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ALLAN KARDEC OBS.: EM ANEXO, O DESENHO DA CASA DE MOZART

DE ESTUDOS PSICOLÓGICOS

ALLAN KARDEC OBS.: EM ANEXO, O DESENHO DA CASA DE MOZART

REVISTA ESPÍRITA,

JORNAL

DE ESTUDOS PSICOLÓGICOS

TEORIA DAS MANIFESTAÇÕES FÍSICAS.

(Segundo artigo.) (PAG.149-153)

Rogamos aos nossos leitores o obséquio de se reportarem ao primeiro artigo que publicamos sobre o assunto; este, sendo dele a continuação, seria pouco inteligível se não se tivesse seu começo presente no pensamento.

As explicações que demos das manifestações físicas, como se disse, estão funda- das na observação e numa dedução lógica dos fatos: concluímos segundo o que vimos. Agora, como se operam, na matéria etérea, as modificações que vão torná-la perceptível e tangível? Primeiro vamos deixar que falem os Espíritos a quem interrogamos sobre o assunto, a isso acrescentaremos as nossas próprias notas. As respostas seguintes nos foram dadas pelo Espírito de São Luís; concordam com o que outros nos disseram prece- dentemente.

1. Como um Espírito pode aparecer com a solidez de um corpo vivo? - Ele combina

uma parte do fluido universal com o fluido que libera do médium, apropriado para esse efeito. Esse fluido, à sua vontade, reveste a forma que deseja, mas geralmente essa for-

ma é impalpável.

2. Qual é a natureza desse fluido? - R. Fluido, está dito tudo. 3. Esse fluido é material? - R. Semi-material.

4. É esse fluido que compõe o perispírito? - R. Sim, é a ligação do Espírito à maté- ria.

5. É esse fluido que dá a vida, o princípio vital? - R. Sempre ele; eu disse ligação. 6. Esse fluido é uma emanação da Divindade? - R. Não.

7. É uma criação da Divindade? - R. Sim; tudo foi criado, exceto Deus, ele mesmo. 8. O fluido universal tem alguma relação com o fluido elétrico, do qual conhecemos os efeitos? - R. Sim, é seu elemento.

9. A substância etérea que se acha entre os planetas é o fluido universal posto em questão? - R. Ele envolve os mundos; sem o princípio vital nada viveria. Se um homem se elevasse acima do fluido universal que rodeia os globos, pereceria, porque o princípio vital se retiraria dele para juntar-se à massa. Esse fluido vos anima; é ele que respirais.

10. Esse fluido é o mesmo em todos os globos? - R. É o mesmo princípio, mais ou menos etéreo, segundo a natureza dos globos; o vosso é um dos mais materiais.

11. Uma vez que é esse fluido que compõe o perispírito, ele parece estar numa es- pécie de estado de condensação que o aproxima, até um certo ponto, da matéria? - R. Sim, até um certo ponto, porque não tem as suas propriedades; ele é mais ou menos con- densado segundo os mundos.

12. São os Espíritos solidificados que erguem uma mesa? - R. Essa pergunta não conduzirá, ainda, ao que desejais. Quando uma mesa se move sob vossas mãos, o Espí- rito que vosso Espírito evoca vai haurir, no fluido universal, com que animar essa mesa de uma vida fictícia. Os Espíritos que produzem esses tipos de efeitos são sempre Espíritos inferiores, que ainda não estão inteiramente libertos de seu fluido ou perispírito. Estando a

mesa assim preparada à sua vontade (à vontade dos Espíritos batedores), o Espírito a atrai e a coloca sob a influência do seu próprio fluido liberado pela sua vontade. Quando a massa que quer erguer ou mover é muito pesada para ele, chama em sua ajuda os Espíri- tos que estão na sua mesma condição. Creio que me expliquei bem claramente para fa- zer-me compreender.

13. Os Espíritos que chama em sua ajuda são inferiores? - R. Iguais, quase sempre: freqüentemente, vêm por si mesmos.

14. Compreendemos que os Espíritos superiores não se ocupam de coisas que es- tão abaixo deles; mas perguntamos se, em razão de que são desmaterializados, teriam o poder de fazê-lo se tivessem vontade? - R. Eles têm a força moral como os outros têm a força física; quando têm necessidade dessa força, servem-se daqueles que a possuem. Não vos foi dito que se servem dos Espíritos inferiores como o fazeis com carregadores?

15. De onde provém a força especial do senhor Home? - R. De sua organização. 16. Que tem ela de particular? - R. Essa pergunta não está precisa.

17. Perguntamos se se trata de sua organização física ou moral? - R. Eu disse or- ganização.

18. Entre as pessoas presentes, há as que possam ter a mesma faculdade do se- nhor Home? - R. Têm em algum grau. Não há nenhum de vós que haja feito mover uma mesa?

19. Quando uma pessoa faz mover um objeto, é sempre pelo concurso de um Espí- rito estranho, ou bem a ação pode provir só do médium? - R. Algumas vezes o Espírito do médium pode agir sozinho, mas, com mais freqüência, é com a ajuda dos Espíritos evoca- dos; isso é fácil de se reconhecer.

20. Como ocorre que os Espíritos apareçam com as vestes que tinham na Terra? - R. Freqüentemente, delas não têm senão a aparência. Aliás, quantos fenômenos tendes entre vós sem solução! Como ocorre que o vento, que é impalpável, deite e parta a árvore composta de matéria sólida?

21. Que entendeis dizendo que essas vestes não são senão uma aparência? - R. Ao tocar não se sente nada.

22. Se bem compreendemos o que nos dissestes, o princípio vital reside no fluido universal; o Espírito haure nesse fluido o envoltório semi-material que constitui seu perispírito, e é por meio desse fluido que ele age sobre a matéria inerte. É bem isso? - R. Sim; quer dizer que ele anima a matéria de uma espécie de vida factícia: a matéria se a- nima da vida animal. A mesa que se move sob vossas mãos vive e sofre como o animal; obedece por si mesma o ser inteligente. Não é ele que a dirige, como o homem faz com um fardo; quando a mesa se ergue, não é o Espírito que a ergue, é a mesa animada que obedece ao Espírito inteligente.

23. Uma vez que o fluido universal é a fonte da vida, é, ao mesmo tempo, a fonte da inteligência? - R. Não; o fluido não anima senão a matéria.

Essa teoria das manifestações físicas oferece vários pontos de contato com a que demos, mas dela difere também sob certas relações. De uma e de outra ressalta esse ponto capital que o fluido universal, no qual reside o princípio da vida, é o agente principal dessas manifestações, e que esse agente recebe seu impulso do Espírito, quer este este- ja encarnado ou errante. Esse fluido condensado constitui o perispírito, ou envoltório se- mi-material do Espírito. No estado de encarnação, esse perispírito está unido à matéria do corpo; no estado de erraticidade, ele está livre. Ora, duas questões aqui se apresentam: a da aparição dos Espíritos, e a do movimento dado aos corpos sólidos.

Com relação à primeira, diremos que, no estado normal, a matéria etérea do perispí- rito escapa à percepção dos nossos órgãos; a alma só pode vê-la, seja em sonho, seja em sonambulismo, seja mesmo na sonolência, em uma palavra, toda vez que haja sus- pensão total ou parcial da atividade dos sentidos. Quando o Espírito está encarnado, a substância do perispirito está mais ou menos intimamente ligada à matéria do corpo, mais

ou menos aderente, se se pode assim exprimir-se. Em certas pessoas, há como espécie de emanação desse fluido em conseqüência de sua organização, e aí está, propriamente falando, o que constitui os médiuns de influências físicas. Esse fluido emanado do corpo se combina, segundo leis que nos são desconhecidas, com o que forma o envoltório se- mi-material do Espírito estranho. Disso resulta uma modificação, uma espécie de reação molecular, que lhe muda momentaneamente as propriedades, ao ponto de torná-lo visível, e em alguns casos tangível. Esse efeito pode se produzir com ou sem o concurso da von- tade do médium; é o que distingue os médiuns naturais dos médiuns facultativos. A emis- são dos fluidos pode ser mais ou menos abundante, e daí os médiuns mais ou menos poderosos; ela não é permanente, o que explica a intermitência da força. Se se tem em conta, enfim, o grau de afinidade que pode existir entre o fluido do médium e o de tal ou tal Espírito, conceber-se-á que sua ação pode se exercer sobre uns e não sobre os ou- tros.

O que acabamos de dizer se aplica, evidentemente, à força mediadora concernente ao movimento dos corpos sólidos; resta saber como se opera esse movimento. Segundo as respostas que relatamos acima, a questão se apresenta sob uma luz toda nova; assim, quando um objeto é posto em movimento, erguido ou lançado no ar, não seria o Espírito que o pega, o empurra e o ergue, como o faríamos com a mão, mas o satura, por assim dizer, de seu fluido pela sua combinação com o do médium, e o objeto, assim momen- taneamente vivificado, age como o faria um ser vivo, com esta diferença que, não tendo vontade própria, segue o impulso da vontade do Espírito, e essa vontade pode ser a do Espírito do médium, tão bem quanto a de um Espírito estranho, e algumas vezes de am- bos, agindo de acordo, segundo sejam ou não simpáticos. A simpatia ou a antipatia que pode existir entre o médium e os Espíritos que se ocupam desses efeitos materiais, expli- ca porque todos não estão aptos para provocá-los.

Uma vez que o fluido vital, impelido de alguma sorte pelo Espírito, dá uma vida factí- cia e momentânea aos corpos inertes, que o perispírito não é outra coisa que esse mes- mo fluido vital, segue-se que quando o Espírito está encarnado, é ele quem dá vida ao corpo, por meio do seu perispírito; e fica unido tanto quanto a organização lhe permita; quando ele se retira, o corpo morre. Agora se, em lugar de uma mesa, se esculpe a ma- deira em estátua, e que se atue sobre essa estátua igual que sobre a mesa, ter-se-á uma estátua que se movimentará, que baterá, que responderá pelos seus movimentos e seus golpes; ter-se-á, numa palavra, uma estátua momentaneamente animada de uma vida artificial. Quanta luz essa teoria lança sobre uma multidão de fenômenos até aqui inexpli- cados! Quantas alegorias e efeitos misteriosos ela explica! É toda uma filosofia.

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