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A alomorfia à luz da abordagem mental-f

Estruturas morfemáticas/morfológicas das bases e sua correlação com as estruturas morfológicas dos produtos

2. Delimitação de lexemas construídos vs não-construídos e seus tipos

2.1 A alomorfia à luz da abordagem mental-f

Parece-nos que a concepção de arquitectura paralela de Jackendoff, especificamente a sua noção de léxico, se adequa a um desenvolvimento teórico da noção de alomorfia. Um dos problemas que a alomorfia suscita relaciona-se com o modo como um signo linguístico, que a partir da concepção de Saussure é encarado como uma unidade entre um significante e um significado, pode apresentar mais do que um significante. Nessa concepção, a alomorfia parece destruir essa unidade. Para além disso, alguns alomorfes são encarados como que desviantes em relação a outros, na medida em que a sua configuração formal se afasta daquela que é tida como própria do uso mais comum ou [+ nativo] do português.

A concepção de léxico que é desenvolvida por Jackendoff permite anular esse carácter periférico da alomorfia. Recordamos que, para Jackendoff (2002: 131), um item lexical funciona como interface, em pequena escala, das estruturas fonológica, sintáctica e semântica, visto que o léxico é encarado como um componente de interface. A unidade Saussureana do signo linguístico é nesta concepção da arquitectura paralela ultrapassada pela possibilidade de haver itens lexicais em que as correspondências entre as diferentes estruturas estão ou não activadas. É neste sentido que Jackendoff (2002: 131-132) referencia os itens lexicais defectivos. Mas é também neste sentido que é possível conceber que para o mesmo item lexical, pequeno ponto de interface dentro da componente de interface que é o léxico, existam diferentes estruturas fonológicas.

A alomorfia, segundo estes moldes, não tem de ser encarada como uma forma de uma palavra gramatical específica, mas como uma das formas possíveis de um determinado lexema.

Booij (1997) apresenta um estudo acerca da formação de palavras do neerlandês em que a alomorfia das bases suporta a ocorrência das estruturas formais de determinados produtos. Esses produtos são analisados à luz de relações paradigmáticas e não sintagmáticas com as bases, pois a palavra gramatical que ocorre com esse alomorfe não é interpretável como base desse produto, tendo em atenção a não correlação semântica entre ambos. A proposta de Booij (1997), condensada nos princípios de que a alomorfia é um fenómeno interveniente na morfologia derivacional paradigmática, baseia-se nos postulados de Aronoff (1994).

Em Aronoff (1994), é estipulado, através de dados obtidos da análise dos temas dos verbos latinos, um nível morfológico puro, ou seja, um nível a que o autor chama ‘morphomic’. Trata-se de formas não previsíveis fonologicamente e não correlacionadas com uma carga

semântica. Essas formas, no entanto, apresentam um papel relevante na determinação dos constituintes morfológicos flexionais pertencentes ao mesmo paradigma.

Aronoff (1994) oferece o exemplo do particípio futuro activo dos verbos latinos (e.g. PUGNATURUS), que é tradicionalmente descrito como formado a partir do tema do particípio passado (e.g. PUGNATUS)6. Aronoff (1994: 32-33) encontra nesta relação morfológica um paradoxo, que consiste na não correlação semântica entre as formas do particípio futuro, com carga semântica activa, e as do particípio passado, com carga semântica passiva, para além da diferença de construção sintáctica entre ambas.

Em vez de optar por uma explicação baseada na formação parasítica ou prisciânica,7 Aronoff estabelece antes que quer as formas do particípio futuro quer as do particípio passado são formadas a partir de um terceiro tema, não especificado quanto à carga semântica passiva ou activa. Segundo Aronoff (1994: 34), «[...] there are a number of morphological operations, both inflectional and derivational, that are based on this same stem, with little evidence that any one of them is basic to another.». Esta hipótese, segundo o A., permite explicar a ocorrência de verbos que, por serem intransitivos, não oferecem formas do particípio passado, mas apenas as do particípio futuro. Este terceiro tema dos verbos latinos é comum às formas do supino, do particípio passado e do particípio futuro, bem como às bases derivantes de produtos sufixados em -OR, -ION- e -UR-.8

Aronoff (1994: 39-41) concebe o tema como contendo apenas carga fonológica em relação ao complexo fonologia/sintaxe/semântica que compõe um lexema. Isto significa que o mesmo lexema pode apresentar mais do que um tema, sendo cada um actualizado por imperativo de regras conjugacionais.

Qual a vantagem desta perspectiva para o nosso trabalho? A vantagem consiste na apreciação de alomorfes ocorrentes em determinados produtos lexicais não como necessariamente advindos de palavras gramaticais, mas de estruturas morfómicas (ou seja, não

6 Os exemplos são de Aronoff (1994: 31-32).

7 Veja-se Aronoff (1994: 177, nota 3): «In the system of classical Latin Grammarians, e.g. Donatus (fourth century)

or Priscian (sixth century), and in subsequent traditional Western school grammars based on the Latin model, one member of an inflectional paradigm was formed from another, rather than both being formed from a third more abstract form, as in the Sanskrit and modern formal traditions. Hence the name Priscianic for such a formation when it is called for in modern terms.». Aronoff localiza Matthews (1972) como fonte geradora desta designação. Veja-se Matthews (1994) para o fundamento e descrição dessa visão.

8 Veja-se o quadro 2.4 da pág. 38 de Aronoff (1994) para a visualização de exemplos de produtos latinos formados a

correlacionadas com um alossemantismo) de um determinado lexema, activadas por circunstâncias formais. Esta abordagem de Aronoff ganha consistência sob os postulados da arquitectura paralela de Jackendoff (2002), ao conceber-se que o item lexical funciona como uma interface das estruturas fonológica, sintáctica e semântica e não como um ponto absolutamente fixo da juntura destas três estruturas.

Cada uma das estruturas fonológicas correspondentes ao mesmo item lexical é activada de acordo com a intervenção das regras específicas para cada construção. O exemplo de síntese e

sintetizar pode ajudar a esclarecer esta questão. Uma forma de salvaguardar as diferentes

estruturas fonológicas dos radicais em jogo consiste na concepção de alomorfia que estamos aqui a explicitar. Para explicar a ocorrência do verbo sintetizar, pode apelar-se à noção de truncação (cf. Corbin (1987: 341-370) e Aronoff (1976)) para esquematizar a relação derivacional entre

sintético e sintetizar. Sintetizar seria um verbo deadjectival formado a partir da forma truncada de sintético. O sufixo adjectival -ic- seria truncado, dando lugar à forma sintet-, à qual seria

agregado o sufixo verbalizador -iz-.

Esta hipótese levanta alguns problemas. Desde logo, o problema da economia do mecanismo em causa. A estipulação de um mecanismo de truncação a operar dentro da esfera da genolexia revela-se dispendioso e pouco operatório se o resultado final não consistir, de facto, em formas encurtadas. Tal mecanismo já se revela pertinente em casos como os de, e.g., expo, heli,

prof. Nestas formas, os elementos truncados não correspondem a unidades mórficas e, como tal,

não são precedidos por unidades também elas mórficas, ou seja, com autonomia a nível do léxico. Se os lexemas podem ser constituídos por unidades mórficas que lhe oferecem o carácter de decomponibilidade, nada obsta a que não se opte pela denominada formação parasítica ou prisciânica e sim por uma morfologia não concatenatória para explicar fenómenos genolexicais.

Por outro lado, estabelecer que sintetizar é formado a partir de sintético com a truncação do elemento -ic- deixa em aberto uma outra questão: como se explica, mais uma vez, a assimetria fonológica entre síntese e sintético? É óbvio que não está em causa uma eventual desvalorização do carácter não-construído destas formas e das subsequentes explicações de mutação fonética desenhada diacronicamente, à luz dos parâmetros da língua grega. Ou seja, não estamos a querer negar esses factores que modelam as estruturas fonológicas dos itens lexicais. Contudo, é também inegável a relação existente no léxico entre síntese e sintético, relação essa enfatizada pelos laços semânticos entre as formas.

Se em relação a conjunção e a conjungir a relação não apenas derivacional, mas também meramente lexical, existente entre os dois lexemas em latim, aparece diluída em português, o mesmo não acontece com síntese e sintético. Ou seja, ainda que se opte por uma explicação de carácter histórico para a divergência fonética destas formas e, consequentemente, se opte por colocar sintético, legitimamente, de resto, no conjunto das formas não-construídas, fica por explicar a manutenção da relação derivacional entre o substantivo e o adjectivo.

A alomorfia concebida de acordo com a noção de léxico como interface parece solucionar estes casos. Assim, é possível conceber que para o item lexical ‘síntese’ existem duas estruturas fonológicas possíveis. Uma é activada nas correspondências com a estrutura sintáctica Substantivo e semântica ‘operação intelectual [...]’ e a outra é activada nas correspondências com a estrutura sintáctica Adjectivo e semântica ‘relativo a síntese’. A activação da estrutura fonológica respectiva faz-se no conjunto da interface do item lexical, de acordo com as estruturas sintáctica e semântica também activadas. Assim, sintetizar pode ser definido como construído a partir de síntese, através da activação de um determinado alomorfe do radical.

Esta visão de alomorfia apresenta a vantagem de ser válida tanto para lexemas não- construídos como para os construídos. No caso dos lexemas construídos, a activação de determinado alomorfe da base é efectuada pelo operador afixal interveniente na construção do produto lexical ou pelo mecanismo de operação, no caso de estarmos perante um fenómeno de conversão.

A alomorfia permite, pois, explicar a formação de verbos como ambicionar, solucionar,

coleccionar, emocionar dentro do português e à luz da segunda hipótese que aqui repetimos para

efeitos de maior clareza. Esta hipótese sustém que estes verbos são gerados em português a partir de um alomorfe do substantivo disponível em português, mas com formatação alatinada, à luz das regras e das operações genolexicais do português.

Na concepção que enforma a alomorfia aqui defendida, as bases nominais que estão na origem destes verbos não são os substantivos latinos, mas sim os alomorfes com formatação identificável como mais próxima do latim, mas não deste exclusiva, visto emergirem em lexemas construídos em português. A operação que labora nestas construções é a conversão denominal, pelo que deverá ser a responsável pela activação deste formato do radical. Neste caso, não havendo constrangimentos entre operadores afixais, a conversão formatará o radical base de acordo com aquela configuração por razões de eufonia.

Todo este excurso que nos lançou no domínio da alomorfia foi gerado pela necessidade de dilucidar a classificação de alguns lexemas como construídos do português, apesar de, em aparência, as bases que lhes estão na origem não apresentarem existência nesta língua. Vimos que a alomorfia, à luz da concepção de léxico de Jackendoff (2002), permite estabelecer essas bases como variantes formais activadas no momento de interface das várias estruturas que perfazem um item lexical. Daqui resulta a dissolução do problema de considerar como construídas formas verbais como ambicionar ou emocionar. Os verbos em -cionar são interpretáveis como construídos, tendo em conta o estabelecido para os restantes verbos paralelos do português, bem como a sua relação derivacional semântica com as respectivas bases nominais.

A hipótese assim formulada da alomorfia levanta outras questões e outras hipóteses de interpretação acerca do carácter construído ou não-construído dos lexemas. Se a mediação entre derivante e derivado se faz com base na transparência das relações de identidade fonológica, morfológica e semântica, através da mediação de regras de formação de palavras, e se a noção de alomorfia vem satisfazer a relação de identidade fonológica entre uma eventual base e um seu eventual derivado com estruturas formais aparentemente assimétricas, então a alomorfia permite estabelecer qualquer lexema compósito do português como construído, desde que haja um potencial derivante que lhe possa estar na origem.

Vem esta hipótese a propósito do esclarecimento acerca da concepção que suporta este trabalho relativamente às fronteiras e aos critérios que norteiam a classificação quer de determinadas bases quer de determinados deverbais como construídos ou não-construídos. É necessário explicitar os critérios que nos conduziram a determinadas classificações quer dos substantivos deverbais, quer de algumas bases daqueles. Já aqui indicámos que tomamos como construídos em português itens lexicais que obedeçam aos parâmetros genolexicais desta língua e que apresentem estruturas morfofonológica e semântica relacionáveis derivacionalmente, o que implica direccionalmente, com as mesmas estruturas das bases. É condição suficiente que essas bases sejam potenciais no léxico da língua.

Consequentemente, como já dissemos, um lexema como declaração é encarado como um deverbal construído do português, não obstante a atestação da forma latina com que se pode ligar geneticamente. O carácter transparente da decomponibilidade dos constituintes morfológicos desse substantivo e a sua coadunação com os parâmetros genolexicais do português consolidam a visão de que o léxico mental trata esse item como construído.

Lexemas como concepção, difusão, solução, etc. são alvos da mesma indagação, para nos centrarmos em exemplos de deverbais em -ção, cujos correspondentes atestados em latim são em número não descurável. Se seguíssemos o critério histórico, que já avaliámos no início desta secção, qualquer atestação de lexemas latinos seria argumento para considerar infalivelmente os lexemas correspondentes do português na classe dos não-construídos. Não repetiremos os argumentos aqui avançados para a dissociação do critério absolutamente histórico do conjunto dos critérios directamente envolvidos para a resolução do carácter construído vs. não-construído dos lexemas. Não obstante, é relevante enfatizar o carácter precário das atestações das formas latinas, bem como sublinhar a constância das relações derivacionais que subsistem no léxico- mental entre determinados itens lexicais. Como veremos, esta posição não é, no entanto, sinónima do completo abandono do critério histórico, desde que usado como instrumento coadunável com a visão da arquitectura aqui explorada.

Assim, não seguimos esse critério histórico meramente baseado na atestação de formas latinas. Estabelecemos, como já ficou explícito, que lexemas cujas estruturas se revelem como o resultado de operações genolexicais conformes com aquelas que são definidas para o português são classificados como construídos. Está nesta categoria o substantivo declaração.

Posteriormente, colocou-se-nos a questão de lexemas como ambicionar. Resolvemos esta questão classificando o lexema como construído. Para tal aplicámos a noção de alomorfia com o auxílio dos instrumentos teóricos acerca do léxico como interface desenvolvido em Jackendoff (2002).

É esta hipótese da alomorfia como potenciadora da activação de uma determinada estrutura fonológica em parceria com as correspondências com as estruturas semântica e sintáctica que faz avançar uma hipótese reversa relativamente à manutenção da oposição entre lexemas não-construídos compósitos e construídos.

A hipótese é a seguinte: qualquer lexema que possua uma relação lexical com outro lexema, mesmo que este tenha carácter potencial, é definível como derivado do segundo, ainda que existam disparidades ao nível da estrutura formal entre ambos, desde que correlacionáveis alomorficamente.

No fundo, é esta constatação acima delineada como hipótese que ressalta da classificação de ambicionar como construído em português a partir de um alomorfe do substantivo acção, activado pela interface das várias estruturas que irão compor o verbo resultante de conversão.

Trata-se agora de experimentar até que ponto é possível fazer espraiar os resultados da mesma proposição para outros lexemas, como os já indicados concepção, difusão e solução.

Em síntese, surgem duas hipóteses:

i) concepção, difusão e solução são definíveis como substantivos não geráveis em português, logo, não-construídos, devido à disparidade formal entre as formas do radical dos verbos correspondentes e as formas dos radicais segmentáveis nos substantivos (conceb/concep,

difund/difus, solv/solu).

ii) concepção, difusão e solução são definíveis como geráveis, logo, construídos em português, tal como declaração, sendo a disparidade existente entre as formas dos radicais dos substantivos e dos verbos explicáveis à luz da alomorfia definida como decorrente da interface operante do léxico.

A hipótese i) parece ignorar os dados obtidos a propósito de ambicionar. A hipótese ii) parece aliciante, apoiada nesses dados, para transpor, de forma teoricamente suportada, para a genolexia do português lexemas que parecem ter um carácter ambíguo. É que estes lexemas são descritos como heranças latinas e, em simultâneo, são segmentáveis em unidades mórficas, o que lhes empresta a possibilidade de serem montados on-line no léxico do português.

A hipótese ii) permite conceber que concepção, difusão e solução são gerados em português a partir de um alomorfe do radical dos verbos conceber, difundir e solver, respectivamente. Assim, no momento da activação das correspondências de interface entre as estruturas que perfazem um item lexical, o operador sufixal -ção colocaria um constrangimento na escolha do alomorfe a conjugar com a estrutura sintáctica N e com a estrutura semântica ‘acção de V’. O alomorfe activado seria, nestas circunstâncias, não coincidente com o alomorfe activado para o item verbo.

De acordo com esta hipótese, não é necessário manter uma classe de lexemas compósitos não-construídos, desde que relacionáveis com outros lexemas potenciais do português.

Para que esta hipótese tenha plena validade, é necessário estipular regras que permitam depreender em que condições estruturais é que o sufixo derivacional -ção (também caracterizado pelo fenómeno da alomorfia) activa um alomorfe do radical da base distinto daquele que é activado quando essa base ocorre como palavra9. Por outro lado, é ainda necessário demonstrar

9 Neste contexto, usamos a distinção entre lexema e palavra, tal como preconizado por Jackendoff (2002: 153), para

que, nessas mesmas condições e estando a deverbalização em -ção actualmente disponível em português, continuam a formar-se deverbais com o mesmo tipo de alomorfe do radical da base.

Relativamente à primeira tarefa, constata-se, de um modo sincronicista e alheio propositadamente às fontes históricas, que:

a) tal como solução está para solver também resolução está para resolver e dissolução para dissolver. Assim, é estipulável que o alomorfe escolhido para a deverbalização como possuidor de uma vogal posterior fechada depois de consoante lateral ápico-alveolar tem como contraparte no radical do item actualizado como verbo uma consoante fricativa vozeada lábio- dental antecedida de consoante lateral ápico-alveolar posdorso-alveolar.10

b) tal como concepção está para conceber também recepção está para receber e

percepção para perceber. Assim, é possível estabelecer que o alomorfe activado para o

substantivo deverbal é constituído por segmento bilabial não-vozeado na posição em que o alomorfe activado para o verbo possui um segmento bilabial vozeado.

c) tal como difusão está para difundir, também fusão está para fundir, efusão para efundir,

confusão para confundir, difusão está para difundir; assim é possível concluir que o alomorfe

activado para o substantivo deverbal é constituído por marca zero no lugar em que o radical escolhido para o verbo apresenta o segmento consoante oclusiva ápico-alveolar vozeada. Há ainda a considerar a diferença vocálica dos radicais do verbo e do substantivo. No primeiro ocorre vogal nasal; no segundo vogal oral. É necessário ainda estipular um mútuo constrangimento de alomorfia entre o radical e o sufixo -ção, pois este apresenta-se sob o alomorfe -são correspondendo fonologicamente a uma alternância entre um segmento consonântico não-vozeado e o correspondente vozeado.

Estabelecidas as regras, é necessário avaliar a sua operacionalidade, ou seja, é necessário passar à segunda tarefa. Nas mesmas condições de co-texto fonológico e derivacional, os produtos gerados em português deverão obedecer aos mesmos constrangimentos de activação do mesmo tipo de alomorfe, em consonância com a regra de formação em análise. Isto significa que:

a) qualquer verbo da segunda conjugação que apresente a terminação do radical em -lv- dá origem a um deverbal em -ção com terminação do radical da base formatada como -lu-;

b) qualquer verbo da segunda conjugação com radical terminado em -eb- apresenta deverbal formado com o sufixo -ção com terminação do radical da base formatada em -p-;

c) qualquer verbo com radical terminado em -nd- pertencente à terceira conjugação suscita a criação de um deverbal com segmento nulo no lugar correspondente ao que é ocupado pelos segmentos indicados para o radical do item actualizado como verbo, havendo constrangimentos do mesmo tipo ao sufixo que ocorre com alomorfe -são.