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3. TELEVISÃO UNIVERSITÁRIA

3.1 ALGUMAS EXPERIÊNCIAS

Com a intenção de identificar como as TV Universitárias estão se eestruturando atualmente, realizei um levantamento na internet em busca destas experiências em torno do audiovisual universitário. Para ilustrar a discussão sobre TV na web, que avançaremos no próximo capítulo, trago aqui alguns exemplos de iniciativas encontradas na ciberespaço. A descrição de cada um desses projetos se baseiu em informações disponíveis nos próprios sites.

Figura 03 - Canal da WebTV.UNEB no YouTube115

WebTV.UNEB: Integra a Assessoria de Comunicação (Ascom) da Universidade Estadual da Bahia, defende o diálogo entre a comunidade acadêmica e com a sociedade, por meio de programação variada que valorize a educação, a ética e a cidadania. No momento da visita, contava com 216.763 exibições de sua página, criada em 2009.

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Disponível em: http://www.youtube.com/user/webtvuneb?ob=0&feature=results_main Acessado em: 19/03/12.

Figura 04 - WebTV.UNEB NO SITE DA UNIVERSIDADE116

WebTV.UNEB: A webTV.UNEB está disponível também no site da Universidade do Estado da Bahia.

Figura 05 – NÚCLEO JUAZEIRO DA WebTV.UNEB 117

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Fonte: http://www.webtv.uneb.br/ Acessado em 19/03/12.

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WebTV.UNEB (Núcleo Juazeiro): O projeto desenvolvido pela Universidade do Estado da Bahia disponibiliza materiais realizados na cidade de Juazeiro (BA), produzidos com a participação de estudantes do Curso de Comunicação oferecido pela UNEB naquela localidade.

Figura 06 – POSTAGENS DO NÚCLEO JUAZEIRO DA WebTV.UNEB

WebTV.UNEB (Núcleo Juazeiro): Destaco como relevante neste trabalho a possibilidade de interiorização da programação, de mostrar o potencial e as fragilidades de um lugar distante de grandes centros urbanos e também proporcionar visibilidade tanto para o Curso (e a Universidade), quanto para os estudantes.

Figura 07 – NÚCLEO CONCEIÇÃO DO COITÉ DA WebTV.UNEB118

WebTV.UNEB (Núcleo Conceição do Coité): Ainda de maneira sutil, a unidade do município de Conceição do Coité (BA) começa a integrar a WebTV.UNEB.

Figura 08 - TV UFBA119

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Disponível em: http://www.webtv.uneb.br/?p=2714 Acessado em 19/03/12.

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TV UFBA: Este projeto apresenta como missão a promoção do debate e o aprofundamento relativo a temas que normalmente não são abordados pela chamada grande mídia, assegurando a reflexão crítica relacionada ao contexto social em que está inserida. A TV UFBA tem como objetivos promover a integração entre comunidade estudantil, docentes, servidores e a sociedade; fomentar a democratização da informação e do conhecimento, além de divulgar a pluralidade das fontes de produção cultural. A interface da página desta TV não permite que se veja o número de acessos. Os vídeos são disponibilizados no YouTube, mas não se criou um canal neste site de compartilhamento. Por essa razão, é possível que se veja o número de acesso de cada vídeo, mas não do canal.

Figura 09 - Canal da TV UFOP no YouTube 120

TV UFOP: O Canal da Universidade Federal de Ouro Preto (MG) foi criado em 2007. Registrava 223.836 exibições até o momento do acesso para esta pesquisa.

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Figura 10 – Aviso colocado pela TV UFOP no YouTube 121

TV UFOP: Este aviso colocado pela TV UFOP na página de entrada do seu canal no YouTube representa o anseio de grande parte dos realizadores envolvidos em projetos de TV Universitária, pois a transmissão em canal aberto significa ampliar e popularizar o público, intensificando a extensão universitária.

Figura 11 - Canal da TV UERJ no YouTube122

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TV UERJ Online: A TV UERJ Online é uma produção da Faculdade de Comunicação Social, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Criada em 2007, foi a primeira TV universitária do Brasil a estar disponível para acesso imediato a uma página da internet. A equipe responsável pela TV UERJ Online é formada por alunos dos cursos de Jornalismo e Relações Públicas da Faculdade de Comunicação Social. No momento da visita para esta pesquisa, o canal registrava 161.316 exibições.

Figura 12 - Canal da TV FTC no YouTube 123

TV FTC: A TV FTC – TV Universitária da Faculdade de Tecnologia e Ciências de Salvador – é usada como laboratório para os alunos dos Cursos de Comunicação. O canal, criado em 2009, registrava 113.890 exibições quando visitado para este levantamento de dados.

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Disponível em: http://www.youtube.com/user/tvuerjonline?ob=0&feature=results_main Acessado em: 19/03/12.

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Disponível em: http://www.youtube.com/user/tvftcba?ob=0&feature=results_main Acessado em: 19/03/12.

Figura 13 - Canal da TV USP no YouTube 124

TV USP: O canal da TV USP no YouTube foi criado em 2010 e contava com 24.815 acessos no dia em que foi acessado para o levantamento de dados desta pesquisa.

É possível perceber um movimento das TVs Universitárias em direção à

web. Mesmo as mais tradicionais e estabelecidas no setor, como a TV USP,

expandiram suas ações para a internet. Outras, foram criadas tendo como primeira plataforma a web, como é o caso da TV UERJ. Entendo este movimento como importante, pois contribui para que as tevês das universidades extrapolem os limites dos muros das instituições de ensino, cheguem até o público, se tornem conhecidas e reconhecidas. Muitas vezes, por conta da situação precária e experimental, projetos desta categoria enfrentam dificuldades de difusão até mesmo no próprio espaço acadêmico. Além disso, se as produções têm como objetivo contribuir para o desenvolvimento social de forma ampla, não faz sentido que não obtenha êxito na exibição desses vídeos.

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Outra razão para se valorizar as constituições de TVUs está no fato de que as propostas da Radiobrás – como nos mostra Jambeiro (2002) – e do Sistema Brasileiro de TV Educativa deram errado no que tange à questão da gestão financeira e da produção de programas que atraíssem o interesse do telespectador.

A Radiobrás falhou completamente, tanto em termos operacionais como financeiros. Em razão disto suas concessões foram repassadas para outros concessionários, ficando apenas a TV Nacional de Brasília e o equipamento de rádio para emissão internacional (JAMBEIRO, 2002, p. 122).

As emissoras não-comerciais chegaram ao final do século XX enfrentando extremas dificuldades, lutando para permanecer no mercado por conta da crise financeira que enfrentavam e ainda em razão de um dilema que envolvia a sua sobrevivência: “[...] descobrir o que devem fazer para justificar sua existência, após terem estado gastando dinheiro e acumulando tantos fracassos” (JAMBEIRO, 2002, p.125). Os investimentos em criação televisiva são extremamente altos, desde os custos com equipamentos, produções e pessoal, até com a transmissão em si. Justificar o gasto de dinheiro público em um negócio sem retorno, com registros de baixa audiência e uma programação desestimuladora tornava-se um desafio.

De acordo com Leal Filho (2006), o modelo de TV educativa brasileiro foi imposto sem críticas que o avaliassem, impedindo um debate sobre que programação se adequaria ao ensino. No início, foi descartado o formato comercial, optando-se pela transmissão de aulas, devido à limitação de recursos. Progressivamente, atingiu-se o extremo oposto, ganhando dinâmica, ao incorporar os recursos de linguagem da TV comercial. Entretanto, com esta incorporação tornou-se superficial, saindo de uma extremidade a outra, ignorando uma posição que lhe garantisse equilíbrio.

Parece evidente que, mesmo oferecendo oportunidades voltadas para a educação, como é o caso da veiculação de programas como o Telecurso (da Fundação Roberto Marinho) ou de programações como a do Canal Futura, a

TV analógica não consegue se desvencilhar do forte caráter massivo, unidirecional. Até mesmo as TVs Educativas se instituem no mercado ancoradas no sistema tradicional vigente. Isso é dito não desmerecendo ou desvalorizando tais iniciativas, muito pelo contrário, mas para ressaltar que neste modelo de TV a predominância é por uma emissão de informações de maneira centralizada, sustentada em um emissor para vários receptores e, estes últimos, por sua vez, são tratados como passivos e não críticos.

As mensagens são produzidas por um grupo de indivíduos e transmitidas para outros situados em circunstâncias espaciais e temporais muito diferentes das encontradas no contexto original de produção. Por isso os receptores das mensagens da mídia não são parceiros de um processo de intercâmbio comunicativo recíproco, mas participantes de um processo estruturado de transmissão simbólica (THOMPSON, 2008, p. 31).

Dessa maneira, mesmo quando a serviço de ações voltadas para a educação, a televisão permaneceu atrelada ao estabelecimento de uma relação com o público que seguia em mão única, em que só as redes de TV tinham o poder de produzir, sem levar em consideração as necessidades ou desejos daqueles que iriam assistir a suas produções.

Uma TV Universitária precisa ir além. Ambiente primordial para a experimentação nas criações televisivas, deve estar aberta aos hibridismos de linguagens, às tentativas em torno de novas estéticas, à influência e participação dos jovens. A conexão entre os públicos pertencentes à comunidade acadêmica e ao seu entorno deve nortear os debates que esta modalidade televisiva propõe e as temáticas não podem perder de vista os assuntos negados pela mídia tradicional. As TVUs trazem no seu bojo a proposta de democratização da TV e de defesa da pluralidade cultural.

[...] a promoção da cidadania depende fundamentalmente da discussão estética que apresentamos, para que haja participação plural e democrática no veículo. É preciso que os estatutos das diversas tevês universitárias do país contemplem mecanismos que garantam a pluralidade, já que a própria lei é falha neste aspecto ao não considerar os centros universitários e as faculdades isoladas como constituintes dos canais universitários (PENA , 2001).

Assim, este capítulo propôs a discussão em torno do papel das TVs Universitárias e do avanço que podem representar no panorama das TVs não- comerciais, em virtude da fragilidade das TVs Educativas, devido ao vínculo que estas últimas mantêm com o governo e diante da situação de autonomia criativa que as emissoras universitárias podem desfrutar – desde que não se tornem, por sua vez, porta-vozes da administração das universidades, atuando como veículos institucionais e não experimentais. Por essa razão, torna-se fundamental a postura de compromisso ético e independência produtiva dos gestores das televisões vinculadas a instituições de ensino, para que lhes seja respeitado o compromisso com a cidadania.

Soma-se à potencialidade latente na TV Universitária um aspecto que parece inato à televisão: a sua capacidade de transformação constante. Neste novo milênio, ela nos apresenta indícios de um meio de comunicação, finalmente, à disposição dos indivíduos. Assim, acredito que compreender o processo de criação, desenvolvimento e expansão da tevê e seus desdobramentos seja imprescindível para que, de maneira eficaz, sejam explorados os benefícios proporcionados pelas novas configurações apresentadas por esta mídia. Diante disso, no próximo capítulo, apresento a discussão da TV na web como um meio pós-massivo e as implicações que decorrem deste quadro. Surge, então, um novo panorama que nos leva a pensar sobre as aprendizagens possíveis que despontam dessa outra estrutura.