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VARIEDADES O FALSO HOME (pag.145-147)

DE ESTUDOS PSICOLÓGICOS

VARIEDADES O FALSO HOME (pag.145-147)

Leu-se, há pouco tempo, nos jornais de Lyon, o anúncio seguinte, afixado igualmen- te sobre as paredes da cidade:

"O senhor Hume, o célebre médium americano, que teve a honra de fazer suas ex- periências diante de S.M. o Imperador, dará, a partir de quinta-feira, 1º de abril, no grande teatro de Lyon, sessões de espiritualismo. Produzirá aparições, etc., etc. Assentos serão dispostos no teatro para os senhores médicos e os sábios, a fim de que possam se asse- gurar de que nada está preparado. As sessões serão variadas pelas experiências da cé- lebre vidente senhora ...., sonâmbula extra-lúcida, que reproduzirá, alternada mente, to- dos os sentimentos ao gosto dos expectadores. Preço do lugar 5 francos as primeiras, 3 francos as segundas."

Os antagonistas do senhor Home (alguns escrevem Hume), não estão muito longe de perder essa ocasião de lançá-lo, no ridículo. No seu ardente desejo de encontrar onde criticar, acolheram essa grosseira mistificação com uma pressa que testemunha pouco em favor do seu julgamento, e ainda menos quanto ao seu respeito pela verdade, porque, antes de lançar a pedra em alguém, é preciso ao menos se assegurar de que ela não er- rará o alvo; mas a paixão é cega, não raciocina e, freqüentemente, ela própria se desca- minha querendo prejudicar os outros. "Eis, pois, exclamaram com alegria, esse homem tão elogiado reduzido a subir nos palcos para dar sessões a tanto por lugar!" E seus jor- nais de darem crédito ao fato sem maior exame. Sua alegria, infelizmente para eles, não foi de longa duração. Apressaram-se em nos escrever de Lyon, para terem notícias que pudessem ajudar a desmascarar a fraude, e isso não foi difícil, sobretudo graças ao zelo de numerosos adeptos que o Espiritismo conta nessa cidade. Desde que o diretor dos teatros soube com quem ia ter relações, imediatamente, dirigiu aos jornais a carta seguin- te: "Senhor redator, apresso-me em vos anunciar que a sessão indicada para quinta-feira, 1º de abril, no grande teatro, não ocorrerá. Acreditei ceder a sala ao senhor Home e não ao senhor Lambert Laroche, dito Hume. As pessoas que tomaram adiantadamente cama- rotes ou lugares marcados poderão se apresentar na secretaria para retirarem seu dinhei- ro."

De sua parte, o acima citado Lambert Laroche (natural de Langres), interpelado so- bre a sua identidade, acreditou dever responder nos termos seguintes, que reproduzimos na íntegra, não querendo que possa nos acusar da menor alteração.

"Vous m'avez soumis diversse extre de vos correspondance de Paris, des- quellesil résulterez queun M. Home qui donne dês séan-cedans quelque salon de Ia capitalle se trouve en cê moment en Ita-II etne peut par conséquent se trouvair à Lyon. Monsieur gignore 1º Ia connaissance de cê M. Home, 2° je nessait quellais sont talent 3º je nais jamais rien nue de commun à veque cê M. Home, 4º jait ta- vaillez et tavaille sout mon nom de gaire qui est Hume et dont je vous justi par lês article de journaux étrangais et français que je vous est soumis 5º je voyage à ve- cque deux sugais mon genre d'experriance consiste em spiritualisme ou évocation vison, et en un .mot reproduction dês idais du spectateur par un sugais, ma cepé- cialité est d'opere par c'est procedere sur lês personnes étrangere comme on Ia pue lê voir dans lês joumaux je vien despagne et d'a-frique. Seci M. lê redacteur vous démontre que je n'ais poin voulu prendre lê nom de cê prétendu Home que vous dites en réputation, lê min est sufisant connu par sã grande notoriété et par lês experience que je produi. Agreez M. lê redacteur mês salutation empressait."

Cremos inútil dizer se o senhor Lambert Laroche deixou Lyon com as honras da guerra; sem dúvida, irá alhures procurar tolos mais fáceis. Não acrescentaremos senão uma palavra, para exprimir nosso pesar em ver com quanta deplorável avidez certas pes- soas, que se dizem sérias, acolhem tudo o que possa servir à sua animosidade. O Espiri- tismo é muito reputado hoje por nada ter a temer da charlatanice; não é mais rebaixado pelos chartatães do que a verdadeira ciência médica pelos doutores de rua; encontra por toda parte, mas sobretudo entre as pessoas esclarecidas, zelosos e numerosos defenso- res que sabem afrontar a zombaria. O caso de Lyon, longe de prejudicá-lo, não pode se- não servir para a sua propagação, chamando a atenção dos indecisos sobre a realidade. Quem sabe mesmo se não foi provocado com esse objetivo por uma força superior? Quanto aos adversários, mesmo assim, que se lhes consinta que riam, mas não caluniem; alguns anos ainda e veremos quem terá a última palavra. Se é lógico duvidar daquilo que não se conhece, é sempre imprudente contestar as idéias novas, que podem, cedo ou tarde, dar um humilhante desmentido à nossa perspicácia: a história aí está para prová-lo. Aqueles que, em seu orgulho, se apiedam dos adeptos da Doutrina Espírita, estarão, pois, tão alto como crêem? Esses Espíritos, dos quais zombam, prescrevem fazer o bem e mandam querer mesmo aos inimigos; eles nos dizem que se reabaixa pelo desejo do mal. Quem é, pois, o mais elevado, aquele que procura fazer o mal ou aquele que não guarda no seu coração nem ódio, nem rancor?

O senhor Home está de retorno a Paris, há pouco tempo; mas deverá partir breve- mente para a Escócia e, de lá, dirigir-se a São Petersburgo.

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Ulndépendant de Ia Charente-lnférieure citou, no mês de março último, o fato seguinte que se teria passado no hospital civil de Saintes:

"Contam-se as mais maravilhosas histórias, e não se fala de outra coisa na cidade, há oito dias, senão dos ruídos singulares que, todas as noites, imitam, ora o trote de um cavalo, ora o caminhar de um cão ou de um gato. Garrafas colocadas sobre uma lareira são lançadas ao outro canto do aposento. Um pacote de trapos foi encontrado, pela manhã, torcido em mil nós, que foi impossível soltar. Um papel sobre o qual foi escrito: "Que quereis? Que exigis?" foi deixado, uma noite, sobre uma lareira; na manhã seguinte, a resposta estava escrita, porém, em caracteres

desconhecidos e indecifráveis. Fósforos colocados sobre uma mesinha de cabeceira, desaparece- ram como por encanto; enfim, todos os objetos mudam de lugar e são dispersados por todos os cantos. Esses sortilégios não ocorrem nunca senão na obscuridade da noite. Logo que uma luz aparece, tudo volta ao silêncio; apagando-a, logo os ruídos recomeçam. E um Espírito amigo das trevas. Várias pessoas, eclesiásticos, antigos militares, dormiram nesse aposento enfeitiçado, e lhes foi impossível algo descobrir nem aperceber-se do que ouviam.

"Um homem de serviço no hospital, suspeito de ser o autor dessas travessuras, veio a ser demitido. Mas assegura-se que ele não é o culpado e que, ao contrário, foi muitas vezes a própria vítima.

Parece que faz mais de um mês que esse embuste começou. Passou longo tempo sem na- da dizerem disso, cada um desconfiando de seus sentidos e temendo prestar-se ao ridículo. Não foi senão há alguns dias que se começou a disso falar."

NOTA. - Ainda não tivemos tempo para nos assegurarmos da autenticidade dos fatos acima; não os damos, pois, senão sob reserva; somente faremos observar que, se forem controvertidos, não são menos possíveis, e não apresentam nada de mais extraordinário que muitos outros do mesmo gênero e que foram perfeitamente constatados.

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