• Nenhum resultado encontrado

O ESPÍRITO BATEDOR DE BERGZABERN.

DE ESTUDOS PSICOLÓGICOS

O ESPÍRITO BATEDOR DE BERGZABERN.

(SEGUNDO ARTIGO.) (pag.153-163)

Extraímos as passagens seguintes de uma nova brochura alemã, publicada em 1853 pelo senhor Blank, redator do jornal de Bergzabem, sobre o Espírito batedor do qual falamos em nosso número do mês de maio. Os fenômenos extraordinários que nele são relatados, e cuja autenticidade não se poderá contestar, provam que nada temos a inve- jar, sob esse aspecto, à América. Notar-se-á, nesse relato, o cuidado minucioso com o qual os fatos foram observados. Seria desejável que se aplicasse sempre, em semelhante caso, a mesma atenção e a mesma prudência. Sabe-se, hoje, que os fenômenos desse gênero não são o resultado de um estado patológico, mas denotam sempre, entre aque- les em que se manifestam, uma excessiva sensibilidade fácil em superexcitar-se. O esta-

do patológio não é a causa eficiente, mas pode ser consecutiva. A mania da experimenta- ção, em casos análogos, mais de uma vez foi causa de acidentes graves que não teriam ocorrido se se tivesse deixado a Natureza agir por si mesma. Encontrar-se-á em nossa

Instruções práticas sobre as manifestações espíritas, conselhos necessários para esse

fim. Sigamos o senhor Blanck em seu relato.

"Os leitores da nossa brochura intitulada: Os Espíritos batedores, viram que as mani- festações de Philippine Senger têm um caráter enigmático e extraordinário. Contamos esses fatos maravilhosos desde o seu começo até o momento em que o menino foi leva- do ao médico real do lugar. Agora, vamos examinar o que se passou depois até este dia.

Quando a criança deixa a residência do doutor Bentner para entrar na casa paterna, a batida e a arranhadura recomeçaram na casa do pai Senger; até essa hora, e mesmo depois da cura completa da jovem, as manifestações foram mais marcantes, e mudaram de natureza (1).( (1) Teremos oportunidade de falar da indisposição dessa criança; mas, uma vez que

depois de sua cura os mesmos efeitos se produziram, isso é uma prova evidente de que eram independen- tes de seu estado de saúde. ) Nesse mês de novembro (1852), o Espírito começa a assobiar, em seguida, ouve-se um ruído comparável ao da roda de um carrinho de mão, virando sobre o seu eixo seco e enferrujado; mas o mais extraordinário de tudo, sem contradita, foi a desordem dos móveis no quarto de Philippine, desordem que se prolongou por quin- ze dias. Uma curta descrição dos lugares me parece necessária. Esse quarto tem em tor- no de 18 pés de comprimento por 8 de largura; chega-se a ele pela sala comum. A porta que faz essas duas peças se comunicarem, abre-se à direita. A cama da criança estava colocada à direita; no meio, um armário e, no canto esquerdo, a mesa de trabalho de Senger, na qual foram feitas duas cavidades circulares, cobertas por tampas.

À noite, quando começou a volta pela casa, a senhora Senger e sua filha mais velha Francisque estavam sentadas na primeira sala, perto de uma mesa e ocupadas em debu- lhar feijão; de repente, uma pequena roda, lançada do quarto de dormir, cai perto delas. Ficaram mais amedrontadas, visto que sabiam que ninguém além de Philippine, então mergulhada no sono, se encontrava no quarto; além disso, a rodinha fora lançada do lado esquerdo, ao passo que se encontrava na prateleira de um pequeno móvel colocado à direita. Se houvesse partido da cama, deveria encontrar a porta e aí se deter, ficava, pois, evidente, que a criança não havia participado desse fato. Enquanto a família Senger ex- pressava sua surpresa com esse acontecimento, alguma coisa caiu da mesa ao solo; era um pedaço de pano que, antes, estava de molho em uma bacia cheia de água. Ao lado da rodinha, jazia também uma cabeça de cachimbo sendo que a outra metade havia ficado sobre a mesa. O que tornava a coisa ainda mais incompreensível, era que a porta do ar- mário, onde estava a rodinha antes de ser lançada, achava-se fechada, que a água da bacia não estava agitada, e que nenhuma gota havia entornado sobre a mesa. De repen- te, a criança, sempre adormecida, grita de sua cama: Pai, saia, ele lança! Saiam, ele vos

lançará também. Obedeceram a essa ordem expressa; logo que foram à primeira sala, a

cabeça de cachimbo lhes foi lançada com uma grande força, .sem que, todavia, se que- brasse. Uma régua da qual Philippine se servia na escola, tomou o mesmo caminho. O pai, a mãe e sua filha mais velha se olhavam com medo, e como refletissem quanto ao caminho a tomar, uma comprida plaina de Senger e um muito grosso pedaço de madeira foram lançados de seu banco de carpinteiro no outro quarto. Sobre a mesa de trabalho, as tampas estavam em seu lugar e, apesar disso, os objetos que cobriam foram seme- lhantemente lançados ao longe. Na mesma noite, os travesseiros da cama foram lança- dos sobre um armário e a coberta contra a porta

Num outro dia, colocou-se aos pés da criança, sob a coberta, um ferro de engomar pesando em tomo de seis libras; pouco depois foi lançado no primeiro quarto; o cabo foi retirado e foi encontrado em uma cadeira do quarto de dormir.

Fomos testemunhas de que cadeiras colocadas em torno de três pés da cama foram derrubadas, e janelas abertas, embora tivessem sido fechadas antes, e isso logo que vi-

ramos as costas para entrarmos no primeiro aposento. Uma outra vez, duas cadeiras fo- ram transportadas sobre o leito, sem desarrumar a coberta. Em 7 de outubro, tinha sido fechada solidamente a janela e fora estendido diante dela um pano branco. Desde que deixamos a sala, batem-se golpes redobrados, e com tanta violência que tudo ali foi aba- lado e as pessoas que passavam na rua se apavoraram. Acorrendo-se à sala, a janela estava aberta, o pano lançado em um pequeno armário ao lado, a coberta da cama e os travesseiros por terra, as cadeiras derrubadas, e a criança no leito protegida só pela sua camisa. Durante quatorze dias, a senhora Senger não se ocupou senão em arrumar a cama.

Uma vez se havia deixado uma harmônica sobre uma cadeira; sons se fizeram ouvir; entrando-se precipitadamente no quarto, encontra-se, como sempre, a criança tranqüila em sua cama; o instrumento estava sobre a cadeira, mas não vibrava mais. Uma noite, o senhor Senger saía do quarto da filha quando recebeu, nas costas, a almofada de uma cadeira. Uma outra vez, foi um par de velhas chinelas, sapatos que estavam sob a cama, tamancos que vieram ao seu encontro. Muitas vezes também a vela acesa, colocada so- bre a mesa de trabalho, foi soprada. Os golpes e a arranhadura se alternavam com essa demonstração do mobiliário. A cama parecia ser posta em movimento por mão invisível. À ordem de: Balançai a cama ou Embalai a criança, a cama ia e vinha, no comprimento e na largura, com ruído; à ordem de alto! se detinha. Podemos afirmar, nós que vimos, que quatro homens se sentaram sobre a cama, e mesmo nela foram suspensos sem poderem deter o movimento; foram erguidos com o móvel. Ao cabo de quatorze dias esses trans- tornos do mobiliário cessaram, e a essas manifestações sucederam outras.

No dia 26 de outubro, à noite, encontravam-se no quarto, entre outras pessoas, os senhores Louis Sochnée, licenciado em Direito, o capitão Simon, todos os dois de Wis- sembourg, assim como o senhor Sievert, de Bergzabern. Philippine Senger estava, nesse momento, mergulhada no sono magnético (1). ( (1) Um sonâmbulo de Paris havia entrado em rela- ção com a jovem Philipine, e, desde então, esta cata, ela mesma, espontaneamente em sonambulismo. Passaram-se, nessa ocasião, latos notáveis, que relataremos de outra vez. (Nota do tradutor.) ) O senhor Sievert apresentou a esta um papel contendo dois cabelos para ver o que faria com ele. Ela abre o papel, sem no entanto pôr os cabelos a descoberto, aplicou-os sobre as suas pálpebras fechadas, depois os afastou, como para examiná-los à distância, e disse: "Gos- taria muito de saber o que contém esse papel... São dois cabelos de uma senhora que não conheço... Se ela quiser vir que venha... Não posso convidá-la, não a conheço." Às perguntas que lhe faz o senhor Sievert, ela não responde; mas, tendo colocado o papel na palma da sua mão, que ela estendeu e revirou, ali permaneceu suspenso. Ela o colo- cou na ponta do indicador e fez sua mão descrever, durante muito tempo, um semicírculo, dizendo: "Não caia," e o papel permaneceu na extremidade do dedo; depois, à ordem de: "Agora caia," ele se destacou sem que fizesse o menor movimento para determinar a queda. Subitamente, virando para o lado da parede, ela disse: "Agora, quero te pregar na parede;" e ali aplicou o papel que permaneceu fixado em torno de 5 ou 6 minutos, depois do que o retirou. Um exame minucioso, do papel e da parede, não revelou nenhuma cau- sa de aderência. Cremos que devemos fazer anotar que o quarto estava perfeitamente iluminado, o que nos permitiu dar-nos conta exata de todas essas particularidades.

No dia seguinte, à noite, se lhe dá outros objetos: chaves, moedas, charuteiras, re- lógios de bolso, anéis de ouro e de prata; e todos, sem exceção, permaneceram suspen- sos de sua mão. Anotou-se que a prata a ela aderia mais do que as outras matérias, por- que se teve dificuldade em lhe arrancar as moedas, e essa operação lhe causou dor. Um dos fatos mais curiosos desse gênero foi o seguinte: no sábado, 11 de novembro, um ofi- cial que estava presente lhe deu seu sabre com o cinturão, e o todo, que pesava 4 libras segundo constatação, permaneceu suspenso do dedo médio balançando por bastante tempo. O que não foi menos singular, foi que todos os objetos, qualquer que fosse a ma- téria, permaneceram igualmente suspensos. Essa propriedade magnética se comunicava

pelo simples contato das mãos com as pessoas suscetíveis da transmissão do fluido; dis- so tivemos vários exemplos.

Um capitão, o senhor cavaleiro de Zentner, aquartelado nessa época em Bergza- bem, testemunha desses fenômenos, teve a idéia de colocar uma bússola perto da crian- ça para observar-lhe as variações. Na primeira experiência, a agulha se desviou 15 graus, mas nas seguintes permanece imóvel, embora a criança tivesse a caixa em uma das mãos e a acariciasse com a outra. Essa experiência nos provou que esses fenômenos não poderiam se explicar pela ação do fluido mineral, tanto menos que a atração magné- tica não se exerce sobre todos os corpos indiferentemente.

Habitualmente, quando a pequena sonâmbula se dispunha a começar as suas ses- sões, ela chamava ao quarto todas as pessoas que ali se encontravam. Dizia simples- mente: Vinde! Vinde! ou bem: Dai! Dai! Freqüentemente, não ficava tranqüila senão quando todo o mundo, sem exceção, estava perto do seu leito. Ela pedia, então, com zelo e impaciência, um objeto qualquer; logo que se lhe havia dado, ele se ligava aos seus dedos. Ocorria, freqüentemente, que dez, doze e mais pessoas estavam presentes, e que cada uma delas lhe entregava vários objetos. Durante a sessão ela não admitia que nin- guém lhe tomasse a pedi-los; parecia, sobretudo, desejar os relógios; ela os abria com grande destreza, examinava o movimento, fechava-os, depois os colocava junto dela para examinar outra coisa. No final, devolvia a cada um o que se lhe havia confiado; examina- va os objetos de olhos fechados e jamais se enganou de proprietário. Se alguém lhe es- tendesse a mão para pegar o que não lhe pertencesse, ela o repelia. Como explicar essa distribuição múltipla a um tão grande número de pessoas, sem erro? Tentar-se-ia em vão fazê-lo por si mesmo de olhos abertos. Terminada a sessão e tendo os estranhos partido, os golpes e a arranhadura, momentaneamente interrompidos, recomeçavam. É preciso acrescentar que a criança não queria que ninguém permanecesse ao pé do seu leito perto do armário, o que deixava entre os dois móveis um espaço em torno de um pé. Se al- guém aí se metesse, ela o despedia com gesto. Se recusava, mostrava uma grande in- quietação e ordenava, por gestos imperiosos, que deixasse o lugar. Uma vez ela exortou os assistentes a jamais se manterem no lugar protegido, porque não queria, disse ela, que ocorresse infelicidade a alguém. Essa advertência era tão positiva que ninguém, no futuro, a esqueceu.

Depois de algum tempo, ao ruído e à arranhadura se juntou um zumbido que se po- de comparar ao som produzido por uma grossa corda de baixo; um certo silvo se mistura- va a esse zumbido. Se alguém pedisse uma marcha ou uma dança, seu desejo era satis- feito: o músico invisível se mostrava muito complacente. Com a ajuda da arranhadura, chama nominalmente as pessoas da casa ou os estranhos presentes; estes compreen- dem facilmente a quem se dirige. Ao chamado pela arranhadura, a pessoa designada responde sim, Para dar a entender que sabe que se trata dela; então executa, em inten- ção, um trecho de música que dá, às vezes, lugar a cenas agradáveis. Se uma outra pes- soa, que aquela chamada, respondesse sim, a arranhadura faria compreender, por um

não, expresso à sua maneira, que não tinha nada a dizer-lhe para o momento. Foi na noi-

te de 10 de novembro que esses fatos se produziram pela primeira vez, e continuaram a se manifestar até este dia.

Eis agora como o espírito batedor procedia para designar as pessoas. Depois de vá- rias noites, notou-se que aos diversos convites para fazer tal ou tal coisa, ele respondia por um golpe seco ou por uma arranhadura prolongada. Logo que o golpe seco era dado, o batedor começava a executar o que se desejava dele; quando, ao contrário, ele arra- nhava, não satisfazia o pedido. Um medico teve, então, a idéia de tomar por um sim o primeiro ruído, e o segundo por um não, e, desde então, essa interpretação foi sempre confirmada. Anotou-se, também, que por uma série de arranhaduras mais ou menos for- tes, o espírito exigia certas coisas das pessoas presentes. A força de atenção, e anotando a maneira pela qual o ruído se produzia, pôde-se compreender a intenção do batedor.

Assim, por exemplo, o pai Senger contou que pela manhã, ao romper do dia, ouvia ruídos modulados de um certo modo; sem ligar-lhes primeiro nenhum sentido, notou que não cessavam senão quando estava fora da cama, de onde compreendeu que significavam:

Levanta-te. Foi assim que, pouco a pouco, familiarizou-se com essa linguagem, e que por

certos sinais as pessoas designadas puderam se reconhecer.

Chegou o aniversário do dia em que o espírito batedor havia se manifestado pela primeira vez; numerosas mudanças se operam no estado de Philippine Senger. Os gol- pes, a arranhadura e o zumbido continuaram, mas a todas essas manifestações se juntou um grito particular que se assemelhava ora ao de um ganso, ora ao de um papagaio ou de qualquer outra grande ave; ao mesmo tempo ouvia-se uma espécie de picada contra a parede, semelhante ao ruído que faria um pássaro bicando. Nessa época, Philippine Sen- ger falava muito durante seu sono, e parecia, sobretudo, preocupada com um certo ani- mal que se assemelhava a um papagaio, mantendo-se ao pé da cama, gritando e dando bicadas contra a parede. Ao desejo de ouvir o papagaio gritar, este lançava gritos pene- trantes. Colocaram-se diversas perguntas às quais fez responder por gritos do mesmo gênero; várias pessoas lhe mandaram dizer: Kakatoés, e ouviu-se, muito distintamente, a palavra Kakatoés, como se tivesse sido pronunciada pelo próprio pássaro. Silenciaremos os fatos menos interessantes, e nos limitaremos a narrar o que houve de mais notável sob o aspecto das mudanças sobrevindas no estado corporal da jovem.

Algum tempo antes do Natal, as manifestações se renovaram com mais energia; os golpes e a arranhadura tomaram-se mais violentos e prolongaram-se por mais longo tem- po. Philippine, mais agitada que de costume, pedia, com freqüência, não mais dormir em sua cama, mas na de seus pais; ela rolava na sua gritando: Não posso mais permanecer aqui; vou sufocar, socorro! e sua calma não retornava senão quando era transportada para outra cama. Logo que ali se encontrava, pancadas muito fortes se faziam ouvir no al- to; pareciam partir de um celeiro, como se um carpinteiro tivesse batido sobre vigas, sen- do mesmo, algumas vezes, tão vigorosas que a casa era abalada, que as janelas vibra- vam, e que as pessoas presentes sentiam o solo tremer sob seus pés; golpes semelhan- tes eram igualmente batidos contra a parede, perto do leito. Às perguntas feitas, os mes- mos golpes respondiam como de hábito, alternando-se sempre com a arranhadura. Os fatos seguintes, não menos curiosos, foram muitas vezes reproduzidos.

Quando todo ruído havia cessado e a jovem repousava tranqüilamente em sua pe- quena cama, freqüentemente era vista prosternar-se de repente e juntar as mãos, tendo os olhos fechados; depois virava a cabeça para todos os lados, ora à direita ora à esquer- da, como se alguma coisa extraordinária houvesse atraído sua atenção. Um sorriso amá- vel, então, corria sobre os seus lábios; dir-se-ia que ela se dirigia a alguém; estendia as mãos, e, nesse gesto, compreendia-se que apertava as de alguns amigos ou conhecidos. Foi vista, também, depois de semelhantes cenas, retomar a sua primeira atitude suplican- te, juntar de novo as mãos, curvar a cabeça até tocar a coberta, depois se endireitar e verter lágrimas. Suspirava então e parecia orar com um grande fervor. Nesses momentos, sua figura estava transformada; era pálida e tinha a expressão de uma mulher de 24 a 25 anos. Esse estado durava, freqüentemente, mais de meia hora, estado durante o qual ela não pronunciava senão ah! ah! Os golpes, a arranhadura, o zumbido e os gritos cessa- vam até o momento do despertar; então o batedor se fazia ouvir de novo, procurando a execução de música alegre para dissipar a penosa impressão produzida sobre a assis- tência. Ao despertar, a criança estava muito abatida; podia com dificuldade levantar os braços, e os objetos que se lhe apresentava, não permaneciam mais suspensos de seus dedos.

Curiosos em conhecerem o que ela havia experimentado, a interrogaram várias ve- zes. Não foi senão sob reiteradas instâncias que ela se decidiu a dizer que havia visto conduzir e crucificar o Cristo, no Gólgota; que a dor das santas mulheres prosternadas ao pé da cruz, e a crucificacão haviam produzido sobre ela uma impressão que não podia

reproduzir. Havia visto também uma multidão de mulheres, e de jovens virgens em roupas negras, e pessoas jovens em longas roupas brancas, percorrerem processionalmente as ruas de uma bela cidade, e, enfim, se achou transportada para uma vasta igreja onde ha- via assistido a um serviço fúnebre.

Em pouco tempo o estado de Philippine Senger muda de modo a dar inquietação sobre a sua saúde, porque no estado de vigília ela divagava e sonhava em voz alta; não reconhecia nem seu pai, nem sua mãe, nem sua irmã, nem qualquer outra pessoa, e esse estado vinha ainda agravar-se com uma surdez completa, que persistia durante quinze dias. Não podemos passar em silêncio o que ocorreu durante esse lapso de tempo.

A surdez de Philippine se manifestava do meio-dia às três horas, e ela mesma decla- rou que permanecerá surda durante um certo tempo e que cairá enferma. O que há de singular, é que, às vezes, ela recobrava o ouvido durante uma meia hora, com o que se mostrava feliz. Ela mesma predizia o momento em que a surdez deveria tomá-la e deixá- la. Uma vez entre outras, anunciou que à noite, às oito horas e meia, ela ouviria claramen- te durante uma meia hora; com efeito, na hora dita, seu ouvido havia voltado, e isso durou até as nove horas.

Durante sua surdez, seus traços estavam mudados; seu rosto tomava uma expres- são de estupidez, que perdia logo que reentrava em seu estado normal. Nada, então, fa-