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NOTA INTRODUTÓRIA

TAXAS GEOMÉTRICAS DE CRESCIMENTO (%)

4.10 GASTOS DE PRIMEIRO MUNDO

Um das questões levantadas no debate sobre o processo de suburbanização norte- americano é o do espraiamento (sprawl) de suas cidades. Um dos movimentos surgidos que procura apontar soluções é do Smart Growth175.. Este movimento tem sido adotado por

várias organizações, governamentais e não-governamentais, entretanto, não existe um consenso sobre procedimentos e atos que se enquadrariam no movimento. Ye, Mandpe e Meyer (2005, p. 302) relacionam várias entidades como o U.S. Environmental Protection Agency (EPA), U.S. Departament of Agriculture, Smart Growth Network (SGN), Smart Growth America (SGA), American Planning Association (APA) — que formalmente adotou os princípios do ―Guia de políticas para o Smart Growth‖ em 2002 —, o Trust for Public Land (TPL), também participando da discussão a National Association of Home Builders (NAHB) e o Urban Land Institut (ULI). Existe, segundo os autores, neste grupo de entidades algum

173Dados consolidados de junho de 2008.

174Dados obtidos no site da Associação em junho de 2008 — Associação Alphaville Lagoa Dos Ingleses (2008). 175crescimento inteligente, em livre tradução do autor.

consenso sobre alguns dos princípios básicos que norteariam o smart growth, dos quais relacionam seis pontos principais (YE; MANDPE; MEYER, 2005, p. 307-309):

1 – O planejamento para o Smart Growth engloba seis amplas áreas: planejamento compreensivo do crescimento, zoneamento com uso misto, planejamento e projeto para incrementar o aumento da densidade residencial, projetos com conectividade de ruas, inovação na infra-estrutura de abastecimento de água.

2 – Sistemas de transporte que possibilitem opção de escolha para o morador, através de múltiplas e conectadas opções: automóvel, trem, ônibus, bicicleta e mesmo caminhada. 3 – Desenvolvimento econômico local, incentivando negócios regionais e revitalização de áreas centrais de cidades.

4 – Políticas habitacionais que gerem alternativas aos modelos padrões de residências suburbanas.

5 – Desenvolvimento comunitário, de forma a criar convívios sociais e valores sócio-culturais específicos para cada local ou região.

6 – Preservação de recursos naturais.

Movimentos como o Smart Growth ou o New Urbanism, surgiram nos últimos trinta anos tentando resolver os sérios problemas sociais, culturais e, principalmente, ambientais que a grande suburbanização norte-americana provocou (Fig. 2.10 e 2.11).

FIGURA 2.10 – Congestionamento em auto-estrada

com dez faixas em cada sentido, além de quatro faixas em vias paralelas.

Fonte: SKYSCRAPER CITY (2), 2009.

FIGURA 2.11 – Vista aérea de subúrbios, na periferia de

Phoenix, Arizona.

Fonte: BRUEGMANN, 2005, p.66.

Dois dos maiores questionamentos deste processo de espraiamento dizem respeito ao impacto ambiental e ao impacto econômico e do ―custo Subúrbio‖. YOUNG (2005) aponta o impacto que este custo tem sobre a economia americana. A tabela 12 mostra o custo da expansão das maiores metrópoles americanas em estimativa para o período 2000-2025.

TABELA 12

Custo estimado para o período 2000-25 do crescimento das cidades norte-americanas

Área econômica Custo total p/ residentes Custo p/pessoa

Los Angeles $535,000,000 $30,465

Washington/Baltimore $384,000,000 $46,603

San Francisco Bay $378,000,000 $42,720

New York City $287,000,000 $11,759

Dallas-Fort Worth, Texas $228,000,000 $31,590

Atlanta, Ga. $227,000,000 $44,678

Boston-Worchester- Lawrence-Lowell-Brockton $202,700,000 $26,294

Miami-Fort Lauderdale, Fla. $194,000,000 $36,336

Chicago-Gary-Keno Area (Ill., Ind., Wis.) $189,300,000 $19,103

Denver-Boulder-Greeley, Colo. $188,000,000 $49,767

Houston-Galvenston-Brazoria, Texas $180,000,000 $33,047

Phoenix-Mesa, Ariz. $174,000,000 $55,002

Orlando, Fla. $157,700,000 $44,955

Sacramento Yolo, Calif. $129,800,000 $57,093

Las Vegas, Nev.-Ariz.-Utah $109,200,000 $72,697

Portland-Salem, Ore. -Wash. $104,500,000 $36,976

San Antonio, Texas $80,400,000 $37,128

Nashville, Tenn.-Ky. $79,300,000 $33,605

Indianapolis, Ind. Ill. $78,300,000 $25,869

Jacksonville, Fla. Ga. $72,300,000 $38,888

Total $ 3,978,500,000

Fonte: Young, 2005 a partir de dados do U.S. Census 2000, Woods & Poole Economics, Rutgers University

Estes números — embora não se saiba a metodologia empregada em sua obtenção, nem os seus diversos componentes — mostram-se significativos, especialmente, quando se analisa os casos brasileiros, onde se pode vislumbrar um processo de espraiamento e de suburbanização.

O processo brasileiro de suburbanização, embora incipiente, demandará, caso se mantenha, investimentos significativos do poder público em obras de infra-estrutura, especialmente rodoviária. As atuais vias de acesso podem não ser suficientes para atender toda a demanda que este processo gerará.

Esta necessidade pode ser projetada para o caso de Alphaville em Belo Horizonte. Apenas com a capacidade hoje instalada na região, com os 9 residenciais (7 residenciais mais as Town Houses e os edifícios), com um total de 2.400 unidades residenciais, pode-se estimar um acréscimo de veículos de cerca de 5.000 unidades. Este número tende a ser baixo, quando se vê nos exemplos dos condomínios de casas e dos edifícios com vagas para 4 veículos por unidade.

Como a ligação entre Alphaville e Belo Horizonte se dá, pelo menos em um primeiro momento, por veículos particulares, o impacto tenderá ser considerável. Impacto não só no sistema viário, como no meio ambiente e mesmo no orçamento doméstico dos residentes

de Alphaville. Uma estimativa simples de custo significará por família, com dois veículos, valores da ordem de R$ 11.500,00 por ano176.

Os valores calculados para o deslocamento Alphaville / Belo Horizonte, quando projetados em horizonte de 25 anos, considerando o tempo em que os moradores teriam que se deslocar diariamente para o trabalho, chegariam a R$ 285.625,00. A estes valores devem ser acrescidos os custos adicionais com manutenção do veículo e a troca do veículo em prazos menores, podendo, portanto, chegar a R$ 1.035.000,00177 em 25 anos.

Quando estendidos a todo o condomínio, os números podem tornar-se impressionantes. Considerando-se que, de todas as unidades atualmente vendidas ou à venda, cerca de 50% enquadrem-se nos parâmetros de cálculo e os valores dos demais condôminos não sejam considerados, obtêm-se os seguintes valores (em horizonte de 25 anos):

1 - Combustível - 115.500.000 litros178, que demandariam pouco mais de 3.800.000 barris de

petróleo179 para serem produzidos.

2 – Pneus: 120.000 pneus 180

3 – Gastos deste grupo de 1.200 moradores com veículos, combustível, etc.: R$ 1.242.000.000,00181.

Considerando-se que o custo de 01 lote no residencial 6 (Península dos Pássaros) custava, no primeiro semestre de 2008, cerca de R$ 150.000,00 e que a construção de uma casa com cerca de 300,00m² custaria cerca de R$ 430.000,00182, esta casa apresentaria um custo final

de R$ 580.000,00. Ou seja, a despesa com veículos seria correspondente a duas casas.

176A tabela com a metodologia de cálculo para obtenção deste valor está no Apêndice 01.

177 Segundo tabela da Cetesb, calculada segundo a norma americana US-EPA e também através de pesquisa

junto a motoristas brasileiros em relação à quilometragem, a média geral da quilometragem rodada por veículos brasileiros é de 12.000 km/ano para veículos movidos a gasolina e 18.300 km/ano para veículos movidos a álcool (LANDMANN, 2004: p.3). Considerando-se uma média de 15.000 km/ano que acrescidos ao deslocamento calculado na tabela 06, obtém-se uma quilometragem de 34.250 km (38.500/2 + 15.000). Considerando-se que o proprietário troque o veículo quando este tenha percorrido cerca de 100.000 km, este proprietário trocará seu veículo a cada 3 anos, ou seja, para cada ano deverá ser acrescido 1/3 do custo do veículo. Considerando-se o custo de um veiculo como R$ 45.000,00 (tamanho médio, com ar-condicionado, em setembro de 2008), acresceria no custo ano, R$ 15.000,00 e em 25 anos R$ 375.000,00 como são 2 veículos, o valor seria de R$ 750.000,00.

1781.200 unidades (2.400/2) x 3.850 litros x 25 anos = 115.500.000 litros

1791 Barril corresponde a 158,98 litros (159 litros). No refino do petróleo, 19% é gasolina. Considerando-se o consumo

de 115.500.000 litros, para a produção deste volume de gasolina serão necessários 607.894.736,84 litros de petróleo que correspondem a 3.823.718,31 barris.

1804 pneus / ano x 1.200 unidades x 25 anos = 120.000 pneus. 181R$ 1.035.000,00 x 1.200 unidades.

182Custo de construção de alto padrão, relativo a maio de 2008: R$ 1.069,72 x 300,00m² = 320916,00 mais Custo da

Cumpre-se ressalvar que estes valores, posto que estimados, podem apresentar algumas distorções. Entretanto, servem para mensurar, em ordem de grandeza, o custo que um condomínio pode significar para seu morador.