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NOTA INTRODUTÓRIA

TAXAS GEOMÉTRICAS DE CRESCIMENTO (%)

4.9 ALPHAVILLE LAGOA DOS INGLESES

O complexo de Alphaville Lagoa dos Ingleses localiza-se a aproximadamente 35 km de Belo Horizonte170, no cruzamento das rodovias BR-040 (Belo Horizonte-Rio de Janeiro) e BR-036

(Belo Horizonte-Ouro Preto), às margens da Lagoa dos Ingleses. Está inserido na região de proteção ambiental sul, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (APA Sul - RMBH).

A área de implantação está situada no entorno da Lagoa dos Ingleses que, segundo Villaschi (2003, p. 163), foi construída em 1932, para gerar energia elétrica para as minas da Mineração Morro Velho, em Nova Lima, de propriedade inglesa. Não se registra outro uso econômico da lagoa, além da destinação para geração de energia elétrica, entre outras razões por tratar-se de solo impróprio a atividades extrativas ou agrícolas por serem rasos, de baixa fertilidade e ácidos.

Em dezembro de 1995, foi submetido à Prefeitura de Nova Lima o ―Plano Diretor da Nova Comunidade Lagoa dos Ingleses‖, elaborado pelo escritório brasileiro Coutinho, Diegues e Cordeiro Arquitetos e pelo norte-americano The SWA Group para a empresa Lagoa Grande Estudos, Projetos, Planejamento e Empreendimentos Ltda. Este plano definia diretrizes e parâmetros para a ocupação urbana de uma área de 3.182 hectares, de propriedade da empresa Lagoa Grande171 e propunha uso residencial predominante, ―a partir de uma maior

ênfase em moradias de fim de semana‖ (THE SWA GROUP; COUTINHO, DIEGUES, CORDEIRO,

170Distância referenciada à partir da Praça Diogo de Vasconcelos – Savassi.

171 Empresa do então grupo CAEMI que, além da empresa Lagoa Grande, era proprietária da MBR – Minerações

Brasileiras Reunidas, nome mais associado à mineração na região. Atualmente o grupo CAEMI pertence à Companhia Vale do Rio Doce.

ARQUITETOS, 1995, p.4). Naquele estudo, a previsão inicial de uso como moradia primária ocorreria apenas complementarmente, além de comércio e serviços de primeira necessidade, clube esportivo-recreativo, atividades urbanas variadas, tais como hotéis, indústrias de ponta não poluente, centros comerciais e de entretenimento, assim como usos educacionais e institucionais (THE SWA GROUP; COUTINHO, DIEGUES, CORDEIRO, ARQUITETOS, 1995, p. 4), retomando uma setorização rígida típica do planejamento urbano modernista.

Embora a proposta formulada no plano diretor para o novo núcleo urbano propusesse "corresponder ao paradigma imagético tradicional da cidade pequena brasileira, em torno de rua principal e sistema de praças, enquanto a tipologia edilícia deverá evocar os referenciais históricos das cidades mineiras e sua topografia típica" (THE SWA GROUP; COUTINHO, DIEGUES, CORDEIRO, ARQUITETOS, 1995, p.8), o projeto urbanístico elaborado para os condomínios residenciais aproximavam-se mais dos modelos de subúrbios americanos que de referenciais históricos de pequenas cidades brasileiras. Não se constata em cidades históricas brasileiras os recuos de cinco metros predominantes das casas, a ausência de calçadas/passeios e muito menos a existência de muros ou muralhas. Quanto à tipologia edilícia, o que se constata, a partir da análise das portarias e especialmente do Centro Comercial (FIG. 263), é uma conexão mais forte com um padrão arquitetônico que se aproxima de um "estilo mexicano hollywoodiano" (FIG. 264), presente em algumas produções cinematográficas norte-americanas nas décadas 1930 e 1940.

FIGURA 263 – Alphaville Lagoa dos Ingleses, Centro

Comercial — Alphaville Mall. Fonte: FOTO DO AUTOR, 2008

FIGURA 264 – Edifício em Los Angeles, no

chamado ―Estilo colonial Espanhol‖ Fonte: PLANET WARE, 2009

De proposta que se inspiraria em modelo de ―pequena cidade brasileira‖, o fato de influência real de um modelo norte-americano como referência para elaboração é assumida pelo próprio plano, que em sua página 36, afirma:

Entretanto, sendo este um empreendimento privado, é importante notar que nosso plano diretor estará sempre mais próximo ao modelo norte-americano, uma vez que a experiência européia fundamenta-se no envolvimento do poder público. Embora no Brasil esta tenha sido a norma até o presente momento, tal como ocorreu em Brasília, as enormes dificuldades financeiras enfrentadas, seja na construção ou manutenção, e o atual panorama político e econômico indicam uma retração do poder público em relação empreendimentos deste porte. Por outro lado, a sociedade reivindica, cada vez mais, a redefinição do papel do estado no desenvolvimento urbano e o aumento da participação responsável do setor privado (THE SWA GROUP; COUTINHO, DIEGUES, CORDEIRO, ARQUITETOS, Nova Lima, 1995: p.36).

A conexão, eventualmente mais próxima, que se poderia fazer entre Alphaville e cidades brasileiras ou no caso, mineira poderia ser no denominado Residencial Inconfidentes, onde as ruas receberam denominações de inconfidentes mineiros: Tomáz Gonzaga, Marília de Dirceu, Álvares Maciel, Felipe dos Santos (SIC)172, Padre Rolim, etc. No Residencial Real as

ruas receberam denominações de cidades do período colonial: São João Del Rey, Diamantina, Congonhas, Ouro Preto, etc.

Dentre os objetivos do plano diretor, destacam-se em seu item IV.7, a proposta de se implantar uma comunidade completa com variedade habitacional multi e unifamiliar, incluindo os usos comerciais e de serviços, recreativos, educacionais e culturais, parques industriais, etc. Já no item IV.8, propunha a implantação de uma comunidade modelo que serviria como referência para o desenvolvimento da região metropolitana de Belo Horizonte "para a um novo estilo de vida" (THE SWA GROUP; COUTINHO, DIEGUES, CORDEIRO, ARQUITETOS,1995, p.14).

TABELA 11

Unidades residenciais e equipamentos implantados – maio de 2008

Alphaville – Lagoa dos Ingleses unidades/lotes

Residencial Inconfidentes 294 276.919,68

Residencial Real 177 156.734,67

Residencial das Árvores 420 321.290,97

Residencial das Minas 303 236.918,64

Residencial das Flores 351 235.023,03

Península dos Pássaros 395 225.000,00

TOTAL 1.940 1.451.886,99

Town Houses 102 casas

Centros Comerciais 128 salas

100 lojas Fonte: Associação Alphaville Lagoa dos Ingleses, maio de 2008.

172O ―inconfidente‖ Felipe dos Santos, foi líder de uma revolta ocorrida na então Vila Rica atual Ouro Preto — em

1720. No mesmo ano foi condenado e executado ―[...] quanto a Felipe dos Santos, de certo modo o cabecilha mais evidente o Governador condenou-o à morte: foi enforcado e esquartejado" (TORRES, s/d, p.162) "Felipe dos Santos, sempre inflexível na tortura, foi arrastado pelas ruas de Vila Rica preso às caudas de quatro cavalos bravos, e por esta forma morto e esquartejado! " (VEIGA, 1897, p. 465). Portanto o Felipe dos Santos foi morto 79 anos antes da Inconfidência Mineira.

A tabela 11 mostra o estágio de implantações das várias fases de Alphaville173. Segundo a

Associação Alphaville174, ―o Alphaville Lagoa dos Ingleses reúne 248 famílias moradoras, 500

projetos residenciais aprovados e 40 em fase de análise‖.

Desde o lançamento inicial em 1998, houve uma pausa até o final de 2006, quando foi lançada a primeira expansão, o Residencial 6, denominado Península dos Pássaros. Em 2008, foram dois lançamentos, um loteamento com casas construídas pelo empreendedor denominado Quintas da Lagoa e um conjunto de torres, denominado Condomínio Morada do Sol. O Condomínio Quintas da Lagoa prevê, em sua primeira fase 140 lotes (casas) e em sua segunda fase 110 lotes (casas). Ao comprador de unidades deste condomínio é permitida a escolha entre 24 modelos diferentes. O Condomínio Morada do Sol é composto por 5 edifícios de 9 pavimentos e 45 apartamentos em cada torre, num total de 225 apartamentos.

Desta forma, o conjunto de condomínios de Alphaville consolida-se e prevê novas expansões. Tornou-se um paradigma de Condomínio fechado, na medida em que pretende, no futuro, se tornar, uma pequena cidade ou, pelo menos, oferecer suas comodidades. Por outro lado, firma-se como uma referência como símbolo de status e afirmação de ascensão social de seus moradores. Não sem razão, recebeu a ―Casa Cor Mineira‖ de 2008 e o ―BH Fashion Week‖ de 2009.