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Sexta Fase: A Convergência (2000 )

2. A TELEVISÃO: DO ANALÓGICO AO DIGITAL

2.1 A INVENÇÃO DA TV

2.1.3 Expansão da Televisão no Brasil

2.1.3.6 Sexta Fase: A Convergência (2000 )

O começo da sexta fase tem como base a aproximação do ano 2000. A televisão da virada para um novo milênio é a TV que conhecemos na contemporaneidade, pautada pela convergência, pela digitalização.

Com a era digital, o tamanho dos equipamentos é drasticamente reduzido, e, em alguns casos, miniaturizado. O consumo de energia também diminui radicalmente e a confiabilidade operacional cresce. Não há mais perda de qualidade nas transmissões e recepção de imagens e na geração de cópias múltiplas de videoteipe. A digitalização permite compressão de imagens, criando múltiplas opções para envio e transporte de sinais. Além das transmissões pelo ar, por satélite, microondas, cabo e fibra ótica, os sinais digitais podem trafegar pelos fios comuns de telefonia e também pelo sistema sem fio da rede de telefones celulares. A fusão dessas tecnologias é inevitável, e a interligação delas com a televisão conclui o processo de integração com a Internet. (VIZEU, 2000, p. 17).

A convergência entre as diferentes tecnologias e a televisão é um assunto que será discutido mais adiante, ainda neste capítulo, como tema dos dois próximos itens, uma vez que a fase televisiva em que vivemos inaugura uma condição de interesse fundamental para esta pesquisa, que é a constituição da TV Digital e da TV na web. Por isso, torna-se muito importante chamar a atenção, desde já, para a transformação pela qual passa este meio de comunicação, em razão, primeiro, da digitalização dos processos de produção e, posteriormente, dos mecanismos de veiculação.

Embora o advento das transmissões via satélite tenha marcado a história do veículo – foi a partir daí que a TV pôde atingir um público infinitamente maior, rompendo barreiras, melhorando a qualidade do sinal –, como lembram Brannand e Lemos (2007), a evolução das técnicas de codificação digital de áudio e vídeo, associada aos novos esquemas de modulação para transmissões digitais, viabilizou o aparecimento da TV digital e, com ela, uma vasta gama de novos serviços, agregando capacidade computacional à televisão.

A possibilidade de encapsulamento de dados para a difusão em conjunto com áudio/vídeo de TV abre um leque de diversas alternativas para a provisão de serviços avançados. As emissoras poderão não somente disponibilizar uma programação de alta qualidade de imagem e som, mas também a tornar mais atraente, permitindo aos usuários interagirem com os programas que estão sendo assistidos. (BRANNAND; LEMOS, 2007, p. 7)

Dessa forma, o desenvolvimento da televisão caminha de acordo com tendências que a colocam cada vez mais próximas do telespectador63. A aproximação da internet agrega à televisão os benefícios da portabilidade, da

63

Assim como se discute o emprego de um termo adequado para designar aquele que acessa à internet – transitando, configurando e re-significando os conteúdos da web –, pondo na berlinda denominações como “usuário”, questiono aqui se hoje ainda é cabível o uso da palavra “telespectador”. Se espectador é aquele que observa, assiste a, testemunha, diante dos novos posicionamentos cada vez menos estáticos em plataformas variadas e que permitem a participação do público, entendo que neste sentido também, precisamos repensar a denominação adequada para este segmento.

mobilidade, atuando como complemento à TV tradicional, a TV aberta, que faz uma grade voltada pra maioria da população, uma média de sujeitos desconhecidos das empresas produtoras de conteúdo.

As novas tecnologias disponíveis oferecem à televisão o artifício da customização, em que os conteúdos disponíveis podem sofrer rearranjos, permitindo montar uma programação própria para cada indivíduo, a partir das ofertas variadas de cada canal, podendo ser assistida no horário e no lugar que forem mais convenientes. A promessa da TV portátil é oferecer uma programação nos moldes 24/7, ou seja, vinte e quatro horas por dia, sete dias por semana. Assim, altera-se também a forma como se consome audiovisual. De fato, já se constata que os novos usos da TV aliados a uma maior possibilidade de interatividade estão gerando outra forma de ver a televisão (BRANNAND; LEMOS, 2007, p. 8).

No celular ou no computador, os modos emergentes de se perceber a programação televisiva modificaram, inclusive, o que se convencionou chamar de horário nobre, isto é, período do dia em que a TV atinge sua maior audiência. Enquanto na TV aberta este pico de audiência ocorre à noite – quando os diversos programas são assistidos pelo telespectador em casa, com a família –, na TV móvel a maior audiência é durante o dia, pela manhã e à tarde, quando se está no intervalo do trabalho, no trânsito, em uma sala de espera. Mobilidade e portabilidade permitem, por exemplo, que o telespectador drible a falta de tempo, fruto, principalmente, das dificuldades logísticas das grandes cidades, e desfrute de um maior tempo diante da TV.

Se tantas inovações parecem bastante atraentes para quem assiste aos programas de TV, pode-se afirmar que estas novidades são muito mais encantadoras para o mercado industrial, que enxergou nesse panorama um filão perfeito para investimentos. Para quem consome audiovisual, estes desdobramentos pelos quais a televisão passa trouxeram o protagonismo televisivo, que permite ao telespectador uma postura mais participativa. Uma espécie de vilã entre as mídias, a TV sempre teve destacado o seu caráter centralizador voltado para milhões de telespectadores, sem abertura para a

interatividade. “Mas, por meio do protocolo IP64

a promessa de interatividade se realiza de maneira muito mais contundente.” (BRANNAND; LEMOS, 2007, p. 7) As tecnologias digitais trazem a possibilidade de o telespectador sair do seu papel estático diante da tela e interagir, não só comprando mercadorias por meio de escolhas a partir do controle remoto – como espera a indústria –, mas emitindo sua opinião sobre o que assiste, sugerindo e, principalmente, encontrando vias alternativas, produzindo materiais que sejam do seu interesse e que jamais seriam veiculados em um meio de comunicação tradicional.

Contudo, apesar de compreender a crescente necessidade que os indivíduos têm de redirecionar os fluxos comunicacionais, não acredito na sobreposição de uma forma televisiva a outra, mas, sim, no aprimoramento contínuo deste meio de comunicação. Não é o fim da TV aberta, nem da segmentação da TV por assinatura. Surgem novas formas de expressão para o que entendemos ser tevê, permitindo a reconfiguração de uma mídia levando em consideração o sujeito receptor.

Mas que meio é esse que para sua criação reuniu esforços e experimentos de diversos pesquisadores de vários países, se estabeleceu no cenário internacional, conquistou facilmente o gosto popular e se transforma incessantemente? É sobre os mecanismos de evolução da TV e sua instituição como veículo de massa que tratarei a seguir.