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Alsina & Mchombo (1990) propriedades das CDO nas línguas simétricas e assimétricas

Índice de tabelas do capítulo

ASSIMÉTRICAS SIMÉTRICAS OBJ aplicado mostra propriedades de

3.3.3. Alsina & Mchombo (1990) propriedades das CDO nas línguas simétricas e assimétricas

- OBJ aplicado mostra propriedades de

OBJ (acordo, passiva, escopo, etc.) - OBJ do verbo exibe propriedades deOBJ (acordo, controlo, passiva, escopo, etc.) - Restrição da transitividade no verbo - Sem restrição da transitividade no verbo - Restrição de animacidade sobre o OBJ

aplicado

- Sem restrição de animacidade sobre o OBJ aplicado

- OBJ aplicado é semanticamente relacionado ao OBJ do verbo

- OBJ aplicado é semanticamente relacionado a um evento

3.3.3. Alsina & Mchombo (1990) - propriedades das CDO nas línguas simétricas e assimétricas

Alsina & Mchombo (1990) descrevem as assimetrias nas CDO em Chichewa com base nos preceitos da LMT. Para dar conta dessas assimetrias referem os níveis da estrutura-A, da estrutura-F, e os princípios que mapeiam esses dois níveis sensíveis para o conteúdo semântico dos argumentos e sua relativa posição na estrutura argumental. Em termos teóricos, baseiam-se na classificação intrínseca avançada por Bresnan & Kanerva (1989) que atribuem traços distintivos às funções gramaticais, conforme observado no quadro teórico desta tese.

- Construções aplicativas com beneficiário-alvo

As construções aplicativas que envolvem os beneficiários ou alvos são as que mais se aproximam das construções do Inglês. Como visto, as construções aplicativas requerem que os objectos beneficiário ou alvo sejam expressos como argumentos directos do verbo. O exemplo abaixo ilustra uma CDO na qual o morfema aplicativo suporta o beneficiário.

(70)

Kadzidzi a-na-phík-ír-a njovu maûngu.

Mocho CS-PAS-cozer-APL-VF elefante abóboras ‘O mocho cozeu abóboras para o elefante.’

Assinalam, citando Baker (1988a, 1988b), Marantz (1984) entre outros, que os objectos beneficiário e paciente possuem propriedades diferentes. Assim, quando ambos ocorrem na estrutura argumental do verbo, o beneficiário deve anteceder o paciente como em (70), no entanto, em construções monotransitivas, o paciente pode ocorrer adjacente ao verbo.

- Concordância de objecto (CO)

Somente o beneficiário é substituível por CO, ao passo que o paciente não o pode ser, como em (71a-b), respectivamente:

(71a)

Kadzidzi a-na-í-phík-ír-á maûngu (njovu).

mocho CS-PAS-CO-cozer-APL-VF elefante abóboras ‘O mocho cozeu-lhe (ao elefante) abóboras.’ (b)

*Kadzidzi a-na-wá-phík-ír-á njovu (maûngu).

mocho CS-PAS-CO-cozer-APL-VF elefante abóboras ‘O mocho cozeu-a (abóboras) para o elefante.’

Nas construções aplicativas que envolvem beneficiário ou alvo, somente o objecto aplicativo pode ser realizado como sujeito passivo (72a), o paciente só é realizado como sujeito passivo em construções monotransitivas (c):

(72a)

Njovu i-na-phík-ír-idw-á maûngu.

elefante CS-PAS-cozer-APL-PASS-VF abóboras ‘O elefante foi cozido abóboras.’

(b)

*Maûngu a-na-phík-ír-idw-á njovu).

abóboras CS-PAS-CO-cozer-APL-VF elefante ‘As abóboras foram cozidas para o elefante.’ (c)

Maûngu a-na-phík-ídw-á (ndí kádzidzi).

abóboras CS-PAS-CO-cozer-PASS-VF pelo mocho ‘As abóboras foram cozidas (ao mocho).’

Os factos descritos revelam uma assimetria entre os objectos beneficiário ou alvo e o objecto paciente. Os dois primeiros tomam parte da adjacência ao verbo, são realizados como sujeitos passivos e podem ocorrer como marcas de objecto no verbo (CO). O objecto paciente não toma parte em nenhuma das operações referidas. Estas diferenças motivaram a diferenciação dos objectos em não restritos [-r] e restritos [+r], classificação intrínseca esboçada no quando teórico deste trabalho. Em termos gerais, nas frases atestadas, Alsina & Mchombo (1990:8) consideram que nas CDO o beneficiário deve ser [-r] enquanto que o paciente não o pode ser. Uma vez que ambos os objectos podem independentemente ser [-r], este facto podia ocorrer na mesma estrutura argumental…hipoteticamente, se a estrutura argumental possuísse ambos os argumentos como [-r], isso faria com que não fosse possível que ambos os argumentos fossem expressos como objectos na estrutura activa porque violaria a Functon-

Argument Biuniqueness. Na construção passiva, a condição de boa formação não seria

violada dado que um dos dois objectos poderia ser realizado como sujeito passivo. Alsina & Mchombo (1990:9) assumem que a CO constitui uma realização morfossintáctica opcional dos objectos [-r], consoante um objecto é substituível ou não por CO, pode-se estipular se é [-r] ou não, respectivamente. Na estrutura passiva em Chichewa, um objecto pode nunca ser realizado como CO, como se nota em (73), o que confirma o carácter restrito do objecto em estruturas passivas:

(73)

*Njovu i-na-wá-phík-ir-ídw-a (maûngu).

Elefante CS-PAS-CO-cozer-APL-PASS-VF abóboras ‘O elefante foi cozido elas (abóboras).’

Alsina & Mcombo (1990) sugerem que o Chichewa possui um condicionante (no quadro teórico: Asymetrical Object Parameter (AOP)) na atribuição da classificação intrínseca que previne a atribuição de mais do que um traço [-r] numa dada estrutura argumental. Uma vez que o objecto aplicativo deve ser [-r], esta classificação afasta a possibilidade de o paciente ser igualmente [-r], devendo alternativamente ser classificado como [+o], a única possibilidade existente. Assim, (74) representa o mapeamento dos argumentos em estruturas activas de CDO seleccionadas por verbos aplicativos como phik-ir-a (cozinhar):

(74) Configuração dos argumentos em CDO assimétricas

phil-ír-a ag ben pac

(cozinhar-apl-vf)

CI: [-o] [-r] [+o]

_____________________________

SUJ OBJ OBJθ

No esquema, o agente está associado com a função gramatical de sujeito. O beneficiário aplicativo é [-r] e o paciente assume-se como [+o]. A atribuição das funções gramaticais dá conta da ordem linear de acordo com a qual, o argumento [-r] deve ser adjacente ao verbo e o beneficiário deve preceder o paciente. Dá igualmente conta da assimetria na concordância de objecto que estipula que somente objectos [-r] podem ser expressos por meio de CO. O esquema em (75) reproduz o mapeamento da estrutura passiva que envolva um beneficiário aplicativo.

(75) Configuração da estrutura passiva

phil-ír-a ag ben pac

(cozinhar-apl-vf)

CI: [-o] [-r] [+o]

PASS: phik-ir-ídw-a ø

___________________

Uma vez que o sujeito lógico foi suprimido pela operação passiva, o único argumento restante que pode ser seleccionado é o beneficiário aplicativo, satisfazendo as Condições de Boa Formação (que voltamos a repetir) que requerem a presença de sujeito nas estruturas argumentais:

(76)

- Em qualquer estrutura argumental, a Condição de Sujeito requer que uma das funções atribuídas seja a de sujeito, e a Function-Argument Biuniqueness requer que a cada função seja atribuída não mais do que um argumento e vice-versa.

Ao paciente é atribuída a mesma função gramatical como se estivesse na estrutura activa, i.e., [+o]. A atribuição de funções gramaticais ao beneficiário aplicativo na passiva dá conta do porquê somente o beneficiário pode ser sujeito como em (72a). Explica também a inabilidade do paciente de ser substituído por CO em estruturas passivas (72b).