, até à idade já mencionada, a participar nas áreas das artes e espectáculos. A legislação debruça-se tanto sobre os aspectos relacionados com as actividades proibidas às crianças abrangidas e os limites temporais em que tal actividade pode ser prestada, como sobre os procedimentos que os produtores, os pais das crianças e as comissões devem tomar, a fim destas tomarem uma posição (autorizar ou indeferir) relativamente à actividade que se pretende que a criança participe. Da leitura da lei em apreço, pode-se concluir que também há uma grande preocupação em compatibilizar o direito a exercer este tipo de actividades com o do direito à educação, cabendo à escola um papel específico.

1.3.3.3 MAUS TRATOS INSTITUCIONAIS

Qualquer legislação, procedimento, intervenção ou omissão procedente dos poderes públicos ou derivada da intervenção institucional e/ou individual dos profissionais que comporte abuso e/ou negligência, com consequências negativas para a saúde, segurança, estado emocional, bem-estar físico, desenvolvimento equilibrado da criança ou que viole os seus direitos básicos.

Segundo esta definição, os maus tratos institucionais podem ocorrer em qualquer instituição que tenha responsabilidade sobre as crianças, designadamente a escola, os serviços de saúde, os serviços sociais, a justiça e as forças de segurança. Os maus tratos institucionais podem ser perpetrados por pessoas relacionadas com a criança ou derivar dos procedimentos de intervenção, leis, políticas, etc.

Podem considerar-se maus tratos institucionais no domínio da educação, as seguintes situações:

• A arquitectura das escolas : quando as crianças não dispõem de locais de recreio para brincar, de espaço para receber a família, quando são incluídas em espaços de adultos, etc.

• Descoordenação entre os diferentes serviços. • Falta de decisão relativamente à protecção.

• Inexistência de informação ou comunicação desadequada através de palavras/ termos técnicos incompreensíveis.

• Priorização de funcionamentos rígidos em detrimento das necessidades da criança.

No documento CPCJ Guia Educacao 1 (páginas 36-40)